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ORGANIZAÇÃO DO

TRABALHO
Organização do trabalho
Formas de encarar:

1. Análise de funções
2. Conteúdo do trabalho
3. Tempo de trabalho
4. Carga física
5. Carga mental
1. Análise de funções
 O planeamento da mão-de-obra
passa por uma adequação entre as
pessoas e os postos de trabalho,
assegurando que estejam
disponíveis os recursos humanos,
quando necessários;

 Contudo, este processo não pode


nem deve ser estático (pois as
funções estão sempre em constantes
modificações) devendo considerar as
capacidades humanas, as
considerações tecnológicas e
comerciais;
1. Análise de funções (Cont.)

Assim, adequar a pessoa ao


posto de trabalho tem de ser
complementar com a adequação
do posto de trabalho à pessoa.
2. Conteúdo do trabalho
 Uma adequada organização do trabalho, que pretende
não só o aumento da produtividade, como a diminuição
do risco e acidentes, deve ter em conta factores como:

 Monotonia repetição;
 Motivação;
 Autonomia;
 Ritmo de trabalho;
 Quantidade de trabalho;
 Responsabilização;
 Automatização;
 Grau de atenção.
Monotonia e repetição
➢ Estão frequentemente associadas a alterações do estado de
saúde, condicionando patologias com riscos
cardiovasculares, hipertensão e depressão;

➢ Descontentamento por parte dos trabalhadores, o que a


curto/médio prazo origina uma redução do desempenho,
da satisfação e da realização, com efeitos sobre a
produtividade.
Motivação
 Este conceito remete para a satisfação das
necessidades do sujeito.

 Ao nível organizacional, encontramos as necessidades:


 físicas (como as condições de trabalho);

 de segurança (relacionadas com o tipo de vínculo com


a empresa);

 de relacionamento (através do estabelecimento de


relações interpessoais);
Motivação (cont.)
 de realização (que passam não só pelo desempenho
mas pelo alcance de objectivos);

 de responsabilidade (relacionadas coma liderança e a


delegação de funções);

 de desenvolvimento (associadas à
informação/formação);

 e de reconhecimento (recompensas, salários e


prémios).
Autonomia
 Representa a possibilidade que um trabalhador
tem de poder controlar o método de trabalho
ou ordem de execução das tarefas, dentro dos
procedimentos estabelecidos.

 Permitir um maior nível de autonomia dos


trabalhadores permite aumentar o grau de
satisfação no trabalho, evitando a saturação.
Ritmo de trabalho
 Representa o tempo que o trabalhador utiliza para
executar uma tarefa, devendo ser tido em conta
que o ritmo está directamente associado como
esforço que o trabalhador tem de prestar.

 Quando um individuo sente que não existe modo


ou forma de alcançar as exigências estabelecidas
pelo ritmo de trabalho, desencadeia-se uma
reacção de stress, e consequentemente, fadiga
física e cansaço psíquico.
Quantidade de trabalho
 Representada através
do volume que um
trabalhador tem de
executar durante um dia
de trabalho, devendo
esta ser ajustada a cada
pessoa em função do
sexo, da idade, da
experiência, etc.
Responsabilidade
 É importante criar
condições para o
desenvolvimento de
responsabilidades
laborais, tendo em
consideração a articulação
entre o nível exigido pela
tarefa e o grau de
responsabilidade que cada
trabalhador está disposto a
assumir.
Automatização

 Pode permitir a redução da carga física


excessiva e a diminuição das tarefas
repetitivas, podendo por outro lado apresentar
desvantagens como a diminuição do conteúdo
da tarefa, especialmente no que diz respeito à
autonomia e à capacidade de tomar decisões.
Grau de atenção
 Tanto os trabalhos que requerem um elevado
nível de atenção como os que requerem um
baixo nível, podem originar efeitos negativos:

 no 1º caso, podem ocorrer alterações da


percepção sensorial, representando um
aumento dos riscos para a saúde;

 enquanto no 2º caso, pode surgir uma perigosa


sensação de alheamento.
3. Tempo de Trabalho
 A organização do tempo de trabalho tem efeitos
sobre a saúde, visto poder afectar a qualidade de
vida tanto na actividade profissional como nas
relações extra laborais

 A organização do trabalho deve ter em conta os


horários, o trabalho nocturno e por turnos, o
pluriemprego, o ritmo excessivo, as horas
extraordinárias excessivas, a programação dos
ciclos de trabalho.
Trabalho por turnos
 Tipo de organização laboral que visa assegurar a
continuidade da produção (de bens e/ou serviços)
pela presença de várias equipas que trabalham em
tempos diferentes num mesmo posto de trabalho.

 Inclui turnos rotativos como os turnos fixos


nocturnos.
Trabalho por turnos: consequências
 Alterações do ritmo biológico;
 Alterações da vida social;
 Fadiga física e mental;
 Alterações do sono (quantidade e qualidade);
 Alterações digestivas (desajuste entre as refeições e
os ciclos circadianos);
 Alterações ao nível da concentração, da motivação, do
tempo de reacção;
 Aumento da vulnerabilidade ao risco de acidentes ou
lesões.
4. Carga Física
 Corresponde ao grau de
exigência que o desempenho
do posto de trabalho tem sobre
o indivíduo:

 Esforços (carregamento de
pesos, manobrar de máquinas,
distâncias percorridas, etc.);
 Posturas;
 Trabalho sedentário;
 Trabalho em pé.
5. Carga Mental
 Corresponde ao nível de actividade ou
quantidade de esforço mental requerido
para que o trabalhador obtenha um
resultado concreto;

 Relação entre as solicitações efectuadas


ao indivíduo e a sua capacidade para
tratar essa informação;

 A avaliação da carga mental deve ter em


consideração os aspectos cognitivos,
emocionais, motivacionais e relacionais
implicados em maior ou menor grau no
trabalho;
5. Carga Mental (cont.)
 É importante encontrar um equilíbrio adequado
entre as capacidades individuais e a exigência que
decorre da realização da tarefa (quantidade de
informação a tratar, natureza dessa informação,
sua complexidade, ritmo de execução da tarefa,
etc.)

Pode ocorrer:
Sobrecarga (capacidades psíquicas e sociais
solicitadas em excesso);

 Subcarga (solicitação insuficiente).


Desencadeadores da carga mental:
 Pressão pela falta de tempo;

 Realização de tarefas que implicam a elaboração


simultânea de actividades diferentes e que muitas vezes
requerem exigências opostas;

 Realização de tarefas complexas;

 A carga emocional que pode estar subjacente à


execução de determinadas tarefas.
Factores de Risco na organização do
trabalho
 Monotonia
 Autonomia
 Ritmo de trabalho
 A comunicação
 Participação
 Identificação com a tarefa
 O tipo de liderança
 Estabilidade de emprego
 Relações interpessoais
(Cont.)

 A organização do trabalho é apenas uma das


variáveis que determina a situação de trabalho.

 Outras, igualmente importantes são, a tecnologia, o


próprio indivíduo, o grupo, a cultura da empresa, o
ambiente físico, etc.
Novas Formas de Organização do Trabalho
(N.F.O.T.)

A maioria dos autores que contribuíram para o


desenvolvimento das N.F.O.T. pretenderam conciliar dois
vectores:

→ elevar o nível de satisfação dos trabalhadores


(recentemente, reformulada para qualidade de vida no
trabalho);
trabalho

→ aumentar o rendimento do trabalho.


Novas Formas de Organização do Trabalho
(N.F.O.T.)
 A reorganização do trabalho consiste, basicamente,
em mudanças feitas tanto a montante como a jusante da
produção, no sentido horizontal e vertical.

 Por exemplo:
 Rotação de tarefas;

 Alargamento de tarefas;

 Enriquecimento de tarefas.
1. Rotação de tarefas
 No modelo tradicional, o colaborador A fazia a
tarefa a, o colaborador B fazia a tarefa b, ….

 A rotação de tarefas é trocar de posto e de tarefa:


o colaborador A passa a fazer a tarefa b, o
colaborador B passa a fazer a tarefa c, …
1. Rotação de tarefas (Cont.)
 A mudança de posto de trabalho é vista pelo gestor
como um meio de:

 Equiparar as qualificações;
 Dar polivalência aos colaboradores;
 Evitar a rotina/monotonia, proporcionando maior
diversidade de tarefas;
 Combater a desmotivação, o absentismo e o turn over.

Risco: O trabalhador pode percepcionar a polivalência


como um acréscimo de carga física e/ou mental
2. Alargamento de tarefas
 Consiste na integração de tarefas (ou de um conjunto
de tarefas) da mesma natureza. Trata-se sobretudo de
um alargamento horizontal;

 Ao gestor vem permitir:


 Maior variedade e diversidade do trabalho;
 Maior duração do ciclo de trabalho;
 Maior flexibilidade do colaborador e do modo como
organiza o trabalho.
3. Enriquecimento de tarefas
 Consiste basicamente na adição de novas tarefas
qualitativamente diferentes;

 Trata-se de um alargamento horizontal e vertical de


tarefas;

 Consiste em modificar cada tarefa individual de


maneira a adquirir certas características
correspondentes aos factores de motivação do
trabalhador (ex.: aumentar o grau de iniciativa o
trabalho, delegar autoridade).
Em resumo:
➢ O trabalho, além de possibilitar crescimento,
transformações, reconhecimento e independência
pessoal e profissional também pode causar
problemas de insatisfação, desinteresse, apatia e
irritação.

➢ Os princípios que se adoptam na promoção e


protecção da saúde, mais do que uma
responsabilidade social, traduzem o valor que a
organização dá à preservação das pessoas (o seu
capital mais precioso) e são o espelho da própria
cultura da organização.
ORGANIZAÇÃO DO
TRABALHO
As grandes tendências da evolução:

Evolução tecnológica;
Evolução económica;
Evolução dos valores sócio-culturais;

Impactos sobre a organização do


trabalho
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
 Na actualidade, verifica-se uma grande
evolução ao nível da Tecnologia, da Economia
e dos Valores Sócio-culturais.

 Que repercussões podem ter estas grandes


tendências sobre as empresas, em especial,
sobre a forma como organizam o seu
trabalho?
Evolução Tecnológica
 O grande desenvolvimento das T.I.C.
(tecnologias de informação e comunicação)
vem transformar os processos produtivos,
introduzindo um maior automatismo;

 Passagem de uma lógica de estandardização


dos produtos/serviços para uma lógica de variedade,
resultante de uma alteração dos padrões de consumo
dos países industrializados (individualização das
necessidades e abandono dos modelos de consumo
massificados).
Evolução Económica
 Diversificação de produtos e de mercados;

 Economia determinada pela procura dos consumidores, pela sua


livre escolha, que adoptam papel chave no mercado;

 Abandono da economia de escala (anos 70) para um cenário de


produção de acentuada flexibilidade e adaptabilidade às
preferências dos consumidores;

 Alteração da natureza estrutural das empresas, com o sucesso


das PME (pequenas e médias empresas) sobre as grandes
unidades industriais .
Evolução dos Valores Sócio-culturais
 Enriquecimento do trabalho, ao nível do conteúdo, da
participação no processo produtivo como um todo;

 As pequenas unidades trazem a descentralização e


consequente aumento da participação, autonomia,
partilha do processo de decisão;

 Elevação do nível de educação e da relevância


crescente dos valores de identidade pessoal.
 As mutações tecnológicas, económicas e sócio-
culturais, que formam um todo coerente e
complexo, tornam pertinente a questão se o
trabalho é o valor central que orienta a vida ou se
assistimos ao “fim do trabalho” e, mais do que ter
um emprego, é possível poder desenvolver uma
actividade em que a pessoa se realize e se sinta
actor, e para além de tudo, um cidadão.
Organização do Trabalho

Introdução
Organização do Trabalho
 Existem várias abordagens que podem ser
feitas à organização e concepção do trabalho:

 Abordagens clássicas
 Abordagens comportamentais
 Abordagens sociotécnicas
Abordagens Clássicas
 Assentam no princípio da divisão do trabalho, que
especifica a maior eficiência para tarefas que são
simplificadas e especializadas ao mais alto grau possível.

Trabalho mais facilmente repetitivo em alternativa a grande


diversidade de tarefas.

Maior especialização que ao estar normalizada por todos os


trabalhadores  realização do trabalho com maior rapidez e
eficiência.
Abordagens Clássicas (cont.)
 W. Taylor, autor dos principais princípios da ORGANIZAÇÃO
CIENTIFICA DO TRABALHO, pilares basilares da abordagem clássica:

 O trabalho a ser feito deve ser estudado cientificamente, para se


determinar quantitativamente, como deve ser subdividido em
componentes e qual a forma mais simples e eficiente de realizar cada
um desses componentes;

 Os empregados devem ser seleccionados para cada trabalho de


uma forma tão adequada quanto possível;

 Os empregados devem ser treinados de forma a assegurar que


concretizam o trabalho exactamente como especificado.
Abordagens Clássicas (cont.)
 O Taylorismo em conjunto com o Fordismo originou a
procura permanente de economias de escala, através da
produção em massa  utilização de instalações maiores e
mais mecanizadas.

 Permitia venda de grandes quantidades de produtos


fabricados para amortizar os elevados custos de aquisição das
instalações e equipamentos especializados;
O progressivo empobrecimento das tarefas manuais,
provocava porém uma maior desmotivação dos trabalhadores.
Abordagens Comportamentais
 As abordagens comportamentais, têm inicio na 2ª metade do século XX
e pretendem colocar a tónica no significado do trabalho em si mesmo,
como factor de motivação e satisfação do trabalhador.

 Focam-se características objectivas do trabalho como,


variedade, autonomia, identidade, como forma de conceber tarefas
que criem condições para uma elevada motivação dos trabalhadores.

 Os custos humanos e consequente diminuição do


empenhamento, resultantes das tarefas repetitivas na abordagem
clássica, deixam de se verificar.
Abordagens Socio-técnicas
 Integram as componentes técnicas e sociais interligadas. Para se perceber
como funciona uma organização, presta-se atenção ao contexto social e às
suas interacções com a organização técnica do trabalho em permanente
revisão.

 Princípios:

 A concepção do trabalho deve integrar as tarefas e a


tecnologia de uma forma harmoniosa e não segmentada;

 A organização do trabalho deve ser vista como um sistema


aberto às mudanças de contexto e do mercado, com respostas
adaptadas e rápidas.
Abordagens Socio-técnicas
(cont.)
 Elton Mayo, interessou-se por estudar mais os :

 Horários, ambiente e segurança no trabalho,


segurança no emprego, níveis de salários, organização das
férias;

 Criou-se o movimento dos Recursos Humanos, que


coloca a ênfase nas capacidades pessoais – os
trabalhadores são indivíduos que desejam ser úteis e dar
uma contribuição à empresa em que trabalham.

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