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Estrutura e Propriedades dos

Materiais J.C.O.

E
Aula TP03
P
Ligação Química II
M
Docentes: Prof. Albano Cavaleiro
Prof. João Carlos
Oliveira
Departamento de Engenharia Mecânica da
Universidade de Coimbra
Ano letivo: 2021/2022
Licenciatura Engenharia Mecânica, 1º ano, 1º semestre
2021/2022 A.C. J.C.O.
Ligação química
J.C.O.

 Ligação Metálica

 Exercícios sobre ligação Metálica


Índice

 Ligação Secundária

 Exercícios sobre ligação Secundária

 Ligação química e propriedades dos


materiais

TP03 - 2 2021/2022 A.C. J.C.O.


Ligação Metálica
J.C.O.

 Nos metais no estado sólido, os átomos estão empilhados de


uma forma relativamente compacta com um arranjo
sistemático e regular: a estrutura cristalina.
 Os átomos estão tão próximos uns dos outros que os eletrões
de valência são igualmente atraídos pelos núcleos dos
Estrutura C.F.C numerosos átomos vizinho.

 Os eletrões de valência acabam por não estar ligados a nenhum átomo em


particular, encontram-se deslocalizados por todo o cristal.
Alumínio
Z = 13
Al Valência = 3 Al Al Al Al

3p Al Al Al Al
2p 3s
1s 2s

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Ligação Metálica
J.C.O.

 Os metais sólidos são constituídos por cernes de iões


positivos (átomos sem os eletrões de valência) e por
eletrões de valência dispersos por todo o volume do
material, formando uma nuvem de eletrões (ou mar de
eletrões).
 Ligação química através da partilha de eletrões entre
vários átomos, essencialmente elementos metálicos com
um número reduzido de eletrões na camada externa
(tipicamente 1 a 3).
 Modelo dos eletrões livres (Drude): trata o metal como um gás de eletrões livres
movendo-se sobre um fundo de carga positiva em que os eletrões colidem com os iões
positivos. Cerne iónico  A mobilidade dos eletrões depende do
n° de colisões com os cernes iónicos.
+ + + + +
- -  Entre colisôes, as interações entre
- - eletrões e destes com os iões não são
+ + + + +
tidas em conta.
- -  A mobilidade dos eletrões confere à
Eletrão + + + + +
ligação um carácter não direcional.

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Ligação Metálica
J.C.O.

 Os eletrões de valência têm mobilidade considerável e são capazes de conduzir


facilmente o calor e eletricidade.
 Os eletrões livres ganham facilmente energia cinética quando o metal é aquecido ou é
aplicado um campo elétrico.
 Estes eletrões movem-se rapidamente por
todo o cristal e assim transferem a energia ou
a carga adquirida.

 A natureza das ligações deslocalizada torna possível o deslizamento dos átomos uns
sobre as outros aquando da deformação.
Planos de  Os metais têm assim ductilidade
deslizamento (capacidade de deformação plástica
antes da fraturar) apreciável quando
comparados com os cerâmicos.

 Também explica porque é que os


Degraus metais são maleáveis (fáceis de
Deformação enformar)
Elástica Deformação Plástica

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Exercício 3.1
J.C.O.

O Cu e o Al são dois metais com boa condutividade elétrica. Calcule a


densidade eletrónica de eletrões livres em cada um deles. Porque é que o Cu
é um melhor condutor de eletricidade do que o Al?

Cu Al Cu: [Ar] 3d¹⁰ 4s¹ 1 eletrão livre por at. de Cu

Z 29 13 Al: [Ne] 3s2 3p1 3 eletrões livres por at. de Al


Densidade 8,95 2,70
(g/cm3) Densidade de eletrões livres:
8,95
Massa (uma) 63,55 26,98
  𝑒
𝐶𝑢: 𝜌 −=1 ×
63,55
×6 ,023 × 10
23
 
Condutividade 5,88 3,65 2,70
(   : 𝜌𝑒 =3 × 26,98 ×6 , 023 ×1023
Al −
 
 A condutividade elétrica depende não só do número de portadores de carga (eletrões)
por unidade de volume mas também da mobilidade desses portadores
 A mobilidade eletrónica no Cu é mais de duas vezes superior à do Al (5770 contra 2600
cm2/Vs) pelo que o Cu apresenta uma maior condutividade elétrica.

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Ligação Secundária (ou Van Der Waals)
J.C.O.

 São resultantes da atracão electroestáticas entre dipolos (duas cargas elétricas de


sinal contrário fixas a pequena distancia uma da outra)
⃗𝐸  ⃗𝐹  ⃗𝐸  ⃗𝐹   O dipolo gera um campo
elétrico a longa distância e, á
semelhança de uma carga
+ + - unitária, gera forças
electroestáticas nas cargas que
se encontrem na sua
vizinhança.
Campo elétrico gerado por Campo elétrico gerado por H -  = 2,2 H -  = 2,2
uma carga unitária um dipolo
   
+¿¿ +¿¿

 Os dipolos são originados por pequenas assimetrias +


na distribuição de cargas nos átomos ou moleculas.
Dipolo
 Momentaneamente ou de forma permanente,
o centro das cargas positivas e negativas não H 2O - elétrico
(molécula
polar)

coincidem um com o outro
O -  = 3,5

 
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Ligação Secundária (ou Van Der Waals)
J.C.O.

 São secundárias porque os valores das energias de ligação são muito inferiores
aos valores encontrados nas ligações covalente, metálica e iónica.

Ligação  Ocorrem entre átomos ou grupos de átomos ligados por


secundária ligações primárias.
 Resultam da atração electroestática entre cargas e
dipolos atómicos ou moleculares. Não ocorre nem
0
transferência nem partilha de eletrões.
Distância (r)
 Estão presentes em muitos materiais mas são menos
Energia

evidentes que as ligações primárias.


Ligações
secundárias  São características dos
materiais poliméricos em
que ligam as cadeias de
carbono umas às outras.
Ligação
primária

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Ligação Secundária (ou Van Der Waals)
J.C.O.
Carbono
Dipolos permanentes Hidrogénio
Oxigénio
 Assimetria na distribuição de carga Azoto

gerada pela estrutura da molécula.


N
 Energias de ligação  20 kJ/mol Kevlar:
Pontes de
O
H2O: Pontes Hidrogénio Ponte
de H
de Hidrogénio H
Ligação
electroestática Ponte de N
entre dipolos Hidrogénio
permanentes da
molécula de agua
 Resistência ao
Gelo
impacto 7 vezes
superior à do aço

 Usado em coletes e
capacetes à prova
de balas, roupas de
pilotos de Fórmula 1

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Ligação Secundária (ou Van Der Waals)
J.C.O.

Dipolos induzidos (ligações de London)


Num átomo, a distribuição da Instantaneamente, a
probabilidade de encontrar o probabilidade de O dipolo instantâneo vai
eletrão é simétrica em encontrar o eletrão pode influenciar os átomos
vizinhos
relação ao núcleo não ser simétrica.  Ligação secundária
entre dipolos
induzidos.

  −
 
+¿¿ +¿¿

  
   A separação entre as
cargas é muito pequena

Em média, o centro das - +  Dipolo -+ pelo que a energia de


ligação é muito baixa
cargas negativas coincide Os centros de carga podem Forma-se um dipolo induzido
com o centro das cargas não coincidIr e forma-se um (1 kJ/mol).
positivas (núcleo) dipolo instantâneo

 Solidificação do Ar a – 189 °C:


 Ligação muito fraca
pelo o Ar se encontra
no estado gasoso á
temperatura
ambiente.

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Ligação Secundária (ou Van Der Waals)
J.C.O.

Tipo de ligação Modelo Descrição Energia Exemplo


secundária (kJ/mol)
𝐻
Ião-Dipolo + - +
Ião com - 40 - 600 𝑁𝑎
+¿¿
𝑂  
molécula polar     𝐻
 
Pontes de
Hidrogénio - H +
A + - A = N, O, F
(eletronegativos) 10 - 40
𝑂
  𝐻  𝑂 𝐻
   
𝐻 𝐻
   
Moléculas polares
Dipolo-Dipolo - + - + ( de 0.5 a 1.5) 5 - 25 𝐼 𝐶𝑙
  𝐼 𝐶𝑙
 
Ião-Dipolo
induzido + - + Moléculas
polarizavel
3 - 15 𝐹𝑒2+¿¿
 
𝑂2
 
Dipolo-Dipolo Polarizibilidade
induzido - + - + elevada 2 - 10 𝐻 𝐶𝑙
  𝐶𝑙 𝐶𝑙
 
London Polarizibilidade
- + - + 0.05 - 4 𝐹𝐹 𝐹𝐹
(D.I.-D.I) muito elevada    

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Exercício 3.2
J.C.O.

Uma forma de descrever a energia de ligação para ligações secundarias é o chamado


potencial “6-12” em que KA e KR são constantes para a atracão e a repulsão,
respetivamente.
Considerando que KA = 10,37 x 10–78 J.m6 e que KR = 16,16 x 10-135 J.m12, calcule o
comprimento de ligação para o Ar.

 𝐹 𝐾𝐴 𝐾𝑅
𝑟𝑒𝑠. = 6

𝑟 𝑟 12
 𝐾 𝐴 𝐾𝑅
  equilíbrio (r = a força resultante é nula pelo que:
No
6
= 12
𝑟0 𝑟0
  −135
6 16,16 𝑥 1 0
 
⇒𝑟0 =
𝐾𝑅
𝐾𝐴
6⇒𝑟 0=
10,37 𝑥 1 0 √
−78
−10
=3,4 𝑥 1 0 𝑚=0,34 𝑛𝑚

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Ligação Metálica
J.C.O.

Nome Tipo de Ligação Características Energia de Materiais


ligação (KJ/mol)
NaCl: 640
• Transferência de eletrões • ↑ (XA-XB)  ↑ % de LiF: 850
Iónica • Forças de Coulomb carater iónico (C.I.) MgO: 1000 Cerâmicos
• Não direcional • Isolantes e frágeis
CaF2: 1548
• Entre elementos com Si: 450
• Partilha de eletrões X semelhantes
InSb: 523 Polímeros
Covalente • Sobreposição de orbitais • Sólidos de elementos
C (diam.): 713 e cerâmicos
• Direcional simples
• Sólidos compostos SiC: 1230

• Partilha de eletrões • Elevada ductilidade


• Boas conduções Al: 330
Metálica • Eletrões- livres à volta térmica e elétrica Ag: 285 Metais
dos cernes positivos
• Não direcional • 1 a 3 electrões de W: 850
valência

• Dipolo induzido
Ar: 7.7
Secundária • Atracão electroestática • Dipolo permanente CH4: 18 Polímeros,
(Van der entre dipolos elétricos Gases raros,
• Direcional • Pontes de H HF: 29 moléculas
Waals)
• Outros H2O: 51

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Exercício 3.3
J.C.O.

Acima do zero absoluto, os átomos de um cristal encontram-se em permanente vibração


em torno da sua posição de equilíbrio (r 0) devido à energia térmica.
Explique porque é que os materiais expandem com o aumento da temperatura a partir da
curva de energia vs. distancia interatómica.

 A 0 K não há vibrações térmicas e os átomos  Se aumentarmos a temperatura os


encontram-se nas posições de equilíbrio. átomos adquirem energia (E0 E1) e
começam a vibrar.
Energia

Distância (r)  Quanto maior for a temperatura


maior é a energia térmica dos átomos
(E1  E2  E3 ….) e maior a sua
E3 amplitude de vibração.
E2  Uma vez que a curva de energia é
assimétrica, a distancia média entre os
E1 átomos aumenta com a temperatura (r0
E0 < r1 < r2 < r3).
 Aumento das dimensões dos
matérias com a temperatura:
r0 r1 r2 r3
expansão térmica

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Exercício 3.4
J.C.O.

No exercício anterior conclui-se que o amento da temperatura induz um aumento da


amplitude de vibração doas átomos constituintes dos solidos. Á luz desta conclusão, explique
comparativamente os pontos de fusão dos vários materiais referidos na tabela seguinte.

Ponto de  Acima de uma certa temperatura, a amplitude das vibrações das


Material fusão (°C) espécies constituintes dos sólidos é suficiente para romper as ligações
NaCl 801 químicas: o material passa para o estado liquido
Ar - 189  Quanto maior for a energia de ligação maior é a temperatura a que é
necessário aquecer um material para este fundir.
C (diam.)  3550
 Ligações primarias  Maiores pontos de fusão:
(C2H4)n  120
 Diamante: ligações sp3 muito fortes  maior ponto de fusão
Cu 1083.4 (átomo pequeno permite também maior densidade de ligações)
MgO 2800
 MgO e NaCl: ligações iónicas muito fortes, maior ponto de fusão
H 2O 0 do MgO porque ocorre transferência de 2 eletrões.
 Cu: ligação metálica tipicamente menos fortes que as outras primárias.
 Ligações secundárias  Menores pontos de fusão:  O polietileno (C2H4)n é um polímero
 Maior ponto de fusão para a água uma vez que possui pelo que possui ligações covalentes
ligações secundárias (pontes de hidrogénio) mais fortes entre os átomos das cadeias e ligações
do que o Ar no estado solido (Dipolo Induzido) fracas entre cadeias: ponto de fusão
intermédio.

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Perguntas e dúvidas
J.C.O.

TP03 - 16 2021/2022 A.C. J.C.O.


Contatos
J.C.O.

Dep. Eng. Mecânica, FCTUC


Rua Luis Reis Santos
3030-788 Coimbra
Tel. 239 790745 / 239 790700

Via e-mail: epm@dem.uc.pt


Gabinetes: Grupo de Materiais, Ala
norte no DEM

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