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LEITURA E

PRODUÇÃO DE
TEXTOS EM
FILOSOFIA II
AULA 01 – ARGUMENTAÇÃO E
PROCESSOS SINTÁTICOS
 Um argumento é uma sequência de duas ou mais
proposições das quais uma é designada como a conclusão e
todas as outras são as premissas.
 Um argumento consistente é um argumento que é válido e
que contém apenas premissas verdadeiras.
 Um argumento é válido se e somente se é necessário que se
O ARGUMENTO todas as premissas são verdadeiras, então a conclusão é
verdadeira.
 Um argumento convincente é um argumento consistente que
é reconhecido como tal em virtude da apresentação de sua
estrutura e conteúdo.

A. P. Martinich - Philosophical writing: and introduction


 Argumento: uma sequência de proposições.
 Proposição: uma sentença ou tópico frasal que possui valor real, ou
seja, ou é verdadeira ou falsa.

DEFINIÇÕES:
 Questões e comandos, que são muitas vezes contrastados com as
proposições, mas estas não podem ser verdadeiras ou falsas.
 Proposição, declaração e asserção, muitas vezes usadas como
sinônimos, apresentam, a rigor, distinções.
 Proposições, declarações e asserções podem ser verdadeiras ou
falsas.
 Fatos são verdadeiros. A proposição quando declara um fato é
verdadeira, se ela não declara um fato é falsa.
 Proposições que declaram alegadamente fatos ou declaram supostos
fatos, mas que são falsos, são chamadas de “estado da questão” pelos
filósofos.
 Há dois tipos de estados da questão:
 Realizados – os que forma confirmados

DEFINIÇÕES
 Não realizados – coisas que tornam os fatos falsos.

 As proposições em sequência compõem um argumento.


 Uma das proposições é a conclusão, no contexto de um ensaio a
conclusão é chamada de tese.
 As outras proposições são as premissas.
 Proposições subordinadas podem ser utilizadas como premissas de
uma conclusão mais ampla.
ARGUMENTO CONSISTENTE

 Um argumento consistente é um argumento válido que contém apenas premissas verdadeiras.


 No caso de um argumento inconsistente podemos dizer que ou ele é inválido ou uma de suas premissas não é
verdadeira, por isso para se provar um argumento deve-se mostrar:
 Que ele é válido
 Que suas premissas são verdadeiras
VALIDADE DO ARGUMENTO

 Um argumento é válido se e somente se uma vez que todas as premissas sejam verdadeiras, então a conclusão seja
verdadeira.
 Há uma dependência progressiva sendo posta nestes conceitos, o conceito de validade depende do entendimento
de verdade e necessidade; posteriormente definir-se-á como convincente um argumento consistente. Argumento
por sua vez é definido em termos de premissa e conclusão.
 Há que se parar em algum ponto, o que nos leva ao paradoxo de se ter que explicar tudo para se explicar alguma
coisa. Contudo, em todos os empreendimentos deve-se, em algum momento aceitar algo sem definição ou
argumento
PERSUASÃO OU CONVENCIMENTO

 Um argumento convincente é um argumento consistente que é reconhecido ser assim em virtude da


apresentação de sua estrutura e conteúdo.

 Um argumento consistente pode, portanto, pode não ser convincente devido à falha em atender alguns dos
elementos necessários previamente mencionados:
 Se a forma lógica de um argumento é muito complexa para o reconhecimento;
 Se a evidência necessária para atestar a veracidade das premissas não estão disponíveis;
 Se o argumento não foi adequadamente formulado
 Se evidências não foram empregadas para suportar premissas-chave;
ARGUMENTO E CONVENCIMENTO - CONCLUSÃO

A formulação adequada de um argumento engloba sua estrutura:


 O argumento deve ser válido
 As premissas e as conclusões devem ser elaboradas de modo a destacar que sua validade é aparente.
  

Um bom argumento (um argumento convincente) envolve:


 Validade forma (estrutura)
 Premissas verdadeiras (conteúdo)
 Reconhecibilidade
PROCESSOS SINTÁTICOS

 Coordenação e subordinação: encadeamento e hierarquização


 Num período composto, normalmente estruturado — isto é, não constituído por frases de situação ou de contexto
—, as orações se interligam mediante dois processos sintáticos universais: a coordenação e a subordinação. A
justaposição, apesar de legitimamente abranger uma e outra, é ensinada no Brasil como variante da primeira, e a
correlação, como variante da segunda.
 Às vezes, no contexto da língua escrita — i.e., no “ambiente
linguístico onde se acha a frase” — ou na situação da língua falada
i.e., no “ambiente físico e social onde é enunciada” —, um desses
termos ou ambos estão subentendidos. Uma advertência ou aviso

FRASES DE (Fogo!, Perigo de vida, Contramão), um anúncio (Leilão de obra de


arte, Apartamentos à venda), uma ordem (Silêncio!), um juízo
(Ladrão, i.e., Você é um ladrão), um apelo (Socorro!, Uma
SITUAÇÃO OU esmolinha pelo amor de Deus!), a indicação de um fenômeno
(Chuva! i.e., Está chovendo), um simples advérbio ou locução
DE CONTEXTO adverbial (Sim, Não, Sem dúvida, Com licença), uma exclamação
(Que bom!), uma interjeição (Psiu!) são ou podem ser considerados
frases, embora lhes falte a característica material da integridade
gramatical explícita. Só mentalmente integralizados, com o auxílio
do contexto ou da situação, é que adquirem legítima feição de frase.
COORDENAÇÃO ADITIVA

 Na coordenação (também dita parataxe), que é um paralelismo de funções ou valores sintáticos idênticos, as
orações se dizem da mesma natureza (ou categoria) e função, devem ter a mesma estrutura sintático-gramatical
(estrutura interna) e se interligam por meio de conectivos chamados conjunções coordenativas. É, em essência, um
processo de encadeamento de ideias.
 As conjunções coordenativas (algumas das quais ligam também palavras ou grupos de palavras — sintagmas — e
não apenas orações) relacionam ideias ou pensamentos com um grau de travamento sintático por assim dizer mais
frouxo do que o das subordinativas.
 [...] Deixam-se levar, surdos e cegos, mentes obtusas, massa indecisa, para a qual o ser e o não-ser é considerado o mesmo e
não o mesmo, e para a qual em tudo há uma via contraditória.
 Jamais se conseguirá provar que o não-ser é; afasta, portanto, o teu pensamento desta via de investigação, e nem te deixes
arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito, nem governar pelo olho sem visão, pelo ouvido ensurdecido ou pela
língua;
COORDENAÇÃO ALTERNATIVA

 A alternativa típica — ou — relaciona ideias que se excluem ou se alternam, podendo repetir-se antes de cada um
dos elementos por ela encadeados:
 “Ou vai ou racha.”

 As outras alternativas vêm obrigatoriamente repetidas, em pares:


 ora... ora, quer... quer, já... já, seja... seja.

 Às vezes o par quer... quer se interpola com seja... seja, dando lugar a uma estrutura aparentemente híbrida
alternativa-concessiva, pois, nesse caso, seja é mesmo o verbo ser, tanto assim que não só concorda com o nome
(sujeito ou predicativo) que se lhe posponha como também pode ser substituído por outro verbo:
 “Hão de pagar o prejuízo, quer sejam (culpados) quer não sejam culpados.”
 “Hão de pagar o prejuízo, quer lhes caiba (a culpa) quer não lhes caiba a culpa.”
COORDENAÇÃO ADVERSATIVA

 As adversativas (mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto) marcam oposição (às vezes com um matiz
semântico de restrição ou de ressalva). Por serem etimologicamente advérbios — traço já muito esmaecido em
mas e porém, mas ainda vivo nas restantes —, as adversativas, como também as explicativas e as conclusivas, são
menos gramaticalizadas, quer dizer, menos despojadas de teor semântico, do que e, nem e ou.
 Sua função de conjunção é, aliás, fato relativamente recente na língua portuguesa, fato de ocorrência posterior ao
século XVIII. Ainda hoje, os dicionários, registram entretanto, (no) entanto e todavia como advérbios, embora
lhes anotem igualmente a função de conjunções.
 Por isso, i.e., por serem essencial e etimologicamente advérbios, é que no entanto, entretanto, contudo e todavia
vêm frequentemente precedidos pela conjunção e: “Vive hoje na maior miséria e (,) no entanto (,) já possuiu uma
das maiores fortunas deste país.” A ser no entanto simples conjunção, simples utensílio gramatical (conectivo),
torna-se difícil a classificação da oração: coordenada aditiva, em função do e, ou adversativa, em função do no
entanto?
COORDENAÇÃO ADVERSATIVA

 O que se diz para no entanto serve para entretanto, todavia, não obstante. Também mas aparece às vezes junto a
contudo e todavia, dando como resultado uma construção que os cânones gramaticais vigentes condenam por
pleonástica, como o fazem com o exemplo clássico (ainda comum em certa camada social) mas porém. É certo
que, quando, por descuido ou não, mas e contudo, mas e todavia (e até mas e entretanto e mas e no entanto)
ocorrem na mesma oração, costumam vir distanciados pela intercalação de outro(s) termo(s) da oração, por sentir
o emissor que se trata de partículas mutuamente excludentes, sinônimas ou equivalentes que são.
 [...] Pois deves saber tudo, tanto o coração inabalável da verdade bem redonda, como as opiniões dos mortais, em que não
há certeza. Contudo, também isto aprenderás: como a diversidade das aparências deve revelar uma presença que merece ser
recebida, penetrando tudo totalmente.
COORDENAÇÃO EXPLICATIVA

 As explicativas (pois, porque) relacionam orações de tal sorte que a segunda encerra o motivo ou explicação
(razão, justificativa) do que se declara na primeira. Em virtude de afinidade semântica entre motivo e causa,
porque, explicativa, confunde-se com porque, subordinativa causal.
 E agora vou falar; e tu, escuta as minhas palavras e guarda-as bem, pois vou dizer-te dos únicos caminhos de investigação
concebíveis.
COORDENAÇÃO CONCLUSIVA

 As conclusivas (logo, pois, portanto) entrosam orações de tal modo que aquilo que se afirma na segunda é
consequência ou conclusão (resultado, efeito) do que se declara na primeira: “Penso, logo existo.” “Ouviste a
advertência; trata, portanto (ou pois), de acautelar-te.” “Cumpriste o dever; portanto, não há motivo para que te
censurem.” As locuções adverbiais por consequência, por conseguinte, por isso funcionam também como
conjunções conclusivas: “Penso, logo (por consequência, por conseguinte, por isso) existo.” (Ver 1. Fr., 1.6.4.)
 As explicativas e conclusivas, mais até do que as adversativas, estabelecem tão estreitas relações de mútua
dependência entre as orações por elas interligadas, que a estrutura sintática do período assume características de
verdadeira subordinação (ver, a seguir, 1.4.2).
 Jamais se conseguirá provar que o não-ser é; afasta, portanto, o teu pensamento desta via de investigação, e nem te deixes
arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito, nem governar pelo olho sem visão, pelo ouvido ensurdecido ou pela
língua; mas com a razão decide da muito controvertida tese, que te revelou minha palavra.
EXERCÍCIOS

 As sentenças abaixo, separadas pela conjunção indicada, explicam a oração inicial, inverta a subordinação e mude
a conjunção de modo que elas passem a apresentar uma relação de conclusão.
 Não foi um mau destino que te colocou sobre este caminho (longe das sendas mortais), mas a justiça e o direito. Pois deves
saber tudo, tanto o coração inabalável da verdade bem redonda, como as opiniões dos mortais, em que não há certeza.
 E não poderia ser acrescido, o que impediria a sua coesão, nem diminuído; muito mais, é pleno de ser; por isto, é todo
contínuo, porque o ser é contíguo ao ser.
 Pois nada poderia impedi-lo de ser homogêneo, nem aquilo que é não é tal que possa ter aqui mais ser do que lá, porque é
completamente íntegro;
 Em consequência, será (apenas) nome tudo o que os mortais designaram, persuadidos de que fosse verdade: geração e morte,
ser e não-ser, mudança de lugar e modificação do brilho das cores.
Porque dotado de um último limite, é completo em todos os lados, comparável à massa de uma esfera bem redonda,
equilibrada desde seu centro em todas as direções; não poderia ser maior ou menor aqui ou ali.

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