Você está na página 1de 13

Análise crítica da ética

utilitarista

Reflexões
Filosofia 10º ano

Isabel Bernardo
Catarina Vale
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Dimensões da
Ação Humana e
dos Valores

Como agir para


agir
moralmente?

O baile de Paula Rego (1988)


Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Exercício de problematização
e argumentação

1 - Levanta, com o teu colega de


carteira, as objeções que te pareçam
relevantes contra a teoria ética de
Mill.

2 - Regista as conclusões no caderno


diário.

3 - Essas objeções serão apresentadas


e discutidas em grande grupo.
Pisos de Wassily Kandinsky (1929)
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Objeção à conceção hedonista do utilitarismo

Uma das críticas dirigida ao utilitarismo é a de que o homem é


reduzido a uma vida similar à dos animais ao se afirmar que a
felicidade consiste no prazer e na ausência da dor.
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Contra-argumentação de Mill:

Mill responde a esta objeção introduzindo a distinção entre


prazeres baixos e prazeres elevados, afirmando que o
prazer não se mede só pela sua quantidade, mas também
pela sua qualidade.

Os prazeres baixos são os que estão ligados às sensações


e às necessidades básicas e os prazeres elevados os que
derivam da inteligência, da imaginação e dos sentimentos
morais (prazeres do espírito).

Afirma ainda que os homens que experimentaram os


prazeres inferiores e superiores, prefeririam sempre estes,
mesmo que estes sejam mais difíceis de satisfazer.
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

“Ora é um facto indiscutível que aqueles que têm um


conhecimento igual dos dois [prazeres], que são capazes de os
apreciar e os fruir em pé de igualdade, manifestam
resolutamente uma preferência inequívoca pelo género de
vida que implique a atividade das faculdades superiores.
Nenhum humano inteligente consentiria em ser convertido em
imbecil, nenhum homem culto em ignorante, nenhum homem de
coração e inteligência, em egoísta e vil, ainda que soubessem
que o imbecil, o ignorante, ou o egoísta, estão mais satisfeitos
com os seus lotes respetivos de prazer. (...) Vale mais ser um
homem insatisfeito que um porco satisfeito; vale mais ser
Sócrates insatisfeito que um imbecil satisfeito”.
J. Stuart Mill (1861). Utilitarismo. Trad. de Luís Lourenço.
Lisboa: Lisboa Editora, 2005, pp. 76-78
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Análise crítica da resposta de Mill

Apesar da afirmação de Mill de que um homem que tenha


experimentado os dois tipos de prazer, do corpo e do espírito,
preferiria os do espírito (imaginação, inteligência, bondade…)
por serem superiores, poder-nos-emos indagar se
efetivamente assim é.

Mesmo que a capacidade se sentir prazeres superiores se


possa educar, os que não possuem essa capacidade não
ficarão limitados na sua capacidade de desenvolverem
plenamente a sua capacidade moral?
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Objeções ao carácter consequencialista do utilitarismo

Objeção 1 – O utilitarismo tem padrões morais muito


exigentes

Se tivermos de agir sempre em função da maior felicidade


geral, poderemos ter de sacrificar todos os nossos interesses
e projetos pessoais e daqueles que nos são próximos, uma
vez que devemos agir com imparcialidade.
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Objeções ao carácter consequencialista do utilitarismo

Resposta de Mill

Confusão entre motivo da ação e motivo moral – nem todas


as ações têm de ser moralmente motivadas.

Na consideração moral ao agente não é mais exigido que a


preocupação pelos que são próximos.

Uma preocupação mais ampla cabe aos que, tendo uma


posição social de relevo, podem contribuir para a felicidade
de um número muito mais alargado de pessoas.
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Objeção 2 – Como conseguiremos agir se de cada vez


que temos de agir temos de pesar todas as
consequências da ação?

Resposta de Mill

Mill responde que para orientarmos a nossa ação devemos


ter em conta o que a experiência comum já mostrou como
sendo os melhores caminhos para se chegar à felicidade.
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Objeção ao carácter utilitarista da ética de Mill

Objeção: O utilitarismo é uma ética do interesse

O cálculo das consequências benéficas de uma ação pode


levar à instrumentalização dos indivíduos ou à infração de
princípios morais fundamentais para o funcionamento social,
tais como não roubar, não matar ou não usar inocentes para
o benefício coletivo.
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Objeção ao carácter utilitarista da ética de Mill

Resposta de Mill:

Confusão entre interesse (uma consequência benéfica) e


expediente (infração a uma regra moral como meio para
ultrapassar uma dificuldade momentânea).

Um cálculo utilitarista que tenha em conta as consequências


de uma ação de um ponto de vista mais universal,
facilmente concluirá que a infração a normas morais que são
a base de toda a sociedade são, a longo prazo, destruidoras
de toda a confiança social, a base do seu funcionamento.
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Bibliografia
- Goodin, R. (1991). Utilitary and the good. In. Singer, Peter (Dir.) A companion to ethics.
London: Blackwell, pp. 241-249.
- Mill, J. Stuart (1861). Utilitarismo. Trad. de Luís Lourenço. Lisboa: Lisboa Editora, 2005.
- Pettiy, P. (1991). Consequencialism. In. Singer, Peter (Dir.) A companion to ethics.
London: Blackwell, pp. 230-240.
- Rachels, J. (2003). Elementos de filosofia moral. Lisboa: Gradiva, pp. 13-32 e 135-202.
- Rachels, J. (2009). Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, pp. 235-281.
- Warburton, N. (1998). Elementos básicos de filosofia. Lisboa: Gradiva, pp. 72-96.

Você também pode gostar