Você está na página 1de 34

Comentários à Nova Norma

Regulamentadora 12 (NR 12)

Ildeberto Muniz de Almeida

Botucatu, SP, 16?09/2009


A título de apresentação

• A versão da NR 12 em consulta pública me deixou


muito alegre. O grupo encarregado das atividades
merece parabéns pelo esforço e pela qualidade do
trabalho final que disponibilizou para a consulta.
• As notas a seguir representam primeira tentativa
de organizar minhas idéias sobre a nova proposta
de NR 12.
• O pouco tempo que pude dedicar a essa reflexão
se reflete em falhas do acabamento ou da
apresentação das idéias.
• Espero poder voltar ao trabalho e contribuir para
o aprimoramento do trabalho em curso.
Preliminares

• Trabalho que em sua dimensão técnico é louvável


• Embute objetivos sobre melhorias de SGSST
que precisa explicitar melhor

• Premissas
• Sem experiência na tarefa de elaborar normas
• Vivência com acidentes e problemas de
segurança em máquinas e em outro sistema sócio
técnicos
Para refletir: duas estratégias de
normatização de prevenção
Duas estratégias de normatização de
prevenção
1. Prescrição de padrões para redução de perigos
e riscos específicos em SST.
• Levava 6 a 7 anos após a entrada do
problema
2. Cláusula geral de obrigação de oferta de
trabalho seguro e saudável
• “Todo empregador deve fornecer para cada
um de seus empregados condições de
trabalho livres de perigos reconhecidos como
causa provável ou que estejam causando a
morte ou danos graves à saúde de seus
empregados”
Síntese dos 19 Temas Abordados
• Princípios gerais
• Instalações e dispositivos elétricos
• Dispositivos de partida, acionamento e parada
• Sistemas de segurança em máquinas e equipamentos
• Dispositivos de parada de emergência
• Transportadores de materiais
• Aspectos ergonômicos nos trabalhos em máquinas e equip
• Riscos Adicionais
• Manutenção, preparação, ajustes e reparos
• Sinalização
• Manuais
• Procedimentos de segurança
• Projeto, fabricação, importação, venda, locação,
exposição, utilização e adaptação de máquinas e
equipamentos
• Capacitação
Nova NR 12 HSE

• Princípios gerais
• Informações gerais
• Instalações e dispositivos elétricos • Eliminação de perigos,
• Dispositivos de partida, acionamento redução de riscos
e parada • Hardwares
• Sistemas de segurança em máquinas
e equipamentos – Proteções,
• Dispositivos de parada de interlocks,dispositivos de
emergência paradas d emergência
• Transportadores de materiais – Isolamentos e dispositivos
• Aspectos ergonômicos nos trabalhos de lock off
em máquinas e equip
• Riscos Adicionais
• Procedimentos
• Manutenção, preparação, ajustes e – Sistemas de trabalho
reparos seguros
• Sinalização – Energy isolation lockoffs
• Manuais
– Manutenção de rotinas e
• Procedimentos de segurança
inspeção de partes relac à
• Projeto, fabricação, importação,
venda, locação, exposição, utilização segurança
e adaptação de máquinas e • Sistemas de gestão
equipamentos
• Capacitação
– Gerenciando e organizando
sist de trabalho seguros
Intervenção segura - Segurança de
máquinas (HSE): itens para comparar
• Informações gerais
• Eliminação de perigos, redução de riscos
• Hardwares
– Proteções, interlocks,dispositivos de paradas de
emergência
– Isolamentos e dispositivos de lock off
• Procedimentos
– Sistemas de trabalho seguros
– Energy isolation lockoffs
– Manutenção de rotinas e inspeção de partes relac
à segurança
• Sistemas de gestão
– Gerenciando e organizando sist de trabalho
seguros
Princípios gerais
1. Equilibrar dimensões técnica e social da norma
– Técnica – esforço de incorporação detalhada da
evolução de conhecimentos sobre produção de
máquinas e sobre segurança de componentes de
máquinas
– Social – implantação da nova NR parece visto como
medida técnica, não percebendo que a mudança
necessária exige um novo tipo de gestão de segurança
2. Considerar a idéia e as experiências européias de
envolvimento de trabalhadores da concepção de máquinas
(www.etuc.org/tutb)
3. Superar noção tradicional de perigo e risco: problemas
objetiváveis, físicos, antecipáveis.
4. Valorizar características gerais do sistema de segurança:
5. Considerar rapidez de evolução de conhecimentos,
atualização constante
1 – Equilibrar dimensões técnica e social da norma
• Reforçar a introdução de práticas gerenciais de produção
e de segurança que ressaltem a integração necessária
entre as duas e mais
– A aplicação da norma exige SGSST com status (poder)
capaz de dinamizar a introdução de mudanças:
• Investimentos na adequação de todas as máquinas;
– Exigir recenseamento da situação de máquinas e
proposta de cronograma de adequações
• Conhecimentos sobre largo elenco de conceitos
– Desenvolver nota técnica, filmes para difusão
• Auditorias e equipes de vigilância preparadas para
ir além de intervenções burocráticas, como “pedir
projeto”, “pedir ART”, etc
– Capacitar para avaliar “in loco” a montagem dos
sistemas de proteção, reconhecer dispositivos
da NR
3 – Superar abordagem Tradicional de Perigo e
Riscos
• Adotar abordagem sistêmica, psico-
organizacional
• Acrescentar noção de riscos associados à
variabilidade de desempenhos, à
atividade do operador
• Considerar variabilidades possíveis,
normais e incidentais
• Considerar evolução assíncrona – fator
potencial de acidentes
• Resiliência de sistemas
4 Características gerais do sistema de segurança

• Incluir medidas de prevenção (evitar o AT) e de


proteção (minimizar, mitigar consequências) conforme
projeto Sirena
• Considerar de ciclo de vida de sistemas de segurança
• Concepção, implantação/fabricação, operação,
manutenção
• Possuir características de sistema ideal: detectar,
diagnosticar, agir e monitorar-se
• Definir objetivos, ações ou operações a serem
feitas, quem ou o que as fará; como o sistema
forçará o executor da ação. Como o operador ou
dispositivo fará; parâmetros disponíveis ao operador
antes e durante ação; feedback recebidos pelo
operador e pelo controlador sobre operações e
resultados
Outros Comentários Sobre Princípios Gerais

• Considerar falibilidade humana, “errar é


humano” e a resiliência do sistema
Sobre a concepção de ser Humano adotada no
sistema
• A concepção de máquinas deve respeitar ao
máximo as características (físicas, psíquicas,
fisiológicas) do ser humano minimizando:
– Chances de armadilhas cognitivas (armazenar
comandos não obedecidos, não fornecer
feedback claro de ações realizadas, etc)
– Gestão que desconsidere que o ser humano
adota diferentes modos de gestão psíquica em
diferentes tipos de situação (rotina, trabalho
novo, etc)
– Incentivo a omissões de passos de tarefas
(lista de Reason & Hobbs)
– Exigências que beirem ou ultrapassem as
capacidades fisiológicas do ser humano:
• Atenção o tempo todo todo?
Dúvidas Sobre Medidas Técnicas de prevenção e
proteção - 1
• Sistemas técnicos interligados em que há mais
de um ponto (ex: painel de operação e final de
linha) em que pode ser parado:
– Comando em um ponto deve ser informado nos
demais pontos.
– Segundo comando de parada (outro ponto)
deve estabelecer segundo bloqueio?
– Re-ligação só após desbloqueio de todos
demais pontos?
• Sistema em que coincidem incidente de
alimentação e checagem de produto final
ambas exigindo parada
Dúvidas Sobre Sobre Medidas Técnicas de
prevenção e Proteção - 2

• Feedback de comando não obedecido


DEVE INFORMAR
– O estado do sistema – opera em modo
automático
– Situação dos principais parâmetros
necessários à compreensão do que o
sistema faz no momento
– Não deve armazenar ordens não
cumpridas.
Dúvidas Sobre Medidas Técnicas de prevenção e
Proteção

• E se ao ser parada a máquina só reinicia com


nova entrada dessa ou de nova programação
(custo humano)
• Sugestão: Princípios gerais?
• A concepção de máquinas deve minimizar
chances de bypass previsível (“tampering”,
burla):
– Incentivo a bypass previsíveis. Máquinas não
devem permitir operação na vigência de
bypass
Bypass previsível (Burla,”tampering”)
Norma DIN ISO 1088 A1: 2007,
• Máquinas não devem operar na vigência da burla
• Em nenhum dos modos de operação e em nenhum dos
usos da máquina o bypass deve propiciar benefício ao
operador. Exemplos de benefícios que a desativação
de proteções não deve permitir:
– Maior facilidade ou conveniência (menor custo
humano para o operador)
– Aumento da produtividade ou da rapidez de
realização
– Aumento da precisão de movimentos
– Melhora da visibilidade,
– Menor esforço físico:Redução de deslocamentos,
– Aumento da liberdade de ou melhora no fluxo de
movimentos
– Evitar interrupções [...] e outros que venham a
ser confirmados como tal com a evolução do
conhecimento
Máquinas com múltiplos usos

• Como a Norma trata a segurança de máquinas


usadas em diferentes tarefas, com diferentes
ferramentais, etc.
– Como conseguir boa segurança em todos os
usos
12.5.5 Dispositivos de segurança – 7 tipos

• A inclusão de itens como esse deve ser


acompanhada de Anexos e outras iniciativas de
caráter educativo, inclusive com recursos
audiovisuais, incluindo
– Tipos de dispositivos e conceitos que precisam
ser conhecidos: Exs: os 7 itens de 12.5.5;
conceitos como atuação de modo positivo, etc
– Fotos e características mais importantes
– Explicação sobre lógicas de funcionamento
– Exemplos de uso e de instalação adequada
– Modos prevalentes de falhas
– Cuidados a serem adotados em instalação,
manutenção e operação
12.9.4 – Transportadores motorizados de
materiais

• Possuir sistema de frenagem


• Proibida reversão de movimento para frear

• Questão

• E se falta freio? Qual a estratégia a ser usada


pelo trabalhador?
Ergonomia

• Considerar que o trabalho muda


• Recensear variabilidades (redução temporária de
efetivo, presença de novatos em equipes; panes
ou defeitos, mudança na ql de materiais, atraso
de fornecedores; etc) mais frequentes de
componentes e de uso de máquinas e
equipamentos, identificando:
– suas origens,
– estratégias usadas pelos operadores
para correção
– implicações dessas estratégias para a
segurança. Introduz novos riscos?
Ergonomia

• Considerar importância da compreensão dos


operadores para a segurança dos processos
– Design respeitando características de seres
humanos, em especial no tocante à percepção
e à atribuição de sentido às informações
detectadas.
– Importância das noções de
• Variáveis úteis para conhecimento do
estado e desenvolvimento do processo
• Feedback de ações
Gestão de segurança e Gestão de produção

• Retomadas de produção: estratégias usadas


para fazer face a atrasos de produção e suas
implicações para a segurança
• Introdução de máquinas novas
– Como lidar com variabilidades “menores” se
visita de fabricante só ocorre em n meses?
• Reduções temporárias de efetivo
Manutenção
• Gestão de manutenção deve adotar controle
estatístico, com diagrama de controle e outras
práticas de avaliação dos resultados, firmando
critérios de avaliação associados a
– Gatilho de providências
– Níveis de alertas, necessidades de estudos
complementares, etc
– Paradas de máquinas / equipamentos
Os controles devem permitir identificar razões dos
problemas, definir sobre sua aceitabilidade e
qualidade das práticas de manutenção e do
gestão do serviço
Acidentes na recuperação manual de
incidentes
• Recensear sistemas e situações em que ocorram
incidentes técnicos seguidos de recuperação
manual
– Detalhar origens dos incidentes
• Caso análise revele uso de incidentes como
estratégia de obtenção de pausas, a
divisão de tarefas, estabelecimento de
metas, etc deve ser revisto
– Estratégias adotadas face aos mesmos
– Implicações dessas estratégias para a
segurança
– Cronograma de soluções propostas
Sobre Sistemas de Gestão
• Implantação da NR 12 deve ser pensada na
perspectiva de alça de controle do sistema:
– Controlador: Quem é? Quais seus objetivos?
– Como: O que propõe: O que deve ser feito?
Quem deve fazer o que?
– O que faz para forçar a implantação dos
controles?
– Processo controlado / Meios: qual é o processo
controlado? com que meios materiais? Com que
ações? Em que circunstâncias? Quais os
parâmetros controlados? como apresenta
informações sobre o seu desenvolvimento?
– Feedback: como o controlador é informado
sobre desenvolvimento das ações? Como avalia
se atinge os objetivos?
SGSST – pós entrada em vigor

• Empresas ficam obrigadas a elaborarem


recenseamento da situação de suas máquinas e
equipamentos, descrevendo a adequação das
mesmas às exigências dessa NR e estabelecendo
cronograma de correções. Caso haja proposta de
divisão das correções no tempo, a empresa deve
explicitar critérios de escolha de prioridades
– Situações já associadas a acidentes graves
anteriores na empresa ou ramo de atividade
ou mesmo tipo de equipamento devem resultar
em parada do equipamento e solução que
preceda sua recolocação em uso
Manuais

• Incluir considerações sobre variablidade


12 15 Procedimentos de segurança

• Considerar noção de variabilidades


Capacitação
• Incluir novos conteúdos:
– Ênfase: aprender a reconhecer situações de
variabilidade e possibilidade de implicações para a
segurança
• Adotar processos participativos, com problematizações e
vivências de participantes
• Introduzir critérios de avaliação quanto a objetivos
• Produzir com segurança como “compromisso
cognitivo”, ou produto de negociação de
interesses em produzir bem, com segurança e
menor custo humano. Estimular a aprendizagem
dos formatos assumidos por esses compromissos
em cada realidade.
Análise de Acidentes

• Criar banco de dados de análises, livre acesso


• Categorizar ocorrências em 3 tipos:
– Nenhuma barreira, parte das barreiras,
todas barreiras
• Acidentes na operação normal – inaceitáveis
• Variabilidades: O que ocorre? Quem detecta e
diagnostica? Quem age e como? Que implicações
a correção traz para a segurança?
• Fonte de atualização e aprimoramento da norma
Análise de risco do Apêndice 2

• Duas compreensões sobre perigo, riscos e


segurança:
– Normas fazem a Segurança
– Atividade e Segurança
• Incluir temas de variabilidades,
• Espaço para exemplos de vivências, suas
implicações para a segurança e sua
situação na história de trabalho do
sistema
Pontuais

• Definições de perigo e risco – 12.13.4.1


• Baixa velocidade – em glossário (rever – ou acrescentar
em todos os momentos e tipos de uso) Aparências
enganam
• Definições de controlador configurável de segurança e
controlador lógico programável incluem última frase que
fala de “falha humana” de modo que precisa ser revisto.
(surge como única fonte de problemas)
• Ruptura positiva – acho que exemplo com o contrário
também poderia ajudar a deixar mais clara a definição

Você também pode gostar