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A representação da identidade

negra e indígena na Literatura


Brasileira
Segundo o Censo IBGE 2010,
os mais de 305 povos
indígenas somam 896.917
pessoas.

De acordo com a
Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios
(Pnad) Contínua de
2015, pretos e pardos
totalizam 54% da
população brasileira.
 De acordo com a pesquisa do Grupo de Estudos de Literatura
Contemporânea da Universidade de Brasília, 70% das obras publicadas
por grandes editoras brasileiras entre os anos de 1965 e 2014 foram
escritas por homens, dos quais 90% são brancos e pelo menos a
metade deles é de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Os próprios
personagens retratados aproximam-se da realidade desses autores:
60% das obras são protagonizadas por homens, sendo 80% deles
brancos e 90% heterossexuais.
 Ainda de acordo com a mesma pesquisa, entre 2004 e 2014, apenas
2,5% dos autores publicados não eram brancos e apenas 6,9% dos
personagens retratados eram negros. Em apenas 4,5% das histórias
eles aparecem como protagonistas. Entre 1990 e 2014, as cinco
principais ocupações dos personagens negros nas obras analisadas
eram: bandido, empregado doméstico, escravo, profissional do sexo e
dona de casa.
A figura do indígena na literatura brasileira
 Começa ser retratado na carta de Pero Vaz de Caminha na chegada
dos portugueses a Terra de Vera Cruz;

 Com a chegada da Companhia de Jesus, a responsabilidade de


retratar esses povos ficou com os Jesuítas. José de Anchieta logo
aprendeu tupi e escreveu a primeira gramática e traduziu o
catecismo;

 “O Caso da Mesa da Consciência” foi documento jurídico contra a


escravidão indígena praticada na colônia;

 Padre Fernão Cardim, autor dos Tratados da terra e gente do Brasil,


livro inovador com textos sobre a sociedade tupinambá que
influenciou os estudos da antropologia, e, no século XVII
 Na fase do Romantismo idealizou-se demais os povos indígenas, nos
quais foram escolhidos como símbolo do povo brasileiro. O “bom
selvagem” brasileiro em contrapartida ao cavaleiro medieval europeu;

 José de Alencar, um dos maiores autores indianistas, nessa fase


escreveu algumas de suas maiores obras: “O Guarani” e “Iracema”
onde Peri e Iracema eram dóceis, puros, gentis e corajosos. Além da
exaltação da natureza-pátria;

 Para criar uma imagem da cultura brasileira, a figura precisava ser


digna desta representação do povo. Um herói que fosse tão bom
quanto o dos europeus, mesmo que este herói fosse um mito.
 Na década de sessenta a temática indígena reaparece e um dos
autores que trás em voga, novamente, é Darcy Ribeiro com a obra
“Maíra”. No livro os conhecimentos de antropologia do autor são
expostos e conseguem dar a ele um tratamento ficcional, o qual
transforma-os em algo que vai muito além do registro.

 Márcio Souza, natural da região amazônica, pode ser considerado


outro grande exemplo do que poderíamos chamar indianismo da
nova era literária. As obras dele constituem motivo de registro;
apenas o registro não tem o conteúdo lírico ou dramático
encontrados no romance de Darcy Ribeiro, pois visam ao protesto
e à sátira política com mais intensidade.
Autores indígenas
 OLÍVIO JEKUPÉ - escritor indígena do povo Guarani. Sentiu-se estimulado a
escrever e a participar de palestras no Brasil e no exterior. Tem diversos livros
publicados como “Tekoa: conhecendo uma aldeia indígena”, “A mulher que
virou Urutau”, “O saci verdadeiro” e algumas obras traduzidas na Itália. Jekupé
maneja a oralidade e a escrita, a tradição e a imaginação, as coisas da sua
própria aldeia e as da aldeia global. 
 GRAÇA GRAÚNA - é descendente de potiguaras e se formou em Letras pela
Universidade Federal de Pernambuco. Também fez um mestrado sobre mitos
indígenas na literatura infantil e se doutorou em literatura indígena
contemporânea no Brasil. É autora de ”Canto Mestizo”, “Tessituras da Terra”
e ”Tear da Palavra”. Escreveu obras infanto-juvenis como ”Criaturas de
Ñanderu ”.
 LIA MINAPOTY - maraguá, palestrante e atuante dentro da causa indígena. É
autora de “Com a noite veio o sono”, publicado pela Leya. O livro trata do modo
de pensar que os maraguás têm a respeito da noite, informações relevantes à
diversidade cultural do país, como por exemplo a luta de reconhecimento e
demarcação de terras indígenas. Dentro disso, o livro apresenta ilustrações de
Maurício Negro. Lia tem um blog sem posts desde 2011, mas que mostra muito
de sua arte até aquele momento, além de textos sobre a cultura indígena e
sobre sua carreira.
A figura do negro na literatura brasileira
 A figura do negro começa a aparecer na literatura com
Gregório de Matos na poesia satírica , nas obras de Padre
Vieira e no Barroco de maneira caricata;
 Surge como personagens menores ou de má índole
como escravo, serviçal ou bandido;
 Visão estereotipada pela estética branca dominante;

 Na poesia árcade apareceram escritores negros como


Silva Alvarenga e Domingos Caldas Barbosa;

 Representante do Simbolismo tivemos Cruz e Sousa.


 Há um ingresso maior de negros na fase do Naturalismo/ Realismo,
ainda assim, personagens envolvidas numa retórica preconceituosa
e estereotipada como “O Bom Crioulo” de Adolfo Caminha e “O
Mulato” de Aluísio de Azevedo;
 Lima Barreto, no Pré-modernismo, coloca o negro no centro de
alguns de seus romances;
 Outros autores brancos retrataram personagens negros nas suas
obras, alguns deles são: Jorge Amado em “Jubiabá”, Felício dos
Santos em “Xica da Silva” e João Ubaldo Ribeiro em “Viva o povo
brasileiro”.

ESTERIÓTIPOS ENCONTRADOS EM PERSONAGENS


NEGROS NA LITERATURA BRASILEIRA
NEGRO FIEL NEGRO INFANTILIZADO NEGRO VÍTIMA

NEGRO PERVERTIDO E ANIMALIZADO


NEGRO FIEL
Submisso aos senhores, não questiona a escravidão, porém não é tratado com a
dignidade de homens livres. Ex: Escrava Isaura de Bernardo Guimarães

NEGRO VÍTIMA
Ainda apontado com submissão e como vítima. A narrativa dele é para exaltar um
projeto abolicionista e muitas vezes sua morte seria a única salvação. Ex: Mãe Maria
em “Contos Pátrios”, obra de Olavo Bilac

NEGRO INFANTILIZADO
Apresentado como incapaz ou com pouca inteligência e inocência. Ex: Tia Anastácia
de Monteiro Lobato e Bertoleza em “O Cortiço” de Aluísio de Azevedo

NEGRO PERVERTIDO E ANIMALIZADO


Eminentemente mais sexual e animalizado do que o branco, e mais ainda pela
convivência próxima e forçada com outros escravos nas senzalas. Além da figura
sexualizada e erotizada da mulher negra. Ex: Rita Baiana de “O Cortiço”
Autores negros
 Machado de Assis deve ser o mais conhecido, e nos seus livros falava
de forma perspicaz sobre o tema da escravidão e preconceitos;
 O país possui ilustres autores que marcaram a história não só pelas
obras, mas também pelos feitos como Luiz Gama, um abolicionista, e
Maria Firmina dos Reis, primeira autora mulher a escrever um romance
abolicionista no Brasil;

 E na década de 1960 que autores negros começaram a despontar e a serem


reconhecidos com ajuda das lutas dos movimentos sociais ;

 Alguns outros autores e autoras de relevância do século XX e XXI: Conceição


Evaristo, Marilene Felinto, Ricardo Aleixo, Ana Maria Gonçalves, Solano
Trindade, Ruth Guimarães, Ana Maria Gonçalves  e Jarid Arraes.
Temática das obras

 O negro abandona a sua condição de “observado” para


“observador” redescobrindo e resgatando a sua identidade.
 Mostra a força do povo, orgulho de ser quem são e
principalmente a valorização da cultura.
 Atitude compromissada.
 Literatura do negro e de outro.
Curso de Pós Graduação: Língua Portuguesa
Literatura Estrangeira: Africanas e Indígena 

Guto
Domingues
Letícia dos

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