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Autoestima e autoimagem

do aposentado

Lídia Rocha
Psicóloga
C.R.P. 18/00285
Autoestima

• Autoestima = opinião que formamos sobre


nós mesmos.
– depende do olhar do outro.
– depende de valores e conjunturas.
– depende da consolidação de diversos fatores
pessoais e interpessoais.

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Autoimagem
• Conceito estudado pela Psicologia
– depende de fatores intrínsecos e sociais:
cognitivos, maturacionais, e da linguagem.
– começa a se formar com a emergência da
consciência  por volta dos 18 meses.
– Relaciona-se com a compreensão que a
criança passa a ter de seu corpo, e do corpo
que ela vê refletido (imagem escópica).

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Autoestima e autoimagem
• aspectos que são interdependentes
afetando-se um, afeta-se outro.
• conexão valorativa, independentemente
dos fatores cognitivos e maturacionais
presentes e exigíveis para o seu
desenvolvimento.
• Autoestima: diretamente proporcional ao
tipo de incentivo/ referencial externo que
se recebe desde a infância.

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Autoestima e autoimagem

“Se você trata uma pessoa como ela


parece ser, você a torna pior do que
é. Mas se você trata uma pessoa
como o que ela pode ser, você a
transforma naquilo que ela deveria
ser.” - Goethe

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Ciclo da vida
• Erik Erikson (1902-94)
• Teoria Psicossocial da Personalidade

• Enfatiza como que a sociedade pode


moldar o desenvolvimento do ego (= EU).

• Afirmava que o desenvolvimento do ego


continua pela vida toda.

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Fases do desenvolvimento psicossocial

• Em cada etapa da vida há uma CRISE de


personalidade que deverá ser gestionada.

• Cada “crise” o ego tem uma ‘tarefa’.


• Bem resolvida: ego íntegro, capaz de
enfrentar tarefas e de compreender o
próprio ciclo da vida e sua finalidade.
• São 8 fases do desenvolvimento
psicossocial ao longo da vida.
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Fases do desenvolvimento psicossocial

a)confiança básica X desconfiança (0- 18


meses)
b)autonomia X vergonha e dúvida (18m- 3
anos)
c) iniciativa X culpa (3-6 anos)
d)produtividade X inferioridade (6 anos-
puberdade)
e) identidade X confusão de identidade (início
da adolescência)
f) intimidade X isolamento (final da
adolescência, jovem adulto)

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Fases do desenvolvimento psicossocial

• g) geratividade X estagnação (adulto):


ampliação do eu, criando realidades
objetivas em torno de si Há interesse em
orientar a geração seguinte.
Virtude: cuidado.

• h) integridade X desespero (3° idade): é a


aceitação da própria vida e suas
conseqüências. Compreensão da
relativização das normas morais.
Virtude: sabedoria.

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O mundo do trabalho e o adulto

• Trabalho  identidade do adulto.


• Identidade? conjunto de características
próprias, idiossincráticas que nos
individualizam em relação aos demais
semelhantes.
• Desde crianças: “o que vai ser quando
crescer’? remete ao trabalho, a
profissão.
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O mundo do trabalho e o adulto

• Construção desta identidade: toda a


vida!!
• Casamento, filhos, realizações e o
TRABALHO.
• Visto por esta perspectiva, o que
representa, em última instância, a
aposentadoria???

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Quando mais envelhecemos, mais
precisamos de ter que fazer. Mais
vale morrer do que arrastarmos na
ociosidade uma velhice insípida:
(sem sabor; qualidade do que é desinteressante: tem
de se ter atenção), trabalhar é viver.
Voltaire (1694-1778).
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Aposentadoria : algumas
constatações
• Aposentado é necessariamente o ‘velho’?
• Constatação  população envelhecida no
Brasil cresce vertiginosamente, rápido,
acelerado, veloz, isso implica que, em
pouco tempo teremos igualmente um
contingente grande de aposentados.

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Aposentadoria : algumas
constatações
• Fim ou recomeço?
• Relação com a visão utilitarista,
individualista e produtivista da pós-
modernidade.
• Estreita relação com a capacidade de
produzir e consumir X dependência
(aspecto econômico).

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Aposentadoria : algumas
constatações
• Momento delicado: aspectos físico e emocional.
• Faz uso mais constante de atendimentos na
área de saúde e medicamentos,
• Há um acentuado declínio das potencialidades
físicas,
• Mudanças familiares filhos saindo de casa,
casal separando-se, outro casamento, viuvez.

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Aposentadoria : algumas
constatações

• Aposentados que continuam no mercado


de trabalho: necessidade financeira?
Necessidade de realização pessoal?
• Planos adiados durante a estruturação da
família e da carreira? Dá para vivê-los
pós-aposentadoria?

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Aposentadoria : alguns desafios
Da sociedade  como dar ‘voz’ ao mais velho?
- aspecto da arquitetura urbana.
- prestação de serviços
- educação continuada
- outros

Desafios para o Estado o sistema de saúde,


previdência social.

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Aposentadoria : alguns desafios

• Aspecto social  programas destinados


ao aposentado e à população maior com
objetivos claros para este grupo.
• Não um ‘arremedo (imitação, cópia), ’ de
‘juventilização’ da terceira idade!
• Visão equivocada de inutilidade (pós-
modernos), substituição de nomes e de
objetivos nos programas destinados a
esta faixa populacional.
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Aposentadoria : alguns desafios
• Prado e Sayd (2003)apontam que esta
‘juventilização crônica”, NEGA a realidade
dos mais velhos, maquiam suas
vicissitudes.= Situações consideradas
contrarias ou desfavoráveis.
• Programas que se voltam a este grupo
tentando ‘renová-los’ forçosamente, com
valores típicos de outras fases da vida.
• Negação do processo do ciclo vital!

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“Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença”.

(Cecília Meireles “Como se morre de


velhice” in 'Poemas (1957)'

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Aposentadoria : alguns desafios
• Ressignificar (Atribuir um novo significado a; dar
um sentido diferente a alguma coisa) o próprio
sentido de existência  o ‘trabalho’ e o adulto.
• Aposentadoria  marco referencial social (como
o casamento, a separação, a entrada na
faculdade) ou biológicos como a gravidez, a
morte, o luto, a menopausa).
• Rito de passagem  importância da ‘celebração’
deste rito.

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Aposentadoria : alguns desafios
• Temos a vida para nos prepararmos para estes
câmbios biológicos, para o declínio fisiológico
natural da passagem do tempo.
• Aposentadoria é abrupta – não nos preparamos
adequadamente para ela – como evitamos falar
da morte.
• Poucas empresas/ organizações têm esta
preocupação de preparar para o desligamento.
• Entra na ordem do discurso  relações sociais
em jogo.

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Aposentadoria : alguns desafios

• Aproveitar este ‘recurso humano’ junto às


gerações mais jovens tradição com
inovação. Como nas sociedades orientais.
• Momento de aprendizagens distintas. De
reiterar planos adiados, de reforçar e
retomar as pontes existenciais
construídas ao longo da vida!

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Conclusão
• Aposentadoria deveria ser, em tese, o
corolário (consequência, resultado), de uma
vida produtiva que não deixou de sê-la
porque não se está necessariamente, no
mercado de trabalho!
• Ressignificar o sentido de ‘produtivo’.
• Aproximação intergeracional: ganho para
ambos.

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Conclusão

• Recusar programas ou valores que


eternizam os valores da juventude.
• Retomar planos inacabados.
• Mudança da valoração que se dá ao
aposentado, e principalmente ao velho.
• Desafio da eterna aprendizagem.
• Papel da sociedade, empresas,
organizações e da educação.
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Conclusão
• Auto estima não pode e não deve se associar
somente à imagem da passagem do tempo
que vemos no espelho!
• Retomando Erickson  ego integral.
• “olhar para trás” e ver o conquistado, o que
foi construído.
• Suporte social e familiar.
• Alerta para não fazer do sofá a ‘extensão de
seu corpo’.

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Conclusão
• COM O TEMPO....

• Aprendemos a construir todos os


caminhos no HOJE, porque o terreno do
amanhã é demasiado inseguro para
plano, e os futuros têm uma forma de
ficarem pela metade”. (Jorge Luis Borges)

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Referências
• BRANDEM, N, Autoestima, como aprender a gostar de si
mesmo, editora Saraiva, São Paulo, 1993.

• ERICKSON, E.H e ERICKSON, J. O ciclo da vida complete.


Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

• PRADO, Shirley Donizete; SAYD, Jane Dutra. Saúde, trabalho


e envelhecimento no Brasil. Cad. Sáude Pública. Rio de
Janeiro, 19 (3):759-771, mai./jun.2003.

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