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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ – FEPI

Curso de Arquitetura e Urbanismo

Ana Clara Cardozo de Souza - 00021474

Mirella dos Santos Cunha Araújo - 00021356

JARDINS DO EGITO, PÉRSIA E MESOPOTÂMIA: Uma pesquisa para


o seminário de Teoria e História do Paisagismo

ITAJUBÁ

2023
Ana Clara Cardozo de Souza - 00021474

Mirella dos Santos Cunha Araújo - 00021356

JARDINS DO EGITO, PÉRSIA E MESOPOTÂMIA: Uma pesquisa para


o seminário de Teoria e História do Paisagismo

Trabalho apresentado a disciplina de


Teoria e História do Paisagismo do curso
de Arquitetura e Urbanismo do Centro
Universitário de Itajubá - FEPI.

Professora: Daniela Bobsin

ITAJUBÁ

2023
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 4

2 JARDINS DO EGITO............................................................................ 5

3 JARDINS DA MESOPOTÂMIA E PÉRSIA .......................................... 8

4 IMAGENS ........................................................................................... 12

5 CONCLUSÃO ..................................................................................... 13

REFERÊNCIAS ................................................................................. 14

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1 INTRODUÇÃO

Neste trabalho abordaremos pesquisas sobre os jardins da


Antiguidade, tal como do Egito, Pérsia e Mesopotâmia. Analisaremos seu estilo
paisagístico, suas técnicas desenvolvidas na época e as principais espécies
arbóreas utilizadas nesses jardins.

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2 JARDINS DO EGITO

Os jardins sempre foram símbolos de cultura, riquezas e


religiosidade dos povos, faziam parte do interior ou entorno de palácios, em
áreas planas ou patamares, e plantavam-se frutas, legumes e flores para
alimentação e celebração de rituais. De acordo com historiadores, os jardins
egípcios apareceram há mais de 4000 anos atrás e eram orientados com base
nos pontos cardeais. Possuíam a presença de linhas retas e formas geométricas
simétricas e eram influenciados pela astrologia e sua crença em deuses. O Egito
era cheio de mistérios, simbolismos e elementos arquitetônicos inovadores. O
período que o Rio Nilo se enchia, permitia a população de utilizar a área fértil e
estender suas plantações. Com isso, alguns povos se estabeleceram ali
desenvolvendo agricultura e se organizando politicamente. Nessa época existia
o Reino Alto e o Reino Baixo, e a unificação deles deu origem ao Império Egípcio
que seria governado pelos faraós. Eles eram bem-organizados política e
socialmente e tinham uma crença religiosa muito forte.

Os jardins, provavelmente, começaram com simples pomares e hortas


ligados com a água do Nilo e à medida que o país ficou mais rico eles evoluíram
para jardins de lazer, um refúgio espiritual com flores, lagos, espaços com
árvores frutíferas e sombreadas. A geometria arrojada do jardim egípcio tinha
tanto a ver com a praticidade quanto com a estética. Três características muito
comuns dos jardins do Egito, são: as formas geométricas, o uso do elemento
com água e a vegetação com uma função.

Templos, palácios e residências tinham seus próprios jardins. Até mesmo


algumas tumbas tinham jardins para que seus proprietários pudessem apreciá-
lo em sua vida pós-morte. Porém, os jardins mudavam de acordo com o poder
aquisitivo de cada pessoa. Os jardins das classes mais altas tinham muito mais
elementos de simbolismo e estética e das classes mais baixas eram mais
funcionais com hortas e algumas árvores frutíferas.

Os principais materiais da época eram argila, palha, pedra de barro,


calcário, arenito, granito e tijolo de barro cozido. A madeira era pouco utilizada
pois não havia florestas próximas. Os materiais utilizados eram os que estavam
à disposição e que suportariam clima severo, trazendo algum tipo de conforto.

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Os egípcios desenvolveram uma rede de canais que permitiu regar seus
cultivos artificialmente, além de navegar e pescar. A civilização egípcia foi a
primeira a fabricar líquidos à base de pigmentos, ou seja, tintas, que foram
utilizadas para a escrita e a decoração. Os egípcios também desenvolveram um
sistema de alavancas e planos inclinados (em forma de rampas), que permitiram
erguer os gigantescos monumentos que hoje toda a humanidade admira. Todas
essas inovações contribuíram enormemente para várias áreas de conhecimento,
inclusive os jardins desde aquela época até os dias de hoje.

2.1 Formas geométricas:

Os jardins eram caracterizados por linhas retas e formas geométricas,


trazendo um aspecto de simetria. Acredita-se que esse formato fosse em
decorrência dos canais de irrigação criados com origem no Nilo. Essas
características deram origem posteriormente ao Estilo Clássico ou Formal.

2.2 Água:

O elemento água foi bastante explorado e isso foi possível através do


desenvolvimento de canais e bacias nas beiradas do rio, onde a água era
captada por infiltração. Daí foram construídos os tanques retangulares e repletos
de plantas aquáticas. Vários jardins se organizavam entorno de uma ou mais
piscinas. Essas bacias também podiam servir como viveiro de peixes, além de
ser um reservatório de água e assumir a função de climatizar a área.

2.3 Bioclimatismo:

Um dos principais objetivos dos jardins egípcios era o conforto ambiental.


Diante de um clima complicado, um espaço que ofereça sombra e um pouco de
ar fresco é muito bem-vindo.

2.4 Funcionalidade:

Além de ser uma estratégia bioclimática, os jardins também eram


funcionais. Forneciam matérias primas e materiais para cozinhar, mas também
para usar em suas oferendas religiosas e funerárias. Além de uma matéria para
confecção de buquês, ornamentais, guirlandas, colares, cosméticos, remédios,
materiais para construção e vários outros objetos do cotidiano.

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2.5 Simbolismo:

O viés simbólico, e principalmente, religioso dos egípcios também se


refletia no paisagismo. Várias plantas como papilho, lótus, tamareira, videira,
figueira, romã e cipreste, ganharam significados religiosos. Vários deles tinham
significados relacionados a fertilidade e ao renascimento.

2.6 Tipos de jardins:

Jardins residenciais: A classe das casas mais pobres teria, pelo menos,
um pequeno canteiro de ervas ou uma única planta no pátio da casa. E já a casa
dos ricos eram construídas em torno de um pátio, onde flores, frutas e vegetais
eram cultivados. Nos palácios, os jardins eram grandes e com lagos enormes.
Eles usavam vasos para trazer tipos de árvores e flores novas que foram
descobertas durante suas conquistas. Já nos templos também existiam jardins
extensos, hortas e até mesmo jardins botânicos. Até mesmo nos túmulos, onde
acreditava-se que ajudaria o falecido a renascer e fornecer sustento para ele na
vida pós-morte.

2.7 Espécies mais usadas:

Acácias, salgueiros, figueiras, palmeiras duplas, romã, oliveiras,


pêssegos, mandrágoras, margaridas, papoulas, plantas aquáticas, lótus e o
papilho. A figueira sicômoco pode ser considerada um destaque como a árvore
da vida e associada a deusa Ísis. Muito útil por sua sombra e seus frutos. O figo
e a madeira eram usados para a produção de móveis e sarcófagos.

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3 JARDINS DA MESOPOTÂMIA E PÉRSIA

3.1 Jardim Assírio e Babilônico:

Na antiga região da Mesopotâmia (atual Iraque, Síria e Turquia) as


comunidades passaram a se instalar às margens dos rios Tigre e Eufrates. A
canalização das águas originou campos agrícolas, aldeias e pequenas cidades.
Foi então que surgiu a necessidade de o homem organizar esses espaços de
plantio da sua subsistência.

A princípio, a jardinagem realizada com fins alimentícios e medicinais,


com o decorrer dos tempos, adquiriu status de expressão cultural e passou a ser
desenvolvida, também, com a finalidade ornamental dos espaços. Esteve sujeita
a ideias e aspirações políticas, sociais, religiosas e econômicas de determinados
grupos. Transformou-se assim em arte: a arte de transformar a natureza e a
paisagem.

Na região entre os rios Tigre e Eufrates, conhecida como Mesopotâmia,


além do desenvolvimento de diversas cidades-estados, da escrita e das ciências,
pode-se destacar o aprimoramento das técnicas de cultivo e o desenvolvimento
dos jardins com técnicas de cultivo e de irrigação

Entre as sete maravilhas do mundo descritas por um autor da Antiguidade,


Fílon de Bizâncio, encontravam-se as muralhas e os jardins suspensos de
Babilónia. Segundo o relato deste escritor, os jardins babilónicos eram uma
grande construção erguida sobre colunas de pedra que suportavam uma
cobertura de troncos de palmeira sobre a qual se acumulava bastante terra. Este
espaço estava repleto de grande diversidade de árvores e flores, regadas por
um sistema helicoidal usado para elevar a água. Na opinião de Fílon, tratava-se
de uma obra colossal e única, capaz de situar a prática agrícola e hortícola acima
das cabeças dos que a contemplavam.

Na realidade, a história dos jardins suspensos está envolta numa densa


neblina por falta de evidências fiáveis sobre o seu real aspecto e a sua
localização exata. Uma lenda sugere que terá sido o rei Nabucodonosor II (604-
562 a.C.) o responsável pela construção dos jardins em Babilónia em honra da
sua esposa, que tinha saudades da exuberante paisagem montanhosa da sua

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Pérsia natal. Porém, não existe um só texto cuneiforme dos muitos que se
conhecem deste monarca que mencione a existência deste tipo de jardins
elevados na cidade.

Os jardins mesopotâmicos se localizavam em elevados artificiais, os


zigurates, nos arredores dos palácios e dos templos. Possuíam função utilitária
e religiosa, já que os governantes promoviam grandes celebrações, como
banquetes e cerimônias, desfrutando da sombra e da beleza dos jardins. Nos
jardins sagrados dos templos, locais de concentração de poder político e
religioso, eram cultivados legumes e frutas para serem oferecidos às divindades
cultuadas pela população.

Embora a região mesopotâmica se encontre entre dois grandes rios, o


clima seco e árido exigiu a elaboração e construção de um sistema eficaz de
irrigação para a manutenção das áreas plantadas, o que possibilitou a
aclimatização de espécies de plantas que não eram típicas da região e que não
se adaptariam sem a otimização da logística de gestão dos recursos hídricos.

O complexo sistema de irrigação e drenagem, manteve os pomares e as


hortas cultivadas pelos assírios, auxiliando no suprimento dos habitantes. Dessa
maneira, os jardins assírios se aproximavam mais da atividade agrícola do que
da ornamentação dos espaços de convívio.

Os registros mais antigos relacionados aos jardins foram produzidos pelos


babilônios por volta de 3.000 a.C., dentre eles o mais famoso é o dos Jardins
Suspensos da Babilônia. Dedicados a rainha Semiramis, e construído por ordem
do rei babilônio Nabucodonosor II. Os Jardins Suspensos da Babilônia foram
considerados uma das sete maravilhas do mundo antigo, título que faz jus a
monumentalidade de sua construção. Os jardins eram constituídos de elevados
artificiais que se sucediam formando patamares de grandes proporções com
escadas fazendo a conexão entre os níveis nos quais eram plantadas
diversificadas espécies de árvores, arbustos e flores. Sua estrutura contava com
canais subterrâneos de drenagem e planos inclinados que conduziam a água da
irrigação através dos terraços, proporcionando, por meio da infiltração entre os
elevados, a quantidade de água que mantinha as espécies vegetais. Algumas
das espécies mantidas nos jardins eram: salgueiro, cipreste, carvalhos, cedros,

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ébano, romã, tamareiras, lótus, lírios, rosas, tulipas, álamos, palmeiras, dentre
outras.

3.2 Jardim Persa:

A denominação de jardim persa (ou Bāgh em persa) remete para a


tradição e estilo de concepção de jardins que tem origem na Pérsia (atual Irã).
Tradicionalmente estes jardins eram espaços fechados. A palavra persa (em
avéstico) para definir “espaço fechado” era ”pairi-daeza” que se transmitiu, na
mitologia judaico-cristã com o nome de Paraíso, ao Jardim do Éden.

O objetivo destes jardins era o de procurar a tranquilidade tanto espiritual


como recreativa (ponto de reunião dos amigos), de modo a ser, essencialmente,
um paraíso na terra. O modo em que estes jardins se construíam podia ser muito
formal, fazendo prevalecer a estrutura, ou muito informal, centrando-se nas
plantas, respeitando, não obstante, algumas regras simples de concepção, como
a intenção de maximizar, em termos de função e emoção, tudo aquilo que podia
oferecer o jardim. Um dos traços mais característicos deste tipo de jardins da
Antiguidade advém do fascínio que os Persas sentiam por perfumes. É com este
povo que a plantação de plantas passa a ter um cunho muito mais decorativo do
que funcional, já as plantas passaram a ser plantadas pela sua beleza, cores e
perfumes.

Exemplificam a diversidade de desenhos de jardins persas que evoluíram


e se adaptaram a diferentes condições climáticas, mantendo ao mesmo tempo
princípios que têm as suas raízes nos tempos de Ciro, o Grande, século VI a.C.
Sempre dividido em quatro setores, com a água a desempenhar um papel
importante tanto na irrigação como na ornamentação, o jardim persa foi
concebido para simbolizar o Éden e os quatro elementos zoroastrianos do céu,
terra, água e plantas. Estes jardins, que remontam a diferentes períodos desde
o século VI a.C., também apresentam edifícios, pavilhões e muros, bem como
sofisticados sistemas de irrigação. Influenciaram a arte da concepção de jardins
até à Índia e Espanha. O Jardim Persa consiste numa colecção de nove jardins,
selecionados de várias regiões do Irã, que representam de forma tangível as
diversas formas que este tipo de jardim concebido assumiu ao longo dos séculos
e em diferentes condições climáticas.

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O conceito de “ChāhārBāgh” (que significa quatro jardins) é um esquema
de jardim quadrilátero persa, representando a harmonia de quatro elementos
zoroastrianos – céu, terra, água e flora, bem como inspirado nos conceitos
islâmicos, baseado nos quatro jardins do Paraíso mencionados no Alcorão. O
jardim quadrilateral é dividido por passagens ou água corrente em quatro partes
menores por cursos de água em linhas retas.

A tradição e a disposição de jardins representados pelos Jardins Persas


ou Iranianos, a recrear o jardim paradisíaco, influenciou a disposição de jardins
desde a Andaluzia até à Índia e mais além. Os jardins do Alhambra mostram a
influência da filosofia e estilo do jardim persa numa escala de palácio mourisco,
da época de al-Andalus na Espanha. O Túmulo de Humayun e o Taj Mahal têm
alguns dos maiores jardins persas do mundo, da era do Império Mongol na Índia.

Uma vez que os iranianos apreciam a arte em diferentes formas, a ideia


de jardim persa influenciou o traçado, decoração e descrição de outras artes
como tapete persa, cerâmica, caligrafia, música e poesia. Entre todas, o tapete
persa é uma das melhores ilustrações do jardim persa. Muitos desenhos de
tapetes são inspirados no jardim persa e é melhor dizer que o tapete persa é um
jardim persa plano com muitas árvores, flores e pássaros.

O jardim persa, mais tarde, influencia o jardim árabe e, no século XIII,


aparece na Espanha um estilo originário de ambos, o jardim hispano-árabe,
doméstico, íntimo, com vegetação graciosa e generosamente distribuída, água
em repuxos, pisos elaborados, mas de aparência natural.

Dentre as plantas e árvores usadas destacam-se as laranjeiras, as


amendoeiras, os plátanos, os ciprestes, as palmeiras, as açucenas, as roseiras,
as tulipas e os jasmins.

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4 IMAGENS

Figura 1 - Jardim do Egito

Fonte: science-rumors.com

Figura 2 - Jardim da Babilônia

Fonte: blogspot.com

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5 CONCLUSÃO

Observa-se então que o objetivo dos jardins da Antiguidade começa como


algo para ajudar na sobrevivência e praticidade e depois se tornam um lugar de
lazer, simbolismo, paz e tranquilidade espiritual e recreativa como um verdadeiro
paraíso. Suas inovações contribuíram grandemente para o paisagismo e outras
diversas áreas da ciência e construção.

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REFERÊNCIAS

[s.n.]. Jardins Persas: Uma obra-prima da arte e arquitectura iranianas. Portal


do Irão, [200-?]. Disponível em: https://iranianos.pt/jardins-persas-uma-obra-
prima-da-arte-e-arquitectura-iranianas/. Acesso em: 15 de maio de 2023.

BRASIL, History Channel. As conquistas tecnológicas mais fascinantes do


Antigo Egito. Uol, 17 de dezembro de 2019. Disponível em: As conquistas
tecnológicas mais fascinantes do Antigo Egito | History Channel Brasil
(uol.com.br). Acesso em: 12 de maio de 2023.

FABRINO MACHADO MATTIUZ, Claudia. Disciplina de Floricultura e


Paisagismo. edisciplinas.usp.br, [200-?]. Disponível em: ZINGIBERALES
(usp.br). Acesso em: 15 de maio de 2023.

MOREAU, Karine. Os jardins da antiguidade. Paisageiro, 06 de agosto de


2020. Disponível em: Os jardins da antiguidade - Paisageiro. Acesso em: 12 de
maio de 2023.

PAISAGISTA, Groot. HISTÓRIA DO PAISAGISMO - JARDINS NO EGITO


ANTIGO. YouTube, 11 de novembro de 2021. Disponível em: (219) HISTÓRIA
DO PAISAGISMO - JARDINS NO EGITO ANTIGO - YouTube. Acesso em: 12
de maio de 2023.

REDAÇÃO. Do Egito Antigo até hoje: conheça a evolução do paisagismo em


jardins. Casacor, 11 de maio de 2022. Disponível em:
https://casacor.abril.com.br/paisagismo/evolucao-jardins-egito-ate-hoje/.
Acesso em: 15 de maio de 2023.

14
RIBEIRO, Gabriela. Jardins persa. Paisagismo Brasil, 22 de fevereiro de
2016. Disponível em: JARDINS PERSA | Paisagismo Brasil (wordpress.com).
Acesso em: 12 de maio de 2023.

SU, Alisa. 20 Fatos Misteriosos dos Jardins Suspensos da Babilônia. Monstros


Misteriosos, 25 de novembro de 2017. Disponível em: 20 Fatos Misteriosos
dos Jardins Suspensos da Babilônia – Monstros Misteriosos (science-
rumors.com). Acesso em: 15 de maio de 2023.

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