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ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DA

GRAVIDEZ
MARIANA FURTADO MEINBERG
GRAVIDEZ
GRAVIDEZ
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS
• Sustentar o feto em
desenvolvimento.
↑ demanda fetal.
• Preparação para o parto.
Importância:
• Sinais e sintomas da
gravidez.
• Diferenciar fisiológico x
patológico.
• Reduzir desconfortos para
a gestante.
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS

SISTÊMICAS X ORGÃOS GENITAIS


MODIFICAÇÕES SISTÊMICAS
APARELHO MÚSCULOESQUELÉTICO
• Mamas aumentadas de
peso e volume: peso
sobre tórax.
• Alteração do centro de
gravidade.
• Lordose lombar.
• ↑ da base de
sustentação: pés
afastados.
• Escápulas projetadas para
trás.
• Marcha anserina: passos
curtos e oscilantes.
Rezende, 2017.
APARELHO MÚSCULOESQUELÉTICO
● Estrogênio: retém líquido no tecido
conjuntivo.
● Relaxina ( corpo lúteo, decídua e placenta):
relaxamento do miométrio, separação da
sínfise púbica, amolecimento do colo uterino.
APARELHO MÚSCULOESQUELÉTICO
• A força de algumas juntas é aumentada até o
dobro.
• Frouxidão ligamentar e ↑ mobilidade das
articulações: afetar estabilidade das
articulações.
⇒ sínfise pubiana: pode alargar 4 mm nas primíparas e 4,5 mm nas
multíparas.

• Osteopenia leve: ↑ demanda de cálcio pelo


feto.
APARELHO MÚSCULOESQUELÉTICO
Sintomas:
• Cãibras e espasmos musculares:
desequilíbrio cálcio X fósforo.
• Lombalgias: mudança no eixo
corporal (lordose lombar).
• Artralgias: sobrecarga articular e
menor estabilidade.
• Parestesias e fraquezas em MMSS:
compressão e tração de nervos.
METABOLISMO

Suprir as exigências provocadas pelo rápido


crescimento e desenvolvimento do concepto
durante a gravidez.
METABOLISMO
• Ditados pelas exigências energéticas do feto.
• Metabolismo aumenta progressivamente até
25%.
• Necessidade calórica:
25 - 30 cal/Kg/dia → 30 – 35 cal/Kg/dia.
• Armazenar: proteína, cálcio, fosfato e ferro.
METABOLISMO
ANABOLISMO CATABOLISMO
Estrogênio/progesterona : Hormônio lactogênio
placentário:
• Hiperinsulinemia.
• Gliconeogênese hepática. • Aumento dos receptores
• Utilização corpos cetônicos periféricos de insulina.
pela mãe. • Balanço nitrogenado
• (Glicemia jejum). positivo.
• (Glicemia pós dextrosol).
METABOLISMO DA GLICOSE
• Feto consumidor de glicose: ↑ demanda de glicose.
• Preservação de glicose à custa do uso dos lipídios e
ácidos graxos.
• A glicose é transferida ao feto por difusão facilitada.
• Suprimento ininterrupto e de glicose e aminoácidos
para o feto (mesmo em jejum): ajustes → redução do
uso periférico (hormônios contrainsulares da placenta)
→ níveis de glicemia são 15 a 20 mg/dℓ inferiores aos
fora da gravidez.
METABOLISMO DA GLICOSE
1ª metade da gravidez:
• Promover reserva materna e desviar glicose e
aminoácidos para o feto.
• Mãe usa corpos cetônicos e triglicérides para suas
necessidades.
• Estrogênio e Progesterona:
• > captação periférica de glicose, armazenamento
de glicogênio e ↓ glicogenólise.
• Hiperinsulinemia, leve hipoglicemia de jejum e
hiperglicemia pós-prandial elevada.
METABOLISMO DA GLICOSE
Hormônio Lactogênio Placentário (hPL):
• ~ estrutural ao hormônio do crescimento.
• Produzido pela placenta desde o 1º trimestre e
pico nas últimas 4 semanas da gravidez.
• ↑ resistência periférica à insulina.
• Estimula produção de insulina pelo pâncreas.
• Incremento na resposta insulínica pós-prandial,
permitindo hiperglicemia prolongada e desvio da
glicose para o feto.
METABOLISMO DA GLICOSE
2ª metade da gravidez:
• ↑ produção placentária de hormônios
contrainsulínicos:
• hPL, hormônio do crescimento placentário
humano (hPGH) e adipocinas (leptina,
adiponectina, TNF-α, IL-6).
• Mobilização de lipídios (ácidos graxos livres) →
fonte de energia (glicose e aminoácidos
disponíveis para o feto).
• ↑ resistência periférica à insulina, ↓ tolerância à
glicose, ↑ glicogenólise e ↓ depósitos hepáticos.
METABOLISMO LIPÍDICO
• Somente ácidos graxos e corpos cetônicos
atravessam a placenta.
• Triglicerídeos são substratos para a produção
de leite mediado pela lipoproteína lipase
(LPL).
METABOLISMO LIPÍDICO
1ª metade da gravidez:
• ANABOLISMO.
• Deposição de gordura materna: lipogênese.
• Armazenamento de calorias.
• ↓ níveis plasmáticos de ácidos graxos e glicerol.
• Estrogênio:↑ LDL.
• Progesterona: ↑ lipase hepática → ↑ triglicérides
(substrato para corpos cetônicos e produção de
leite) e HDL.
METABOLISMO LIPÍDICO
2ª metade da gravidez:
• CATABOLISMO.
• Adrenalina, hormônio do crescimento,
glucagon e hPL.
• Ação lipolítica → catabolizar as gorduras e ↑
concentrações de ácidos graxos no plasma.
• Ácidos graxos atravessam a placenta: fígado
do feto e depósito em tecido gorduroso.
METABOLISMO PROTEICO
• Feto a termo + placenta: 500g de proteínas.
• Útero + mamas + sangue materno: 500g de
proteínas.
• ↑ necessidades proteicas.
• Insulina facilita transporte de aminoácidos
para as células.
• ↑ proteínas em valores absolutos.
• ↓ concentrações → hemodiluição.
METABOLISMO HIDROELETROLÍTICO
• Retenção de líquido (8 - 10L) intra e
extracelular: ↑ volume plasmático.
• ↑ secreção de aldosterona: retenção de Na.
• Sistema renina-angiotensina: ↑ taxa de
filtração glomerular → conservar Na.
• ↓ concentração de albumina: ↓ pressão
oncótica (pressão coloidosmótica).
METABOLISMO HIDROELETROLÍTICO
• Retenção de sódio.
• Novo nível de osmolaridade.
• Diminuição do limiar da sede.
• Redução da pressão oncótica.

• Redução do hematócrito.
• Diminuição da concentração de albumina.
• Aumento do débito cardíaco.
• Elevação do fluxo plasmático renal.
• Edema periférico.
METABOLISMO HIDROELETROLÍTICO
• Cálcio e fósforo transferidos (contra o gradiente de concentração) da mãe
para o feto: transporte ativo.
• ↑ absorção de cálcio pelo intestino.
• Vitamina D3 de origem placentária e materna renal: abre os canais de
cálcio voltagem-dependentes na membrana dos enterócitos → ↑
absorção de cálcio.
• PTH sérico ↓ na gestação.
• Compensado pelo ↑ peptídio relacionado com o PTH (PTHrP) de origem
fetal e placentária: ↑ vitamina D3, o decréscimo da concentração de PTH
e a regulação do transporte transplacentário da mãe para o feto.
• ↑ concentração da proteína de ligação ao cálcio : transporte de cálcio
pelo trofoblasto.
• Lactação: perda diária de cálcio pelo leite é de 220 a 340 mg (↑ níveis de
PTHrP de origem mamária) → desmineralização do esqueleto (estímulo à
reabsorção tubular renal de cálcio e supressão do PTH).
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Estado hiperdinâmico e hipervolêmico fisiológico.
• ↑ débito cardíaco.
• ↑ volume sanguíneo.
• ↓ resistência vascular sistêmica.
• ↓ pressão arterial.
⇒ crescimento e desenvolvimento ideal do feto e
proteger a mãe contra os riscos do parto, como a
hemorragia.
SISTEMA CARDIOVASCULAR
↓ resistência vascular sistêmica.
↑ óxido nítrico (NO), fator vasoativo, relaxante, elaborado
pelo endotélio vascular.
Placenta (progesterona): shunts arteriovenosos.
↓ Viscosidade sanguínea.
🡇
↑ frequência cardíaca (a partir de 5 semanas):
↑ 10 – 15bpm.
🡇
↑ débito cardíaco (débito cardíaco = volume sistólico ×
frequência cardíaca).
↑ 5 L/min → 7 L/min.
SISTEMA CARDIOVASCULAR
↓ pressão arterial (PA):
• 2º trimestre: relaxamento da musculatura lisa
dos vasos sanguíneos.
• 3º trimestre: retorno gradual aos níveis pré-
gestacionais.
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Compressão da veia Cava.
Útero gravídico: impede o
retorno venoso ao coração (em
posição supina) → compressão da
veia cava inferior.
🡇
Síndrome de hipotensão supina
ou postural:
↓ Débito cardíaco, hipotensão,
taquicardia, síncope.
Melhora após decúbito lateral
esquerdo.
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona:
• Estrogênio: ativa SRAA.
• Vasodilatação e ↓ PA: ↑ liberação de renina.
• ↑ concentração e atividade de renina,
angiotensina II e aldosterona.
• Vasos sanguíneos refratários mediados por
prostaglandinas vasoativas.
SISTEMA CARDIOVASCULAR
• Sintomas: • Sinais:
• Fadiga. • Calor das extremidades.
• Dispneia. • Zumbido venoso.
• Palpitações. • Hiperfonese de bulhas.
• Tonturas. • B2 desdobrada.
• Dor torácica. • B3.
• Sopros (sistólicos).
• Arritmias cardíacas.
• Edema.
• Varizes de MMII.
SISTEMA SANGUÍNEO
• ↑ volume plasmático: hemodiluição da maioria dos
fatores circulantes.
• ↓ pressão coloidosmótica.
• Anemia dilucional:
• ↑ 15% produção de hemácias (↑ demanda de Fe e
ácido fólico).
• ↑ 40% volume plasmático.
• ↓ contagem de hemácias, hematócrito, concentração
de hemoglobina.
• Hb: 13 g/dL → 11 g/dL (anemia fisiológica da gravidez).
SISTEMA SANGUÍNEO
• ↑ concentração de
leucócitos.
• ↓ concentração de
plaquetas (mas ↑
produção →
hemodiluição).
• Estado pró-trombótico: ↑
fatores VII, VIII, IX, XII,
fibrinogênio de fator de
vonWillebrand, além de
↑ inibidores de ativação
de plasminogênio (↓
fibrinólise).
SISTEMA URINÁRIO
• Rins: deslocam-se para cima pelo aumento do volume
uterino e ↑ tamanho (~ 1 cm) → ↑ volume vascular renal
e do espaço intersticial.
• Dilatação da sua porção superior do rim (7 semanas até 6
semanas do pós-parto): hidronefrose fisiológica (fatores
hormonais e mecânicos):
• Útero expandido comprime os ureteres
• Progesterona: inibe a musculatura lisa ureteral,
determinando ureteroectasia.
• A dilatação ureteral > à direita (dextrorrotação uterina e
ureter esquerdo protegido pela sigmoide).
• A dilatação do sistema urinário superior: ↑ estase urinária
→ infecções urinárias, pielonefrite.
SISTEMA URINÁRIO
• Anatomia da bexiga: distorcida
pela compressão direta do
útero gravídico → deslocada
anteriormente, com expansão
lateral, e compressão do útero
superiormente, na cúpula
vesical.
• Estrogênios: hiperemia e
congestão da mucosa uretral e
vesical.
• ↓ contração do colo vesical e
↓ suporte pélvico da parede
vaginal anterior e da uretra:
incontinência urinária na
gravidez.
SISTEMA URINÁRIO
• ↑ débito cardíaco e
vasodilatação sistêmica: ↑
fluxo sanguíneo renal e taxa
de filtração glomerular ⇒ ↓
creatinina sérica.
• ↑ excreção de proteína,
albumina e glicose.
• Relaxamento muscular ⇒
estase urinária, ITU,
nefrolitíase.
• Compressão uterina ⇒
dilatação de cálices renais,
pelve renal e ureteres ⇒
hidronefrose (> direita).
SISTEMA RESPIRATÓRIO
• Hiperemia e edema da
mucosa: congestão nasal,
epistaxe, alterações da voz.
• Relaxamento dos ligamentos
das costelas: ↑ ângulo
subcostal (68 → 103°).
• ↑ diâmetros anteroposterior
e transverso do tórax →
expansão da circunferência
torácica.
• Útero gravídico: elevação da
cúpula diafragmática em 4 cm.
SISTEMA RESPIRATÓRIO
• Consumo de O2: ↑ 15 a 20%.
• ↑ volume-minuto em 30-40% (volume minuto =
produto do volume-corrente (tidal volume) x
frequência respiratória).
• ↑ volume-corrente.
• Frequência respiratória: não altera.
• Elevação da cúpula do diafragma: ↓ volume de
reserva expiratório e o volume residual.
• ↓ capacidade residual funcional em 20%.
SISTEMA RESPIRATÓRIO
• Hiperventilação da gravidez facilita as trocas
gasosas nos pulmões.
• ↑ PaO2: facilitação da transferência de O2 da
circulação materna ⇒ fetal.
• ↓ PaCO2: facilitação da transferência de CO2 da
circulação fetal ⇒ materna ⇒ alcalose
respiratória, parcialmente compensada pelo
aumento da excreção de bicarbonato.
• ↓ bicarbonato: facilita liberação de O2 da
hemoglobina materna para circulação fetal.
SISTEMA RESPIRATÓRIO
• Dispneia:
• Pior ao decúbito dorsal.
• Pior ao avançar da gestação.
• Aumento do risco de descompensação de
doenças respiratórias pré-existentes.
SISTEMA GASTROINTESTINAL
• Placenta: ↑ gastrina ⇒ ↑ acidez gástrica.
• ↓ tônus esfíncter esofagiano + deslocamento
superior do estômago pelo útero: ↑ refluxo
gastroesofágico, esofagite, aspiração.
• ↓ contratilidade da vesícula biliar: estase biliar ⇒
colelitíase, colecistite.
• ↓ velocidade de esvaziamento gástrico
(progesterona): náuseas, vômitos, inchaço,
constipação.
• ↑ fosfatase alcalina.
SISTEMA GASTROINTESTINAL
• Aumento do apetite e da sede ( início).
• Náuseas e vômitos (BhCG).
• Pirose (relaxamento do esfíncter gástrico
e aumento da pressão abdominal).
• Constipação intestinal.
• Hemorróidas.
• Gravidez não predispõe a cárie e sim a
cálculo biliar (vesícula hipotônica,
distendida, bile viscosa).
TIREÓIDE
• ↑ volume da tireoide em até 30% (hiperplasia e vascularização).
• ↑ tiroxina total (T4T): 1,5x.
• ↑ elevação da globulina de ligação da tireoxina (TBG).
• ↓ hormônio tireoestimulante (TSH); primeiras 12 semanas da
gravidez (↓estimulação dos receptores de TSH causada pela
gonadotrofina coriônica humana).
• hCG: ação tireotrófica → ↑ tireoxina livre (T4 L) e inibe TSH.
• 2º e 3º trimestres: ↓ T4 L.
• TSH:
⮚ 0,1 a 2,5 mUI/L (1º trimestre);
⮚ 0,2 a 3,0 mUI/L (2º trimestre);
⮚ 0,3 a 3,0 mUI/L, (3º trimestre).
• T4L: 0,8 a 2,0 ou 0,9 a 2,0 ng/dL.
PELE E FÂNEROS
• Estrias: abdome e seios (estrias gravídicas ou víbices): vermelhas
→ brancas ou nacaradas
• ↑ pigmentação da linha alba do abdome inferior: (linea nigra).
• ↑ pigmentação: vulva, aréolas mamárias e da face (cloasma).
• Telangiectasias: estrogênio.
• Hipertricose: pelos na face e em outras regiões, + acentuado dos
cabelos.
• Unhas quebradiças.
• Eritema palmar e hipertrofia das glândulas sudoríparas e
sebáceas.
PELE E FÂNEROS
PELE E FÂNEROS
PELE E FÂNEROS
Mamas:
• Rede de Haller: ↑
vascularização de tecido
subcutâneo →
exacerbação da rede
venosa.
• Tubérculos de
Montgomery: hipertrofia
dos tubérculos de
Morgany (gls. sebáceas
areolares).
• Sinal de Hunter: ↑
pigmentação das aréolas.
MODIFICAÇÕES EM ORGÃOS
GENITAIS
ORGÃOS GENITAIS
Vulva e vagina:
• Espessamento do epitélio vaginal → ↑
secreção (pH mais ácido).
• Sinal de Jacquemier: ↑ pigmentação da
mucosa vulvar.
• Sinal de Kluge: coloração violácea da mucosa
vaginal e do colo.
• Tumefação.
ORGÃOS GENITAIS
Útero:
• Sinal de Hegar: ↓ consistência (embebição gravídica e
↓ tônus).
• Sinal de Piskacek: ↑ volume do orgão de forma
desigual (> em zona de implatanção).
• Sinal de Nobile-Budin: matriz de piriforme → globosa
(abaulamento de fundos de saco laterais).
• Sinal de Osiander: pulso da artéria uterina palpável em
fundo de saco.
• Configuração esférica: 4º - 5º mês → alongamento
predomina sobre os diâmetros transversos → forma
cilíndrica.
ORGÃOS GENITAIS
ÓRGÃOS GENITAIS
Útero:
• Hiperplasia (1ª metade) e hipertrofia (2ª metade).
• 17% do débito cardíaco no 3º trimestre.
• Até 12 semanas: intrapélvico.
• A partir de 12 semanas: além da sínfise púbica.
• 16 semanas: entre sínfise púbica e cicatriz
umbilical.
• 20 semanas: cicatriz umbilical.
• 18 – 32 semanas: UF ~ IG.
ORGÃOS GENITAIS

Rezende, 2017.
ORGÃOS GENITAIS

Rezende, 2017.
ORGÃOS GENITAIS

Rezende, 2017.
OBRIGADA!

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