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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE MEDICINA VETERINÁRIA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RESIDÊNCIA MÉDICA VETERINÁRIA
CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS
TÓPICOS ESPECIAIS EM MEDICINA DE EMERGÊNCIA E TERAPIA
INTENSIVA

Intoxicação em Pequenos Animais

Prof. Dr. Danilo Ferreira Rodrigues


Residentes: Daniele Lira, Rianne Falcão e Thamara Cozzi

Castanhal – PA
2020
INTRODUÇÃO

OS CÃES SÃO MAIS ACOMETIDOS EXISTEM VÁRIAS FONTES DE INTOXICAÇÕES SÃO CASOS DE
A INTOXICAÇÕES INTOXICAÇÃO: RATICIDAS (MAIS EMERGÊNCIA VETERINÁRIA
COMUNS)

Souza (2003)
INTRODUÇÃO

CANELAS ET AL., 2020


INTRODUÇÃO

OBJETIVO: Abordar as mais


diversas formas de infecções e suas
abordagens clínicas emergenciais
PRIMEIRO CONTATO: INSTRUÇÕES AO PROPRIETÁRIO
IDENTIFICAR
SUBSTÂNCIAS
AGRESSORAS E
“TRAZER
EMBALAGEM” (OU O
QUE SOBRAR
DELA)/PLANTA PARA
Se não estiver respirando,
O HOSPITAL. estire a língua para fora,
deitado do lado direito com o
pescoço reto e massageie o
peito cerca de 100x/min, com
Não ofereça leite ou água, calma e sem parar até chegar
dê carvão ativado se na clínica.
disponível e se o animal
estiver consciente.
PRIMEIRO CONTATO: INSTRUÇÕES AO PROPRIETÁRIO
Se o paciente inalou a
toxina, coloque em
um local com ar
fresco, transporte o
quanto antes ao Se o paciente foi contaminado
hospital. com pó seco, escove o pelo
com uma escova com cerdas
firmes, protegendo olhos e
Se o paciente tem toxina boca do animal e de quem for
no olho, lave fazer este procedimento e
imediatamente com água enxague com água corrente
corrente ou solução salina por 15 min.
(de preferência) por 10
min.
ANAMNESE E AVALIAÇÃO DO PACIENTE
C ENA Descrição do acontecimento.
Quando? Como? Onde?
 Preencher a ficha de
A LERGIA Paciente alérgico a algum fármaco?
anamnese.
P ASSADO/PRENH Histórico de doenças? Cirurgias?
 Rápida, no máx 1 min. EZ Internação? Existe possibilidade de
prenhez?
 Equipe TREINADA Ú LTIMA Quando foi a última refeição do
REFEIÇÃO paciente?
avalia o animal com M EDICAÇÃO EM Paciente faz uso de algum fármaco
PRECISÃO e RAPIDEZ. USO que possa interagir com medicações
a ser utilizada?
 HORA DE OURO
Adaptado de
RABELO,
AVALIAÇÃO DO PACIENTE (ABCDE)

 A : VIAS AÉREAS
 B: RESPIRAÇÃO
 C:CARDIOVASCULAR/CIRCULAÇÃO
 D: CONSCIÊNCIA
 E: EXPOSIÇÃO E CONTROLE AMBIENTE
AVALIAÇÃO DO PACIENTE – VIAS AÉREAS
Agente M O RT E ! ! ! !
Tóxico !

Aspiração
Acúmulo Secreções do
de Fluidos em VA conteúdo
gástrico

Ocluir VA Perda dos


Reflexos
Respiratórios Obstrução
Protetores pela língua
flácida
HIPÓXIA
AVALIAÇÃO DO PACIENTE – VIAS AÉREAS
 DE ACORDO COM O CONFORTO DO PACIENTE - DLD

 EXAME DIRETO – ANIMAIS CONSCIENTES E ALERTAS

SONS INAUDÍVEIS VA SUPERIORES


(MURMURIOS, ESTERTORES E ESTRIDOR)
CUIDADO!!!!!!
 TESTE REFLEXO DE TOSSE/DEGLUTIÇÃO – ABAIXADOR DE LÍNGUA/OUTRO

REGIÃO FARÍNGEA
PACIENTE COMATOSO/INCONSCIENTE
PERDER REFLEXO DE PROTEÇÃO X Obstrução por
INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL/ edemaciação dos
X Aspiração tecidos
TRAQUEAL orofaríngeos
AVALIAÇÃO DO PACIENTE - RESPIRAÇÃO
ARRITMIA RESISTENTE A
Edema Pulmonar S FÁRMACOS
DANOS ANTIARRITMIC
HIPÓX OS
IA CEREBRAI
BRONCOESPAS S
MO PARADA
CARDIORRESPIRATÓ
RIA
Necrose de mucosa intestinal FREQUÊNCI
INSUFICIÊNCIA
A
RESPIRATÓRIA Lesão no túbulo RESPIRATÓ
proximal renal RIA E
HIPERCAPNIA ESFORÇO
DEPRESSÃO RESPIRATÓ
INSUFICIÊNCIA
CENTRAL DO
DOS MÚSCULOS RIO
CONTROLE
RESPIRATÓRIOS
RESPIRATÓRIO ACIDOSE
AVALIAÇÃO DO PACIENTE - RESPIRAÇÃO

 Hemogasometria  Capnografia – ETCO2  Oximetria de pulso – SpO2

 PaCO2 - 45 mmHg - 50mmHg  Parâmetro Respiratório VITAL  Saturação de Oxigênio – SpO2

 PaO2 – 60 mmHg – 80mmHg # Monitora função ventilatória do # Generalizações grosseiras


#OXIGÊNIO SUPLEMENTAR paciente
PaCO2 mmHg SpO2 (%)
 PaCO2 – acima de 50mmHg # Verifica perdas ou interrupções
no circuito respiratório 90 >95
 PaO2 – abaixo de 60mmHg
#VENTILAÇÃO ASSISTIDA
80 95
# confirma correta intubação
IMEDIATAMENTE traqueal 60 90
40 75
AVALIAÇÃO DO PACIENTE - RESPIRAÇÃO
AVALIAÇÃO DO PACIENTE - CIRCULAÇÃO

 Frequência e o Ritmo do pulso

 RCP Se não houver pulso


 Verifique a Pressão sanguínea  Monitore o ECG

 Doopler vascular  Arritmia cardíaca Colapso cardíaco


 Hipotensão Hipotermia CUIDADO!!!!  Cateter Uretral

Comum em intoxicação  DU (1-2ml/kg/h)


<90mmHg  Análise toxicológica
 Assegure acesso venoso

 Maior calibre possível


AVALIAÇÃO DO PACIENTE - CIRCULAÇÃO

 Coloração das mucosas e TPC

 Rosa claro – branco : Anemia ou vasoconstrição


#Tranfusão sanguínea (VG e Hb)
#Fluidoterapia
#Analgesia
#Terapia vasodilatadora
 Azulada – cianótica: Necessidade de O2
Cianose visível – 5g/dL Hb reduzida
 Marrom : Metahemoglobina
 Vermelha: Vasodilatação Toxina/Citocina liberada
Inflamação/Infecção
AVALIAÇÃO DO PACIENTE - CONSCIÊNCIA

 Nível de consciência (AVDN ou Glasglow) #Acidose metabólica


 Convulsões ( moderada, ep. único ou graves e contínuas) #Hipertermia
 Diazepam(0,5-1mg/kg IV ou 1-4mg/kg IR) #Rabdomiólise
 Propofol (4-6,5mg/kg IV ou 0,4mg/kg/min I.C) #Aspiração pulmunar
 Hipoglicemia? (0,25-2mL/kg) #Apnéia ou Hipoventilação
Hipoxemia/Ac. respiratória
AVALIAÇÃO DO PACIENTE - CONSCIÊNCIA

 Agitação e Hiperatividade
 Rabdomiólise
 Inquietação
 Convulsões
 Andar compulsivo
 Hiperatividade muscular polongada
 Agitação
 Hipertermia
 Alucinação aparente
 Efeito de toxinas
Hipertermia e exaustão
 Mioglobulina - lesão tubular renal (alcalinizar  Oxigenação
urina com Bicarbonato de sódio)
 Área escura com o mínimo de estímulo
Hipercalemia, hiperfosfatemia e hipocalcemia
 Hipoglicemia? (0,25-2ml/kg IV)
 Fluidoterapia e diazepam
 Desidratação?
AVALIAÇÃO DO PACIENTE - CONSCIÊNCIA

 Coma e Estupor

Estabilize/mantenha VA
Ventilar ou oxigenação suplementar
 Fluidoterapia – Evitar hipotensão/Desidratação
 Glicose? (0,25-2ml/kg IV)
 PIC FUROSEMIDA (1-5mg/kg IV) e MANITOL (0,1-0,5mg/kg IV lento)
#Evitar compressões na jugular
#Evitar oxigenação nasal
AVALIAÇÃO DO PACIENTE - CONTROLE AMBIENTE

 Hipotermia (<35°C)  Hipertermia (≥41°C)

 Mais comum  Atividade muscular contínua


 Hipotensão grave e bradicardia  Capacidade reduzida de dissipar calor
 Oxigenar  Aumento da taxa metabólica

 Não elevar PA antes de atingir 36,6°C  Distúrbio hipotalâmico

 Reaquecer LENTAMENTE rápido  Diminuição da temperatura GRADATIVA

Vasoconstrição periférica Hipotensão grave Iniciar resfriamento externo com água corrente morna

 Vapor aquecido/Inalação de ar aquecido  Ventile

 RCP é INÚTIL com TC baixa  AINES


FÁRMACOS TÓXICOS E PRODUTOS QUÍMICOS

 Anti-inflamatórios não estereoidais (AINE’s)

 Meloxicam, Carprofeno, Cetoprofeno, Ibuprofeno e Diclofenado

 Mecanismo de ação: Inibidores competitivos de COX (1, 2 ou 3)

 Sinais clínicos: Gastrointestinais, renais, hepáticos, nervosos, alterações

hematopoiéticas e imunológicas.
 Tratamento: CA e Sintomatológico (à discutir)
FÁRMACOS TÓXICOS E PRODUTOS QUÍMICOS

 PARACETAMOL (Acetaminofen)

 Mecanismo de ação: Ligação com a via citocromo P450, ao invés das


vias normais, gerando metabólito tóxico, danificando o fígado e gerando
alterações em outros órgãos (ex: oxidação eritrocitária).
 Sinais clínicos: Angústia respiratória e cianose, depressão, sialorréia,

êmese, hipotermia, hemólise, anemia, icterícia, alterações hepáticas, coma.


 Tratamento: N-acetilcisteína, ácido ascórbico e Sintomatológico (à discutir)
FÁRMACOS TÓXICOS E PRODUTOS QUÍMICOS

 Psicotrópicos

 Benzodiazepínicos, Azaspirona, Antidepressivos Tricíclicos (TCA),

Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (SSRI)


 Mecanismo de ação: Semelhante ao do paracetamol

 Sinais clínicos: Distensão gástrica, sialorréia, êmese, miose,

sonolência, teratogenia (gestantes)


 Tratamento: CA, lavagem gástrica e Sintomatológico (à discutir)
FÁRMACOS TÓXICOS E PRODUTOS QUÍMICOS

 Pesticidas
 Organofosforados (“mata-bicheiras”, coleira antipulgas) e Carbamatos (“chumbinho”)
 Mecanismo de ação: Inibição da atividade da AChE, resulta no acúmulo de Ach – estimulação excessiva de
receptores muscarínicos e nicotínicos e do SNC (dose dependente).
 Sinais clínicos: Sinais muscarínicos – sialorréia, diarréia, lacrimejamento, anorexia, tosse, angústia
respiratória, bradicardia; Sinais nicotínicos: tremores generalizados, tetania, fraqueza, paralisia flácida, ataxia,
cianose, taquicardia, convulsão e coma. Sinais do SNC: hiperatividade, convulsões tônico-clônicas,
depressão, coma. Síndrome intermediária e neurotóxica.
 Tratamento: Sulfato de atropina, lavagem gástrica, CA, fluidoterapia e Sintomatológico (à discutir)
FÁRMACOS TÓXICOS E PRODUTOS QUÍMICOS

Organofosforado: Ligação IRREVERSÍVEL; Carbamato: Ligação REVERSÍVEL


FÁRMACOS TÓXICOS E PRODUTOS QUÍMICOS

 Piretróides e Piretrinas

 Combate na eliminação de ectoparasitas

(“sprays”, pós, xampus, “spot-on”, “pour-on”)


 Mecanismo de ação: Inibição dos canais de Na+ e da ATPase

(diminuição do potencial de ação e geração de impulsos nervosos repetitivos)


 Sinais clínicos: Hipertermia, dispnéia, anorexia, depressão, sialorréia,

tremores musculares generalizados, convulsão, ataxia, êmese


 Tratamento: Banhos, retirada de exposição, sulfato de atropina, anticonvulsivantes e Sintomatológico (à discutir)
FÁRMACOS TÓXICOS E PRODUTOS QUÍMICOS

 Medicamentos Veterinários – Amitraz, Fipronil, Ivermectina

 Medicamentos Humanos – Ácido Salicílico + enxofre, Cumarínicos

 Dominossanitários – Desinfetantes, Hipoclorito, Sabão em pó,

 Alimentos: chocolate, cafeína, lixo, alimentos estragados, cogumelos, cebola, alho

 Drogas ilícitas (recreativas): maconha, cocaína

 Animais: toxina de sapos, cobras, abelhas, aranhas


FÁRMACOS TÓXICOS E PRODUTOS QUÍMICOS

 Drogas ilícitas (recreativas)

 MACONHA (Cannabis sativa)

 Inalação do fumo, ingestão da planta ou óleo de haxixe (DOSE DEPENDENTE)

 Mecanismo de ação: Ativação de receptores canabinoides (CB1 e CB2).

CB1 – SNC – cognição, memória, ansiedade, coordenação e função endócrina. CB2 – TGI.
 Sinais clínicos: Depressão do SNC, desorientação, ataxia, midríase, hiperestesia, ptialismo, tremores musculares,
letargia, bradicardia, incontinência urinária, vômito, coma.
 Tratamento: Ventilação, fluidoterapia e Sintomatológico (à discutir)
PLANTAS TÓXICAS E ALIMENTOS
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Souza, H. J. M. (2003). Coletâneas em medicina e cirurgia felina. Rio de Janeiro, Brasil: Livros de Veterinária.

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