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O Teatro de Epidauro

Orquestra

Porta Porta
Rampa Rampa

Cena
Entrada para o teatro
• A cidade de Epidauro, na Grécia Antiga, onde
se situava o Santuário do deus Asclépio (Deus
da medicina) era o mais importante centro
médico da época. Lá, acorriam médicos,
curandeiros e pacientes, que formavam o
público frequentador do teatro de Epidauro –
famoso pela sua acústica excepcional –, para
realizarem rituais cénicos em adoração e
agradecimento aos deuses pelas curas
recebidas.

Essa integração entre saúde e teatro – ou,


mais genericamente, entre ciência e arte – era,
para os antigos gregos, uma coisa natural, que
fazia parte de suas vidas.
• O Teatro de Epidauro é considerado uma das maravilhas
gregas. A sua incrível acústica, a visibilidade perfeita da cena,
a geometria baseada em linhas rectas, a genial ideia de
aproveitar o declive de uma colina para construir as bancadas;
são alguns dos muitos factores que nos levam a considerar
este teatro como uma maravilha.
• Construíram bancadas semicirculares assentes nos declives da
colina e os assentos formavam fileiras escalonadas, escavadas
na rocha viva. De construção semelhante era o estádio de
Atenas. A cena tinha dois níveis, separados e adornados por
doze colunas, separadas em dois grupos de seis, que
delimitavam a porta da cena funcionavam com cortinas. No
meio da orquestra situava-se um altar dedicado a deus
Dionísio.
• Foi no teatro grego que se desenvolveu o drama, contribuindo
para que Atenas se convertesse, indiscutivelmente, no centro
literário e artístico da Grécia.
• Por sua vez, o Teatro de Epidauro tornou-se um sério
oponente devido à sua colossal capacidade e à sua esplêndida
vista e acústica.
• O teatro de Epidauro, com as suas 55 fileiras
de assentos em arquibancadas, podia conter
14 mil espectadores.
• Tal como outros teatros gregos, o de
Epidauro está construído no flanco de uma
colina e é dos que se mantêm mais bem
conservados.
O vaso de Pronomos
Os persas
• Os Persas - tragédia da autoria do grego Ésquilo.
• Foi produzida em 472 a.C. em conjunto com outras duas
tragédias e um drama satírico (hoje perdidos), e com elas
Ésquilo terá ganho o festival ateniense das Grandes Dionísias
nesse ano.
• Os persas é a mais antiga peça de teatro de que se conhece o
texto completo. É de assinalar igualmente que é das tragédias
gregas clássicas a única cujo tema se baseia em factos
contemporâneos do autor e não em histórias mitológicas.
• A acção decorre em Susa, capital da Pérsia, por alturas da
Batalha de Salamina, 480 a.C., na qual Ésquilo participou como
soldado.
• Curiosamente, esta batalha é analisada pelo lado do inimigo
dos Gregos, os derrotados Persas. A trama roda assim em
torno do comportamento dos Persas, sobretudo dos nobres
persas (representados no coro, logo na abertura), de Xerxes, o
rei derrotado perante sua mãe, Atossa, e o fantasma do pai,
Dario.-
• Ésquilo é o verdadeiro criador da tragédia, à qual deu
dimensões literárias e sociais. Com excepção de Os Persas,
que é a única tragédia grega baseada num tema
contemporâneo, todas as obras de Ésquilo tratam temas
alusivos aos heróis e aos deuses. Conservam-se sete: a trilogia
da Oresteia (Agamémnon, Coéforas, Euménides), Os Persas,
As Suplicantes, Os Sete contra Tebas e Prometeu Agrilhoado.
Esta última desenrola-se num universo brutal e desgarrado por
oposições irreconciliáveis: Prometeu, que rouba o fogo (o
conhecimento) aos deuses para o dar à humanidade, é
impotente perante o poder tirânico e desmesurado de Zeus,
que o condena a um tormento sanguinário e permanente. Esta
oposição decide-se noutras duas tragédias perdidas, que
formam a trilogia dedicada a Prometeu.
• Em linhas gerais, o estilo de Ésquilo é vigoroso e as suas
tragédias elevam o ânimo a um mundo superior; os seus
personagens, como corresponde à divindade, são grandiosos e
ideais.
• As razões que estiveram na origem das Guerras Pérsicas foram as
seguintes:
1. As populações gregas que tinham estabelecido as suas colónias na
Ásia Menor, a partir do séc. VIII a. C., dedicavam-se à agricultura e ao
comércio e, com o desenvolvimento destas actividades, haviam
conseguido um nível de desenvolvimento bastante elevado;
2. Além de economicamente florescentes, as colónias gregas constituíam
comunidades politica e economicamente independentes, ou seja, tinham-
se organizado em cidades-estado à imagem do que acontecia na Grécia
continental;
3. Em meados do séc. VI a. C., os Persas, cujo império tinha a sua capital
em Susa (actual Irão), ocuparam a Ásia Menor e subordinaram as
colónias gregas à sua autoridade;
4. Os Persas, cujo império continuava em expansão, necessitavam de
elevados recursos financeiros e, para satisfazer essa necessidade,
exigiam o pagamento de impostos cada vez mais elevados,
condicionando, simultaneamente, a autonomia económica e política das
colónias gregas.
Nestas circunstâncias, algumas das colónias gregas da Ásia Menor, com
destaque para a de Mileto, no início do séc. V a. C., decidiram enfrentar os
Persas e libertar-se do seu domínio. Para esta guerra, Mileto solicitou o
auxílio das cidades da Grécia continental. Esparta recusou o auxílio, mas
Atenas enviou tropas para combater os Persas. Após, diversos combates
na Ásia Menor, os Persas atacaram, em 490 a.C., a Grécia continental,
iniciando-se as Guerras Persas que decorreram entre 499 e 449 a. C..
A Batalha de Salamina
• Xerxes (n. por volta de 519, f. por volta de 465 a.C. ) rei persa,
filho de Dario I, herdou o trono por designação do pai, apesar
de não ser o primogénito. Continuou a guerra contra os gregos,
conhecida como Guerras Médicas, como vingança, pela
derrota do pai na Batalha de Maratona em 490 a.C.. Com um
grande exército (aproximadamente 300 mil soldados contra 7
mil soldados gregos) atravessou o Helesponto em 480 a.C.
• Mandou construir um canal que atravessava a península de
Atos, o que facilitou a passagem da frota. Após derrotar o
exército de Leónidas, vencendo a Batalha de Termópilas, que
teve como palco o desfiladeiro de mesmo nome, Xerxes
saqueou a Ática, e ao tomar Atenas arrasou os santuários da
acrópole.
• No entanto, o seu exército foi derrotado em Salamina em
consequência dos graves erros tácticos que cometeu,
retornando à Pérsia (onde mais tarde morreria assassinado).
Xerxes nunca chegou a recuperar-se dessa derrota e, em
seguida, abandonou as ambições militares. Nos últimos anos
de reinado dedicou-se à construção de palácios e monumentos
que contribuíram para o embelezamento de Persépolis.
Trirreme Grego
• O acontecimento deu-se no estreito que separa Salamina da
Ática, no mês de Setembro de 480 a.C. Após as vitórias na
Tessália e em Termópilas, a devastação da Beócia e da Ática,
Xerxes entrou em Atenas, destruindo inclusivamente os
monumentos da Acrópole, naquela que ficou conhecida pela
Segunda Guerra Médica
• Enquanto os Coríntios e os Espartanos defendiam um
aglomerado militar no Istmo, Temístocles concentra a frota de
200 embarcações (trirremes) na baía de Salamina, enfrentando
a frota persa que, apesar do seu maior número, tinha
dificuldades evidentes de maneabilidade no espaço exíguo do
estreito, pelo que é completamente derrotada pelos Gregos.
• Xerxes foi obrigado a regressar à Ásia, deixando o comando
das tropas restantes ao seu lugar-tenente Mardónio, que será
derrotado em 479 a. C. na batalha de Platea e Micala, nas
costas da Ásia Menor.
• Diante da necessidade de organizar a defesa e de equipar o
exercito, Atenas liderou a Confederação de Delos, uma aliança
entre várias cidades-estados gregas que deveriam contribuir
com navios ou dinheiro nos gastos da guerra.

• Na batalha de Salamina (480 a. C.), os Atenienses venceram os
Persas e esse facto pôs em evidência a superioridade dos
Atenienses em relação às restantes cidades gregas. Foi este
acontecimento que determinou a formação da Liga de Delos
liderada pela cidade de Atenas, que se tornou hegemónica no
seio da Hélade.
A batalha de Salamina simboliza ainda:
* a vitória da cultura humanista desenvolvida pelos Gregos e que
esteve na origem da cultura ocidental, sobre o absolutismo e o
centralismo imperialista que caracterizou os impérios orientais.
* a afirmação e consolidação da identidade cultural dos gregos
que passaram a considerar-se como um povo com uma cultura
diferente das dos Persas, da dos Egípcios e da de outros povos
do Oriente.
A batalha de Salamina permitiu que:
* Péricles reconstruísse a cidade de Atenas, destruída por
Xerxes, realizando um programa urbanístico que perdurou até
aos nossos dias;
*Atenas construísse uma poderosa frota naval, tornando-se na
principal potência marítima da Grécia;
*Ésquilo escrevesse a tragédia Os Persas em que se desenvolve
a versão dos gregos sobre a sua vitória em Salamina.
Os Persas
• Os Persas, de Ésquilo (525-456 a.C.), foi
encenada pela primeira vez em 472 a.C.,
portanto oito anos após a batalha de Salamina
que ocorreu em 480 a.C., na qual seu autor
tomou parte. Além de ser considerada a mais
antiga das tragédias que chegou até nós, tem
ainda a singularidade de ser também a única a
tratar um “facto” histórico - A partir do
acontecimento de que tomou parte, Ésquilo
compõe uma tragédia.
• A acção desenrola-se em Susa, capital do império Persa,
pouco tempo após a batalha de Salamina.
• Reunidos para deliberar sobre a demora do retorno de Xerxes,
o Coro de Fiéis – conselheiros da rainha Atossa, mãe do rei,
viúva de Dario – manifesta aflição, antecipando o clima trágico.
Informam da partida do rei e do seu poderoso exército para a
conquista da Grécia. Não há aqui relato das acções das forças
persas, mas uma série de inquietações funestas.
• O primeiro episódio é introduzido pela entrada de Atossa em
cena. Após relatar um sonho e uma visão que teve, conjugam-
se a aflição do Coro com os maus presságios que trouxe.
Tanto a aflição do Coro, como os presságios da Rainha-mãe
antecipam o clima trágico que se confirmará com a chegada do
mensageiro de Xerxes. Logo em seguida este chega e narra a
derrota persa em Salamina, confirmando todo o clima de medo
e aflição anterior.
• Na sua narrativa da derrota bárbara, o mensageiro descreve a
superioridade grega sobre os Persas, do ponto de vista político
e estratégico, visto que militarmente eram inferiores.
• A peça emula um elogio aos Gregos, por via indirecta, ou seja,
através de um persa vencido. Os Gregos são mencionados
como homens livres: não têm reis, nem são escravos.
• Cantando, o Coro reitera a dor pela desgraça, dando-se conta
da que a derrota prefigura o desmoronamento do império, os
impostos não serão pagos e os súbditos se revoltarão.
• O segundo episódio também é iniciado pela entrada em cena
de Atossa, junto ao túmulo de Dario. Juntamente com o Coro,
invoca a figura de Dario, que aparece como sombra saída do
Hades, desconhecendo o que se estava a passar. Ao ser
informado sendo informado, percebe que o oráculo se
realizara - a loucura de Xerxes em construir uma ponte entre
a Ásia e a Europa, sobre o Helésponto, motivou a vingança
divina.
• O Coro lembra a felicidade do reino persa na época de Dario,
modelo de moderação e comedimento. Lamenta-se a
mudança de sorte provocada pelos deuses no momento
presente.
• O final da peça é o aparecimento de Xerxes, vencido, mal
vestido e envergonhado, lamenta e chora a derrota, os mortos
e a aniquilação do poder persa. O Coro acompanha-o nas
lamentações, onde reconhece que cometeu um erro ao
querer conquistar a Grécia, violando o próprio mar.
• Em Os Persas o princípio interno de
composição é a imitação (mimese), que se
caracteriza por ser uma operação de
representação da natureza (physis), entendida
como o homem em acção, não em termos de
simples cópia ou transcrição, mas como
ampliação e universalização das suas
possibilidades; é imitação do homem agindo
(“praxis”) de acordo com a sua vontade, as suas
paixões (pathos) e de acordo com as suas
faculdades intelectuais (dianoia), formando, no
conjunto, uma expressão moral (ethos)14.
• Ésquilo elabora uma tragédia a partir de um facto
histórico.
• De histórico - particular - passou a exemplar - universal.
Simultaneamente, faz uma leitura política do facto
histórico: a democracia grega não aparece questionada,
mas enaltecida como superior , em oposição ao
absolutismo oriental, dado como causa da derrota dos
persas, já que estes não lutavam como homens livres -
a exemplo dos Gregos, mas sob o jugo de Xerxes. A
tese de Ésquilo, n’Os Persas, sobrepõe, tal como
Heródoto, o governo do povo ao despotismo persa.

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