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Arthur Lovejoy e a história

das ideias
1936-1973
Arthur Oncken Lovejoy
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/349541/Arthur-O-Lovejoy

 Nascido em Berlim, em 1873. Morre em Baltimore,


1962.
 Filho de um ministro americano e de sua mulher
alemã.
 Ingressou na John Hopkins University em 1910, onde
era professor emérito de filosofia quando faleceu;
 Obra mais famosa: The Great Chain of Being: A Study
of the History of an Idea (1936)
Grande cadeia do ser
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/243044/Great-Chain-of-Being

 Grande cadeia do ser = concepção da natureza e do universo teve


uma difundida influência no pensamento ocidental,
particularmente dentre os antigos neoplatônicos gregos e as
filosofias daí derivadas durtante a Renscença europeia e os
séculos XVII e XVIII. O termo denota três traços gerais do
universo :plenitude, continuidade e gradação. O princípio do
estado de plenitude do qual o universo é "cheio”, exibe a máxima
diversidade de tipos de existências; todo o possível é atual. O
princípio da continuidade assegura que o universo é composto de
uma infinita série de formas, cada uma das quais divide com sua
vizinha no mínimo um atributo. De acordo com o princípio da
gradação, esta série é divida em uma ordem hierárquica desde o
tipo mais básicode existência até o ens perfectissimum, ou Deus.
Donald Kelley
Nas margens da Begriffsgeschichte
In: FERES Jr, João; JASMIN, M. (orgs.). História dos conceitos: debates e
perspectivas. Rio de Janeiro: Ed. PUC/RJ: Ed. Loyola/IUPERJ, 2006, p. 71-76.
 Texto apresentado na comemoração da publicação do
sétimo e último volume do dicionário Geschichtliche
Grundbegriffe (Dicionário de História dos Conceitos);
 Seminário organizado em 1992, nos EUA, contando com
representantes da abordagem collingwoodiana, história dos
conceitos alemã e história das ideias.
História Intelectual
 “Falo do ponto de vista de um historiador intelectual que tem
vínculos com sua correspondente americana, isto é, com a
história das ideias”, em especial cf Arthur O. Lovejoy, fundador
do periódico que edito: Journal of the History of Ideas. (p. 71)
 Quando o jornal foi fundado, a melhor comparação seria feita
com a Geitsgeschichte ou com a Ideengeschichte, mas o idealismo
irrefletido de todos esses empreendimentos implicou em
alterações na história intelectual. (p. 71)
 O traço comum entre as abordagens alemã e americana da
época era a dependência da tradição filosófica:
 Filosofia ainda aspirava à supremacia conceitual.
Verbete história intelectual, Roger Chartier.
In: Burguière, André (org.) Dicionário das
Ciências Históricas. RJ, Imago, 1993.
 Não existe o termo histoire des idées em Francês (está ligado à crítica
literária);
 Na Alemanha: Geistsgeschichte;
 Nos EUA: tradicional history of ideas, difundida por Lovejoy;
 Cada historiografia nacional possui designações próprias;
 Tradição da história da ideias na década de 1930:
 Produções do pensamento atribuídas unicamente à inventidade de
autores singulares;
 Intenções explícitas dos autores que revelam o sentido de suas obras;
 Concordâncias entre obras contemporâneas explicam-se pelo “espírito
do tempo”, comum a todos os pensamentos e comportamentos.
Lovejoy na linha de frente da filosofia
profissional na 1a met do séc XX (p. 72-73)
 Boas: do que exatamente estamos escrevendo a história?
 Lado positivo: noção de ideias permitiu nível superior ao da
biografia e da crônica literária;
 Ideias transformaram-se em personagens da história da civilização,
em maneiras de rastrear esforço, diálogo e troca intelectual coletiva
ao longo de séculos e entre culturas;

 Contudo, evitou-se questões sobre a interpretação de textos,


construção de contextos culturais e semântica histórica em geral;
 Ainda não se refletiu sobre as consequências epistemológicas da
trasnposição das ideias de uma abordagem filosófico psicológica
para a da história cultural (da concepção individual p/ a coletiva);
Ideias e
Filósofos (p. 73)
 Cf filósofos, Ideias = meio circulante estável para troca
intelectual;
 Ideais = criaturas espirituais da tradição da filosofia crítica
kantiana;

 Ceticismo provindo da metakritik de Herder:


 Linguagem = meio dessemelhante, instável e historicamente
construído;
Debate Lovejoy x Spitzer
(1944) (ps. 74-75)
 Referências específicas ao nazismo;
 Para Spitzer, as ideias não podem ser separadas da emoção e da
experiência humanas, nem do “clima espiritual”;
 Crítica filológica; analogia filológica do círculo hermenêutico
(interpretação e compreensão);
 Para alguns críticos, a virada linguística desta geração ainda nõa
foi concluída: ceticismo provindo da virada textualista e da nova
vaga heideggeriana (não existe coisa em si, nem ideia, nem
passado em si)
 Será que ainda estamos trabalhando “por de trás da linguagem”?
Compreensão de textos
 Textos, como artefatos culturais, devem ser compreendidos
como o mito indiano das tartarugas sobrepostas:
 “Daí para baixo é só interpretação” (metáfora do círculo
hermenêutico);
 Para Kelley, a begriffsgeschichte tenta lançar uma ponte entre
o velho mundo intelectual das ideias confortavelmente
compartilhadas e a nova cena de textos controversos e de
autoria problemática.
Introdução: O Estudo da História das Ideias
A grande cadeia do ser (p. 13-31)
Conferências proferidas em Harvard, 1933
 História das ideias:
 + específica e menos restrita que história da filosofia e
história do pensamento;
 Divide o material da hist. do pensamento em unidades #s;
 Busca Ideias-unidade (unit ideas) em um agregado complexo e
heterogêneo de uma doutrina.

 A maior parte dos sistemas filosóficos é original ou distinta


mais em seus padrões do que em seus componentes;
 O número de ideias filosóficas ou motivos dialéticos
essencialmente distintos é limitado;
 Ideia de Deus não é uma ideia-unidade
 Deus de Aristóteles # Deus hebraico;
 Concepção aristotélica do ser era característica dos gregos;

 Doutrinas ou tendências são designadas por ismo/idade


(romantismo, idealismo, cristianismo) # de unidades
para o historiador das ideias (devem ser decompostos);
 Deve-se escrever a história do Cristianismo, mas em partes,
conforme localidades (PARA COMPREENDER AS IDEIAS
QUE OPERAM EFETIVAMENTE);
 Os ismos são materiais iniciais do historiador das ideias;
Tipos principais de unidades dinâmicas
primárias e recorrentes na história do
pensamento:
 1. Suposições implícitas, hábitos mentais bastante
inconscientes no pensamento de um indivíduo ou geração;
(17-19)
 Simplistas x hamletianos: philosophes x aqueles que acreditavam na
complexidade do universo , descrédito no entendimento humano;
 Moda intelectual – Locke - da modéstia do homem em relação ao
universo oculta crença na simplicidade das verdades: não queria alcançar
Deus, mas estudar os homens;
 No período romântico surge a aversão ao simples;

 2. Nominalismo = tendência quase instintiva a reduzir o


significado das noções gerais a uma enumeração de
particulares concretos e sensíveis;
 Aparece como determinante na filosofia em muitas doutrinas;
3. Suscetibilidades a diversas
espécies de pathos metafísicos:

 Pathos da completa obscuridade (encanto do incompreensível);


 Pathos do esotérico = sensação de iniciação em mistérios ocultos = intuição de
uma filosofia a ser alcançada não pelo progresso do pensamento guiado pela
lógica comum, mas sim por meio de um salto repentino a um outro plano de
intuição;
 Pathos eternalista: ideia abstrata de imutabilidade;
 Pathos monístico ou panteísta: proporcionam fuga do sentido de ser um ego
limitado e particular;
 Pathos voluntarista: tendência ativa, volitiva, nossa tendência para a luta;
 Tendência para luta despertada pelo caráter atribuído ao universo total com o qual
nos sentimos consubstanciais (pensando-se aqui na filosofia como fator da história);
 4. Outra parte do trabalho do hdor das ideias é analisar a
semântica filosófica: estudo das palavras e expressões
sagradas de um período histórico ou um movimento
visando ao esclarecimento de suas ambiguidades. (Palavra
natureza é um grande exemplo disso. OBS: ambiguidade da
linguagem);
5. Sobre a “sua” história da ideias:

 Primeiro: Ideia mais explícita e mais fácil de isolar que


anteriores: proposição simples ou princípio enunciado pelos
mais influentes filósofos europeus e seus corolários;
 Segundo: Após isolar a unit idea, rastreá-la em outras províncias da
história: da filosofia, da ciência, da literatura (ver citação):
postulado de que há mais em comum entre essas áreas do que
normalmte se supõe:
 Paisagismo – jardins ingleses tornam-se moda após 1730 = episódio da
anglo mania vinda de Voltaire, Prévost, Diderot (Deus do XVII é mais
geométrico na sua criação que o do romantismo);
 História das Ideias se ocupa apenas de alguns FATORES na história (é
uma tentativa de síntese histórica) mas foca naquilo que transpõe as
fronteiras disciplinares;
 Terceiro lugar: história das ideias protesta contra resultados da divisão
convencional dos estudos literários e outros estudos históricos por
nacionalidades e línguas;
 Deve-se desprezar as linhas de fronteiras nacionais e linguísticas (#
história dos conceitos);

 Quarto lugar: história das ideias diz respeito as ideias unidade no


pensamento coletivo, de grandes grupos e não em pequenos grupos ou
indivíduos;
 Hdores da literatura frequentemente querem estudar apenas os clássicos;

  Por último (5º ), parte da eventual tarefa da HI: aplicar seu método
analítico para entender como novas crenças e modismos são
difundidos: compreender o caráter psicológico dos processos de
mudança na voga e influência das ideias.
Continuação do fragmento do primeiro
capítulo lido em aula de A cadeia do ser
(Arthur Lovejoy)
 Princípios. É de sua própria natureza como um modo de pensamento e
sentimento humano e, sobretudo, pelos motivos filosóficos que lhe
fornecem seus fundamentos ou sua “racionalização” que alguma
consideração adicional seja perinente ao nosso tópico. Ela pode
manifestamente existir, e historicamente existiu, em diversos graus;
pode receber aplicação parcial em alguns campos do pensamento e não
em outros; e seus traços podem surgir em contextos estranhos e
incongruentes. Há uma outra-mundanidade puramente metafísica que
às vezes pode ser encontrada completamente dissociada de qualquer
teoria da natureza do bem que lhe corrsponda e, portanto, de qualquer
temperamento moral e religioso outro-mundano. Talvez o exemplo
mais estranho disso possa ser visto na meia dúzia de capítulos
irrelevantes sobre o Incognoscível que Herbert Spencer, sob a
influência de Hamilton e Mansel, antepôs à Filosofia Sintética. (p. 36)

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