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Irrigação e Drenagem

Eng. Agr. Jefferson Martins Ferreira


Aula 1 – Historia da irrigação
História da Irrigação

A Irrigação enquanto ‘Molhação’ trata-se de uma atividade que remonta


6.000 a.C., quando surgiu no Egito e Mesopotâmia (atual Irã/Iraque),
mediante as águas dos Rios Nilo, Tigres e Eufrates.
A água era derivada na época das enchentes para o
campo, por 40 a 60 dias. Depois, a água era drenada de
volta para o rio, permitindo o cultivo em um solo
umedecido e enriquecido de nutrientes.
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Nilômetro: para medição do nível da água (primórdio do manejo da água)


3.500 a.C. A estação anual de cheias ao longo do Nilo era imprevisível sem registros, então
os egípcios criaram um medidor de inundação chamado Nilômetro. O formato
mais simples era uma coluna vertical submersa no rio com intervalos marcados
indicando a profundidade da água. Um segundo formato era um lance de
escadas que levava ao rio. Os dados do nilômetro eram então usados pelos
antigos sacerdotes egípcios que previam misticamente quando o dilúvio
ocorreria.
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3.100 a.C.: O primeiro grande projeto de irrigação foi criado pelo Faraó Menes
durante a primeira Dinastia do Egito. Ele e seus sucessores fizeram represas e
canais (um de 20 km) para usar as águas de inundação desviadas do Nilo em um
novo lago chamado lago "Moeris".
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2.000 a.C.: Os Romanos passaram a fabricar ‘tubos’ de cimento e pedra moída


para transportar água.
História da Irrigação

1.792 a 1750 a.C.: O famoso Rei da Babilônia Hamurabi foi o primeiro a instituir
regulamentos sobre a água, em seu reino.

Este código inicial previa:


- Distribuição da água proporcionalmente baseada nos acres cultivados.
- Responsabilidades do agricultor em manter canais em sua propriedade.
- Administração coletiva do canal por todos os usuários
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1.700 a.C.: Shaduf / Shadouf / Shadoof.

Um grande poste equilibrado em uma viga cruzada,


uma corda e balde em uma extremidade e um
contrapeso pesado na outra. Ao puxar a corda, ela
abaixaria o balde em um canal ou rio. O operador
então levantaria o balde cheio de água, empurrando
para baixo o contrapeso. O bastão podia ser girado e o
balde esvaziado em um campo ou canal diferente.

Esse desenvolvimento permitiu a irrigação quando


um rio não estava em inundação, o que significava
que um solo mais alto poderia ser usado para a
agricultura.
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Foto de um Shadoof retirada em 1928 no


Foto de um Shadoof retirada em 1905 no Egito.
Sudão.
História da Irrigação

700 a.C.: Invenção da Noria pelos egípicios.

700 a.C.: Noria

Era uma Roda d’água egípcia.

Uma roda com baldes ou panelas de barro ao longo de


sua circunferência, que girava pela correnteza do rio.
O fluxo enchia os baldes por imersão e, à medida que
girava a roda, os baldes superiores eram esvaziados
pela gravidade em uma calha ou aqueduto. Os baldes
vazios voltavam então para serem reabastecidos.

A Noria forneceu ao mundo antigo seu primeiro


dispositivo de elevação (recalque) não operado por
humanos.
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604 a 562 a.C.: Jardins Suspensos da Babilônia.

Os "Jardins Suspensos da Babilônia", uma das sete


maravilhas do mundo antigo, foram criados sob o
reinado de Nabucodonosor na Mesopotâmia.

O que é perdido para a história é como os jardins


foram irrigados, embora se saiba que eles foram
irrigados.
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550 a.C.: Qanat (Kareze na Mesopotâmia).


O desenvolvimento desta técnica permitiu que o
uso da água subterrânea se tornasse a principal
fonte de irrigação das culturas.

Um Qanat foi construído primeiro cavando um poço


vertical em terreno inclinado. Uma vez que o poço foi
concluído, um túnel foi escavado quase na horizontal
até a extremidade inferior do poço. O declive natural
permitiria que a água do poço viajasse por gravidade
pelo túnel e emergisse a certa distância do poço. A
construção de Qanats foi trabalhosa e aberturas
verticais foram colocadas a cada 20-30 metros para
permitir que os escavadores do túnel respirassem e
removessem os detritos do túnel. Uma vez que o túnel
foi concluído, a área tinha uma fonte constante de
água. Qanats ainda estão em uso hoje e pelo menos
20.000 ainda operam da China para o Marrocos.
Esquema de um Qanat
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500 a.C.: Sakia (Roda d’água persa).

O primeiro uso do que hoje é chamado de bomba.

Este dispositivo era uma série ‘infinita’ de potes em


uma corda que corria sobre duas polias. O dispositivo
acionado por bois acionava uma roda dentada
permitindo que os potes entrassem no suprimento de
água, enchessem e depois fossem levantados e
esvaziados.

Diferença entre Sakia e Noria


A Sakia era semelhante ao Noria, exceto que era
movido por uma força externa (animais), e não pelo
fluxo da correnteza do rio.
Foto retirada no Egito em 1904
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250 a.C.: Parafuso de Arquimedes

Ao visitar o Egito, o estudioso grego Archimedes criou


este dispositivo que consistia de um parafuso dentro
de um tubo oco. O parafuso era girado e, quando a
extremidade inferior do parafuso girava, ele acumulava
água. A água percorria o comprimento do parafuso até
que ele vazava pela parte superior do tubo.

Hoje, o principal uso é no transporte de materiais


granulares, como grânulos de plástico usados em
moldagem por injeção e em grãos de cereais.
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Foto de Parafuso de Arquimedes


tirada no início dos anos 1900 no
Egito.
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“Os trabalhos de irrigação do antigo Sri Lanka, o mais antigo datado de cerca de
300 a.C., no reinado do rei Pandukabhaya e em desenvolvimento contínuo pelos
próximos mil anos, foram um dos mais complexos sistemas de irrigação do
mundo antigo”. http://www.icid.org/res_irrigation.html
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1800: Escavação manual de canal de irrigação em Nebraska


(USA) durante o final dos anos 1800.
Estimava-se uma área irrigada mundial
de 19.760.000 acres.

Corresponde a 7.996.595 ha.

Qual a área irrigada hoje?


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1800:

Irrigação por Superfície em pomar de citros na


Califórnia no final dos anos 1800.
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1898:
Comporta em canal para
irrigação por inundação no
Sudoeste dos EUA.
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1872: Patente de Aspersor Residencial

Essa patente foi concedida a John Gibson, de San


Francisco, Califórnia, EUA, em 16 de julho de 1872.
Não se sabe se esse aspersor entrou em produção.
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1872 a 1878: Conforme Museu da Irrigação, foram concedidas 8 patentes nesse


período para aspersores residenciais e bocais. Pouco se sabe se entraram em
produção comercial.
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A partir de 1879: São comercializados modelos de


aspersores, em formato até hoje presentes.
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1903:
Derivação de água para irrigação
por inundação a partir de uma
mangueira de lona de 12
polegadas em Stevens Point,
Wisconsin, EUA.
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1907:
Cartão postal de 1907 mostrando
a irrigação por sulco em um pomar
de oliva na California, EUA.
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1928: Funcionários ativam os


aspersores do Central Park
pela primeira vez.

Um ano antes da Crise de


1929!!!
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1933: Primeiro aspersor de


impacto é lançado, pela Rain Bird.

O aspersor de impacto original foi


inventado por um produtor de
citros de Glendora, Califórnia,
Orton Englehart em 1933 e
patenteado em 1935.
Mais tarde, Orton o vendeu para
Clem e Mary LaFetra, que o
fabricaram e comercializaram sob
a marca Rain Bird.
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Catálogo de tubos, de 1950.

1946: Depois da Segunda


Guerra Mundial, o tubo de
alumínio para agricultura
tornou-se o padrão.

Os tubos de alumínio extrudado


tinham a vantagem de serem
leves.
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Foto de 1947 mostrando a capa de uma revista.


Sifões de tubo.
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1938: Bomba Portátil para Irrigação 1938: Sistema de Irrigação


(Califórnia), acionada por tomada de Portátil instalado no Oregon, EUA.
força de um trator.
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1946: Fábrica da Rain Bird (Glendora, 1948: Fábrica da Buckner Irrigation


Califórnia). (Freno, Califórnia).
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1951: Capa de revista tratando do uso da irrigação com


motor elétrico...
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1948: O fazendeiro de Nebraska, Frank Zybach


desenvolveu o pivô central.
O Sistema foi patentenado em 1952.

Contexto: Após a crise de 1930 e logo após a II


Guerra. Numa região desértica (Colorado, Kansas,
Texas, Oklahoma), transformada pela sequência
de eventos:
chegada da irrigação (com água superficial)
desenvolvimento de bombas
eletricidade rural
bombas centrífugas que permitiam acesso à água
subterrânea
Pivô Central foi um sucesso!
Junho de 1976, Scientific American sobre o pivô central:

"perhaps the most significant mechanical innovation in


agriculture since the replacement of draft animals by the
tractor."

http://www.e-nebraskahistory.org/index.php?
title=Nebraska_Historical_Marker:_Frank_Zybach_-
_Inventor_of_Center-Pivot_Irrigation_Machine
História da Irrigação

1951: Foto de um dos primeiros modelos de


tensiômetros. Empresa Irrometer Company, de
Riverside, Califórnia.
História da Irrigação

1952: Foto de um sistema de


Irrigação por Aspersão com Lateral
Rolante, em Ohio, EUA, movido
manualmente.
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1953: Foto de um sistema de


Irrigação por Aspersão com
Lateral Rolante, movido a motor.
História da Irrigação

1958: Propaganda de Controlador


de Irrigação.
1958: Propaganda de Válvula de
retenção.
História da Irrigação

1964: Autopropelido com


mangueira flexível 3”, tirada
por Bart Nelson, da Nelson
Irrigation (Illinois, EUA).
História da Irrigação

1966: Foto de primeiro autopropelido tracionado a


cabo capaz de puxar uma mangueira de 4”.
Empresa Kifco, de Illinois, EUA.
História da Irrigação

1967: A White Motor Company,


fabricante de caminhões, quase
entrou no negócio de irrigação por
aspersão "linear" com este protótipo
experimental, operado perto de
Mendow, Michigan, EUA.

Trata-se de um Sistema de Irrigação


por Aspersão do tipo Linear Móvel.
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1968: Foto de pivô central modelo


Electrogator da empresa Reinke, de
Deshler, Nebraska.
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1970: Avaliação de aplicação


de água em sistema de pivô
central.
História da Irrigação

1969: Uso de trator para abertura 1970: Exemplo de irrigação


mecânica de sulco na Irrigação por por sulco no Sudoeste
Sulcos. Americano.
Levantamento de áreas irrigadas

Irrigação visa suprir a deficiência parcial ou total de água para as plantas


Está presente em nosso cotidiano
Levantamento de áreas irrigadas
Área irrigada total e participação das Regiões - 1960-2015

Figura 1. Área irrigada total e participação das Regiões Geográficas (1960-2015)


Fontes: Censos Agropecuários (IBGE, 1960-2006) e ANA (2015).
Incremento Anual da Área Irrigada

Figura 2. Incremento anual de área irrigada mecanizada, por grupos de sistemas (2000-
2016)
Figura 3 - Métodos de irrigação por região no Brasil.
Pivôs centrais do estado de Goiás e do Distrito Federal em 2010

Figura 5. Mosaico de imagens do satélite Landsat 5-TM de 2010, evidenciando a localização geográfica
dos pivôs centrais do Estado de Goiás e do Distrito Federal.
Pivôs centrais do estado de Goiás e do Distrito Federal em 2010

Figura 6. Localização geográfica dos pivôs centrais em 2010 em relação às principais bacias hidrográficas e
à variação da declividade no Estado de Goiás e no Distrito Federal –BBrasil. Declividades acima de 13%
representam limitações para a mecanização na agricultura.
Tabela 1. Municípios com maior área ocupada por pivôs centrais em 2010 considerando o Estado de Goiás
e o Distrito Federal.
Tabela 2. Distribuição dos pivôs centrais no Estado de Goiás e no Distrito Federal por sub-bacia
hidrográfica em 2010.

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