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MÓDULO 1 – O COTIDIANO EM CENA

• Imagem de abertura
• Crônica
• Crônica visual
• Predicado nominal
• Diferentes sentidos dos verbos de ligação
• Texto teatral
• Predicado verbo-nominal
• Pontuação do predicativo

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Agoes Antara

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CRÔNICA

Editora Rocco
Explorando o gênero – O texto

A crônica é um gênero textual que narra um momento ou um


flagrante do dia a dia e que defende um ponto de vista em relação a
um aspecto da vida social ou a um fato que desperta curiosidade.
Geralmente, o cronista, autor da crônica, vale-se de um olhar
subjetivo para promover no leitor a reflexão acerca do tema
desenvolvido.
A crônica, originária do campo jornalístico, geralmente é
publicada em jornais, revistas e, posteriormente, em livros, mas é
possível encontrá-la também em blogues e redes sociais.

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CRÔNICA
Explorando o gênero – A composição

A crônica geralmente possui um título criativo e


provocativo, que sintetiza o tema central e visa
despertar no leitor a curiosidade para a leitura.
Na introdução, o cronista apresenta o tema que
será desenvolvido e pode explicitar seu ponto de vista
a respeito dele. No desenvolvimento, o cronista
NeMaria/Shutterstock.com

discute os aspectos que deseja enfatizar e expõe suas


opiniões. A conclusão tem como marca principal a
criatividade e sempre apresenta um tom reflexivo,
permitindo ao leitor, mesmo após o fim do texto,
continuar pensando sobre a questão.
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CRÔNICA
Explorando o gênero – A linguagem

A crônica é um texto em que prevalece a linguagem formal, mas há a possibilidade de o autor


fazer uso de outros registros, como a linguagem informal, e da oralidade. É possível, ainda,
aproximar-se do leitor por meio da interlocução.
Beto Magalhães/EM/D.A Press

Por ser um texto em que o olhar subjetivo do cronista é


evidente, recorre-se ao uso frequente de recursos
estilísticos, como comparação, metáfora e ironia, para
produzir humor ou crítica, segundo o que o cronista
pretende.

Affonso Romano de Sant’Anna. 6


GÊNEROS EM DIÁLOGO
Crônica e crônica visual
Fernanda Matos

Na crônica, o cronista expõe ideias e


expressa seu ponto de vista sobre fatos
do cotidiano.
Na crônica visual, o fotógrafo é
responsável por registrar, por meio de
imagens fotográficas, momentos
históricos e sublimes do cotidiano.
A crônica visual ao lado é um registro
da fotógrafa baiana Fernanda Matos, que
documentou um momento especial entre
um casal de idosos.
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POR DENTRO DA LÍNGUA
Predicado nominal

No predicado verbal, o núcleo é um verbo significativo, pois fornece uma informação a respeito do
sujeito. No predicado nominal, é um nome que ocupa a posição de núcleo do predicado.

Exemplo:

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POR DENTRO DA LÍNGUA
Predicado nominal

Nos predicados nominais, o verbo exerce o papel de ligar o sujeito ao termo que o caracteriza. Por
isso, é chamado de verbo de ligação.

São considerados de ligação os verbos:

ser estar ficar andar

parecer continuar permanecer

O núcleo do predicado nominal é chamado de predicativo do sujeito e determina o sentido


expresso pela oração.
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POR DENTRO DA LÍNGUA
Predicado nominal
Predicativo do sujeito

Predicativo do sujeito é o termo da


oração que atribui uma característica ao
sujeito, sendo, portanto, o núcleo do
predicado nominal. O núcleo é essencial à
construção de sentidos da oração.
Veja o exemplo ao lado:

Nesse exemplo, a relação sintática entre o sujeito da oração (eu) e o seu predicativo (feliz) é
estabelecida pelo verbo de ligação (estar). O predicativo fornece um atributo ou uma característica ao
sujeito.
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POR DENTRO DA LÍNGUA
Predicado nominal
As duas orações ao lado
Predicativo do sujeito apresentam sentidos
semelhantes, mas, enquanto
no primeiro exemplo o
predicativo explicita um
atributo (a preferência) do
sujeito, no segundo o
predicativo especifica uma
característica do sujeito (do
que a crônica trata).
Além de substantivo e adjetivo, o predicativo do sujeito pode ser representado por:
I. Pronome. Exemplo: Para aquele homem o amor era tudo.
II. Numeral. Exemplo: As pessoas entrevistadas eram cinco.
III. Oração. Exemplo: A verdade é que ele foi muito amado. 11
LINGUAGEM E SENTIDOS
Diferentes sentidos dos verbos de ligação
Os verbos de ligação têm a função de ligar o sujeito ao predicativo. O emprego pode apresentar
múltiplas possibilidades de significado e exprimir diferentes circunstâncias relativas ao estado do
sujeito.
Observe que, nas orações a seguir, mesmo as palavras semelhantes têm sentidos diferentes
graças aos verbos de ligação. Embora os verbos parecer e ser sejam de ligação, em orações com
predicado nominal, os sentidos atribuídos a eles podem ser diferentes. Exemplos:

I. Eu estou preocupado.
O verbo estar indica que a característica é momentânea; ocorre apenas naquele momento
ou circunstância.

II. Eu sou preocupado.


O verbo ser indica que a característica é permanente; faz parte do jeito de ser do falante.
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LINGUAGEM E SENTIDOS
Diferentes sentidos dos verbos de ligação
III. Eu continuo preocupado.
O verbo continuar indica que a característica já fazia parte do sujeito e continua fazendo,
embora não seja definitiva.

IV. Ele parece preocupado.


O verbo parecer indica que a característica é uma suposição.

V. Ele tornou-se preocupado.


O verbo tornar-se indica uma mudança de estado; o falante estava calmo e algo provocou
uma mudança em seu estado.

VI. Ele permanece preocupado.


O verbo permanecer indica a manutenção de um estado; a pessoa de quem se fala já
estava preocupada antes.
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TEXTO TEATRAL
Explorando o gênero – O texto

O texto teatral ou dramático é um gênero


textual cujo principal propósito é a encenação.
Sidney Meireles/Giz de Cera

O texto é materializado por personagens


caracterizados em um espaço – o palco –
diante de uma plateia, que configura o público.
A função social desse gênero é
diversificada, podendo variar do simples
entretenimento até a reflexão mais profunda
sobre um tema.

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TEXTO TEATRAL
Explorando o gênero –
A composição

Sidney Meireles/Giz de Cera


O texto teatral pode ser dividido em três
partes: exposição, conflito e desfecho. Ele é
composto de personagens, tempo e espaço.
As rubricas são as indicações cênicas sobre
o desenrolar da encenação e orientam o que
deve ser encenado. Elas também permitem
compreender o contexto da cena, além de
caracterizar os personagens e suas atitudes.

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TEXTO TEATRAL
Explorando o gênero – A linguagem

No texto teatral há a combinação de elementos


Sidney Meireles/Giz de Cera

verbais e não verbais. Pelo fato de o texto teatral ser


representado, e não contado, os atores assumem um
papel de destaque no trabalho realizado por meio de um
discurso direto em consonância com outros recursos não
verbais, como pausas, mímica, sonoplastia, gestos e
outros elementos que colaboram para a composição dos
personagens e do tom adequado à interpretação.
A pontuação expressiva é um recurso muito utilizado
para construir os sentidos e enfatizar as emoções na fala
dos personagens.
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POR DENTRO DA LÍNGUA
Predicado verbo-nominal
Predicado verbo-nominal é um predicado que apresenta duas informações e, portanto, possui
dois núcleos: um verbo significativo e um predicativo.

Exemplo 1:

Desdobrando esse
exemplo, temos:

O termo atrasado refere-se ao sujeito, funcionando assim como predicativo do sujeito. 17


POR DENTRO DA LÍNGUA
Predicado verbo-nominal
Exemplo 2:

Desdobrando esse
exemplo, temos:

O termo absurda refere-se ao elemento a proposta de Berê, que exerce a função de objeto
direto. Nesse caso, ele é chamado de predicativo do objeto.
Predicativo do objeto é o termo que caracteriza um estado do objeto. 18
UMA QUESTÃO DE ESCRITA
Pontuação do predicativo

As orações têm uma estrutura padrão. No caso de predicado verbal, a oração é formada por
sujeito + verbo significativo + complemento. No caso de predicado nominal, a estrutura padrão é
formada por sujeito + verbo de ligação + predicativo do sujeito. Quando o predicado é verbo-nominal,
a estrutura padrão é formada por sujeito + verbo significativo + complemento + predicativo (do sujeito
ou do objeto).
Nos predicados nominal e verbo-nominal, o falante pode deslocar o predicativo, colocando-o em
outras posições para evidenciar o seu sentido e dar destaque a ele. Exemplos:

Predicativo do sujeito antes do verbo: Predicativo do sujeito entre o sujeito e o verbo: [...] meu
[...] eu caí e, apavorada, mergulhei. [...] pai e o canoeiro, preocupados, correram para ajudar. [...]

Nesses casos, o predicativo deve ser separado dos demais termos da oração com o uso de
vírgulas. 19
MÓDULO 2 – DE CONTO EM CONTO

• Imagem de abertura
• Conto de enigma
• Paródia
• Formas nominais do verbo
• Conto
• Orações reduzidas adverbiais
• Articuladores textuais e operadores argumentativos

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NurPhoto/Getty Images
CONTO DE ENIGMA
Editora Ática

Explorando o gênero – O texto

Nos contos de enigma, as pistas – falsas ou verdadeiras


– são sempre enunciadas para que se possam estabelecer
relações entre os fatos e observar os detalhes, o que permitirá
ao personagem que cumpre o papel de detetive, e também ao
leitor, colher os indícios que levarão à elucidação do caso.

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CONTO DE ENIGMA
Explorando o gênero – O texto
Alan Carvalho

O conto de enigma tem por objetivo surpreender o leitor.


Apesar de todas as pistas fornecidas durante a narrativa,
muitas vezes o “detetive” vai associá-las a fatos ainda não
revelados.
No conto de enigma, desvenda-se um crime, ponto de
partida de uma investigação conduzida por um detetive ou por
um personagem que cumpre esse papel. Com sua capacidade
de dedução e por meio da associação entre os vestígios e os
detalhes relacionados aos fatos, ele descobre o culpado e o
motivo desse crime.
O desenvolvimento da narrativa apresenta características
específicas: crime, investigação, pistas, despistamentos,
deduções, disfarces e, às vezes, fuga e perseguição.
23
CONTO DE ENIGMA
Explorando o gênero – A composição

Os contos de enigma, em geral, apresentam os elementos a seguir:

No conto de enigma, os elementos fundamentais são: vítima, suspeitos, culpado, detetive e o


motivo do crime. O conto de enigma apresenta tempo e espaço reduzidos, poucos personagens e um
único conflito. A história pode ser contada por um narrador-personagem, narrador observador ou
narrador onisciente.
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CONTO DE ENIGMA
Explorando o gênero – A linguagem

No conto de enigma, a linguagem pode ser menos ou mais


formal, conforme o autor e o perfil do leitor. O uso de advérbios e
locuções adverbiais ajuda a identificar o lugar e também o modo
como ocorreram os fatos, aspectos essenciais em uma
investigação.
O tempo é um elemento estratégico de
quem produz a narrativa, pois é um fator
determinante na elucidação do caso.

Alan Carvalho
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GÊNEROS EM DIÁLOGO
Conto de enigma e paródia
A paródia configura textos que fazem referência a
uma obra feita previamente. A paródia de um conto de
enigma, por exemplo, tem todos os elementos desse
conto: um crime, uma vítima, um culpado e um detetive
disposto a investigar e descobrir o autor do crime.

A paródia retoma a estrutura do texto


parodiado, mas o modifica em detalhes,
gerando o humor. Há paródia de canções,
filmes, poemas, contos, propagandas,
pinturas.
Alan Carvalho

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POR DENTRO DA LÍNGUA
Formas nominais do verbo

Exemplos:

• [...] Madame Guimarães, nos dias de festas, tomava a si arrumar capas [...] (infinitivo)
• [...] Todos ficaram no corredor, mirando, comentando. [...] (gerúndio)
• — Tem a palavra o acusado! (particípio)
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POR DENTRO DA LÍNGUA
Formas nominais do verbo

As formas nominais são formadas


por radical + vogal temática + desinência.
Veja ao lado:

A desinência -r indica o infinitivo, a desinência -ndo indica o gerúndio e a desinência -do indica o
particípio.
28
POR DENTRO DA LÍNGUA
Formas nominais do verbo
Infinitivo
O infinitivo “representa” o verbo ou nomeia uma ação, sem determinar ideia de tempo. Pode ter
função de um substantivo. Exemplo:
[...] Madame Guimarães, nos dias de festas, tomava a si arrumar capas e chapéus femininos no
seu quarto [...] (tomava a si a arrumação de capas)

Gerúndio
O gerúndio exprime uma ideia de desenvolvimento, de andamento. Desempenha função
semelhante à de um advérbio e, eventualmente, à de um adjetivo. Exemplos:

• [...] Todos ficaram no corredor, mirando, comentando. [...] (o gerúndio exerce a função de
advérbio porque indica o modo como todos ficaram)
• A dona da casa, chorando, avisou que tinha sido roubada. [...] (o gerúndio exerce a função de
adjetivo porque exprime uma característica – chorosa, que estava chorando) 29
POR DENTRO DA LÍNGUA
Formas nominais do verbo
Particípio
O particípio exprime uma ideia de algo terminado, concluído. Desempenha função semelhante à
dos adjetivos. O particípio admite flexão de gênero e número. Exemplo:

Retiradas as capas, o zum-zum das conversas continuava. [...] (o particípio exerce a função de
adjetivo, pois expressa uma característica do substantivo capas, apresentando-se flexionado no
feminino plural para concordar com esse nome)

Há alguns verbos em nossa língua que apresentam duas formas diferentes para o particípio. São
chamados de verbos abundantes. Veja alguns exemplos:

• acender – aceso, acendido • entregar – entregue, entregado


• enxugar – enxuto, enxugado • fritar – frito, fritado
• suspender – suspenso, suspendido 30
POR DENTRO DA LÍNGUA
Formas nominais do verbo
Particípio
Os usos dos verbos abundantes são definidos pelos verbos que os acompanham.

I. Particípios terminados em -do: geralmente são empregados junto aos verbos ter e haver.
Exemplos:

• O detetive havia aceitado o convite para a festa na casa de Madame Guimarães.


• A moça não tinha entregado a capa à senhora.

II. Particípios com outras terminações: geralmente são empregados junto aos verbos ser, estar e
ficar. Exemplos:

• O convite à festa na casa da Madame foi aceito pelo detetive.


• A capa da moça não foi entregue ao responsável. 31
CONTO
Explorando o gênero – O texto

Alguns contos da literatura negra são uma forma de denúncia e luta pelos direitos dos excluídos,
principalmente dos que vivem na periferia. Muitos deles tratam de questões sociais relacionadas ao
preconceito e também ao combate de estereótipos.

Na literatura afro-brasileira, autores negros falam de


seus conflitos e particularidades sociais, econômicas e
históricas. O objetivo é levar os leitores a uma percepção
mais crítica da realidade, desnudando estereótipos,
rompendo preconceitos e denunciando a realidade que
Lasca Studio

desejam ver transformada.

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CONTO
Explorando o gênero – A composição

No conto, o enredo é organizado em


situação inicial, complicação (ou conflito),
clímax e desfecho. Geralmente, os

io
elementos tempo e espaço são definidos,

Lasca Stud
uma vez que abordam questões que
acontecem em determinado momento (ou
época) e em um lugar específico. O foco
narrativo pode ser em 1a ou 3a pessoa do
discurso.

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CONTO
Explorando o gênero – A linguagem

O uso de expressões afetuosas realça


e enaltece o protagonista, contribuindo
para a construção de uma imagem positiva
do personagem e da identidade do grupo
social que representa.

Os recursos linguísticos, como figuras de linguagem e vocabulário do


cotidiano comum ao grupo social dos personagens, contribuem para a
construção dessa narrativa que apresenta um discurso identitário.
dio tu
Lasca S

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POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações reduzidas adverbiais

Exemplo:

[...] Relembrando cada qual uma ocasião específica em que o fato se repetira, chegaram à
conclusão de que Jorge Lucas era mentalmente sequestrado pela Lua [...]. (oração reduzida com
verbo no gerúndio)

No exemplo, a oração reduzida indica uma circunstância de causa em relação à oração principal.
A oração subordinada adverbial correspondente seria: Porque relembraram cada qual uma ocasião
específica. 35
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações reduzidas adverbiais
Outro exemplo:

Mudança ajeitada no caminhão, apenas Dona Conceição subiu à boleia e partiu. [...]
(oração reduzida com verbo no particípio)

Nesse exemplo, a oração reduzida indica uma circunstância de tempo em relação à oração
principal. A oração subordinada adverbial correspondente seria: “Quando ajeitaram a mudança no
caminhão”.
Observe que se trata de outra forma de reproduzir a oração subordinada adverbial. Quando ela
contém conjunção, é chamada de desenvolvida; quando não, de reduzida. Independentemente de se
apresentar em forma desenvolvida ou reduzida, a classificação da oração é sempre determinada pelos
sentidos que ela atribui ao contexto:
• “Relembrando cada qual uma ocasião específica” – or. sub. adv. causal reduzida de gerúndio.
• “Mudança ajeitada no caminhão” – or. sub. adv. temporal reduzida de particípio. 36
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações reduzidas adverbiais
Para analisar uma oração subordinada reduzida, é necessário seguir estas etapas:
Desenvolvê-la, isto é, tirá-la da forma reduzida, interpretando seus sentidos e fazendo
I.
aparecer o conectivo.
II. Analisar a oração desenvolvida, percebendo as ideias que ela atribui à oração principal.
Aplicar a análise da oração desenvolvida à reduzida, acrescentando as expressões
III.
reduzida de gerúndio, reduzida de particípio ou reduzida de infinitivo.

Para transformar as orações reduzidas em desenvolvidas, é necessário acrescentar-lhes


conectivos que expressem ideias equivalentes às expressas pelas reduzidas e também substituir as
formas nominais por formas verbais equivalentes.
É importante destacar que nem todas as orações reduzidas podem ser desenvolvidas. Essa
escolha é feita pelo usuário da língua, que deve analisar o que é mais adequado às diferentes
situações de comunicação. 37
UMA QUESTÃO DE ESCRITA
Articuladores textuais e operadores argumentativos
Alguns termos encadeiam e ajudam na construção de sentidos. Esses articuladores textuais são
também chamados de operadores argumentativos.

Exemplo:

Naqueles tempos, a molecada brincava mesmo, de verdade, era na rua.

Os termos em destaque reforçam o pressuposto de que atualmente as crianças em geral não


brincam na rua; ou de que não há diversão efetiva se as brincadeiras não ocorrerem na rua. 38
UMA QUESTÃO DE ESCRITA
Articuladores textuais e operadores argumentativos
Os operadores argumentativos são fundamentais para se obter unidade textual. Vejamos alguns
deles:

Operadores de comparação: constroem uma comparação entre duas sentenças, como mais...
que, menos... que, como, tão... quanto, tão... como, tanto... quanto, tal qual, da mesma forma, da
mesma maneira etc. Exemplo:

O campinho [...] era de terra, como os incontáveis terrenos baldios existentes naquela época [...]

Operadores de consequência: denotam uma relação de consequência em relação a determinado


ato, como tão... que, tal... que, tanto... que, tamanho... que, de forma que, de modo que, de sorte que,
de maneira que etc. Exemplo:

O menino gostava tanto da Lua que se tornou um astronauta. 39


UMA QUESTÃO DE ESCRITA
Articuladores textuais e operadores argumentativos
Operadores de causa ou justificativa: introduzem uma causa, justificativa ou explicação a respeito
de um fato citado no enunciado, como porque, que, já que, pois etc. Exemplo:

Jorge Lucas era sempre o primeiro a ser escolhido, já que era o menino mais lépido, o mais ligeiro
da cidade.

Operadores de pressupostos: introduzem um conteúdo pressuposto, isto é, que pode ser inferido,
embora não esteja no enunciado, como já, ainda, quase, apenas etc. Exemplos:

• [...] Entretanto, a terra vermelha ainda se fazia presente sob as unhas roídas de toda a molecada.
(de que a terra vermelha se fazia presente na unha da molecada também antes desse fato)
• [...] a turma dos pequenos, quase todos da mesma idade, subia em tropa para o campinho de
terra [...]. (de que havia crianças de idades variadas correndo em bando para o campinho de terra.
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MÓDULO 3 – MAIS POESIA, POR FAVOR

• Imagem de abertura
• Poema
• Poesia lambe-lambe
• Versificação I
• Figuras de linguagem: anáfora, gradação e pleonasmo
• Poema
• Versificação II
• Pontuação: recursos estilísticos

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Companhia das Letras
POEMA
Explorando o gênero – O texto

O poema é um gênero textual que se utiliza


predominantemente da linguagem subjetiva, conotativa ou
figurada e explora palavras de forma incomum e original,
despertando sentidos inesperados e novos. Esses elementos
caracterizam a linguagem poética.
No poema, o eu lírico apresenta sua visão sobre qualquer
tema, ainda que inusitado, e o leitor pode tanto se identificar com
o que lê quanto descobrir outros modos de ver, perceber e sentir
o mundo.

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POEMA
Explorando o gênero – A composição

No poema, conteúdo e forma são indissociáveis.


O que se diz é tão importante quanto como se diz.
Para isso, podem ser usados recursos variados, como
rimas, repetição de versos ou de parte deles –
aspectos que intensificam os sentidos e dão ritmo e
sonoridade ao poema.
Beatriz Mayumi

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POEMA
Explorando o gênero – A linguagem

No poema, os recursos linguísticos criam jogos sonoros,


ritmo e imagens poéticas que evidenciam as potencialidades
da linguagem e produzem novos sentidos. Assim, a
linguagem poética faz uso da palavra de modo inusitado,
incomum.
Beatriz Mayumi

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GÊNEROS EM DIÁLOGO
Poema e poesia lambe-lambe

A linguagem poética pode usar diferentes formas de dizer para


produzir um mesmo efeito de sentido.

A poesia lambe-lambe é
uma forma de arte urbana que
ocupa o espaço público com o
objetivo de espalhar suas
criações, propondo alguma
reflexão crítica e poética.

MAROTTA, Ygor. Mais amor, por 46


favor. 2015. Foto: Renato Mangolin.
POR DENTRO DA LÍNGUA
Versificação I

Versos e estrofes são elementos que fazem parte da composição da maioria dos poemas.

Elementos de versificação – Estrofe


Estrofe é o nome de cada grupo de versos que forma um poema. A escolha por determinado
número de versos e pela sua distribuição em estrofes é um recurso do poeta para construir a
mensagem que deseja evidenciar em seu poema.
47
POR DENTRO DA LÍNGUA
Versificação I Quantidade de versos Classificação
Um verso Monóstico
Elementos de versificação – Estrofe
Dois versos Dístico
As estrofes são classificadas de Três versos Terceto
acordo com a quantidade de versos que Quatro versos Quarteto ou quadra
as compõem. Veja no quadro ao lado:
Cinco versos Quinteto ou quintilha
Seis versos Sexteto ou sextilha
Sete versos Sétima, hepteto ou septilha
Oito versos Oitava
Estrofes com mais de dez versos
são pouco comuns e não têm Nove versos Nona
designação própria. Dez versos Décima

48
POR DENTRO DA LÍNGUA
Versificação I
Elementos de versificação – Métrica

A métrica é a contagem das sílabas de um verso. Essas sílabas recebem o nome de métricas ou
poéticas.

I. A contagem das sílabas métricas ou poéticas é feita de forma diferente das sílabas
gramaticais. Elas são contadas auditivamente, baseando-se na pronúncia das palavras durante a
recitação do poema. Exemplo:

49
POR DENTRO DA LÍNGUA
Versificação I
II. A última sílaba da contagem deve sempre ser tônica. Considera-se a última sílaba tônica e
desprezam-se as demais sílabas da palavra final do verso, se forem átonas. Exemplos:

III. Quando uma palavra terminar com vogal e a palavra seguinte começar com vogal, ocorre
elisão, formando apenas um som ou sílaba poética. Exemplos:

50
POR DENTRO DA LÍNGUA
Versificação I

Em relação à
quantidade de sílabas,
os versos podem ser
classificados conforme
o quadro ao lado.

51
LINGUAGEM E SENTIDOS
Figuras de linguagem

Anáfora Gradação Pleonasmo

Consiste na repetição de uma ou mais Trata-se da organização de ideias em É o uso expressivo da redundância,
palavras, geralmente no início de uma ordem crescente ou decrescente, isto é, uma espécie de repetição de
versos seguidos. É um recurso muito para evidenciar certos sentidos. termos para dar mais ênfase ao que
utilizado para realçar o ritmo e a está sendo dito.
musicalidade dos textos poéticos.

52
POEMA
Explorando o gênero – A composição
O soneto é um poema de forma fixa, composto de 14 versos,
geralmente divididos em dois quartetos e dois tercetos.

Explorando o gênero – A linguagem

Beatriz Mayumi
Os usos de adjetivos e de pontuação expressiva são
recursos que dão maior expressividade ao soneto, colaboram
para a musicalidade e significação do poema, além de
revelarem os conflitos da alma e os sentimentos do eu lírico. 53
POR DENTRO DA LÍNGUA
Versificação II
Elementos de versificação – Rima

Rima é a identidade ou semelhança de sons entre duas palavras, principalmente no final dos
versos, o que se denomina rima externa.
As rimas podem também aparecer no interior dos versos. Essa é a rima interna. Ela ocorre
quando o poeta combina a última palavra de um verso com outra palavra no meio do verso seguinte.
As rimas também podem ser classificadas como perfeitas ou imperfeitas.

Têm entre si uma completa identidade de sons ou


Rimas perfeitas
dos fonemas finais das palavras.

Rimas
Têm entre si uma identidade de sons parcial.
imperfeitas
54
POR DENTRO DA LÍNGUA
Versificação II
As rimas podem ser combinadas de diferentes maneiras. Algumas delas:

Rimas alternadas ou cruzadas


Nesse esquema de rimas, o primeiro verso rima com o terceiro (e com os demais versos ímpares
que houver no poema), e o segundo verso rima com o quarto (e com os demais versos pares).
Correspondem ao esquema ABAB.

Rimas emparelhadas
Nesse esquema, as rimas se sucedem iguais de duas em duas, formando pares. Correspondem
ao esquema AABBCC.

Rimas opostas ou intercaladas


Nesse esquema, as rimas ocorrem entre dois versos combinando-se em uma ordem oposta.
Correspondem ao esquema ABBA. 55
POR DENTRO DA LÍNGUA
Versificação II
Rimas encadeadas
Esquema que ocorre quando as palavras que rimam se situam no fim de um verso e no início ou
meio do outro.

Rimas mistas
Esquema que ocorre quando as rimas apresentam combinações diversas sem seguir
necessariamente algum padrão.

Versos livres e versos brancos


Os versos livres são aqueles sem métrica rígida. Os versos brancos não têm rimas. Em alguns
períodos da literatura, a rima foi de grande importância no fazer poético. Na atualidade, os poetas
podem escolher entre usar ou não esse recurso em seus poemas, visando à produção de diferentes
efeitos de sentido em suas obras.
56
POR DENTRO DA LÍNGUA
Versificação II
Elementos de versificação – Ritmo

Além do uso da rima e de determinado número de sílabas poéticas em um verso, o ritmo de um


poema pode ser construído com o emprego de alguns recursos linguísticos, como a alternância entre
sílabas tônicas e átonas, a semelhança de fonemas vocálicos e consonantais e a pontuação dos
versos.

O ritmo poético é construído com o emprego dos seguintes recursos.


I. Repetição das palavras e expressões a minha dor, esta saudade e voz.
Pontuação: as vírgulas nos dois primeiros versos marcam pausas; o sinal de exclamação
II.
dá o tom de emoção; e, no último verso, as reticências sugerem uma interrupção.
III. Semelhança de fonemas entre os adjetivos intensa e imensa.
57
UMA QUESTÃO DE ESCRITA
Pontuação: recursos estilísticos

Os sinais de pontuação são recursos


linguísticos que contribuem para dar ritmo ao
poema, como na estrofe ao lado:

58
MÓDULO 4 – MULTICULTURALISMO E PESQUISA

• Imagem de abertura
• Relatório
• Etnomapa
• Orações subordinadas substantivas
• Estrangeirismos
• Dissertação de mestrado
• Orações subordinadas substantivas reduzidas
• Radicais

59
60

Chico Ferreira/Pulsar Imagens


RELATÓRIO
Explorando o gênero –
O texto
O relatório é um texto expositivo, de
caráter narrativo e descritivo, que relata,
de forma organizada e objetiva, uma
atividade, pesquisa ou trabalho
desenvolvido em determinado espaço,
seja ele profissional, seja escolar, seja
acadêmico. Tem como principal
finalidade apresentar, a um leitor
especializado no assunto, os resultados
que foram obtidos no evento descrito.

RIBEIRO, Deisiane Barreto et al. A trilha da Reserva Pataxó da Jaqueira como instrumento de
61
educação socioambiental para estudantes de Nível Médio. Educação ambiental em ação.
RELATÓRIO
Acervo do IFBA

Explorando o gênero –
A composição
O relatório é composto de título, introdução,
desenvolvimento, conclusão ou considerações finais
e referências bibliográficas, se houver. A parte do
desenvolvimento traz a descrição, de forma completa
e detalhada, da atividade realizada e pode conter
imagens, gráficos e tabelas. Nas considerações finais
ou conclusão, geralmente encontramos observações
finais sobre a atividade desenvolvida, informações
sobre os dados obtidos, quais objetivos foram
RIBEIRO, Deisiane Barreto et al. A trilha da Reserva
alcançados e, também, sugestões de possíveis
Pataxó da Jaqueira como instrumento de educação modificações para atividades futuras.
socioambiental para estudantes de Nível Médio. 62
Educação ambiental em ação.
RELATÓRIO
Explorando o gênero – A linguagem
No relatório, por se tratar de um texto técnico, utilizamos a
norma-padrão da língua e linguagem técnica e impessoal,
geralmente em 3a pessoa. Em razão de seu caráter narrativo, os
verbos são conjugados, predominantemente, no tempo
pretérito. Para garantir a objetividade nas informações, as
palavras são empregadas em seu sentido denotativo; também
são comuns os marcadores de tempo nas sequências
narrativas.

Figura 6: Entrada da Trilha da Lagoa Seca (6a) e demonstrativo de armadilha


indígena durante a realização da trilha (6b). Fotos: acervo de uma aluna do IFBA.

63
GÊNEROS EM DIÁLOGO
Relatório e etnomapa

No relatório lido, os pesquisadores


incluíram um etnomapa elaborado por um
aluno indígena, participante da pesquisa. O
etnomapa é uma cartografia elaborada por
indígenas que mapeia as regiões das aldeias
e seus entornos, ajudando na proteção, na
conservação e no manejo dos recursos
naturais das terras indígenas. O termo etno
foi adotado para evidenciar o protagonismo
Fonte: GAVAZZI, Renato Antonio. Agrofloresta e cartografia indígena:
a gestão territorial e ambiental nas mãos dos Agentes Agroflorestais
indígena.
Indígenas do Acre. Versão corrigida. 2012. 297 f. Dissertação
(Mestrado em Geografia) – Universidade de São Paulo, São Paulo,
2012. p. 147. 64
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações subordinadas substantivas

Exemplo:

No exemplo anterior, observe que a oração principal apresenta a seguinte estrutura:


65
sujeito + verbo
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações subordinadas substantivas
Para completar a estrutura padrão de uma oração, precisamos do complemento verbal, no caso
um objeto direto, porque o verbo relatar é transitivo direto. Então, a oração em destaque é
subordinada substantiva, porque exerce o papel de objeto direto da oração principal.

Classificação das orações subordinadas substantivas

• Objetiva direta • Completiva nominal • Apositiva


• Objetiva indireta • Predicativa • Subjetiva 66
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações subordinadas substantivas

• Objetiva direta: exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal.

• Objetiva indireta: exerce a função de objeto indireto do verbo da oração principal.

67
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações subordinadas substantivas

• Completiva nominal: exerce a função de complemento nominal de um nome da oração principal.

• Predicativa: exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal.

68
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações subordinadas substantivas

• Apositiva: exerce a função de aposto de um termo da oração principal.

• Subjetiva: exerce a função de sujeito da oração principal.

69
LINGUAGEM E SENTIDOS
Estrangeirismos

Exemplos: shopping center, show, stress.

As palavras de origem estrangeira podem passar por um processo de aportuguesamento na


grafia e na pronúncia. Quando isso ocorre, muitas vezes o falante não percebe que se trata de um
estrangeirismo, como é o caso das palavras bife, futebol, xampu, abajur, recorde. Palavras como
essas já entraram para o dicionário, isto é, foram incorporadas a nossa língua. Quando elas mantêm a
grafia de origem, devem ser escritas em itálico, principalmente em gêneros jornalísticos.
Observe que, ao transformarmos algumas dessas palavras em verbos, geralmente eles passam a
pertencer à primeira conjugação. Veja: as palavras attach, delete e print transformam-se em atachar, 70
deletar e printar.
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Explorando o gênero – O texto

A dissertação de mestrado é um gênero textual da


área acadêmica, produzido por um aluno de pós-graduação
que cursa o mestrado em alguma instituição de Ensino
Superior. Seu objetivo é discutir um dado assunto, de
caráter inédito, com base em leituras de outros autores e
pesquisadores de sua área de estudo, a fim de convencer o
leitor de seu posicionamento.

NAKAMURA, Mariany Toriyama. Memória e identidades nipo-


brasileiras: cultura pop, tecnologias e mediações. 2013. 98 f.
Dissertação (Mestrado em Cultura e Informação) – Escola de
Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
71
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Explorando o gênero – A composição

A dissertação de mestrado, geralmente, divide-se em:


introdução, parte em que são apresentados tema, subtemas
e justificativa; desenvolvimento, parte em que há o
detalhamento das informações sobre o objeto de pesquisa e
a exposição dos argumentos fundamentados em autores da
área do conhecimento em que a pesquisa se insere; e
conclusão, parte destinada à retomada das principais ideias
que serviram de base para a pesquisa e à apresentação dos
resultados obtidos.
Além disso, ainda temos a capa, em que são
apresentados o título e o autor; a ficha catalográfica; o
resumo, que costuma ser traduzido para uma língua

Dois de Nós
estrangeira; o índice; as referências bibliográficas; e os
72
anexos.
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Explorando o gênero – A linguagem

A dissertação de mestrado exige o uso da norma-padrão da


língua e deve ser escrita, preferencialmente, em linguagem
impessoal. Utiliza diferentes recursos para o estabelecimento
da coesão textual, como a anáfora e a elipse, além de
conectores discursivos – estruturas que estabelecem diferentes
relações de sentido no texto. Destaca-se também o uso dos
discursos direto e indireto para a inserção de outras vozes no
texto.

Dois de Nós
73
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações subordinadas substantivas reduzidas

Exemplo:

No exemplo, a segunda oração exerce a função de sujeito da oração principal. O que a identifica,
em sua estrutura, é o fato de ser composta por verbo de ligação e predicativo do sujeito. Logo, ela é
uma oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo. 74
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações subordinadas substantivas reduzidas
Quando a oração subordinada substantiva é introduzida por uma conjunção integrante, é
chamada de desenvolvida; sem a conjunção, é chamada de reduzida. Para classificar as orações
reduzidas, devemos imaginar como elas seriam se fossem desenvolvidas. Veja:

Ao fazermos a transformação de reduzida para desenvolvida, percebemos que a oração


desenvolvida exerce a função sintática de objeto direto da oração principal, sendo, portanto, objetiva
75
direta.
UMA QUESTÃO DE ESCRITA
Radicais
As palavras podem ser formadas de várias maneiras. Uma delas é por meio da composição, que é
a formação de uma nova palavra com a junção de duas palavras ou de dois radicais.
Veja alguns exemplos:

Os radicais ajudam na atribuição de sentidos às palavras que formam.


O radical derma- significa "pele". Sabendo disso, todas as palavras formadas por ele estão ligadas
a essa área, como: dermatologista, dermatite, dermatológico etc.
O radical auto-, que significa "próprio", atribui esse sentido às palavras que forma, como:
76
autobiografia, autorregulagem, autoimunidade etc.
MÓDULO 5 – PONTOS DE VISTA

• Imagem de abertura
• Artigo de opinião
• Meme
• Orações subordinadas adjetivas
• Expressões idiomáticas
• Notícia
• Pronomes relativos e funções sintáticas
• Pontuação da oração adjetiva

77
78

Sébastien Thibault
ARTIGO DE OPINIÃO
Explorando o gênero – O texto

Artigo de opinião é um gênero textual


jornalístico cuja característica principal é a
expressão de opiniões por seus autores. Os
articulistas costumam ser pessoas reconhecidas
pela competência profissional e especialização no
assunto. Ao fundamentar seu ponto de vista, o autor
procura contribuir com a discussão de um tema e
tenta fazer o leitor aderir às suas ideias.
quka/Shutterstock.com

Os artigos de opinião são publicados em jornais


e revistas impressos ou virtuais e também podem
ser ouvidos em emissoras de rádio e podcasts que
circulam em redes sociais, entre outros meios.
SAES, Danillo. Fake news: as mentiras que viram notícias. 79
Gazeta do Povo.
ARTIGO DE OPINIÃO
Explorando o gênero – A composição

Sequência argumentativa
• Situação-problema: contextualização do tema.
• Tese: apresentação do ponto de vista que será defendido.
• Discussão: desenvolvimento da opinião a respeito da questão abordada.
80
• Conclusão: desfecho para a questão discutida.
ARTIGO DE OPINIÃO
Explorando o gênero – A linguagem

O uso das aspas é mais uma


estratégia de persuasão, porque Nos artigos de opinião, como na comunicação
chama a atenção do leitor para cotidiana, usam-se recursos de linguagem variados, como
palavras destacadas a fim de perguntas retóricas, aspas, determinadas palavras e
fazê-lo questionar e refletir sobre expressões, operadores argumentativos, que deixam
o significado e o uso delas. subentendido o posicionamento do autor e possibilitam ao
leitor acompanhar o sequenciamento de ideias.

Podem ser escritos em 1a pessoa do singular ou do plural ou 3a pessoa


do plural. O registro formal costuma ser mais utilizado, pendendo para a
informalidade conforme o público-alvo ou a estratégia de argumentação.
81
© Antonio de Luca

GÊNEROS EM DIÁLOGO
Artigo de opinião e meme

Os memes são, em geral, criações


anônimas que se apropriam de obras ou
situações conhecidas para satirizá-las em
mensagens de compreensão fácil e rápida. São,
assim, os representantes atuais da paródia. De
formato variado, podem ser compostos de
vídeo, fotografia, ilustração, pintura, palavras ou
uma combinação desses elementos. O meme é
um neologismo de origem inglesa e derivado da
palavra grega mimema (“imitação”). Em inglês,
pronuncia-se /mim/.

82
Meme do siciliano Antonio de Luca com intervenção brasileira no balão de fala.
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações subordinadas adjetivas

Classificação das orações subordinadas adjetivas

• Adjetiva restritiva: restringe (limita) o sentido do nome (substantivo ou pronome) a que se refere. É,
portanto, indispensável para o sentido da frase.

83
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações subordinadas adjetivas
Para entender, imagine um grupo de pessoas e separe dele aquelas que criam fake news. É a esse
subgrupo de pessoas que a oração “que criam as fake news” se refere. Por se limitar ou se restringir a
apenas uma parcela das pessoas, essa oração é chamada de restritiva.
Outra maneira de compreender o sentido da oração subordinada adjetiva restritiva é substituí-la
por um adjetivo equivalente.

• Adjetiva explicativa: acrescenta ao nome antecedente uma qualidade acessória, isto é, esclarece a
sua significação, mas não é indispensável para o sentido da frase. Na escrita, é separada por vírgulas.

84
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações subordinadas adjetivas
Observe que a oração adjetiva em destaque traz uma informação que apenas explica o que são
smartphones e pode até ser desnecessária, pois todos esses aparelhos têm como característica o
acesso à internet. Assim, ela é considerada explicativa.
Se quisermos modificar essa frase, não será por meio de um adjetivo, como ocorre na oração
subordinada adjetiva restritiva, mas por um aposto. Exemplo:

A adjetiva explicativa pode, enfim, explicitar uma qualidade natural, uma verdade conhecida ou
uma característica que, por isso, se tornam óbvias.
Os falantes produzem orações adjetivas explicativas ou restritivas de acordo com os sentidos que
desejam produzir e os aspectos que pretendem evidenciar.
85
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações subordinadas adjetivas

Orações subordinadas adjetivas reduzidas

As orações subordinadas adjetivas também podem se apresentar em sua forma reduzida.


Exemplo:

Na oração destacada, o verbo utilizar encontra-se no particípio, uma de suas formas nominais.
Note que essa oração caracteriza o termo tecnologia e equivale a uma oração adjetiva, sendo
introduzida sem o pronome relativo, como ocorre com as demais orações reduzidas estudadas.
86
POR DENTRO DA LÍNGUA
Orações subordinadas adjetivas

Outro exemplo:

Na oração em destaque, o verbo divulgar encontra-se no gerúndio, outra forma nominal do verbo.
Essa oração especifica o termo pessoas e equivale a uma oração adjetiva.
Na construção das orações subordinadas adjetivas reduzidas, a forma verbal empregada é, na
maioria das vezes, o particípio, mas também pode ser o gerúndio.
Veja o quadro comparativo.

Subordinada adjetiva desenvolvida Subordinada adjetiva reduzida


Inicia-se com pronome relativo. Não tem pronome relativo.
O verbo apresenta-se flexionado. O verbo apresenta-se principalmente no particípio. 87
LINGUAGEM E SENTIDOS
Expressões idiomáticas

No trecho a seguir, as expressões entre aspas são usadas para dar leveza ao texto.

Existem outras expressões que também têm a mesma intenção: as expressões idiomáticas. Elas
ocorrem quando um termo ou frase é usado pelo falante em um sentido diferente daquele que as
palavras teriam isoladamente. Exemplos:
• Os usuários de redes sociais precisam ficar de olhos abertos para as fake news.
• Muitos influenciadores postam comentários sem pé nem cabeça sobre qualquer tipo de 88
assunto.
NOTÍCIA
Explorando o gênero – O texto

A notícia é um gênero textual jornalístico que


tem a função de divulgar fatos cotidianos
considerados relevantes e de interesse para a
sociedade ou um grupo específico de leitores ao
qual se dirige. O redator da notícia deve relatar os
fatos de maneira objetiva, sendo
obrigatoriamente o mais isento possível para
garantir que a reconstituição do acontecimento
seja também o mais fiel possível.

PINTO, Ana Estela de Sousa. Sete anos após incêndio, base do


Brasil na Antártida ficará pronta em março. Folha de S.Paulo. 89
NOTÍCIA
Explorando o gênero – A composição

Os elementos que compõem uma notícia são: o título, que tenta atrair o interesse do leitor; a
linha-fina, cuja função é complementar o título com mais informações; o lide (parágrafo introdutório);
e o corpo (o restante do texto, com informações mais detalhadas). As notícias podem ser
acompanhadas de fotografias e legendas.

Lide
Lide é uma palavra aportuguesada do inglês lead, que, como verbo, significa
“encabeçar”, “liderar”, e, como adjetivo, “principal”. O lide ideal deve sintetizar a notícia,
de modo que só a sua leitura seja suficiente. Tradicionalmente, apresenta cinco
elementos: o quê (ocorrência), quem (pessoas envolvidas), quando (data), onde (lugar) e
por quê (motivo).
90
NOTÍCIA
Explorando o gênero – A linguagem
De acordo com os manuais de
redação e estilo dos grandes jornais, a
notícia deve ser precisa e isenta da
opinião de quem a escreve. Entretanto,
observa-se que, do ponto de vista
linguístico, uma boa escrita, a precisão
nas informações e a citação de
Ricardo Leizer/Fotoarena

opiniões não garantem a isenção da


notícia, porque não há como abordar
um fato sem participar em alguma
medida da transmissão da mensagem.

A escolha das palavras geralmente evidencia de certa forma as intenções do enunciador. 91


POR DENTRO DA LÍNGUA
Pronomes relativos e funções sintáticas

Veja a seguir a relação dos pronomes relativos.

Variáveis o(a) qual, os(as) quais, cujo(a), cujos(as), quanto(a), quantos(as)


Invariáveis que, quem, onde, aonde

92
POR DENTRO DA LÍNGUA
Pronomes relativos e funções sintáticas
Funções dos pronomes relativos

• Que: é usado para substituir o nome de uma pessoa ou de algo, exercendo diversas funções sintáticas.
Sujeito: O financiamento, que deveria ter sido pago em três anos, atrasou.
I. O financiamento atrasou.
II. O financiamento deveria ter sido pago em três anos. (sujeito)

Objeto direto: Eu senti um medo que jamais confessei a ninguém.


I. Eu senti um medo.
II. Jamais confessei o medo a ninguém. (objeto direto)

Objeto indireto: O documentário sobre a Antártida a que eu assisti é muito emocionante.


I. O documentário sobre a Antártida é muito emocionante.
II. Eu assisti ao documentário sobre a Antártida. (objeto indireto) 93
POR DENTRO DA LÍNGUA
Pronomes relativos e funções sintáticas

• Quem: refere-se a pessoas e é sempre precedido de preposição. Exerce algumas funções sintáticas,
entre elas as de:

Objeto indireto: Os pesquisadores com quem eu compartilhava as descobertas não estavam


presentes na cerimônia.
I. Os pesquisadores não estavam presentes na cerimônia.
II. Eu compartilhava as descobertas com os pesquisadores. (objeto indireto)

Complemento nominal: Paulo Câmara, professor da Universidade de Brasília, é um pesquisador a


quem todos fazem referência.
I. Paulo Câmara, professor da Universidade de Brasília, é um pesquisador.
II. Todos fazem referência a esse pesquisador. (complemento nominal)
94
POR DENTRO DA LÍNGUA
Pronomes relativos e funções sintáticas

• Onde (ou aonde, quando contraído com a preposição a): é empregado na indicação de lugar, exercendo
a função sintática de adjunto adverbial.
A região onde a Estação Antártica Comandante Ferraz foi construída fica na Ilha Rei George.
I. A região fica na Ilha Rei George.
II. A Estação Antártica Comandante Ferraz foi construída nessa região. (adjunto adverbial de lugar)

• Cujo: estabelece uma relação de posse, deve concordar em gênero e número com o elemento seguinte,
isto é, a coisa possuída, e exerce sempre a função de adjunto adnominal.
A repercussão do incêndio na antiga estação, cujo noticiário provocou impacto no Brasil, foi
muito grande.
I. A repercussão do incêndio na antiga estação foi muito grande.
II. O noticiário do incêndio na antiga estação provocou impacto no Brasil. (adjunto adnominal de
"noticiário")
95
UMA QUESTÃO DE ESCRITA
Pontuação da oração adjetiva
As orações subordinadas adjetivas explicativas vêm sempre entre vírgulas ou, quando estão no
final do período, são antecedidas por vírgula. As orações subordinadas adjetivas restritivas não são
introduzidas por vírgula.

O uso ou não da vírgula pode provocar diferença de sentido em alguns casos. Exemplos:

• Gosto muito do meu irmão que sempre ouve música comigo.


• Gosto muito do meu irmão, que sempre ouve música comigo.

No primeiro exemplo, a oração subordinada adjetiva restritiva (observe a ausência de vírgula)


informa que o falante gosta de um irmão específico – aquele que ouve música com ele –, deixando
subentendido que existem outros irmãos que não fazem o mesmo.
No segundo exemplo, a oração subordinada adjetiva explicativa (portanto, separada por vírgula)
esclarece o que o único irmão do falante costuma fazer. 96
MÓDULO 6 – FATOS E OPINIÕES

• Imagem de abertura
• Manifesto
• Grafite
• Concordância verbal: verbo ser
• Polissemia
• Proposta cultural
• Regência verbal
• Crase

97
98

Instituto Tomie Ohtake/Jales Valquer/Fotoarena


MANIFESTO
Explorando o gênero – O texto

Manifesto é um texto argumentativo


mediante o qual um grupo de pessoas
reivindica ações acerca de um determinado
problema de cunho social, político ou cultural.
Sua finalidade é atrair a opinião pública e
estimular uma atitude por parte do
interlocutor.

BRASIL. Secretaria Especial do Esporte do Ministério da


Cidadania. Manifesto pela paz no futebol. Brasília, DF:
Ministério da Cidadania, 31 out. 2013.
99
MANIFESTO
Explorando o gênero – A composição
O manifesto sempre se inicia com um título sucinto e
objetivo, que sintetiza o problema abordado.
No primeiro parágrafo, costuma-se apresentar quem são
os reivindicadores, reforçando o senso de coletividade próprio
do gênero.
Nos parágrafos subsequentes, o problema é apresentado
e, por meio de argumentos, justifica-se a reivindicação com o
intuito de convencer os interlocutores a aderir à causa
defendida.
Por fim, são apresentadas alternativas ou possíveis
soluções para o problema, seguidas da assinatura dos
envolvidos, seja de forma individual, seja em nome do grupo
que os represente.
100
MANIFESTO
Explorando o gênero –
A linguagem

O manifesto é um texto em que prevalece


a linguagem formal, construída de acordo com
os aspectos da norma-padrão.
Nesse gênero textual, prevalece o uso de
uma linguagem persuasiva, em que
substantivos, adjetivos e advérbios atuam
como modalizadores para convencer o
interlocutor acerca do ponto de vista dos
autores.
BRASIL. Secretaria Especial do Esporte do Ministério da
Cidadania. Manifesto pela paz no futebol. Brasília, DF: 101
Ministério da Cidadania, 31 out. 2013.
Luna Buschinelli

GÊNEROS EM DIÁLOGO
Manifesto e grafite

O manifesto atua como uma espécie de


denúncia a respeito de um fato ou uma
situação, com a finalidade de estimular uma
atitude por parte do interlocutor. O grafite é
um gênero com características semelhantes,
pois também funciona como uma denúncia
da exclusão social, dando voz a pessoas que
não têm oportunidade de serem ouvidas.

BUSCHINELLI, Luna. O pescador e o guardador de vaga-lumes.


102
2014. Grafite.
POR DENTRO DA LÍNGUA
Concordância verbal: verbo ser
O verbo ser pode estabelecer concordância tanto com o núcleo do sujeito da respectiva oração
quanto com o predicativo. Veja os casos a seguir.

I. Se o sujeito ou o predicativo do sujeito for um nome que indique pessoa, o verbo ser deverá
obrigatoriamente concordar com esse nome.

103
POR DENTRO DA LÍNGUA
Concordância verbal: verbo ser

II. O verbo ser concorda sempre com os pronomes pessoais.

III. O verbo ser concorda com o numeral nas indicações de hora, distância e data.
• São três horas de filme!
• Da minha casa até o estádio, a distância é de um quilômetro.
• Hoje são 2 de junho.
Na indicação de datas, se aparecer a palavra dia, o verbo ser concorda com ela. Exemplo:
• Hoje é dia 4 de abril.
104
POR DENTRO DA LÍNGUA
Concordância verbal: verbo ser

IV. Nas expressões indicativas de quantidades, como é muito, é pouco, é demais, é bastante, é
tudo, o verbo ser é sempre empregado no singular. Veja:
• Alguns trocados e uma muda de roupa é tudo que tenho.
• Para a paz no futebol ser efetiva, 500 adesões é pouco.

V. Se o sujeito e o predicativo
forem representados por nomes
de flexões diferentes, o verbo ser
concordará com o que estiver no
plural. Exemplos:

105
LINGUAGEM E SENTIDOS
Polissemia
Reprodução/Elias José Mengarda/Mundocas

No anúncio analisado,
a palavra verde adquire
sentidos diferentes. Nesse
caso, essa é uma palavra
polissêmica.
Polissemia é o
conjunto de sentidos
atribuídos a uma palavra
ou locução dentro de um
contexto de comunicação.

MUNDOCAS. Não é só com esse verde que o


brasileiro deve se preocupar. 106
PROPOSTA CULTURAL
Explorando o gênero – O texto

A proposta cultural é um texto por meio do qual se


propõe a execução de um projeto que culmine com a
elaboração de um determinado produto cultural. O texto
pode ser elaborado por qualquer cidadão que busque
informações acerca do produto. É importante que a
proposta, por meio de argumentos bem selecionados,
convença o interlocutor da importância de sua
aplicação.

r
ma
107

ss
La
PROPOSTA CULTURAL
Explorando o gênero – A composição
As propostas culturais precisam de um título chamativo que evidencie o produto cultural que se
pretende produzir. Em seguida, há a apresentação do projeto e a justificativa, na qual o autor expõe os
motivos que o levaram a construir a proposta.
É preciso, ainda, determinar o público-alvo, evidenciando a quantidade de pessoas que serão
contempladas, a faixa etária e o grupo social ao qual pertencem; os objetivos do projeto; e a
metodologia, seção na qual se explica como a proposta será executada.
Apresentam-se também quais atividades estão
planejadas na proposta e qual a abrangência de sua
execução, destacando, inclusive, as parcerias e as
formas de registro que serão adotadas. Para finalizar,
deve-se acrescentar toda a bibliografia que foi utilizada
r
sma

para a escrita do documento.


Las

108
Lassmar
PROPOSTA CULTURAL
Explorando o gênero –
A linguagem

A linguagem utilizada em uma proposta


cultural é predominantemente formal,
podendo apresentar estrangeirismos e
alguma informalidade, como gírias e
trocadilhos, a depender do produto cultural
que se queira desenvolver.
As formas verbais podem aparecer no presente ou no futuro, variando de acordo com o objetivo
da seção do documento em que estejam inseridas.
O uso de conectores e marcadores sequenciais é de fundamental importância para a progressão
das ideias, garantindo, assim, uma compreensão mais efetiva do texto.
109
POR DENTRO DA LÍNGUA
Regência verbal
Regência verbal é a relação de dependência que se estabelece entre o verbo e seu complemento.

Alguns casos de regência verbal

I. Chegar
É verbo intransitivo e, se houver adjunto
adverbial, deve ser usado com a preposição a.
Exemplo ao lado:

II. Namorar
É verbo transitivo direto; portanto, o
complemento não deve ser precedido de preposição.
Exemplo ao lado: 110
POR DENTRO DA LÍNGUA III. Pagar, perdoar
São verbos transitivos diretos
Regência verbal quando seu objeto se referir a algo;
transitivos indiretos, quando seu
objeto se referir a alguém; e podem
também ser transitivos diretos e
indiretos quando os objetos se
referirem às duas opções.
Exemplos:

111
POR DENTRO DA LÍNGUA
Regência verbal
IV. Precisar
É verbo transitivo direto ou indireto quando significar “ter necessidade”; no sentido de “indicar
com precisão”, é sempre transitivo direto. Exemplos:

112
POR DENTRO DA LÍNGUA
Regência verbal

V. Preferir
É verbo transitivo direto e transitivo direto e indireto. Exemplos:
Lassmar

113
POR DENTRO DA LÍNGUA
Regência verbal
VI. Proceder
É verbo intransitivo quando
significar “ter procedência”, “ter
fundamento”; quando significar
“originar-se de”, também é
intransitivo e o adjunto adverbial
deve vir precedido da preposição
de; quando significar “dar início”, é
transitivo indireto, cujo objeto é
precedido pela preposição a.
Exemplos:

114
POR DENTRO DA LÍNGUA
Regência verbal
VII. Querer
É verbo transitivo direto no sentido de “desejar”, mas transitivo indireto no sentido de “gostar”,
“estimar”, e o objeto indireto deve vir precedido da preposição a. Exemplos:

Lassmar
115
POR DENTRO DA LÍNGUA
Regência verbal

VIII. Visar
É verbo transitivo direto quando usado no sentido de “apontar”, “mirar” e “dar um visto”; é
transitivo indireto no sentido de “ter em vista”, “almejar”, “pretender”, e o objeto indireto deve vir
precedido da preposição a. Exemplos:

116
UMA QUESTÃO DE ESCRITA
Crase

Crase é o nome que se


dá à fusão da preposição a
com o artigo a(s). Na escrita,
a crase é indicada pelo
acento grave. Exemplo:

Tanto a preposição quanto o artigo são vogais. A crase é a fusão dessas duas vogais,
transformando-as em uma só. A crase só pode ser usada antes de nomes femininos, já que só eles
podem ser antecedidos pelo artigo a. Exemplo:

117
UMA QUESTÃO DE ESCRITA
Crase
Além do artigo a, também pode
ocorrer a crase com os pronomes
demonstrativos aquele, aquela,
aquilo e com os pronomes relativos
a qual e as quais, por também
começarem pela vogal a. Exemplos:

118
UMA QUESTÃO DE ESCRITA
Crase
Alguns casos em que ocorre a crase
I. Nas expressões que indicam horas.
Exemplo: Às cinco horas, muitos estudantes já se encaminham para a escola.

II. Nas locuções prepositivas formadas por palavras femininas: à custa de, à espera de, à procura de.
Exemplo: Em algumas profissões, as pessoas estão à procura de emoção.

III. Nas locuções adverbiais femininas: à tarde, à vontade, à esquerda, às pressas.


Exemplo: O pedestre respondeu às pressas ao repórter.

IV. Nas locuções conjuntivas como à medida que, à proporção que.


Exemplo: Os profissionais, à medida que vão ganhando experiência, tornam-se conhecidos.

V. Antes de nomes de lugares que sejam determinados pelo artigo feminino a.


119
Exemplo: O professor foi à Bahia para conhecer a cultura do povo baiano.
MÓDULO 7 – DIRETO AO PONTO

• Imagem de abertura
• Editorial
• Fotojornalismo
• Colocação pronominal
• Parônimos
• Regência nominal

120
121

© Peter Langer
EDITORIAL
Explorando o gênero – O texto

O editorial é um texto jornalístico


escrito ou lido cujo objetivo é expressar a
opinião de um veículo de comunicação –
jornal, revista, emissora de TV ou rádio –
sobre um assunto atual de relevância social,
política, econômica ou cultural. Embora seja
escrito em geral por uma só pessoa, o
editorial não é assinado, porque expressa o
ponto de vista da empresa como um todo. É
publicado em jornais e revistas impressos
ou virtuais e transmitido em emissoras de
TV e rádio e em podcasts.
122
A LETARGIA que deságua em tragédias. O Globo, 16 fev. 2020.
EDITORIAL
Quanto à estrutura, o editorial se
Explorando o gênero – A composição compõe de quatro partes: título, que pode
ser temático (referindo-se claramente ao
tema) ou não temático (fazendo alusão a
ele); introdução, em que se expõem o
assunto e a tese que será defendida;
corpo ou desenvolvimento, em que são
detalhados os argumentos (com
exemplos concretos, dados estatísticos,
citação de autoridades, entre outros
recursos) para fundamentar o ponto de
vista assumido; conclusão, que
normalmente sintetiza a discussão e
apresenta uma ou mais propostas de
solução do problema, como também pode
provocar uma reflexão sobre o tema.
123
EDITORIAL
Explorando o gênero –
A linguagem

O editorial utiliza o registro formal da língua


e uma linguagem clara e objetiva em 3a pessoa. É
comum o uso de substantivos, adjetivos e
expressões que enfatizam o ponto de vista
assumido no texto. Para garantir a coesão
textual, é essencial empregar conectivos e
operadores argumentativos que expressam,
entre outras, ideias de oposição, contraste,
explicação, ênfase, causa e consequência.
A LETARGIA que deságua em tragédias. O
Globo, 16 fev. 2020. 124
GÊNEROS EM DIÁLOGO
Editorial e fotojornalismo
Fabio Teixeira/Folhapress

Fotojornalismo é uma forma de


jornalismo que relata os fatos por meio de
fotografias. Como outros gêneros
jornalísticos, ele informa e expõe um
ponto de vista, uma opinião, mas,
diferentemente de todos, usa imagens e
não texto escrito ou falado. É uma
maneira específica de realizar tanto o
jornalismo quanto a fotografia e, por isso,
é também uma forma de arte. A fotografia
jornalística geralmente é feita para ser
publicada em um veículo de imprensa.
125
POR DENTRO DA LÍNGUA
Colocação pronominal

Exemplos:
• “Para se protegerem da enxurrada de críticas e cobranças […], governos costumam apelar para a
força da natureza. […]” (pronome oblíquo antes do verbo)
• Para protegerem-se da enxurrada de críticas e cobranças, governos costumam apelar para a
força da natureza. (pronome oblíquo depois do verbo)
126
POR DENTRO DA LÍNGUA
Colocação pronominal
Colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos

Próclise
É a colocação do pronome antes da forma verbal. Essa posição é a mais comum na língua
portuguesa falada no Brasil. Seu uso é obrigatório em alguns casos e opcional em outros. Veja a
seguir alguns fatores obrigatórios para o uso da próclise e seus respectivos exemplos.

I. Palavras negativas
É essencial um plano de ação que não se limite apenas ao escoamento das águas.

II. Advérbios
As pessoas sempre se mobilizam quando há tragédias nas cidades.

127
POR DENTRO DA LÍNGUA
Colocação pronominal

III. Pronomes pessoais retos, relativos, indefinidos e demonstrativos


• Nós nos protegemos de chuvas fortes e alagamentos. (pronome pessoal reto)
• Os governos costumam apelar para a força da natureza para se protegerem da
enxurrada de críticas e cobranças que lhes desabam sobre os ombros. (pronome
relativo)
• Tudo se resolverá se houver um plano de ação eficaz. (pronome indefinido)
• Aquilo me emocionou muito! (pronome demonstrativo)

IV. Conjunções subordinativas


Embora se reduzam alguns impactos, as ações realizadas
não evitam alagamentos.

128
POR DENTRO DA LÍNGUA
Colocação pronominal
Mesóclise
É a colocação do pronome no meio da forma verbal. Ocorre com formas verbais no futuro do
presente ou no futuro do pretérito e será a opção, no português brasileiro formal, quando não houver
possibilidade de usar a próclise. Exemplo:
Enviar-lhe-emos os folhetos com instruções para o caso de chuvas torrenciais.

Ênclise
É a colocação do pronome depois da forma verbal. Ocorre em apenas dois casos.

I. Forma verbal em início de oração


“Ampliou-se a impermeabilização do solo […].”

II. Forma verbal precedida de pausa


“Nas últimas décadas, acentuou-se o processo de urbanização.” (verbo precedido por vírgula) 129
LINGUAGEM E SENTIDOS
Parônimos
Na língua portuguesa há palavras que se assemelham na pronúncia e/ou na escrita. É essencial
saber diferenciá-las para evitar deslizes que podem até dificultar o entendimento ou alterar o sentido
do que desejamos transmitir. Veja:

• Pluvial refere-se à chuva. (água pluvial = água de chuva)


• Fluvial refere-se a rio. (águas fluviais = águas de rio)
• Eminente: importante; sublime.
• Iminente: imediato, urgente.

130
LINGUAGEM E SENTIDOS
Parônimos

Exemplos:
• Os acontecimentos em consequência do excesso de chuvas são um descaso flagrante com a
população. (evidente)
• As chuvas deixam ruas e jardins da cidade fragrantes. (perfumados)
• O descaso dos governantes inflige grandes prejuízos aos cidadãos. (impõe, causa)
• Mesmo em situações difíceis como enchentes, o cidadão não deve infringir as leis. (violar,
desrespeitar)

Veja outros exemplos de parônimos:


• comprimento (extensão); cumprimento (saudação);
• despensa (armário); dispensa (desobrigação, licença);
• emergir (aflorar, vir à tona); imergir (mergulhar, afundar);
• emigrante (que sai de sua pátria); imigrante (que passa a morar em outro país).
131
POR DENTRO DA LÍNGUA
Regência nominal

Exemplo:

O nome competição precisa de dois termos diferentes para completar seu sentido. O primeiro
termo, interligado pela preposição entre, indica quais elementos fazem parte da competição; o
segundo, interligado pela preposição por, informa a razão da competição.
132
POR DENTRO DA LÍNGUA
Regência nominal
No estudo da regência nominal, deve-se considerar que muitos nomes seguem exatamente o
mesmo regime dos verbos correspondentes. O substantivo inserção, por exemplo, vem do verbo
inserir, que exige um complemento verbal para ser compreendido.
Inserir significa “introduzir”, “implantar”. Portanto, quem insere algo só pode inseri-lo em algum
lugar.
Em geral, a relação entre o nome e seu complemento é estabelecida por uma preposição. Alguns
nomes podem pedir preposições diferentes. Exemplo:

Amor
• Muitos usuários têm amor a seu carro.
• O amor por animais conforta as pessoas idosas.
• Cultivemos o amor da família.
• O amor para com as pessoas que convivem conosco é essencial.
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