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DE

APICULTURA

CURSO BÁSICO
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
2. HISTÓRICO
3. APICULTURA E BIODIVERSIDADE
4. BIOLOGIA, MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DAS ABELHAS DO GÊNERO Apis
4.1 CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA
4.2 ANATOMIA DAS ABELHAS
4.3 RAÇAS DAS ABELHAS
4.4 A COLÔNIA – ORGANIZAÇÃO SOCIAL
5. MATERIAL APÍCOLA: EQUIPAMENTOS, FERRAMENTAS E INDUMENTÁRIA
5.1 COLMEIA LANGSTROTH
5.2 INDUMENTÁRIA DO APICULTOR
5.3 EQUIPAMENTOS PARA MANEJO
5.4 EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS PARA COLHEITA
5.5 MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS APÍCOLAS DIVERSOS
6. LOCALIZAÇÀO E INSTALAÇÀO DE APIÁRIO
6.1 APICULTURA FIXA E APICULTURA MIGRATÓRIA
6.2 LOCALIZAÇÀO E INSTALAÇÀO DO APIÁRIO
6.3 INIMIGOS DAS ABELHAS
7. FLORA APÍCOLA
8. ENXAMEAÇÃO
8.1 ABANDONO E MIGRAÇÃO DE ABELHAS
8.2 COMO FAZER PARA EVITAR A MIGRAÇÃO OU ABANDONO
9. POVOAMENTO DO APIÁRIO
9.1 COLETA DE ENXAMES ALOJADOS EM ABRIGOS NATURAIS
9.2 COLETA DE ENXAMES VIAJANTES
9.3 COLETA COM CAIXAS-ARMADILHAS
10. TÉCNICAS DE MANEJO
10.1 MANEJO DAS COLMEIAS
10.2 VISTORIAS
10.3 QUANDO REVISAR AS COLMEIAS
10.4 MELHOR E HORA PARA MEXER NAS ABELHAS
10.5 TÉCNICAS DE MANEJO DA COLMEIA
10.6 ESTADO EMOCIONAL DAS ABELHAS
10.7 FINALIDADE E EFEITO DA FUMAÇA NAS ABELHAS
10.8 UNIÃO DE ENXAMES
10.9 DIVISÃO DE ENXAMES
10.10 FAMÍLIAS ZANGANEIRAS
10.11 ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL
10.12 CRIAÇÃO DE RAINHAS
10.13 POSTURA DE ABELHAS OPERÁRIAS
10.14 CONTROLE SANITÁRIO
11. PRODUTOS DAS ABELHAS
11.1 MEL
11.2 CERA
11.3 PÓLEN
11.4 PRÓPOLIS
11.5 GELEIA REAL
11.6 APITOXINA
12. POLINIZAÇÃO ( ENTOMÓFILA)
13. COMERCIALIZAÇÃO
14. COEFICIENTES TÉCNICOS
15. ORÇAMENTOS
16. ASSOCIAÇÃO
17. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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1. INTRODUÇÃO

As abelhas são insetos úteis que têm desenvolvido importantes funções


na natureza.
O homem desde cedo começou a aproveitar as riquezas produzidas pelas abelhas e, ao longo do
tempo, difundiu e explorou diferentes espécies em todos as regiões do mundo. A exploração apícola
cresceu muito depois que algumas técnicas foram difundidas, passando o homem a explorar de forma
racional.
Criar abelhas racionalmente tem sido uma atividade de sucesso. Nos Estados Unidos da América
a produção apícola alcança um valor anual aproximado de 150 milhões de dólares; no Brasil, com
todos os planos econômicos, o setor tem crescido e se mostrado lucrativo. Na Bahia, a Secretaria da
Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (SEAGRI), a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola
S.A. (EBDA) e a Federação das Associações de Apicultores do Estado da Bahia (FAABA) tem
incentivado e apoiado o desenvolvimento da Apicultura.
Este material apresenta informações básicas para iniciar uma exploração racional de abelhas,
contribuindo para o crescimento do setor e, consequentemente, do produtor e sua família.

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2. HISTÓRICO

As abelhas existem em nosso planeta a milhares de anos antes do Homem, surgindo junto com as
primeiras plantas e insetos, que já então tinham a função de fecundar as flores para a perpetuação do
mundo vegetal em troca do néctar como alimento, habitando fendas de pedras e ocos.
Somente muito tempo depois os egípcios, os gregos e os romanos registraram os primeiros
contatos com as abelhas do gênero APIS e que não só se familiarizaram com este maravilhoso inseto
"A ABELHA", bem como delas obtiveram o seu primeiro edulcorante ou adoçante natural, além da
cera e a própolis com a qual realizavam vários trabalhos, entre os quais o principal era o de
embalsamar seus falecidos nobres e reis.
A abelha passou a ser motivo de admiração pelos povos e sábios da época, que escreveram belas
páginas da história contada em lendas sacras e profanas, sendo ainda motivo de brasões e insígnias
para ornamentação dos mantos dos reis e nobres.
Existem vestígios flagrantes de que o Homem das Cavernas já conhecia as abelhas, embora não
fizesse apicultura, pelas pinturas rupestres encontradas em várias regiões do Planeta, datando de
15.000 a 8.000 anos a. C..
Na Espanha, na região de Valência, uma pintura rupestre, na Caverna de La Araña, com 7.000
anos, atesta que o Homem Pré-histórico da Península Ibérica, já tinha contato com as Apis mellifera L
Na civilização egípcia temos o exemplo vivo do interesse e apreço deste povo, pelas abelhas. Foi
nos hieróglifos gravados nos túmulos e nas paredes de outros monumentos, que encontramos os
registros mais antigos sobre as abelhas, datando de 5.500 anos a. C.
Os apicultores egípcios usavam colmeias cilíndricas, fabricadas com argila cozida, que
sobrepunham umas a outras, encasteladas. Na parte dianteira da colmeia havia um pequeno orifício
pelo qual as abelhas tinham acesso. Pela parte traseira, que podia ser aberta, os apicultores retiravam o
mel, sem serem muito perturbados pelas ferroadas das abelhas.
Era freqüente os apicultores egípcios colocarem as suas colmeias em cima de jangadas e
descerem o rio Nilo em busca das grandes floradas ciliares. Foram, talvez, que tenhamos
conhecimento, os primeiros apicultores a praticarem a apicultura migratória ou transumância. A
apicultura no Egito já devia estar muito desenvolvida e próspera, uma vez que o Faraó Ramsés III se
permitia oferendar, ao deus do rio Nilo, algumas toneladas de mel por ano.
Os gregos absorveram muitos dos conhecimentos da apicultura egípcia, contudo preferiram
fabricar as suas colmeias em terra-cota (argila modelada e cozida em forno) por ser este material, mais
resistente do que a argila. 558 anos a. C., Atenas já tinha leis de proteção às abelhas. Alguns sábios,
entre eles Aristóteles, tentavam desvendar os segredos deste inseto laborioso.
Os romanos dedicaram-se, também, à criação de abelhas utilizando não só colmeias de terra-cota,
mas, também, colmeias de cortiça, troncos vazados, colmeias retangulares, feitas com tábuas, colmeias
de vime trançado, colmeias de caules secos e outros tipos de colmeias. Virgílio, o grande poeta, na sua
obra Eneida, livro I, fala sobre as abelhas com muita poesia. O mesmo poeta dedicou o IV Canto das
Geórgicas, às abelhas, um verdadeiro tratado de apicultura.

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Na Península Ibérica desde tempos imemoriais, o uso de colmeias feitas com casca de sobreiro, a
cortiça, (daí o nome cortiço), tem sido freqüente. Ainda hoje esse tipo de colmeias vem sendo usado,
paralelamente ao emprego de colmeias mobilistas Langstroth
, Dadant, Leyens, Lusitana e outras.
Na Espanha e na Inglaterra existiam os apiários muralha, que consistiam em nichos construídos
em grossas paredes de alvenaria, nos quais eram instaladas as colmeias.
No Continente Africano os povos primitivos criavam abelhas em pedaços de troncos ocos,
fechados com argila nas extremidades, que penduravam nas árvores, ao abrigo dos predadores. Tal
comportamento observamos hoje, no Nordeste brasileiro, onde o cidadão rural pendura as suas
colmeias de abelhas nativas, sem ferrão as melíponas.
Durante a Idade Média a apicultura estagnou, por assim dizer. Os abastados senhores de nobreza
estavam muito mais empenhados nas guerras santas, de afirmação do Cristianismo, assim como a
própria Igreja. Ganhavam muito mais saqueando os infiéis, do que criando abelhas. Apenas os países
escandinavos, nessa época, tiveram um crescimento apreciável, criando a Apis mellifera lehzni.
Mas algo fervia no cadinho da civilização oprimida, que daria lugar a um extraordinário período
de interesses científico-culturais e artísticos, o Renascimento.
Mas foi no final do século XVI, depois que o microscópio foi inventado, que se fizeram os
grandes avanços no campo da Ciência. A apicultura ressentiu-se, favoravelmente, com este
movimento. Quase tudo que hoje conhecemos dos segredos das abelhas, começou nesta arrancada.
No século XVIII o alemão Schirac descobre que a abelha rainha deposita ovos iguais aos ovos
que originam abelhas operárias e que são estas que têm a capacidade de transformá-los em rainhas
fornecendo às larvas alimentação especial.
Hubert desenhou e construiu uma colmeia com quadros movíveis, que se podia abrir como se
fosse um livro. Esta colmeia que ficou conhecida como colmeia livro, tinha espaços calculados que
induziam as abelhas a puxarem um só favo em cada quadro. Esta colmeia tinha um total de 12 quadros.
No século XIX Lorenzo Lorain Langstroth estudou, exaustivamente, a colmeia livro de Hubert,
com a intenção de descobrir a razão pela qual as abelhas não soldavam os favos entre si, como
acontecia com as demais colmeias. Lorenzo Lorain Langstroth, pastor e professor de matemática,
aposentado destas atividades percebeu que o espaço calculado por Hubert, correspondia ao tamanho de
duas abelhas trabalhando em favos opostos, sem se interferirem. Imaginou, então, que reservando um
espaço correspondente ao de uma abelha, em toda a volta interna da colmeia, as abelhas não soldariam
os favos às paredes laterais da colmeia, como sempre acontecia. Deu certo! O seu raciocínio estava
correto. Ele acabara descobrindo uma medida própria para a circulação das abelhas, que talvez já
tivesse sido estudada por Hubert na sua colmeia livro, à qual chamou espaço abelha. Este espaço
corresponde às medidas de 4,8 milímetros e 9,5 milímetros. A partir daí, Langstroth desenhou e
construiu uma colmeia de quadros móveis e expansão vertical, (1851/1852) que representou um grande
progresso permitindo um desenvolvimento rápido da apicultura. Estava nascendo a Apicultura
Racional, na qual as abelhas cumprindo as suas tarefas programadas pela própria genética trabalham
para o Homem, de acordo com os interesses deste.

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Hoje, com o desenvolvimento da apicultura, as abelhas deixaram de ser vistas como insetos
perigosos e agressivos. O homem através de estudos passou a compreender o seu mundo e aprendeu a
conviver com elas respeitando as suas características e particularidades.

HISTÓRICO DA ATIVIDADE APÍCOLA NO BRASIL

Há no universo uma infinidade de espécies de abelhas produtoras de mel, desde as espécies


nativas, sem ferrão, como a Jataí e a Arapuá, até a abelha japonesa, a Apis cerana japonica. No
entanto, as que mais se prestam à polinização cruzada e produção racional de mel, pólen, cera, geleia
real e própolis, são as abelhas da espécie Apis melifera.
Assim como há diferentes espécies e gêneros de abelhas, há também dentro da espécie Apis
melifera diversas raças. As principais raças européias são: Apis mellifera ligustica L., Apis mellifera
mellifera L., Apis mellifera cárnica P. e Apis mellifera caucásica G. e as principais raças africanas são:
Apis mellifera adansonii L., Apis mellifera intermissa, Apis mellifera capensis E., e Apis mellifera
lamarekii C. . Pesquisas comprovam que as abelhas africanas são muito mais agressivas, migratórias e
produtivas do que as abelhas européias.
No Brasil, o primeiro registro autorizando a introdução de abelhas Apis mellifera foi o Decreto
do lmperador Dom Pedro I1 em Julho de 1839. O padre Antônio José Pinto Carneiro importou os
primeiros enxames em 1939/1840, trazidos da Europa para o Rio de Janeiro, onde iria formar o
Apiário Imperial.
Por volta de 1845 colonizadores alemães trouxeram para a região Sul (Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Paraná) as abelhas Apis mellifera mellifera L. Entre os anos de 1870 e 1880, o apicultor
F.A. Hanemann, trouxe abelhas italianas (Apis mellifera ligustica L )para Rio Pardo, no Rio Grande do
Sul. Entre 1873 - 1874 Brunet trouxe Apis mellifera ligustica L da Itália para o Norte e Nordeste do
Brasil. Em 1895, Dom Amaro van Emehlen trouxe abelhas Apis mellifera ligustica L, da Itália para
Olinda, Pernambuco. Em 1906, o Professor Emílio Schenk importou rainhas italianas da Alemanha e
posteriormente dos Estados Unidos, para o Rio Grande do Sul. A partir das importações e
multiplicações dos enxames ocorreu a expansão no Brasil.
A partir de 1956 a apicultura brasileira passou por uma nova fase - a introdução de abelhas
africanas. Em 1956 chegaram a Piracicaba, Estado de São Paulo, as abelhas africanas Apis mellifera
adansonii L., trazidas pelo professor Kerr para experiências genéticas. Algumas das famílias
importadas escaparam do cativeiro quarentenal, cruzando-se com as demais abelhas européias, já
existentes no Brasil. O resultado desses cruzamentos foi uma abelha mestiça de grande agressividade,
que atacava pessoas e animais indistintamente. “As abelhas européias normalmente mansas tornaram-
se um flagelo para os apicultores, que foram obrigados a destruir os seus enxames para se livrarem das
mestiças”. Foi o caos para a apicultura nacional, que caiu a índices nunca vistos, antes. Com a
dedicação de alguns apicultores, pesquisadores e cientistas que se propuseram estudar e introduzir
novas técnicas de manejo para as abelhas, o aspecto da apicultura brasileira mudou muito nos últimos
anos.”

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Hoje, após cruzamentos sucessivos, parece não existirem abelhas de raça pura no Brasil. Assim,
é mais correto você falar abelhas africanizadas do que abelhas „europa‟ ou abelhas africanas.

3. APICULTURA E BIODIVERSIDADE

As abelhas são indispensáveis ao homem, que necessita delas para garantir a produção agrícola
de sementes e frutas e a sobrevivência em 80% do mundo vegetal, além de produzirem o seguinte:
mel, geleia real, cera, própolis, pólen, apitoxina (veneno da abelha) e serviços de polinização.
A maioria das plantas nativas e cultivadas precisa dos insetos para transportar o pólen das flores
masculinas para as flores femininas. E nenhum inseto é tão laborioso como as abelhas melíferas e tão
eficaz para o aumento da produção de frutas e grãos.
Quando se pensa em aumentar a produção de lavouras e pomares, deve-se pensar também na
polinização alada como parte integrante de um conjunto de medidas técnicas.
A produção de várias culturas pode ser aumentada apenas se colocando colmeias entre as ruas da
cultura durante a florada, pois as abelhas polinizam as flores.
A produção de laranjas e limões, por exemplo, pode ser aumentada em até 35% apenas com a
colocação de colmeias entre as ruas do pomar, durante a florada. Consegue-se 39% a mais de café e
80% de soja com o uso de colmeias migratórias durante o florescimento dessas culturas.
Em São Paulo e Santa Catarina existem produtores de frutas (citros e maçã) que estão
contratando a colocação de colmeias em seus pomares, e têm conseguido bons resultados. Além disso,
as lavouras de girassol, milho, algodão, etc. são beneficiadas pela presença das abelhas.

4. BIOLOGIA, MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DAS ABELHAS DO GÊNERO Apis.

Biologia, em termos gerais, é a Ciência que estuda os seres vivos e neste material, referem-se à
vida das abelhas do Gênero Apis, seu trabalho, comportamento e características.
As abelhas são insetos que vivem em grandes sociedades constituídas em três castas:
Abelha operária, Abelha rainha e Zangão; com funções distintas e definidas para cada uma.

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4.1 CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA

Zoologicamente, as abelhas pertencem ao:


REINO: ANIMAL
FILO: ARTROPODA
CLASSE: INSECTA OU HEXAPODA
ORDEM: HIMENOPTERA
FAMÍLIA: APIDAE
GÊNERO: Apis
ESPÉCIE Apis mellifera

4.2 ANATOMIA DAS ABELHAS

O termo morfologia significa o estudo da forma, fisiologia é o funcionamento dos órgãos.


A parte externa da abelha é o exoesqueleto ou esqueleto externo, formado por uma couraça de
quitina que apresenta áreas definidas, composto por anéis (segmentos) que se interligam através de
membranas finas que permitem o movimento da mesma por serem facilmente dobráveis.
O processo de crescimento da abelha obedece às fases ovo-larva-pupa. Enquanto a cobertura não
endurece, o inseto cresce. O inseto adulto não cresce. A abelha adulta apresenta três regiões que
formam o corpo: a – Cabeça, b – Tórax e c – Abdômen. A parte que apresenta nitidamente a
segmentação em anéis é o abdômen. No tórax e na cabeça pouco se nota da segmentação inicial.

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CABEÇA:

OLHOS:
Na cabeça encontramos cinco olhos. Dois olhos compostos para enxergar longe e três olhos
simples ou ocelos para enxergar no interior da colmeia e dentro da flor.
Os olhos compostos são formados por inúmeras facetas hexagonais chamadas omatídeos. Estas
facetas são em número de 4.500 até 6.900 em cada olho, correspondendo, cada uma delas, a um
cristalino. São órgãos complexos de visão, dispostos na parte lateral da cabeça. Na parte superior da
cabeça estão localizados os três olhos simples. No zangão os omatídeos são em número de 7.500 e na
rainha 3.500, em cada olho. Cada omatídeo é um olho independente, que capta uma parte do campo
visual à sua frente.
O sistema de visão das abelhas é tricromático. Cada omatídeo comporta nove células receptivas.
Duas destas células são sensíveis à cor verde, duas à cor azul e duas à cor ultraviolela. Duas outras
células são controladoras destas cores do espectro. Assim a cor verde é fixada nas facetas inferiores do
olho. Estas oito células fornecem às abelhas uma imagem colorida dos assuntos ao seu redor,
desprovida da cor vermelha, mas registrando a cor ultravioleta.
No começo deste século Karl Von Frisch, Prêmio Nobel em 1973, descobriu que as abelhas
tinham visão colorida. Naquela época pensava-se que visão colorida era particularidade dos humanos.
Hoje sabemos que centos peixes, répteis e pássaros são, também, possuidores de visão colorida. Os
seus trabalhos não só confirmaram a visão colorida das abelhas, como também, a sensibilidade aos
raios ultravioleta. Nesta linha de conclusões, Von Frisch fotografou em ultravioleta algumas flores
visitadas pelas abelhas. Qual não foi o seu espanto, ao verificar que aquelas flores apresentavam uma
mancha escura no centro da corola e que das pétalas para o centro da flor convergiam algumas linhas

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escuras, que foram denominadas “guias do néctar”. Estas marcas são invisíveis aos olhos humanos.
Ficou esclarecido que devido a estes sinais, as flores indicam aos insetos, onde encontrar néctar.
Só no fim dos anos 40 Karl Von Frisch descobriu a sensibilidade das abelhas à luz ultravioleta
polarizada. É esta sensibilidade que permite às abelhas orientarem-se, mesmo em dias completamente
nublados.

As abelhas conseguem ver 300 imagens por segundo, contra 24 imagens do olho humano.

ANTENAS:
Em número de duas, as antenas são cobertas de pêlos sensitivos e orifícios olfativos, formando
um conjunto de 7 tipos de estruturas sensoriais. As antenas são o nariz das abelhas, como ficou
demonstrado pelo Professor Karl Ritter Von Frisch, em 1967. Experiências realizadas mostraram que a
qualidade olfativa das abelhas é semelhante à dos humanos. Todavia as abelhas operárias têm de 10 a
100 vezes mais sensibilidade para os cheiros da cera, flores e outros aromas biologicamente
significativos para elas.
Ainda, nas antenas, encontramos as células sensoriais de Johnston, localizadas no pedicelo de
cada antena. Cuja finalidade é medir a velocidade do vento, quando as abelhas estão voando.
As antenas são divididas em três partes: escapo, que é o segmento de ligação à cabeça, pedicelo,
é o segmento intermediário e o flagelo parte terminal das antenas, formado por 10 segmentos nas
fêmeas e 11 nos machos. No flagelo estão situados os órgãos do olfato, do 2o ao 9o segmentos, a
audição e o tato. Encontramos, ainda, no flagelo as cavidades olfativas, em número de 30.000 no
zangão, 3.600 a 6.000 nas operárias e 2.500 a 3.000 na rainha.

APARELHO BUCAL
O aparelho bucal é composto por um par de mandíbulas, o probóscide ou glossa (língua),
formando o maxilar e o lábio.
As mandíbulas, semelhantes a pequenas colheres achatadas, inseridas na parte inferior lateral, da
cabeça, logo abaixo dos grandes olhos são capazes de trabalhar materiais sólidos, ou sugar líquidos. Na
parte interna são ligeiramente côncavas, formando um canal de sucção. Da mesma forma que as mãos
humanas não são cortantes nem aguçadas, as mandíbulas das abelhas operárias não podem perfurar os

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frutos, porque a cutícula que os recobre é muito resistente. O mesmo não acontece com as abelhas
trigonas arapuã, conhecidas como abelhas cachorro, que conseguem perfurar a cutícula dos frutos e os
nectários, matando os frutos.
É com as mandíbulas que as abelhas nutrizes amassam o pólen para preparo da dieta alimentar
das larvas com mais de três dias. As abelhas construtoras ou engenheiras usam as mandíbulas para
manipular o própolis e amassar a cera, quando da construção dos favos.
Probóscide ou língua é uma estrutura mais complicada, cuja, função é a de sugar líquidos como o
néctar, mel e água. Outras funções são transferir alimentos entre operárias, entre operárias e a rainha e
entre operárias e zangões. A probóscide das abelhas operárias pode medir de 5,3 a 7,2 mm/mm de
comprimento, variando de raça para raça. Desta forma as abelhas melhor dotadas conseguem sorver o
néctar acumulado nos nectários mais profundos. Os apicultores conhecendo este fato devem selecionar
estirpes com esta característica. O probóscide é retrátil em forma de "Z" achatado, entre o maxilar e o
conjunto de pêlos flexíveis, que auxiliam na sucção dos líquidos para o interior da boca, através da
ação capilar. A língua colabora na coleta do pólen.

GLÂNDULAS HIPOFARINGEANAS E HIPOFARÍNGEAS


São duas, formadas por várias bolinhas chamadas ácinos, assemelhando-se a um cacho de uva.
Têm um ciclo de desenvolvimento. Os ácinos são completamente desenvolvidos em operárias com três
dias de vida adulta e, posteriormente, definham a partir de quinze dias de idade. Estão presente apenas
nas operárias. Sua função é produzir proteínas que, adicionadas a lipídios (produzidos pelas glândulas
mandibulares), mais açúcares, proteínas, aminoácidos, colesterol e água, formam a chamada geleia
real. Este alimento é dado às crias e, quando fornecido em maior quantidade a uma larva jovem (um a
três dias de idade), que seria operária em condições normais, faz nascer uma rainha, numa fantástica
mudança de casta.

GLÂNDULAS MANDIBULARES
São duas semelhantes a um saco. Têm funções diferentes na operária e na rainha. O zangão não
as possui. Na operária, o produto desta glândula serve para dissolver a cera e produzir lipídios, que,
somados aos produtos da glândula hipofaringeana, forma a geleia real. Ela também produz cheiros
característicos, chamados ferormônios. A glândula mandibular e a de cheiro produzem, por exemplo, o
ferormônio do alarme.
Na rainha, a glândula mandibular produz a chamada "substância da rainha", que é o ferormônio
de agregação, usado para manter todo o enxame coeso. Produz, também, os ferormônios sexuais, que
atraem os zangões para a fecundação, e os inibidores, que impedem a criação de novas rainhas.

GLÂNDULAS SALIVARES
São duas, semelhantes às glândulas hipofaringeanas. Formadas por numerosas células agrupadas,
produzem enzimas digestivas que têm por função auxiliar a transformação do néctar em mel. Seu
produto é usado também para limpeza.

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FARINGE
É a primeira parte do tubo digestivo, que começa próximo à boca. O néctar e a água coletados
pelas abelhas passam pela faringe para chegar à bolsa melífera quando transportados para a colmeia.

SACOS AÉREOS
Fazem parte do sistema respiratório. Estão distribuídos ao longo de todo o corpo da abelha:
ligando-se ao exterior através das traquéias.

TÓRAX:

O tórax é formado por três segmentos fortemente ligados entre si. O tórax suporta os órgãos de
locomoção da abelha, constituídos de dois pares de asas (dianteiro e posterior), membranosas,
inserindo-se na parte superior dos últimos segmentos; três pares de patas (anterior, mediano e
posterior) ligadas respectivamente no protórax, mesotórax e metatórax, na parte inferior.
As patas como todo o corpo, são cobertas de pêlos e compostas de cinco partes: coxa, trocânter,
fêmur, tíbia e tarso.
No primeiro par de patas encontram-se os pentes, as escovas e os limpa antenas. No segundo par
de patas encontra-se o esporão, que é uma espécie de alavanca, com várias funções, como retirar as
bolotas de pólen ou de própolis, transportadas nas corbículas. Na pata traseira fica a corbícula, uma
espécie de cavidade com pêlos longos que serve para fixar e transportar as bolotas de pólen e própolis
para o interior da colmeia.
Ainda na extremidade das patas, se observarmos bem, encontramos ventosas de fixação às
superfícies lisas e dois ganchos que servem de ancoragem quando as abelhas fazem barba, ou quando
estão produzindo cera.
No segmento tarsal encontramos as glândulas Arnhart ou glândulas digitais. Estas glândulas
imprimem o cheiro da colônia, na entrada da colmeia.
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As asas ligadas ao mesotórax e metatórax servem para e ventilar o interior da colmeia nos dias de
calor. Conseguem voar até 25 km/hora e a uma distância de aproximadamente 2,5km da colmeia.
As asas em número de dois pares são transparentes e possuem nervuras que lhes conferem
resistência. As asas maiores, as anteriores, medem 10 mm x 3 mm e as asas menores, posteriores,
medem 7 mm x 2 mm. Durante o vôo as abelhas acoplam as asas por meio de um engenhoso sistema
de ganchos existentes no bordo dianteiro das asas menores, aumentando, assim, a área de sustentação.
Os orifícios respiratórios, ou espiráculos, situam-se debaixo do tórax e do abdômen, guarnecidos
de membranas protetoras, estão conectados com as traquéias e estas aos sacos aéreos.

ABDOMEN:

Última ou terceira parte da abelha que suporta os seguintes órgãos fisiológicos: Vesícula melífera
para transporte de néctar e água. Proventrículo, Intestino delgado, Coração, Tubos de malpighi, quatro
pares de glândulas cerígenas que produzem cera, Glândula do cheiro ou Glândula de Thanassof.
Ampola retal, Ferrão, Reto e Ânus.
Na rainha e nas operárias, o abdômen é formado por sete anéis, enquanto no zangão por oito
anéis. O zangão não possui ferrão. O ferrão está ligado à bolsa de veneno, que é formada por duas
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glândulas. A glândula ácida e a glândula alcalina. A bolsa de veneno da rainha contém duas a três
vezes mais veneno do que a das operárias.

Na rainha, temos ainda: dois ovários, ligados aos ovidutos e a vagina, além da espermateca que é
a bolsa para armazenagem dos espermatozóides para toda a sua vida útil. No zangão, os órgãos sexuais
são formados por: pênis e testículos.

Figura – Demonstrando os órgãos reprodutivos do zangão (a) e da rainha (b).

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Na parte inferior dos 4o – 5o – 6o e 7o segmentos abdominais das abelhas operárias, encontram-se
as glândulas cerígenas ou glândulas cerieiras, onde é secretada a cera. São células hipodérmicas de
função glandular.
A glândula de Nasonov ou glândula de cheiro, situada na parte superior do último segmento
abdominal, tem as seguintes funções: orientar o pouso das abelhas campeiras, na entrada da colmeia ou
quando coletam água ou xaropes artificiais com ausência de odores. Esta glândula dificilmente é usada
na coleta de néctar e pólen, porque o cheiro destes elementos vegetais é suficiente para indicar a fonte
às companheiras.
O sistema de reprodução da rainha compreende dois ovários bem desenvolvidos e um grande
número de tubos ovarianos, 160 em média. Quando um óvulo desce pelo oviduto, provavelmente,
comprime a válvula que se encontra à saída deste, que estimula a espermateca. Esta por sua vez libera
o esperma que irá fecundar o óvulo (Ruttner, 1956). A partir dos ovários encontramos dois ovidutos
que conectam com o oviduto comum. Na extremidade deste oviduto encontramos a vagina.

4.3 RAÇAS DE ABELHAS

Como raça, entendemos um grupo de indivíduos pertencentes à mesma espécie e que transmitem
aos seus descendentes as características de um tipo definido e específico.
As abelhas, as mais antigas companheiras do ser humano, graças a sua perfeita organização, não
se modificaram , continuam iguais, mas são selecionadas em seu "habitat" original. Elas se dividem em
três raças geográficas distintas: a. Raças européias, b. Raças orientais e c. Raças africanas
Entre as raças geográficas existem inúmeras outras que se definiram por suas características próprias,
pela influência do meio em que vivem.

Raças européias:
Apis mellifera ligustica L.
Apis mellifera mellifera L.

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Apis mellifera carnica P.
Apis mellifera caucásica G.

Raças orientais:
Apis índica F.
Apis dorsata
Apis flórea
Apis meda

Raças africanas:
Apis mellifera y emenilica - Ruttnsr (19758)
Apis mellifera adansonii- L
Apis mellifera intermissa
Apis mellifera capensis - E.
Apis mellifera lamarckii - C.
Apis mellifera unicolor- L.
Apis mellifera scutellata - L.

Entre as raças mais populares, temos as abelhas italianas - Apis mellifera ligustica L., a abelha
preta ou européia Apis mellifera mellifera L.
No Brasil e já em muitos países da América do Sul predominam hoje as abelhas de origem
africana - Apis mellifera adansonii, não em estado de puras, mas cruzadas, conhecidas popularmente
como africanizadas. São altamente produtivas e resistentes a enfermidades.
São mais defensivas que as outras raças e altamente pilhadoras em função da defesa de suas
reservas de alimento. Sua introdução foi feita em 1956 para fins de pesquisa científica e sua
proliferação pelo país começou da simples fuga de alguns enxames do apiário experimental. É hoje
uma abelha perfeitamente sob controle, mas continua com acentuada agressividade, que, no entanto,
pode ser diminuída através de um programa prático de seleção contínua, pelos próprios apicultores.
A abelha adansonii é altamente prolífera e por conseqüência também enxameadora, fatores que
contribuíram para a rápida disseminação destas abelhas pelo território brasileiro e dos países vizinhos
aumentando também o número de apicultores pela facilidade de captar enxames por meio de iscas, etc.

4.4 A COLÔNIA – ORGANIZAÇÃO SOCIAL

As abelhas são insetos sociais que vivem em colônias ou famílias. Elas são conhecidas há mais
de 40.000 anos e as que mais se prestam para a polinização, ajudando enormemente a agricultura,
produção de mel, geleia real, cera, própolis, apitoxina e pólen, são as abelhas pertencentes ao gênero
Apis. A família ou colônia de abelhas é constituída por uma grande sociedade de indivíduos, dividida

16
em três castas distintas que, em média, são formadas por: a) 60.000 abelhas operárias b) Uma abelha
rainha e c) 400 zangões (aproximadamente).

4.4.1 CICLO EVOLUTIVO DAS TRÊS CASTAS DE ABELHAS


CASTA OVO LARVA PUPA TOTAL VIDA ADULTA
a – Operária.... 3 dias............... 6 dias...............12 dias............... 21 dias................ 38-42 dias
b - Rainha....... 3 dias.............. 5,5 dias...............7,5 dias............ 16 dias.................. 2-5 anos
c - Zangão....... 3 dias.............. 6,5 dias........... 14,5 dias... ..........24 dias.................. 80 dias
a e b - nascem de ovos fecundados e c - de ovos não fecundados.
34 – 35ºC é a temperatura para o desenvolvimento.

CICLO EVOLUTIVO
TEMPO OPERÁRIA RAINHA ZANGÃO
1o ao 3o dia Ovo Ovo Óvulo
3o dia Eclosão do ovo Eclosão do ovo Eclosão do ovo
3o dia ao 8o dia Larva Larva Larva
8o dia Larva Célula operculada Larva
8o dia ao 9o dia A larva é operculada; a larva A larva tece o casulo A célula é operculada; a
tece o casulo larva tece o casulo
10o ao 10o 1/2dia Pré-pupa Pré-pupa Tece o casulo
11o dia Pré-pupa Pupa Pré-pupa
12o dia Pupa Pupa Pré-pupa
*16o dia Pupa Inseto adulto Pupa
**21o dia Inseto adulto
***24o dia Inseto adulto
1o ao 3o dia Incubação e limpeza Rainha jovem Vive só para a colmeia
4o dia Começa a alim. as larvas Rainha jovem Vôos para fora
5o dia Alimenta as larvas Vôo nupcial Procura rainha -fecundar
5o ao 6o dia Alimenta as larvas jovens, A rainha é alimentada Procura rainha -fecundar
produz geleia real, faz os
primeiros vôos p/ fora
8o ao 12o dia Produz geleia real, cera, faz A rainha começa engordar Se acasalar, morre
os 1os vôos de
reconhecimento
13o ao 19o dia Trabalhos de campeiras Inicia a postura Se acasalar, morre
21o ao 30o dia Campeira Põe ovos Se acasalar, morre
31o dia Campeira Põe ovos Morre
31o ao 45o dia Coleta pólen e néctar Põe ovos
55o dia Morre Põe ovos
356o dia Pode voar com todas as
abelhas mais velhas, no
processo de enxameação
720o - 1450o dia Morre

17
4.4.2 ABELHA RAINHA

A rainha é a personagem central e mais importante da colmeia. Afinal, é dela que depende a
harmonia dos trabalhos da colônia, bem como a reprodução da espécie.
Cada colmeia, em condições normais, possui apenas uma abelha rainha, que é a mãe de todas as
abelhas e a responsável pelo equilíbrio populacional da família. Nasce aos 16 dias de um ovo
fecundado e sua transformação decorre da alimentação integral com geleia real em toda a sua vida
larval e adulta e o seu nascimento em berço especial chamado de "realeira ou célula real".
Ela mantém a unidade da família, sob "doping'', ou seja: através da emissão constante de um odor
especial, conhecido por "ferormônio", produzido e emitido pela Glândula de Thanassof, localizada na
extremidade do abdômen.
Tem capacidade de pôr 3.000 ovos por dia, fecundados ou não, sendo os fecundados para o
nascimento de operárias e os demais para zangões.
A rainha é quase duas vezes maior do que as operárias e vive cerca de três a seis anos. No
entanto, a partir dos terceiro e quarto anos sua fecundidade decai. Por este motivo, os apicultores mais
experientes costumam substituir as rainhas de suas colmeias a partir desta idade.
Quando envelhece, diminui a postura de ovos e a emissão do cheiro, fatores que fazem as abelhas
substituí-la mediante a criação de uma nova rainha e a respectiva enxameação após seu nascimento.
O apicultor pode forçar as abelhas de uma colmeia a criar uma nova rainha, retirando-a dali em
processo conhecido como "puxada natural". Uma rainha nova é mais prolífera e, assim, ajuda a manter
a colmeia mais populosa. Com isto, a produção de mel é maior, já que a colmeia, em época de florada,
precisa de muitas abelhas campeiras para coletar e transportar o néctar das flores, que não esperam.
A única função da abelha rainha, do ponto de vista biológico, é a postura de ovos, já que ela é a
única abelha feminina com capacidade de reprodução. Mas a abelha rainha desempenha um importante
papel do ponto de vista social: ela é responsável pela manutenção do chamado "espírito da colmeia"
ou seja, pela harmonia e ordenação dos trabalhos da colônia. Ela consegue manter este estado de
harmonia segregando uma substância especial, denominada ferormônio, a partir de suas glândulas
mandibulares, que é distribuída a todas as abelhas da colmeia. Esta substância, além de informar a
colônia da presença e atividade da rainha na colmeia, impede o desenvolvimento dos órgãos sexuais
femininos das operárias, impossibilitando-as, assim, de se reproduzirem. É por esta razão que uma
colônia tem sempre uma única rainha.
Quando a rainha emerge da realeira, no 16o. dia, procura, na colmeia, as outras realeiras
existentes, matando as irmãs que ainda não nasceram. Só uma rainha pode reinar em cada colônia. Se
por ventura uma das irmãs já tiver nascido, elas lutarão, corpo a corpo, até que uma delas seja vencida.
Em casos especiais, mais de uma rainha podem conviver por algum tempo.
A rainha, um ser diplóide, como as operárias, é provida, também de ferrão que usa, somente, para
brigar com outra rainha. O ferrão serve como guia para a postura dos ovos, no fundo dos alvéolos. A
rainha ovoposita um ovo, apenas, no fundo de cada alvéolo. Enquanto virgens as rainhas são chamadas
de princesas. Têm o abdômen mais esbelto e são mais ariscas.

18
Na verdade, a rainha nada mais é do que uma operária que atingiu a maturidade sexual . Ela
.nasce de um ovo fecundado, e é criada numa célula especial, diferente dos alvéolos hexagonais que
formam os favos. A rainha é criada numa cápsula denominada realeira, na qual é alimentada pelas
operárias com a geleia real, produto riquíssimo em proteínas, vitaminas e hormônios sexuais. É
precisamente esta "superalimentação" que a tornará uma rainha diferenciando-a das operárias. A geleia
real é o único e exclusivo alimento da abelha rainha, durante toda sua vida.
Ficou comprovado pelas análises químicas, que a geleia real fornecida ás larvas de rainhas,
contém 10 vezes mais ácido pantotênico e l8 vezes mais biopterina do que o alimento oferecido ás
larvas de operárias (Naydak e Vivino, 1950, citado Braga 1998).
A abelha rainha leva de 15 a 16 dias para nascer e, a partir de então, é acompanhada por um
verdadeiro séquito de operárias, encarregadas de garantir sua alimentação e seu bem-estar. Após o
quinto dia de vida, a rainha começa a fazer vôos de reconhecimento em torno da colmeia. E a partir do
nono dia, ela (podemos dizer, ainda em posição de princesa) já está preparada para realizar o seu vôo
nupcial, quando, então, será fecundada pelos zangões. A rainha escolhe dias quentes e ensolarados,
sem ventos fortes, para realizar o vôo nupcial. A fecundação da rainha é feita no ar, entre dez e trinta
metros de altura, na área de congregação dos zangões. Ao ato de fecundação chamamos vôo nupcial,
ou vôo de fecundação, ou vôo de acasalamento. O vôo nupcial acontece, por volta das 10 horas da
manhã, e 16 horas, a depender das condições climáticas, geralmente no oitavo ou nono dia de inseto
perfeito.
Para atrair os zangões de todas as colmeias próximas, a rainha libera, em pleno vôo, um
ferormônio sexual que é captado pelos machos a quilômetros de distância, e como voa em alta
velocidade e grandes altitudes, a maioria dos zangões não consegue acompanhá-la. Assim, ela faz uma
seleção natural, pois somente os machos mais fortes e rápidos conseguem segui-la. Desta competição
apenas dez até vinte zangões conseguem copular. No ato da cópula a rainha prende o testículo do
zangão, que morre gloriosamente após fecundá-la. E aí está o grande segredo da rainha, pois ela recebe
os milhões de espermatozóides do zangão, que ficarão em um reservatório de sêmen de seu organismo,
chamado espermateca. A primeira cópula acontece no primeiro vôo, que pode durar de 18 a 30
minutos; as demais são rápidas, geralmente 5 segundos, mas na maioria dos casos, 1 ou 2 segundos. O
zangão aproxima-se da rainha virgem, pela parte traseira, segurando-a pelo abdômen, com os dois
pares de patas, dianteiro e médio. Quando a rainha está segura, o zangão posiciona o abdômen da
rainha com o auxílio das patas traseiras, para realizar a cópula, o que acontece de forma muito rápida.
Neste momento o zangão lança-se para trás sobre si mesmo, ejaculando o sêmen na vagina da rainha.
Após cada cruzamento a rainha desce à colmeia, onde as operárias retiram da sua vagina, o endofalo
do zangão.
Calcula-se que a espermateca pode armazenar 4 milhões e meio de espermatozóides. Alguns
autores referem-se a um número bem maior, 5 milhões e 700 mil, que garantirão quatro de postura.
Nesta fase a rainha fica na condição de hermafrodita (fêmea e macho ao mesmo tempo) fecundada
para o resto de sua vida. Ela ainda poderá, excepcionalmente, nesta época de fecundação, realizar
outros vôos nupciais, caso a sua espermateca não esteja completamente lotada. No quarto ou quinto

19
dia, após a fecundação, a rainha inicia a postura, que pode chegar de 1500 até 2000 ovos no período de
24 horas, caso seja de boa estirpe.
O vôo nupcial que a rainha faz é o único em sua vida. Ela jamais sairá novamente da colmeia, a
não ser para acompanhar uma enxameação, isto é, parte de um enxame que abandona uma colmeia,
para formar nova colônia.
Ao retornar à colmeia, a rainha passa a ser tratada com atenção especial por parte das operárias,
que a alimentam com geleia real, limpam seus excrementos, cuidam de sua higiene. Assim, ela não
tem outra preocupação senão a da postura de ovos. Em condições favoráveis de clima e alimento
(florada), uma rainha pode botar cerca de três mil ovos por dia. Para o apicultor, o detalhe importante é
que uma colônia sem rainha não consegue, sobreviver. Caso a rainha morra, ou seja, removida da
colmeia, toda a colônia imediatamente perceberá sua ausência, justamente pela interrupção da
produção do ferormônio que induz as abelhas ao trabalho e que informa da presença da rainha na
colmeia.

Figura – Destacando a rainha da colméia.

4.4.2.1. Como nascem as abelhas

Três dias após ser fecundada, a abelha rainha começa a desovar; botando um ovo em cada
alvéolo. Os ovos são formados nos dois ovários da rainha e, ao passarem pelo oviduto, podem ou não
ser fertilizados pelos espermatozóides armazenados na espermateca. Os ovos fertilizados darão origem
a abelhas operárias e dos não fertilizados nascerão zangões. Este fenômeno - do nascimento dos
zangões a partir de ovos não fecundados - é conhecido cientificamente como partenogênese. Portanto,
o zangão nasce sempre puro de raça, por originar-se de ovo não fecundado.
É interessante saber como a rainha determina quais os ovos que serão fertilizados, ou seja, darão
origem a operárias, e quais os que originarão zangões. O processo se dá da seguinte forma: as abelhas
constroem alvéolos de dois tamanhos: um menor, destinado à criação de larvas de operárias, e outro
maior, onde nascerão os zangões. Antes de ovular, a abelha rainha mede as dimensões do alvéolo com
suas patas dianteiras. Constatando ser um alvéolo de operária, a rainha, ao introduzir seu abdômen para
realizar a postura, comprime sua espermateca, gerando, assim, espermatozóides que irão fecundar o
ovo que será depositado no alvéolo. Caso a rainha verifique que o alvéolo é destinado a zangões, ela
simplesmente introduz o abdômen no alvéolo, sem comprimir sua espermateca, depositando assim um
ovo não fecundado.

20
É importante que o apicultor saiba destas diferenças porque, caso o lote de esperma presente na
espermateca da rainha se esgote, todas as abelhas nascerão de ovos não fecundados, dando origem,
portanto, a zangões, unicamente. Neste caso, o apicultor deverá substituir imediatamente sua rainha,
para evitar que a colônia desapareça, pela falta de operárias, que garantem alimentação, higiene e
demais serviços da colmeia. A idade da rainha pode ser conhecida pela densidade dos pelos, que ficam
mais ralos com a idade.
Como atrás nos referimos, a rainha secreta odores em determinadas glândulas que se encontram
alojadas no seu corpo. São os ferormônios ou ferormônios. Atualmente são conhecidos 18
ferormônios. As glândulas mandibulares secretam o mais conhecido e estudado dos ferormônios da
rainha. Este ferormônio é composto por dois ácidos: o Oxidecenoico, representado pela fórmula 9ODA
e o Hidroxidecenoico representado pela fórmula 9HDA. O primeiro a ser identificado foi o 9ODA, o
qual foi chamado substância da rainha. A função deste ferormônio é inibir o desenvolvimento ovariano
das abelhas operárias, mantendo-as castas, atrair os zangões para o acasalamento, manter a estabilidade
comportamental dentro da colmeia, estimular o trabalho das forrageiras, dentre outras. O 9ODA já foi
sintetizado em laboratório e pode ser a chave para muitas descobertas.
As glândulas abdominais Koschevnikov situadas na cavidade do ferrão produzem um ferormônio
que atrai as abelhas operárias. Nas patas encontramos as glândulas Arnhart, ou glândulas digitais.

4.4.3 ZANGÕES

Se a rainha tem como única obrigação a postura de ovos, a principal função dos zangões é a
fecundação das rainhas virgens.
Os zangões são seres haplóides, nascem de um ovo não fecundado (óvulo). Este fenômeno de
reprodução é conhecido como partenogênese. Portanto, partenogênese é um processo de reprodução
característico de certos insetos sociais, no qual intervém, apenas, uma só célula sexual (gameta): não se
21
dá a fecundação, que é a união de uma célula feminina, com uma célula masculina. Há casos de
partenogenia, em insetos sociais, em que o óvulo dá nascimento a seres do sexo feminino. Os zangões
não têm pai, têm mãe (e avós maternos).

Os zangões são desprovidos de ferramentas para o trabalho, não possuem corbículas, nem arma
de defesa, (ferrão). São desprovidos de glândulas cerígenas. Segundo (Lensky, 1985, citado por
Braga,1998), os zangões produzem um atrativo ferormônio, quando adultos. Fecundam as rainhas
virgens e contribuem para o desenvolvimento da prole, com o calor dos seus corpos.
Os zangões nascem 24 dias após a postura do ovo e atingem a maturidade sexual aos 12 dias de
vida. Vivem de 80 a 90 dias e dependem única e exclusivamente das abelhas operárias para
sobreviver:são alimentados por elas, e por elas são expulsos da colmeia nos períodos de falta de
alimento - normalmente no outono e no inverno - morrendo de fome ou frio. O zangão não consegue
viver mais que duas horas sem alimentar-se.
Quase duas vezes maiores do que as operárias, a presença de zangões numa colmeia é sinal de
que a colônia está em franco desenvolvimento e de que há alimento em abundância. O excesso de
zangões na colmeia é prejudicial, mas pode ser evitado com o uso organizado de lâminas de cera
alveolada inteiras. O Acaro Varroa jacobsoni utiliza e prefere os alvéolos maiores para procriar; por
isso a eliminação dos favos de zangões da colmeia é medida para diminuir o Varroa.
Apesar de não possuir órgãos de ataque, defesa ou de trabalho, o zangão é dotado de aparelhos
sensitivos excepcionais : pode identificar, pelo olfato ou pela visão, rainhas virgens a dez quilômetros
de distância. Adultos entre o oitavo e décimo segundo dia do nascimento, fazem de 2 a 8 vôos
diariamente, com uma duração de 3 a 5 horas. Estes vôos acontecem, geralmente, ás 10 horas e 16
horas, em busca de rainhas virgens para fecundar. Cada zangão pode produzir cerca de 10 milhões de
espermatozóides.
Ficou comprovado por pesquisadores, que as áreas de congregação dos zangões não variam
muito de lugar nem de tamanho, com o passar dos anos. Verificou-se, também, que os zangões as
visitam em tempo quente e calmo. Estas áreas de congregação podem situar-se, a uma distância de 500
a 1000 metros dos apiários, mas mais comumente, um pouco mais longe que o raio de ação das abelhas
campeiras. Os zangões em congregação voam muito alto, sendo possível ouvir, durante algumas horas
o forte zumbido do seu voejar, muito parecido com o zumbido de um enxame migrador, ainda que não
possamos vê-los. Eles só são visíveis quando perseguem uma rainha, num vôo unido, de formação

22
compacta, formando uma mancha escura. Supõe-se que as rainhas virgens são atraídas para as áreas de
congregação, pelo cheiro de um ferormônio, não identificada, ainda, que os zangões exalam.
Quando descobrem a "princesa", partem todos em perseguição à rainha, para copular em pleno
vôo, o que acontece sempre acima dos 11 metros de altura. No vôo nupcial, uma média de oito a dez
zangões conseguem realizar a "façanha" - exatamente os mais fortes e vigorosos. Mas eles pagam um
preço alto pela proeza: após a cópula, seu órgão genital é rompido, ficando preso à câmara do ferrão da
rainha. Logo após, o zangão morre.

4.4.4 ABELHAS OPERÁRIAS

As abelhas operárias são fêmeas nascidas de um óvulo fecundado e tal qual a rainha, são seres
diplóides. Têm os órgãos de reprodução atrofiados devido ao tamanho da célula de nascimento e à
qualidade da alimentação recebida após o terceiro dia larval. As abelhas operárias são menores e não
se reproduzem. A sua função principal é a defesa da colônia, cuidar das crias, alimentá-las, coletar os
alimentos (néctar, pólen, água) além das resinas necessárias à coletividade. A abelha operária é uma
verdadeira "carregadora de piano". Afinal, ela é responsável por todo o trabalho realizado no interior
da colmeia, exceção feita à postura de ovos, atividade exclusiva da rainha. As abelhas operárias
encarregam-se da higiene da colmeia, garantem o alimento e a água de que a colônia necessita,
produzem a cera, com a qual constroem os favos, alimentam a rainha, os zangões e as larvas por nascer
e cuidam da defesa da família. Além destas atividades, as operárias ainda mantêm uma temperatura
estável, entre 33 e 36°C, no interior da colmeia, produzem e estocam o mel que assegura a alimentação
da colônia, aquecem as larvas (crias) com o próprio corpo em dias frios e elaboram a própolis,
substância processada a partir de resinas vegetais, utilizada para desinfetar favos e paredes, vedar
frestas e fixar peças. São os menores seres da colmeia, sendo, também, os que mais trabalham.
Resumidamente, as operárias respondem por todo o trabalho empreendido na colmeia. Elas
nascem 21 dias após a postura do ovo e podem viver até seis meses, em situações excepcionais de
pouca atividade. O seu ciclo de vida normal não ultrapassa os 60 dias. Mas apesar de curta, a vida das
operárias é das mais intensas. E esta atividade já começa momentos após seu nascimento, quando ela
executa o trabalho de faxina, limpando alvéolos, assoalho e paredes da colmeia. Daí a denominação de
faxineira. A partir do quarto dia de vida, a operária começa a trabalhar na "cozinha" da colmeia : com
o desenvolvimento de suas glândulas hipofaríngeas, ela passa a alimentar as larvas da colônia e sua
rainha. Chamadas neste período de sua vida, que vai do quarto ao 14° dia, de nutrizes, essas abelhas
ingerem pólen, mel e água, misturando estes ingredientes em seu estômago. Em seguida, esta mistura,
que passou por uma série de transformações químicas, é regurgitada nos alvéolos em que existam
larvas. Esta mistura servirá de alimento às abelhas por nascer. E, com o desenvolvimento das glândulas
hipofaríngeas, produtoras de geleia real, as operárias passam a alimentar também a rainha, que se
alimenta exclusivamente desta substância.
De nutrizes, as operárias são promovidas a engenheiras, a partir do desenvolvimento de suas
glândulas cerígenas, o que acontece por volta do seu nono dia de vida. Com a cera produzida por estas

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glândulas, as abelhas engenheiras constroem os favos e paredes da colmeia e operculam, isto é,
fecham as células que contêm mel maduro ou larvas.
As glândulas cerígenas ou cerieiras são células hipodérmicas de função glandular, em número de
4 pares, na face ventral do 4o. ao 7o. segmentos abdominais.
As abelhas operárias produzem a cera por metabolização do mel e pólen, consumindo,
aproximadamente, 8 kg de mel, para produzirem 1 kg de cera. Para a elaboração da cera elas
necessitam ingerir pólen, 5 ou 6 dias antes de iniciarem o processo de fabricação, porque precisam de
proteínas para adequar o desenvolvimento das células produtoras. Para poderem iniciar a produção de
cera, as abelhas precisam de uma temperatura ambiental de 35 ºC.
As abelhas operárias constroem vários tipos de células: as células de operárias são as menores,
hexagonais, medindo cerca de 5mm: as células de zangão, igualmente hexagonais, mas maiores que as
de abelhas operárias, medindo 7mm, aproximadamente. As realeiras, bem maiores que os alvéolos, são
de dois tipos: a realeira de emergência e a realeira de enxameação, como veremos adiante.
As células de transição, são células que as abelhas operárias puxam, não sendo todas com o
mesmo formato. Esta células são construídas para preencher fendas e espaços vazios da colmeia, ou
ligando favos de captura.
A glândula do veneno ou glândula venífera, encontra-se alojada na parte posterior interna do
abdômen e ligada ao ferrão. As abelhas só usam o ferrão se forem molestadas. O ato de ferroar
representa, para elas, a condenação à morte.
Além deste trabalho, estas abelhas passam a produzir mel, transformando o néctar das flores que
é trazido por suas companheiras. Até esta fase, as operárias não voam.
A partir do 21° dia de vida, as operárias passam por nova transformação : elas abandonam os
trabalhos internos na colmeia e se dedicam à coleta de água, néctar, pólen e própolis, e à defesa da
colônia. Nesta fase, que é a última de sua existência, as operárias são conhecidas como campeiras.
Elas colhem o néctar das flores com suas compridas línguas (conhecidas também como glossas).
O produto ë armazenado em sua vesícula melífera (papo de mel), que também transporta a água
coletada. Quando retornam à colmeia, as campeiras transferem o néctar que colheram às engenheiras,
que vão retirar o excesso de umidade e transformá-lo em mel.
Além do néctar das flores, as campeiras trazem outro importante alimento para a colmeia : o
pólen, conhecido como o "pão das abelhas", que também é estocado nos favos. As campeiras coletam
o pólen com o auxílio de suas penugens, e armazenam o material em suas cestas de pólen, situadas nas
tíbias das patas traseiras.
Finalmente, as campeiras coletam a resina que será transformada em própolis com o auxílio de
suas mandíbulas e penugens, que é transportada nas cestas de pólen, situadas nas tíbias das patas
trazeiras.
Assim como a rainha as abelhas operárias também produzem ferormônios. Nas glândulas
mandibulares elas secretam um ferormônio semelhante ao 9-HDA da rainha, o 10-HDA. O ferormônio
9-HDA pode ser produzido pelas abelhas operárias, caso a colmeia fique órfã.

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A glândula Nasonov ou glândula de cheiro, quando estimulada fica aparente. Esta glândula
secreta o mais conhecido dos odores de orientação e na sua composição encontramos 7 elementos
químicos voláteis. O maior componente da secreção Nasonov, é o geraniol, mas o mais atrativo é o
ácido gerânico. A função deste ferormônio é de orientação e de alerta, de um modo geral: orientação
durante o ato de enxameação e no pós- enxameação, orientando as abelhas dispersas a encontrarem a
nova moradia. Também indicam a presença da rainha na nova moradia; de alerta, quando notam a
presença de um intruso.
As abelhas operárias secretam ainda mais dois ferormônios de alarme, dos quais, o mais eficiente
é o acetato de isopentyl, produzido e liberado pela glândula do veneno, quando as abelhas estão
coléricas ou quando perdem o ferrão. Esta substância que tem o mesmo cheiro da banana madura, atrai
as demais abelhas da colônia, incentivando ao ataque.
Outro ferormônio é produzido pelas glândulas Arnhart, também conhecidas como glândulas
digitais, responsáveis por imprimirem cheiro da colônia na entrada da colmeia.
Uma das mais graves ocorrências numa família de Apis mellifera L. é, sem dúvida, a perda da
sua rainha. Caso as abelhas operárias não tenham condições de criar uma nova rainha, por falta de ovos
ou larvas jovens, a família estará fadada a tornar-se zanganeira e consequentemente desaparecerá. Em
ocorrências como esta, as abelhas operárias são capazes de detectar a ausência da rainha num prazo de
10 horas .
Os primeiros sintomas ou mudanças no comportamento das abelhas operárias são; uma aparente
agressividade, correr desordenadamente para fora da colmeia e um som triste, que emitem, por
vibração das asas, a que os apicultores chamam o choro das abelhas.
No prazo de 12 a 48 horas as abelhas operárias começam a construção de células reais de
emergência (realeiras), alargando células de operárias onde já existem ovos ou larvas jovens,
continuando a fornecer-lhes alimentação especial. Geralmente as abelhas operárias usam as larvas de
ate dois três dias, porque as larvas mais jovens produzem melhores rainhas.

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4.4.5 ORIENTAÇÃO DAS ABELHAS

As abelhas são dotadas de processo de orientação excepcional, que é baseado, principalmente,


tendo o sol como referência.
Para retornar à colmeia, por exemp1o, as campeiras aprendem a situar sua habitação assim que
fazem os primeiros vôos de treinamento e reconhecimento. Nestes primeiros vôos, as campeiras
aprendem a situar a disposição da colmeia em relação ao sol, registrando uma posição de que jamais se
esquecem. Trata-se de uma espécie de “memória geográfìca”.
Este processo de memorização abelhas é muito importante para o apicultor, pois diversas práticas
e métodos de manejo foram desenvolvidos a partir deste conceito, como veremos em outros capítulos.
A título de exemplo, vamos imaginar a seguinte situação: num dia de sol, as campeiras saem à
busca de alimento para a família e sua colmeia é transferida a 15 metros do local onde se situava. Em
razão da sua "memória geográfica", todas as campeiras que saíram e estão retornando do trabalho não
encontrarão a colmeia e ficarão voando ao redor do local onde se encontrava a caixa, até morrerem, de
fome, cansaço ou frio. Em uma palavra: elas registram o local e ficam incapazes de descobrir o novo
endereço da colmeia.
É interessante saber que as abelhas possuem a rara propriedade de enxergar a luz do sol (que é
seu referencial) mesmo nos dias nublados e encobertos, graças à sua sensibilidade à radiação
ultravioleta emitida pelo sol.
As abelhas utilizam o mesmo sistema de orientação - sempre tendo o sol como referência - para
guiar suas companheiras em relação às fontes de alimentos recém-descobertas.
Neste caso - quando querem informar sobre a localização de fontes de alimentos - as abelhas
campeiras transmitem a informação por meio de um sistema de dança: quando a fonte de alimento está
situada a menos de cem metros da colmeia, a campeira executa uma dança em círculo, e, quando a
fonte de alimento está localizada a mais de cem metros, a campeira dança em requebrado ou em "oito".
Nas duas situações, a campeira indica a direção da fonte de alimento pelo ângulo da dança, em
relação à posição do sol.

26
5. MATERIAL APÍCOLA: EQUIPAMENTOS, FERRAMENTAS E INDUMENTÁRIA

A colmeia é a moradia ou casa das abelhas, construída sob medida com base no espaço-abelha
(6-9 mm) e no fator de que as abelhas adotam sempre o mesmo padrão de construção dos favos.
A colmeia, também chamada de mobilista, proporciona à família ou colônia de abelhas as
condições naturais e ideais para o trabalho, com espaço para o desenvolvimento da prole,
armazenamento do mel, do pólen, boa circulação de ar e abelhas em toda a colmeia.
O apicultor com tendência a inventar criou, ao longo dos anos, centenas de modelos de colmeias.
Caracterizando aspectos regionais, culturais e ecológicos, além do próprio jeito do apicultor fazer as
coisas. .
No Brasil, a primeira colmeia racional ou mobilista foi criada por Emílio Schenck, que teve por
objetivo o aproveitamento da madeira disponível na época, bem.como a defesa contra o frio intenso do
Sul.
Logo, outras colmeias foram criadas e introduzidas, como a colmeia Schirmer, colmeia Curtinaz
e outras adaptações nos modelos originais.

27
Todas produzem mel, quando a produção depende mais da florada e espaço do que da grife da
colmeia para boas safras.
Podemos considerar como colmeia ideal aquela que também atenda melhor a biologia da abelha.
Entre os vários modelos a colmeia Langstroth é a mais usada em todo mundo, e no Brasil é
considerada padrão.
A padronização da colmeia Langstroth, pela maioria dos países, visa a uniformização de manejo,
uso de equipamentos e acima de tudo facilitar a fabricação em série para barateamento do custo,
intercâmbio e comercialização. No entanto, não é lei para uso obrigatório.
Por ser a mais adotada no Brasil, vamos apenas descrever em detalhes e medidas a colmeia
Langstroth, sendo que as características das demais (Schirmer e Curtinaz) podem ser obtidas
diretamente com os autores, bem como em outra literatura nacional.

5.1 COLMEIA LANGSTROTH

Esta colmeia, igualmente conhecida por colmeia standard ou americana, criada por L.L.
Langstroth há mais de cem anos, sofreu pequenas alterações durante o período. É de expansão vertical,
atende a biologia da abelha e pode ser comprada em todas as lojas de material apícola ou mesmo
construída em casa, a partir de uma colmeia-modelo e sobre a orientação deste material. Presta-se para
uso com componentes unificados permitindo e facilitando o remanejamento ou rodízio dos quadros.
Esta é a colmeia de Langstroth, com fundo e tampa de construção simplificada e de fácil
confecção pelo apicultor.
São inúmeras as vantagens oferecidas pelas colmeias Langstroth, como podemos ver abaixo:
a) - é de expansão vertical e fria, boa, portanto para o clima do Nordeste brasileiro.
b) - tem fundo reversível, que permite o seu uso em regiões temperadas e frias.
c) - é desmontável, de fácil manejo, permitindo o acesso livre aos vários estágios que a compõem.
d) - tem amplo alvado que permite entradas e saídas rápidas das abelhas.
e) - o espaço interno é bem distribuído, permitindo uma boa círculação das abelhas;
f) – os quadros, do tipo Hoffman, têm espaçador automático.
g) – sendo uma colmeia universal, torna-se mais fácil, para o apicultor, encontrar os componentes
avulsos
Qualquer madeira serve para confeccionar as caixas, embora seja melhor de pinho ou cedro, bem
seca. Aconselha-se escolher uma madeira leve e resistente ao apadrecimento. Na Europa são muito
usadas as madeiras de pinho, abeto, plátano e outras. No Brasil usamos o pinho, o cedro do Pará, o
ático, o pau paraíba, canela e algumas outras, conforme a região
Para imunizá-la contra apodrecimento prematuro, a madeira deve ser mergulhada em solução
quente de:
50% de querosene
45% de parafina
05% de cera de abelha.
*Pintar a colmeia externamente de azul claro, alumínio ou amarelo; não pintar internamente.
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*Identificar com o Código da Carteira Nacional de Apicultor - CBA.
*As medidas são em milímetros, internas para os ninhos e externas para os quadros. Para o fundo
e tampa, simplificados ou padrão, as dimensões são as mesmas.
*O ALVADO TEM 50mm PARA FACILITAR O USO DO APANHADOR DE PÓLEN

Os espaços entre os quadros, as paredes laterais e a tampa, tecnicamente, podem variar de 6mm
(mínimo) a 9mm (máximo), para permitir o tráfego rápido e fácil das abelhas pelo interior da colmeia.

MEDIDAS OFICIAIS DA COLMEIA LANGSTROTH (em milímetros)


a.1 NINHOS
Comprimento .........................................465
Largura...................................................370
Altura .....................................................240
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a.2 - FUNDO
Comprimento .........................................555
Largura ..................................................410
a.3 - TAMPA
Comprimento .........................................545
Largura ..................................................440
b.1 - VARETA SUPERIOR
Comprimento ........................................481
Largura ...................................................25
Espessura ................................................20
b.2 - ACABAMENTO DA VARETA NAS PONTAS
Comprimento .........................................25
Largura ..................................................15
Espessura ...............................................12
b.3 - PEÇAS LATERAIS
Comprimento ............................:............233
Largura ....................................................35 e 25
Espessura ................................................10

Nas pontas das peças há um corte de 15mm de largura por 12mm de profundidade para encaixe
das varetas superiores e inferiores.
b.4 - VARETA INFERIOR DO QUADRO
Comprimento .........................................450
Largura ....................................................15
Espessura .................................................12

5.2 INDUMENTÁRIA DO APICULTOR

Todo apicultor, como qualquer profissional, deve usar roupa e ferramentas que possibilitem o seu
trabalho com segurança e tranqüilidade.

5.2.1 MACACÃO E JALECO


É a vestimenta do apicultor para se proteger das ferroadas das abelhas durante o trabalho no
apiário ou com abelhas em geral.
Feito no tamanho integral, com mangas e punhos providos de elástico e fechamento com zíper no
lugar dos botões. Pode ser confeccionado com ou sem máscara, com amplos bolsos para as
ferramentas, largo (não apertado) para evitar excesso de suor e a passagem de um possível ferrão. Cor

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recomendada: branco, que evita o pouso de abelhas durante o manejo. Encontramos macacão de tecido
(ideal é o algodão) e nylon (bastante ventilado – ideal para regiões quentes).
Jaleco é um lançamento novo preferido por muitos apicultores por ser fácil de vestir e mais
barato. Constitui-se de um blusão com máscara acoplada que é usado com calça grossa tipo jeans.
Sendo uma peça única, blusa e máscara, oferece proteção garantida ao rosto.
Muitos apicultores em vários países estão adotando os macacões chamados ecológicos pela sua
integração na paisagem, onde estão localizados os apiários. Constituem-se de macacões iguais ao
modelo padrão, estampados com folhas, árvores ou desenhos imitando a floresta etc. (Correspondem à
roupa de camuflagem usada pelos soldados na guerra.)

5.2.2 MÁSCARA
Esta tem a finalidade de proteger o rosto do apicultor contra as ferroadas das abelhas. Uma boa
máscara, de preferência deve ser dobrável para facilitar o transporte e ser confeccionada em tecido
branco com visor em tela, malha de 1 mm em cor preta para facilitar a visibilidade.
Existem inúmeros tipos, em telas de arame, plástico, tecido ou filó, sendo a maioria feita pelo
próprio apicultor, mas são encontradas em todas as casas de comércio do ramo.
A máscara, quando em uso, deve ser complementada com um chapéu de aba rígida para suportar
o peso da máscara.
Na base, a máscara tem uma extensão em tecido ou tela para fixá-la no corpo, à prova de abelhas.
Algumas máscaras, principalmente na Europa, tem até abertura com ziper para fumar e tomar água.

5.2.3 LUVAS
São iguais a todas, fabricadas em material a prova de ferrões, como: vaqueta, que são as
melhores, em curvin branco ou tecido branco reforçado. Todas elas tiram a sensibilidade dos dedos,
dificultando o trabalho e, por isso, o apicultor não gosta de usá-las. Devem ser empregadas sempre que
necessário para evitar surpresas desagradáveis.

5.2.4 BOTAS
Um par de botas brancas completa a indumentária do apicultor. São botas de uso normal de meio
cano ou longo, com preferência também para os coturnos usados pelos militares, com fechamento
seguro por cordão. Alguns apicultores, quando não encontram botas brancas, pintam as pretas de
branco. O preto irrita e incentiva as abelhas ao ataque.

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Figura – Indumentária completa e adequada para o manejo no apiário.

5.3 EQUIPAMENTO PARA MANEJO

5.3.1 FUMEGADOR
É o equipamento mais importante na lida com abelhas. É o fuzil do apicultor para se defender da
agressividade. Empregado desde os primórdios da apicultura, não foi substituído, mas cada vez mais
aperfeiçoado, com inovações, todas tentando ampliar a capacidade de fazer fumaça. Constitui-se de
FOLE e FORNALHA e varia em forma e tamanho.

1 2

Figura 1 - Partes que compõem um fumigador: Fumigador montado (A) tampa, (B) fole, (C) fornalha,
(D) grelha, (E) bico de pato.

Figura 2 – Fumigador Montado.

* QUALIDADES QUE DEVE TER UM BOM FUMEGADOR


01. Facilidade para abastecer a fornalha;
02. Não deve jogar faíscas. em cima das abelhas;
03. Facilidade para acender;
04. Não deve apagar durante o uso;
05. Tapando a saída da fumaça (boca) deve agüentar mais de 5 horas sem apagar;
06. Deve ser leve e de fácil manejo;
07. Deve produzir bastante fumaça;
08. Deve durar pelo menos 5 anos no uso;
09. Deve produzir fumaça fria.

Em resumo que produza fumaça abundante e sem interrupção.


32
5.3.2 FORMÃO DO APICULTOR
Ferramenta ou utensílio, também conhecido por espátula, é indispensável no manejo das
colmeias para desgrudar e levantar a tampa, soltar os quadros, raspar a própolis e auxiliar a limpeza da
colmeia. Constitui-se de um pedaço de lâmina de aço de 20cm de comprimento por 2 a 2,5cm de
largura, conforme mostra o desenho.

5.3.3 PEGADOR E LEVANTADOR DE QUADROS


É uma ferramenta preferida por muitos apicultores porque serve ao mesmo tempo como espátula
e para levantar os quadros da colmeia. É constituído de uma espátula com garras para levantar os
quadros, conforme desenho a baixo (2).

5.4 EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS PARA COLHEITA

5.4.1 CENTRÍFUGA
Centrífuga ou extratores de mel servem para retirar o mel dos alvéolos dos favos pela força
centrífuga, sem destruir os favos, podendo ser reaproveitados na colmeia, aumentando a chance de
produzir mais mel.

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Existem vários modelos e tamanhos no mercado:
Centrífuga Facial: tira o mel de um lado por vez, necessitando o quadro ser virado umas duas vezes.
Centrífuga Radial: os quadros ficam dispostos ou colocados no raio do círculo de rotação. São de
maior rendimento e preferidas pelos grandes apicultores.

Centrífuga Horizontal e Vertical: são pouco usadas; a primeira é indicada para apicultores amadores
por ser de pequena produção, e a segunda é exclusivamente para grandes apicultores.
As centrífugas ainda podem ser automáticas, com controle eletrônico, elétricas ou manuais.
Ainda existe a Centrífuga Integral da APILANI, que extrai o mel sem provocar aeração ou qualquer
alteração no produto.

5.4.2 DESOPERCULADORES
São ferramentas ou máquinas para desopercular os alvéolos ou células fechadas dos favos, ou
remoção do opérculo, que é uma espécie de selo ou tampa do favo.

Existem:
A) garfos desoperculadores (são os mais usados);
B) facas desoperculadoras (a frio, a vapor ou elétrica);
C) desoperculadora semi-automática (com lâmina de aço vibratória);
D) desoperculadores automáticos (que fazem a desoperculação automaticamente nos dois lados,
através de corrente, rolos dentados ou facas vibratórias aquecidas).

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5.4.3 TANQUES DECANTADORES
São tanques verticais ou horizontais onde o mel recém-centrifugado deve descansar para
separação das impurezas por suspensão ou sedimentação por gravidade. Neles o mel deve ficar de 24 a
48 horas antes de ser envasado.

5.4.4 TANQUES ENVASADORES


São os mesmos de posição vertical, providos de uma torneira tipo facão para envase. O tamanho
ou capacidade dos tanques varia de acordo com a necessidade da produção (100-200-500-1000).
Construção em aço inoxidável.

5.4.5 FILTROS PARA MEL


São necessários para completar a retirada das impurezas no mel. Também conhecidos como
coadores, podem ser simples, por gravidade ou por pressão. Elemento filtrante náilon ou qualquer
tecido apropriado.

5.4.6 MESA DESOPERCULADORA


É uma mesa de formato retangular construída em aço inoxidável, com espaço correto para os
quadros e receptáculo para receber os opérculos e deixar escorrer o mel. Existem formatos e tamanhos
diferentes de acordo com o volume da produção.

5.5 MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS APÍCOLAS DIVERSOS

5.5.1 TELA ANTIPILHAGEM


É um pequeno quadro de 15 X 14cm, feito de réguas de 2 X 2cm, com tela pregada em um dos
lados.
O quadro de tela, colocado de um lado do alvado, permite ventilação, enquanto as abelhas saem
normalmente pelo lado do quadro, as ladras pilhadoras tentam penetrar pela tela, onde nada
conseguem. É usado para combater pilhagem e invasão de outros inimigos. Muito usado nos EUA
pelos criadores de rainhas.

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5.5.2 COLETORES DE PÓLEN
São aparelhos, também conhecidos por apanhadores de pólen ou trampas de pólen, que nada
mais são que uma armadilha para roubar ou raspar o pólen das patas das abelhas ao passar pela tela do
coletor para entrar na colmeia.
Consistem em duas partes: uma tela ou chapa plástica ou de arame com furos (4,5-5,0mm) para
raspar as bolotas de pólen das patas (traseiras) ao passar pelos mesmos. E segundo, uma bandeja
receptora de pólen.

Figuras – Coletores de pólen – Mostrando cocho (a) e tela com furos de 4,5 a 5mm (b).

5.5.3 SACO COLETOR DE ENXAMES


Também conhecido por pegador de enxames é um instrumento útil ao apicultor para coletar
enxames pousados em árvores ou galhos altos de difícil alcance.
É formado por um saco de tecido ou, melhor, tela fina para permitir a ventilação e montando num
arco de ferro com suporte de um cabo e um dispositivo para fechar o saco através de um cordão (tipo
atavanca).

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5.5.4 EMBALAGENS PARA MEL
Para embalar o mel, o apicultor deve dar preferência sempre a vasilhames novos. Nunca usar
embalagens empregadas em produtos tóxicos. Na hipótese da inexistência das recomendadas, então,
em caráter emergencial poderão ser utilizadas outras, que devem ser protegidas internamente com uma
fina camada de cera, caso já não estejam envernizadas.
Os vasilhames deverão ser cheios inteiramente para reduzir o espaço ocupado pelo ar. Nunca
deixá-los com a tampa aberta.

1 2 3 4 5
Figuras – Embalagens para Consumidor: Embalagens Plásticas (1); Embalagens de Vidro (2), apesar
de mais caras, são as melhores para o mel. Embalagens para Estocagem: Tambores (3); Latas (4);
Plásticas (5).

5.5.5 TELA EXCLUIDORA


É feita de arame ou chapa galvanizada; serve para isolar a rainha no ninho ou outro fim.
Corretamente usada, aumenta a produção de mel em até 30%. Necessária também para criar rainhas.

5.5.6 CILINDRO ALVEOLADOR


Ë utilizado para produção de lâminas de cera alveolada.

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5.5.7 CAVALETE PARA TRANSPORTE DE COLMEIAS

5.5.8 ESCAPE ABELHAS


Tem a finalidade de permitir o tráfego de abelhas em um único sentido.
Para coleta de mel.

5.5.9 SOLDADOR ELÉTRICO


Ë utilizado para fixação das lâminas de cera no arame do quadro.

5.5.10 ESPANADOR ou VASSOURINHA


Especial para varrer as abelhas dos favos, útil na coleta de favos da
colmeia.

5.5.11 ESTICADOR DE ARAME


Auxilia a colocação do arame bem esticado.

Figura – Esticador de arame para quadros de favos (A); e Quadro de Melgueira (B).
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5.5.12 ALIMENTADOR Boardmann
É um alimentador externo de comunicação interna. Confeccionado em madeira, com um
recipiente de vidro, ajustável, que serve como depósito do alimento artificial a ser fornecido às
abelhas.

5.5.13 CARRETILHA
É usada para fixação da cera alveolada aos arames dos quadros.

5.5.14 REDUTOR DE ALVADO


Existem dois tipos de redutor de alvado; um para colmeia, outro para o núcleo. A finalidade deste
acessório é reduzir o alvado, de colmeias fracas, além de dificultar a entrada das abelhas estranhas à
colônia.
Na intenção de diminuir os encargos fiscais sobre os equipamentos destinados à criação de
abelhas e produção de mel, o Governo Federal, pelo seu Ministro da Fazenda, baixou a Portaria No.
120, de maio de 1983.

6. LOCALIZAÇÃO E INSTALAÇÃO DE APIÁRIO


6.1 APICULTURA FIXA E APICULTURA MIGRATÓRIA

A apicultura fixa é aquela em que o apiário fica sempre no mesmo local. É um sistema indicado
para criações pequenas, sem grande interesse comercial. Ocupa menos o tempo do apicultor, mas não
permite grandes produções de mel.

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As floradas de uma região não aparecem durante o ano todo e, por esse motivo, há períodos de
falta de flores durante os quais as abelhas não têm material para produzir mel e cera. Além disso, o
trabalho das abelhas é maior na coleta do néctar, resultando menos mel com o tempo de trabalho.
Nesse tipo de apicultura há a necessidade de fornecimento de alimentação artificial durante as
épocas de floradas fracas, ou de deixar sempre alguns favos de mel durante a colheita, para servirem de
reserva de alimento durante os meses sem flores. Não sendo tomadas essas medidas as colmeias ficam
fracas e com população pequena, por falta de alimento.
Na apicultura migratória, as colmeias são mudadas de lugar três ou mais vezes por ano, levadas
para as regiões onde existem floradas fortes. As abelhas não precisam buscar as flores em longas
distâncias e, o tempo de busca sendo menor, o rendimento do mel é bem maior. Em razão da
abundância de flores, a postura da rainha é maior, resultando em colmeias mais populosas e fortes.
Uma colmeia que foi mudada de local três vezes em um ano produz de três a quatro vezes mais
mel do que uma colmeia fixa. Além disso, colmeias bem alimentadas são mais resistentes a doenças e
mais fortes para combater seus inimigos naturais.
Pode-se também afirmar que nas áreas que recebem as abelhas, a fecundação das flores é maior e
melhor, dando produções maiores nos pomares, lavouras e pastos.
Todos os apicultores que observam com cuidado a flora apícola de suas regiões sabem que
devido às pequenas variações de clima, as plantas cultivadas e silvestres adiantam ou atrasam o
lançamento de suas flores, resultando em floradas em dias diferentes, mesmo em áreas situadas a
pequenas distâncias.
A apicultura migratória aproveita esse fato, transportando as colmeias para junto das floradas e
aumentando o período de produção de mel das colmeias. Nesse sistema de criação não há necessidade
de alimentação artificial, porque sempre se encontra flores suficientes para sustentação das colmeias.
Para a migração das colmeias o apicultor deve conhecer bem o tipo de pasto apícola e a época de
florescimento das plantas que existem em maior quantidade em sua região. Além disso, precisa estar
percorrendo com freqüência a região onde costuma levar suas abelhas para verificar as épocas e
condições das floradas e obter o consentimento dos donos das propriedades onde pretende colocar suas
abelhas.
O transporte é feito em caminhões, durante a noite ou de madrugada, antes que o sol esquente. O
sol forte do dia aquece muito as colmeias, causando derretimento dos favos e soltando-os dos quadros.
Durante a viagem as tampas das colmeias são retiradas e trocadas por uma tela para melhorar a
ventilação. Alguns chumaços de algodão, molhados com água, colocados sobre a tela, ajudam a manter
fresca a temperatura da colmeia. O caminhão deve viajar em velocidade pequena, com cuidados nas
curvas, buracos e lombadas, como se estivesse transportando louça.
A apicultura migratória está se tornando o sistema preferido pelos apicultores comerciais do
estado de São Paulo, por exemplo, porque com ela se obtém maiores produções e sanidade das
colmeias.
Com o surgimento de extensa área de culturas mecanizadas, derrubadas da vegetação nativa para
dar lugar a imensos reflorestamentos com essências florestais melíferas ou não e ainda o perigo dos

40
inseticidas para as abelhas, a sobrevivência futura da apicultura vai depender da migração para
procurar novas fontes de alimento, como também, fugir com as colmeias, quando da aplicação de
inseticidas nas culturas próximas ao apiário.
Por outro lado, os extensos pomares e outras culturas já reclamam a presença urgente de abelhas
para manter sua frutificação e qualidade da produção e que encontram na apicultura migratória a
grande solução, a exemplo dos países com agricultura desenvolvida.
A nova modalidade de exploração apícola, além de significar um incentivo para a apicultura
industrial, é também o caminho para possibilitar a prestação de serviços de polinização estomófila com
abelhas nos pomares e culturas.

VANTAGENS DA APICULTURA MIGRATÓRIA:


1. Melhor aproveitamento das floradas como reservas naturais, pois permite acompanhar as floradas.
2. Proporciona maior produção de mel com média entre 100/200 quilos colmeia/ano.
3. Contribui para manter as colmeias sempre populosas, representando maior produção com maior
potencial de abelhas campeiras.
4. Possibilita uma estrutura técnica e operacional para contratação de serviços de polinização.
5. Proporciona melhor proteção contra envenenamento das abelhas por inseticidas através da
localização mais adequada dos apiários.
6. Dispensa qualquer alimentação artificial de subsistência ou estimulante.

DESVANTAGENS
1. Maior custo operacional para transporte e manutenção dos apiários.
2. Necessidade de equipamentos especiais.
3. Necessidade de técnica especial.
4. Substituição antecipada das rainhas pelo esgotamento físico da constante atividade de postura.

A apicultura migratória será o futuro da exploração apícola no Brasil, como melhor solução para
o aumento da produção e o maior aproveitamento do potencial apícola brasileiro, um dos maiores
ainda disponíveis no mundo.
Como exigências especiais, além dos equipamentos convencionais para a apicultura industrial,
são necessárias mais o seguinte:
1. Veículo equipado com guincho especial para o transporte das colmeias de acionamento mecânico,
elétrico ou hidráulico.
2. Dispositivos especiais para fixação dos conjuntos de colmeias para viagem. O sistema mais usado é
o de fitas metálicas ou plásticos fixados com esticador ou fivelas.
3. Uso de quadros com armação reforçada para evitar o rompimento ou quebra durante a viagem. O
uso de lâminas alveoladas plásticas representa uma boa solução na apicultura migratória, conforme já
vem sendo usado nos EUA.
4. Necessidade de estradas para o acesso às áreas de boa pastagem apícola.

41
5. Levantamento prévio e arrendamento das áreas para a localização dos apiários.

Apicultura migratória é o caminho para atender as necessidades de polinização dos pomares e


culturas para a produção de sementes e frutas. E o Brasil, como um dos principais produtores de
alimentos do mundo, não pode dispensar a participação das abelhas para garantir a produção, quando
os outros insetos de polinização estão sendo destruídos progressivamente pela aplicação cada vez mais
intensa e descontrolada dos defensivos agrícolas.

6.2 LOCALIZAÇÃO E INSTALAÇÃO DO APIÁRIO

Mesmo depois de confirmada a existência de boa flora apícola é recomendado começar com, no
máximo, cinco colmeias e ir aumentando à medida que adquirirmos mais experiência, a não ser
quando já se conhece a região.
Em resumo, a localização deve atender o seguinte:
1 - existência de boa florada para o número de colmeias previsto;
2 - segurança, quanto a animais, pessoas e trânsito de tratores, máquinas agrícolas, automóveis; afastar
as colmeias a uns 150-200 metros das vias de trânsito;
3 - dê fácil acesso ao apiário;
4 - onde não haja ventos fortes e como medida de segurança o apiário pode ser colocado em campo
aberto, de forma a facilitar a linha de vôo ou então em área isolada com cerca viva;
5 - evitar a proximidade de residências e locais com movimento de pessoas, veículos escolares, luzes
etc.
6 - selecionar um local com fácil defesa contra ataque de formigas.

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6.2.1 ESCOLHA DO TERRENO
O apiário deve ser instalado em terreno plano e seco, ter uma boa qualidade de drenagem, para
que após as chuvas não permaneça alagadiço. Deve ser um terreno onde haja bastante vegetação
arbustiva, rasteira e arbórea, boa como pasto apícola. Grandes áreas de pasto abandonado, capoeiras
não muito sombreadas, são de ótima qualidade para a instalação de apiários.
Devemos evitar os vales profundos, geralmente úmidos e com pouco sol. A meia encosta é
considerada boa para instalação de apiários, porque as abelhas sobem leves e retornam carregadas com
o produto da coleta. É indispensável a presença de água potável para uso das abelhas, que a consomem
em grande quantidade.
Em regiões secas como o Nordeste Brasileiro, é muito importante que as abelhas não se
desgastem no transporte de água à distância. Assim o apicultor tem que providenciar água que diste
100 ou 200 metros do apiário, como veremos mais adiante. Não se recomenda instalar os apiários junto
aos brejos e águas paradas, que representam focos de doenças. Na falta de água corrente recomenda-se
instalar um reservatório de água de 200 ou 500 litros, com tampa, com uma torneira que fique
gotejando sobre uma tábua inclinada ou sobre pequenas pedras (brita). Estes cuidados resolvem o
problema da água, num apiário.
O acesso ao apiário deve ser fácil, não apenas para efeito das revisões periódicas, como também,
para permitir a circulação de um veículo de apoio, quando da coleta e escoamento do mel.
Devemos evitar instalar apiários em lugares de ventos fortes, que prejudicam o vôo das abelhas.
Na impossibilidade, devemos levantar uma cerca viva como proteção, de preferência com trepadeiras e
arbustos de boa florada pelo ano inteiro exemplo, mimo do céu, ligustrum, e outras mais.

6.2.2 PROTEÇÃO DO APIÁRIO


Uma vez escolhido o local, reservamos uma área que comporte o número de colmeias a instalar,
cercando-a com arame, que poderá ser ou não, farpado. Recomenda-se que sejam 8 ou 9 fios de arame.
Os três primeiros fios, de baixo para cima, devem estar distanciados do chão e entre si, 15 centímetros
os demais 20 cm: teremos assim, uma cerca com 1,45 ou 1,65 metros de altura. A 100 metros do
apiário deve ser colocada uma placa de aviso, com os seguintes dizeres: CUIDADO, ABELHAS COM
FERRÃO, para segurança das pessoas.

6.2.3 POSICIONAMENTO DAS COLMEIAS


A disposição das colmeias é igualmente importante. Devem ficar de costas para o vento, com o
alvado orientado no sentido norte - nascente, para que a luz do sol incida no alvado o maior tempo
possível. O sol nascente projeta-se sobre o alvado de manhã bem cedo, continuando a iluminá-lo ao sol
do meio dia. Ao sol poente ainda haverá luz bastante no alvado, para que as abelhas continuem o seu
trabalho. As abelhas africanizadas são mais dedicadas ao trabalho, do que as suas parentas européias.

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Mesmo com dias nublados as abelhas apis melíferas conseguem azimutar o sol, por causa da sua visão
polarizada, retornando às suas colmeias sem problemas.

6.2.4 APOIO PARA AS COLMEIAS


As colmeias devem ser colocadas sobre cavaletes, afastadas do chão cerca de 35 a 40 cm. A haste
do cavalete deve ter 80 cm de comprimento, dos quais, 40 ou 45 cm ficarão enterrados na terra. Em
volta da haste do cavalete, na parte superior, 10 a 15 cm abaixo do apoio da colmeia, o apicultor deve
enrolar uma estopa ou uma aniagem (sarapilheira), embebida em óleo
queimado, de motor, para impedir a invasão de formigas e outros predadores,
não sendo tóxico para as abelhas.
Recomendam alguns técnicos que se coloque sal grosso na base do
cavalete. Ao que parece as formigas detestam o contato com o sal, que, no
entanto, não incomoda as abelhas. Podem ser usados, também, cavaletes
duplos para duas colmeias.

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Se no local, porém, for constatada tendência para o aparecimento de muitas formigas, devem-se
usar, então, protetores especiais nos pés dos cavaletes, constituídos de uma lata de óleo aberta,
emborcada em cima dos suportes, no caso individual.
Para esta finalidade existem outros sistemas, tais como pregar lã de carneiro, espuma, bombril ou
algodão ao redor dos pés dos suportes, embora nenhum destes métodos seja garantido por muito
tempo. Quando as colmeias encontram-se localizadas próximo de residências, é possível manter uma
vigilância constante contra o ataque de formigas ou de outros predadores.

6.2.5 DISTÂNCIA ENTRE AS COLMEIAS


Como sabemos as abelhas Apis mellifera brasilliensis conhecida, também, como abelha africana
neotropical, ou seja a abelha resultante do cruzamento entre as abelhas européias e a Apis mellifera
scutellata, são encontradas em todo o território Brasileiro e têm uma grande propensão para a
enxameação, que poderá ser provocada por qualquer bulício, até de revisão de apiário.
Ao instalar o apiário, o apicultor deve escolher uma distância entre colmeias que lhe permita
trabalhar tranqüilamente, sem provocar alvoroço nas colmeias vizinhas mais próximas. Hoje, depois de
quarenta anos de africanização, as colmeias podem ser colocadas a uma distância de dois ou três
metros umas das outras. Já a distância entre fileiras de colmeias deve ser de uns 5 metros, para não
perturbar a linha de vôo das abelhas, quando o apicultor estiver fazendo a revisão periódica. Alguns
técnicos vão mais longe aos seus temores e cuidados. Para evitar a deriva, as colmeias devem ser
pintadas com cores claras, alternadas, ou com desenhos geométricos.

6.2.6 NÚMERO DE COLMEIAS POR APIÁRIO


Não existe um número pré-fixado de colmeias a instalar em cada apiário. Isso vai depender,
evidentemente, da quantidade de, néctar e pólen que a vegetação possa fornecer às abelhas. Por
conseguinte o apicultor terá que fazer tentativas, se não dispuser do mapa das plantas e floradas da
região. Em regiões onde a candeia ocupa alguns hectares, ou em reflorestamentos de eucaliptos, ou,
até, em regiões de mata atlântica, o apicultor poderá colocar 40 a 50 colmeias, por apiário.

6.2.7 DISTÂNCIA ENTRE APIÁRIOS


A distância entre apiários não é demarcada oficialmente, mas os apicultores sempre guardam 3 a
4 Km do apiário vizinho, levando em conta que as abelhas, normalmente, voam 2,5 Km para coletar os
seus alimentos. Na Europa existem leis e posturas municipais, que determinam estas distâncias. São as
prefeituras que autorizam e registram a instalação dos apiários. Em épocas de escassez de alimento, as
abelhas poderão voar mais longe; 7 ou 8 Km, para encontrar alimento. Alguns autores falam em até 10
Km.

45
6.3 INIMIGOS DAS ABELHAS
O maior inimigo das abelhas continua sendo o homem. É incalculável o número de enxames
sacrificados, nos estados do Nordeste, pela falta de cultura, pela extrema desinformação dos homens.
Aqui, nesta parte do Brasil, existem os matadores profissionais de abelhas. São os furadores de
enxames, que os matam com fogo ou com BHC, agrotóxico proscrito há mais de 10 anos.
Uma Lei Federal de proteção às abelhas, no Brasil, considera crime ecológico, inafiançável,
matar abelhas. Alguns estados da Federação têm, também, leis de proteção às abelhas. Infelizmente
nem sempre é possível punir o infrator, que, geralmente, age pela calada da noite.
Estes furadores depois de matarem as abelhas, cortam os favos naturais, conhecidos, também,
como capas, espremendo-os sem o mínimo cuidado de higiene. Quando as mãos estão lambuzadas dc
mel, eles usam a própria urina para lavá-las. O mel, assim retirado dos favos naturais, é vendido como
mel verdadeiro ao longo das estradas e até nas grandes cidades, sem que as autoridades sanitárias
tomem conhecimento. Outros inimigos das abelhas são:

* Formigas: Elas saqueiam uma colmeia forte, para roubar o mel, devorando as abelhas e as larvas.
Numa noite as formigas destróem uma colmeia com mais de 50.000 abelhas.
* Sapos: Ficam a pouca distância da entrada da colmeia apanhando as abelhas campeiras, que chegam
carregadas, com a sua língua comprida.
* Lagartixas: Ficam de tocaia, comendo as abelhas, de corrida.
* Aranhas: Armam as suas teias sob as colmeias, ou em lugares de passagem das abelhas, onde elas
ficam presas.
* Camundongos: Chegam a fazer ninho dentro da colmeia. Comem a cabeça e o tórax das abelhas,
alimentando-se do mel.
* Pássaros: O Bem-te-vi é um exímio caçador de abelhas. As andorinhas também são predadores.
* Percevejos: Ficam parados no alvado. Quando uma abelha pousa, cansada e carregada, ele agarra-a
com as patas dianteiras, providas de pinças, introduz a tromba no abdômen das abelhas, deixando-as
vazias.
* Traças: São as maiores predadoras das colmeias. Este predador, de hábitos noturnos, deposita ovos
nos alvéolos. As larvas que deles nascem constróem túneis através dos alvéolos, destruindo todo o
trabalho das abelhas, que acabam por abandonar a colmeia.
* Ácaros: No começo do século XX os apiários da Europa tiveram um sério problema, com a
infestação do ácaro Varroa, que dizimou centenas de milhares de colmeias.

7 FLORA APÍCOLA

A flora apícola ou pasto apícola é o conjunto de plantas de uma área ou região que produzem
flores e fornecem às abelhas néctar, pólen ou resina. As plantas que precisam dos insetos para serem
polinizadas oferecem aos insetos néctar e pólen de suas flores. As flores de algumas plantas, como a

46
vassoura ou guanxuma, fornecem apenas néctar e outras, como o milho, fornecem apenas pólen, mas a
maioria das plantas fornece pólen e néctar.
As abelhas e as plantas foram criadas uma para as outras. Sem as flores provavelmente não
existiriam as abelhas e sem abelhas o número e a variedade de plantas provavelmente seria bem menor
do que o que existe hoje.
Um bom apicultor deve conhecer profundamente as plantas de sua região e estar sempre
observando os períodos de florada de cada espécie e o interesse que as abelhas demonstram para cada
tipo de planta. Esse conhecimento e essa observação é que vão dizer ao apicultor sobre a capacidade de
sustentação de colmeias na região; as épocas em que as colmeias podem ficar em determinados locais;
se as floradas estão concentradas ou dispersas, permitindo colmeias mais ou menos populosas; se vai
haver necessidade de fornecer ou não alimentação artificial às abelhas; qual a melhor ocasião de fazer
a mudança de local na apicultura migratória, o planejamento do plantio de plantas melíferas para
melhorar a flora apícola da região.
A qualidade da flora apícola depende das espécies de plantas que são naturais ou plantadas na
região, do clima do lugar, da qualidade das terras.
As terras ricas, com boas chuvas e de bom clima dão como resultado matas naturais de melhor
qualidade, mas que não são muito boas como pasto apícola. Ao contrário, as plantas que nascem de
uma mata derrubada, os cerrados, os terrenos de campos, formam grandes grupamentos de floradas,
contribuindo para grandes produções de mel. Nas matas as grandes árvores impedem o
desenvolvimento das plantas melíferas, não sendo de grande valor na criação de abelhas.
Algumas coisas devem ser observadas pelo apicultor para avaliar a capacidade de produção de
uma região:
a) concentração de muitas plantas floríferas no raio de trabalho das abelhas, em média 2,0
quilômetros. As flores dispersas dificultam o trabalho das campeiras e não dão muito rendimento. O
raio de ação econômico é de l ,5 quilômetro;
b) predominância de flores das espécies mais ricas em néctar. Nem todas as plantas produzem
flores ricas, e as abelhas sabem disso. O apicultor, observando atentamente, notará que elas preferem
certas plantas, que são mais ricas em néctar;
c) quantidade de néctar produzido pelas flores; algumas plantas só secretam néctar de manhã,
outras à tarde e outras, como o eucalipto, o dia todo;
d - ocorrência de ventos frios e neblina, que diminuem o tempo de trabalho das abelhas, que não saem
da colmeia quando a temperatura está abaixo de 5 graus:
e) existência de grandes lavouras de cana ou outra que não favocece a produção de mel ou dão
mel de qualidade inferior;
f) pulverizações freqüentes nas lavouras de algodão, laranja e outras lavouras, durante a
florada, o que ocasiona a morte de muitas abelhas;
g) a roçada ou queimada de pastagens na época da floração;
h) plantio de plantas prejudiciais às abelhas, como a Espatódea, cujas flores são tóxicas as
abelhas;

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i) saber reconhecer que 70% dos alimentos recolhidos pelas abelhas são consumidos pela
população interna da colmeia. Portanto, floradas dispersas motivam o crescimento familiar e não o
armazenamento de alimento (30%).

Os apicultores devem estar atentos às plantas e flores de sua propriedade e da região, porque
muitas plantas aparentemente simples produzem flores de grande valor para a apicultura. Devemos
formar viveiros de plantas melíferas, quer ornamentais quer frutíferas. Quando atingirem tamanho
ideal, podemos doar aos vizinhos das propriedades e plantar na área de ação do apiário, mediante o
planejamento floral e sua riqueza.
Normalmente, no Sul, as capoeiras, pastos abandonados, áreas de culturas desativadas, com
vassouras, carquejas, marias-moles, bracatingas, assa-peixes e dezenas de outras são boas para a
apicultura. A maioria das culturas e fruteiras são boas melíferas.
A florada quanto mais próxima da colmeia melhor para as abelhas, permitindo maior produção.
Vale lembrar que deve-se preservar a vegetação apícola existente e, sempre que possível, plantar
mais algumas, especialmente aquelas que também representam um bom investimento para o futuro,
como fruteiras, produtoras de lenha, madeira, entre outras. (Exemplo.: eucaliptos)

NOME POPULAR DE ALGUMAS PLANTAS APÍCOLAS CONHECIDAS E


IMPORTANTES
Eucaliptos, Vassouras, Assa-peixe, Miosotis, Maricá, Sete-sangrias, Marmeleiro branco, Bracatinga,
Congonha, Carqueja, Guabiroba, Canela-burro, Camboatá, Acácias,Astrapéia, Uva do Japão,
Guamirim, Tarumã, Maria-mole, Aroeira, Came de vaca, Trevo branco, Fruteiras em geral,
Cambará, Grandiuva, Guaraperê, Laranjeira, Flor de maio, Cambuim e Mangericão
Para poder organizar o planejamento das atividades do apiário, o preenchimento deste calendário
é importante.
Deve ser registrado o período floral das principais plantas apícolas existentes na área de visitação
das abelhas do apiário, durante dois a três anos, a fim de obter-se uma média, considerando que as
florações variam de acordo com as condições climáticas reinantes nas várias épocas. '
Uma boa pastagem apícola é fundamental para o sucesso das atividades apícolas, que começa por
aí.

8 ENXAMEAÇÃO
A enxameação é um fenômeno natural e espontâneo, baseado no instinto de reprodução e de
conservação da espécie, a fim de garantir a sobrevivência.
O abandono das colmeias ou a migração não é enxameação, porque é motivado simplesmente por
não haver condições ideais de vida para as abelhas na colmeia.
Na apicultura moderna (e racional), a enxameação é um acontecimento desfavorável para os
apicultores, embora seja um fato importante para a sobrevivência da espécie, porque o enxame, ao sair

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da colmeia, leva também a rainha mais velha, grande número de operárias e bastante mel, enchendo
suas vesículas de alimento de forma a poder suportar o tempo necessário até encontrarem um novo
local para construir sua nova habitação.
A colmeia, que elas abandonaram, fica com a rainha jovem ainda virgem, que determinará uma
quebra de população capaz de prejudicar a safra de mel, quando em período floral.
O apicultor, quando necessita aumentar o número de colmeias de seu apiário substituirá a
enxameação natural pelo desdobramento das colmeias populosas, em um, dois ou mais núcleos, os
quais, recebendo rainhas já fecundadas, irão constituir novas colmeias em pouco tempo.
A pesquisadora Maria Cristina Affonso Lorenzon diz: "Muitos fatores estão envolvidos no
processo de enxameação, destacando-se a superpopulação ou superaquecimento, a restrição de espaço
e o relacionamento com o ferormônio da rainha.
A época natural de enxameação é maior no período final das grandes floradas, quando há
bastante incentivo e prosperidade para criar novas rainhas, além de ser um forte motivo para saída de
enxames, principalmente em época de calor e de abundante entrada de néctar.
Para garantir a produção de mel, não deixe enxamear durante as floradas, mantendo as colmeias
populosas. Com força total para a coleta do néctar.
Para evitar a enxameação:
1) Não deixe faltar componentes (ninhos) na colmeia.
2) Mantenha o alvado aberto e não exponha as colmeias ao sol forte do meio-dia (colocar
galhos e capim sobre as colmeias, diminuindo assim o calor).
3) Mantenha rainhas novas nas colmeias.
4) Evite e reduza o nascimento de zangões; utilizatndo lâminas de cera integrais.
5) Durante as revisões, aproveite para destruir as realeiras em formação.
6) Para reproduzir, selecione sempre as famílias com menor tendência para enxameação.
7) Evite o uso de telas excluidoras, deixando as abelhas trabalharem livremente.
* Quando houver bolas de abelhas, no lado externo das colmeias, é sinal da falta de espaço e de
ventilação na colmeia, o que motiva a enxameação e diminui a produção de mel. Corrigir
imediatamente.

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8.1 ABANDONO E MIGRAÇÃO DAS ABELHAS
O abandono da colmeia pelas abelhas, chamado pelos ingleses de "absconding", é uma
característica extremamente acentuada nas abelhas originárias do continente africano, onde a fuga do
ataque de formigas e de outros predadores é o meio para sobreviver.
Assim, é comum encontrar colmeias abandonadas (vazias) onde existiam enxames recém-
coletados, segundo informações dos apicultores.
* As abelhas africanizadas são as mais fugidias, as quais, na falta de condições ideais para elas,
chegam a abandonar até favos com prole e reservas de mel.
* As raças européias (italiana) migram menos. Preferem morrer na colmeia a abandonar a
prole.

Por que as abelhas abandonam a colmeia:


1 - Falta de alimento nas colmeias e ausência de flores.
2 - Falta de água para suprimento das abelhas em regiões secas.
3 - Excesso de calor na colmeia.
4 - Falta de espaço na colmeia.
5 - Constantes ataques de formigas.
6 - Pilhagem e excesso de interferência do apicultor na colmeia.
7 - Existência de traças nos favos em famílias fracas.

8.2 COMO FAZER PARA EVITAR A MIGRAÇÃO OU ABANDONO


1) Alimentar os enxames recém-coletados na colmeia, com comida de subsistência durante duas
semanas, mesmo que tenha favos com mel.
2) Reduzir o alvado ao mínimo necessário e colocar uma tela excluidora para evitar a fuga acidental da
rainha (até completar uma semana).
3) Se disponível, transferir para a colmeia um favo com larvas novas ou ovos, para que, na falta de
rainha, as abelhas possam criar outra ou introduzir uma nova rainha.
4) Proteger a colmeia contra o sol forte, colocando galhos de árvore com folhas sobre ela.
5) Evitar formigas, pilhagens e evitar mexer muito na colmeia.

* Se a colmeia é possuidora de amplas reservas de mel, mas existe falta de água nos arredores, as
abeIhas consomem rapidamente o mel existente, deixando a colmeia, em seguida, para procurarem
água, o que não sucederá se houver abundância de alimento (mel e água).
* Se a colmeia tiver pouca provisão (alimento) ou se foi pilhada e não há néctar à disposição, as
abelhas, por uma questão de instinto (africanizadas), encherão as vesículas de mel e abandonarão a sua
casa.
Um incentivo provável para o abandono é quando as abelhas (africanizadas), ao serem colocadas
em uma colmeia com quadros equipados de lâminas integrais de cera alveolada, embora sendo

50
tratadas, podem mudar-se, porque encontram dificuldades em ficarem congregadas por motivo da
separação provocada pelos aludidos quadros. Neste caso, usar quadros com apenas uma faixa de cera
alveolada, para posterior substituição quando a família já está plenamente instalada e fixada na nova
casa.

É BOM SABER:
O enxame quando sai pousa quase sempre próximo à colmeia.
* Abelhas batedoras saem á procura de uma nova habitação.
* Encontrada outra casa, o enxame levanta vôo e vai ocupar essa moradia, organizando uma nova e
populosa colônia de abelhas.
* Na enxameação, acompanham a rainha velha, aproximadamente, um terço das abelhas da colmeia,
deixando a estirpe com uma rainha nova e com menos abelhas.
Constituição ideal da família.
1 - rainha
300 - zangões
25.000 - abelhas campeiras
25.000 - abelhas jovens
20.000 - proles operculadas
9.000 - larvas
6.000 - ovos
* Use sempre Ninho e Sobreninho
* Uma colmeia populosa e forte produz mais mel do que cinco famílias fracas.
* A união faz a força e a produção, através de um melhor aproveitamento das floradas.

9. POVOAMENTO DO APIÁRIO
Para a formação do apiário, pode-se optar pela compra de colmeias. Habitualmente boas
colmeias podem ser compradas, porém, nas condições do Brasil, existem abelhas "nativas" em grande
quantidade Que podem ser capturadas.
Basicamente, existem quatro maneiras de se povoar uma colmeia: a simples coleta de enxames
viajantes, a captura de colônias em abrigos naturais, o uso de caixas-armadilhas e a subdivisão de
colmeias.

9.1 COLETA DE ENXAMES ALOJADOS EM ABRIGOS NATURAIS


a) Enxames alojados em abrigos de fácil captura
Estamos falando de enxames alojados em mourões, árvores mortas e ocas, cupinzeiros ou
qualquer outro tipo de abrigo de fácil captura pelo apicultor Uma vez localizada uma família nestas
condições prepara-se um ninho com caixilhos sem arame ou, se quisermos, caixilho bolsinha e quadros
com cera alveolada. Certificamo-nos de que o dia para este trabalho, não deva ser chuvoso e frio e que

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o período do ano em questão seja de boas floradas. Quanto ao horário, aconselhamos horários de sol
em pique, com exceção dos períodos cedos até as 10:00 horas e à tarde a partir das 17:00 horas.
Preparamos o fumigador, vestimos a roupa e, com o auxílio das ferramentas necessárias à operação,
como machado ou enxadão, faca, bacia, formão, arame, alicate e outros apetrechos damos início ao
processo de desalojamento e transferência da família.
Jogam-se algmnas baforadas de fumaça no abrigo. Guardado alguns minutos, corta-se o tronco,
quando for o caso, expondo-se os favos com crias e alimento. Com o auxílio de uma faca, cortamos os
favos e acondicionamos nos caixilhos bolsinha e quadros sem arame. Nestes devemos proceder a
fixação dos favos nos quadros com o auxílio de arame ou barbante.
Como os favos estão firmes aos caixilhos, levamos para o ninho. Nesta operação, deve-se
aproveitar o máximo de favos com crias e alimento. O excedente deve ser colocado em uma bacia ou
lata e posteriormente removido do local. O nível de fumaça deve ser brando e energético, quando
necessário. Sendo encontrada a rainha, ela deve ser colocada no ninho, junto com os favos. Estes
"quadros com favos" deverão compor o centro da colmeia para as laterais, de tal forma que, ao sobrar
vazios no ninho, completar o restante com caixilhos de cera alveolada.
O ninho é então fechado com tampa e colocado no lugar do abrigo natural, de tal forma que a
abertura do alvado esteja na mesma direção da antiga morada. Aconselhamos a reduzir o alvado para
10cm, com o uso de pequenos sarrafos. Retirar do local todos os vestígios do abrigo anterior, como
pedaços de favos, tronco ou cupinzeiro, ou outros vestígios que sirvam como atrativo para as abelhas
que estão fora da colmeia.
As crias e os favos com mel, bem como a rainha servirão como atrativo para as abelhas que estão
fora e que naturalmente ocuparão o ninho colocado para elas.
Quando usamos caixilhos bolsinhas, podemos ao anoitecer levar esta nova família para o apiário
definitivo. Porém se usarmos a técnica de amarrio de favos nos quadros, as abelhas deverão soldar os
favos aos caixilhos, antes de transportarmos para o apiário. Pois o risco de desmoronamento dos favos
neste caso é bem maior do que nos caixilhos de bolsinha. Outra desvantagem desta prática perante ao
caixilho bolsinha é a vulneração desta família perante os inimigos naturais a qual já estavam
acostumados neste local, pela quebra de todas resistências desenvolvidas diante da destruição da antiga
morada. O transporte deverá ser à noite e com tampa pregada, frestas e alvado fechado. Caso a
distância até o apiário seja longa, pode-se vedar o alvado com tela de malha semelhante à máscara.

b) Captura de enxames de difícil acesso


Uma vez identificado o enxame, o apicultor terá que certificar-se de que existe uma única saída
dessas abelhas. Caso haja duas ou mais, vedar as menos convenientes para adaptação do sistema a ser
usado. À saída escolhida, acondicionar uma tela de arame (tipo de máscara), com um cone perfurado
na ponta (funil). Lateralmente, aproxima-se uma colmeia com quadros, contendo suprimento, crias
novas e até ovos.
O número de quadros pode ser de 3 a 5 provenientes de outra colmeia e o restante preenchido
com quadros de cera alveolada. O alvado dessa nova colmeia deve sofrer um estreitamento. Quando

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usamos rainhas fecundadas, o número de quadros com larvas é menor e, nesse caso, assegura-se a
permanência dessa rainha com uma pequena tela excluidora.
A tela com cone e colmeia deve ser colocada em hora de pouco fluxo de abelhas, evitando-se
ataques de agressividade. Ao amanhecer, as abelhas provenientes do porão, começarão a caminhar pela
tela, ganhando a liberdade pelo orifício do funil (cone). Ao retornar são incapacitadas de adentrarem na
antiga morada abrigando-se na colmeia ao lado. Durante vários dias, abelhas operárias sairão do porão,
engrossando cada vez mais a nova família que se forma. Decorridos 12 dias, operárias ainda jovens do
porão lançam-se à tarefa de campo, numa tentativa de suprir de alimento sua família.
Se o apicultor pretender eliminar totalmente esta família, deverá manter este processo por mais
de 35 dias. Assim, dará tempo de nascer novas abelhas e esgotar todo estoque de suprimento. Caso
queira usufruir desta fonte como futuras formações de enxames ou fortalecimento de núcleos fracos,
passados três a cinco dias, deve retirar este novo núcleo e a tela tampão do porão e levar o núcleo para
bem longe.

9.2 COLETA DE ENXAMES VIAJANTES

Já vimos que na ocasião de grandes floradas, o número de operárias de uma colmeia cresce
muito. Nos apiários comerciais o apicultor aumenta o número de melgueiras, ampliando assim o
espaço para as abelhas prosseguirem a sua vida normal. Nos abrigos naturais, onde o espaço não pode
ser ampliado, o aumento da população da colmeia provoca enxameações.
Enxameação é um fenômeno no qual a rainha e metade da população da colmeia saem dessa para
morar em outro lugar. Esse fato pode ser aproveitado para a coleta de enxames. É talvez o método
mais simples. Mas é sempre casual, porque não se pode prever o roteiro dos enxames viajantes.
Alguns dias antes da enxameação, algumas abelhas operárias saem em busca de um abrigo para a
nova família a ser formada. E quando a enxameação se inicia as abelhas já sabem o local para onde
vão. Às vezes elas param para descanso, pendurando-se em galhos de árvores ou beirais de
construções, sendo esse o momento ideal para capturá-las.
Prepara-se um ninho com quadros montados com cera moldada ou mesmo quadros com crias,
para aumentar a certeza de que as abelhas adotarão a caixa como morada. Isso porque a tendência
delas, após o descanso, é continuar a viagem para o abrigo escolhido antes da enxameação.
Deve-se também, para garantir a fixação do enxame, após a sua captura, fechar o alvado com
uma tela excluidora de rainha. Essa tela possui malhas que permitem a passagem das operárias, mas
não da rainha, que é maior. Desse modo, mesmo que não tivéssemos favos com crias, somente pela
presença da rainha as abelhas aceitam a nova morada.
Em poucos dias a rainha começará a fazer a postura, e a colmeia será aceita definitivamente,
podendo a tela excluidora ser retirada. Nesse caso, a família recém-capturada poderá ser transportada à
noite e com o alvado fechado no mesmo dia.

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Geralmente as abelhas que fazem parte de um enxame viajante são mansas e não ferroam, porque
estão com o papo completamente cheio de mel, tendo dificuldade para atacar. Mas, por segurança,
deve-se usar roupa apropriada para o trabalho com abelhas, durante os trabalhos de coleta.

9.3· COLETA COM CAIXAS – ARMADILHAS ou CAIXAS - ISCA

O uso de caixas-armadilhas, conhecidas como caixas-iscas, é recomendado durante os períodos


de grandes floradas, quando as colônias nativas costumam enxamear.
A caixa-armadilha pode ser feita com um ninho comum ou mesmo uma caixa vazia de maçã,
caixas de papelão de encomenda pelo correio tipo CE-O5, ou caixas de papelão especialmente
confeccionadas no padrão de 50 cm x 20 cm x 35 cm, na qual se pregam dois sarrafos na parte de
cima, mais estreita, para serem pendurados de três a cinco quadros de cera. Na parte inferior, próximo
ao fundo, faz-se um buraco de 10 cm (o alvado) para a entrada das abelhas. Quando se usa um ninho
de colmeia-padrão deve-se fechar o alvado, deixando uma pequena abertura, de preferência de 10 cm,
para dificultar a entrada de outros insetos.
Pronta a caixa, ela será colocada sobre árvores ou em locais bem abrigados ao redor de 3 metros
de altura, que dêem às abelhas aparência de locais protegidos. As operárias rastreadoras que saem em
busca de abrigos antes da enxameação encontram essas caixas. Atraídas pelo cheiro da cera as abelhas
marcam-na como nova morada. Feita a enxameação, as abelhas vêm direto para as caixas-iscas,
principalmente se esborrifarmos nestas caixas-iscas uma solução composta de 1 litro de álcool com
100 a 200 gramas de própolis.
Os apicultores experientes sempre armam essas caixas durante o período das grandes floradas.
Quando são usadas caixas de frutas ou outras caixas adaptadas para a coleta de enxames, as abelhas
são transferidas para um ninho de caixa-padrão, depois de alguns dias da captura. Muda-se para o
ninho todos os quadros com favos em construção, colocam-se mais quadros com cera alveolada ou
com favos e leva-se a nova colmeia para o apiário. Como forma de proteção das caixas-iscas, usar saco
de adubo invertido nas de tipo maçã e saco plástico de lixo nas de papelão.

Figura – Caixas-isca de papelão e madeira, respectivamente.

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10. TÉCNICAS DE MANEJO

10.1 MANEJO DAS COLMEIAS

Entende-se por manejo todos os trabalhos feitos com as colmeias, com a finalidade de garantir
boas produções, melhorar a sanidade e ainda diminuir a agressividade das abelhas. A escolha do
melhor local para a colocação do apiário é também manejo e condição essencial para garantir boas
produções.
Fazem parte do manejo as vistorias, o aumento de melgueiras, a reforma de colmeias, a colheita
de mel e a alimentação artificial.
Mas qualquer que seja o trabalho, mesmo que não vise à retirada do mel, pode ser entendido
pelas abelhas como ato de agressão. Por esse motivo, a lida com as abelhas só deve ser feita por
pessoas treinadas e protegidas com vestimentas que ofereçam proteção suficiente. Deve também ser
feita durante o período mais quente do dia, ou seja, das 10 horas da manhã até as 4 horas da tarde. É o
horário que a maioria das campeiras estão fazendo a coleta de néctar e pólen.
Não é conveniente trabalhar com as colônias de abelhas nos dias muito frios, de muito vento ou
quando está chovendo. Nessas condições as campeiras não estão trabalhando e a abertura das colmeias
facilita a entrada de ar frio, o que irrita muito as abelhas.
Os diversos trabalhos de manejo são feitos de acordo com a época do ano. Sugerimos o
calendário apícola do quadro logo abaixo. Este calendário está sujeito a variações conforme o clima, a
flora melífera e o tempo do apicultor. As épocas indicadas no calendário foram determinadas para a
região central do estado de São Paulo e devem ser corrigidas para outras regiões.

10.2 - VISTORIAS
Todas as vezes que o apicultor abre uma colmeia, para qualquer fim, ele está fazendo uma
vistoria. As decisões sobre a maioria das tarefas do manejo são decididas durante ou depois das
vistorias normais. As vistorias não devem ser feitas em dias frios ou chuvosos ou de vento porque,
nesses dias, as abelhas se irritam com a abertura das colmeias e se tornam mais agressivas.

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Em todas as vistorias o apicultor deve se vestir com as roupas próprias e levar suas ferramentas,
quadros com favos vazios ou com cera alveolada, vasilhas para a colocação de quadros com mel,
melgueiras de reserva, etc. ,
A abertura da colmeia com muita freqüência prejudica a produção, porque cada vez que
mexemos nela causamos um tremendo estress nas abelhas. Interrompendo a comunicação da fonte de
alimento, a rainha abandona sua postura e, ainda, as abelhas, devido à fumaça, consomem grande
volume de mel.
Para conhecer a situação interna da colmeia nem sempre é necessário abrí-la, pois basta observar
o comportamento das abelhas no alvado, isto quando já se tem experiência apícola.

10.3 QUANDO REVISAR AS COLMEIAS


Antes do inverno
* para tirar as sobras de mel (favos),
* remanejar alguns favos com mel para mais perto do centro da colmeia, a fim de garantir a
sobrevivência das abelhas até a florada da primavera (deixar de dois a quatro favos com mel).
* retirar os componentes não ocupados por abelhas (redução do espaço).

Ao término do inverno
* para efetuar uma limpeza geral da colmeia,
* retirar os favos imprestáveis,
* colocar novos quadros com cera alveolada no centro da colmeia para postura da rainha, e
* para colocar componentes necessários à produção de mel.
No final da florada
* para fazer a colheita dos favos opercutedos,
* para remanejar os quadros.
Além das três fases acima indicadas, outras revisões poderão ser necessárias em caso de
comportamento anormal ou para fazer algum tratamento contra enfermidades, etc.

10.4 MELHOR TEMPO E HORA PARA MEXER NAS ABELHAS

Em dia claro, sem vento ou nuvens, das 9h às 11h e das 15h às 17h30min, pois é neste período
em que a maioria ou maior número de abelhas campeiras encontram-se fora da colmeia em atividades
externas e assim estarão menos congestionadas. As abelhas jovens do serviço interno da colmeia são
menos defensivas.
Quando as abelhas apresentam tendência para pilhagem, por falta de florada, grandes reservas de
alimento, etc., uma alternativa adotada por muitos apicultores é manipular as colmeias ao entardecer.

10.5 TÉCNICAS DE MANEJO DA COLMEIA

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As abelhas são dotadas de aperfeiçoados órgãos sensoriais que percebem e sentem tudo ao seu
redor.
O apicultor, acima de tudo, deve sempre evitar irritar as abelhas por imprudência e falta de
cuidado, dedicando maior amor à elas.

Para iniciar o trabalho, seguir as seguintes normas técnicas:


1.Equipar-se com macacão, máscara, luvas e botas brancas.
2.Preparar o fumegador com bom material de combustão e dispor de um formão ou espátula de
apicultor.
3 Levar um caderno e lápis para anotações e um saco plástico para recolher a própolis que,
eventualmente, se encontra nos componentes e precisa ser raspada.

Os preparativos devem ser feitos um pouco afastado do apiário, para não alertar as abelhas pela
percussão no solo e motivar uma surpresa desagradável ao apicultor e seu ajudante.

Agora já munido da indumentária, dos acessórios e do fumegador em pleno e bom


funcionamento, chegou a hora de:
1 - Aproximar-se da colmeia em silêncio e por trás, sem fazer movimentos bruscos;
2 - dirigir algumas baforadas de fumaça no alvado e esperar um minuto para as abelhas sentirem o
efeito da mesma;
3 - com o auxílio da espátula, levantar e tirar lentamente a tampa da colmeia, sempre aplicando leves
baforadas de fumaça sobre os quadros (abelhas) e não dentro da colmeia para mantê-las no seu interior.
O trabalho deve ser feito pelos lados e nunca pela frente, na linha de vôo das abelhas;
4 - já com a colmeia aberta, iniciar a retirada de um a dois quadros com o auxílio do formão, ou
pegador de quadros, de um dos lados da colmeia para abrir espaço e facilitar a manipulação dos demais
quadros;
5 - examinar favo por favo e, conforme programa de trabalho, observar as condições da rainha através
do estado da prole, as reservas de mel e pólen, as condições dos favos para substituição ou não, a
presença de alvéolos de zangões para destruição quando em excesso, eliminar as realeiras para evitar
enxameação, fazer o remanejamento (rodízio) de quadros para outros componentes da colmeia, se
necessário. Importante: durante a revisão, o operador deve manter a aplicação constante de um suave
fluxo de fumaça para manter as abelhas sob controle. Em excesso, tanto irrita o apicultor como as
abelhas.
6 - normalmente, as abelhas das colmeias próximas, vizinhas, sem sofrer efeitos da fumaça, são as
mais agressivas; por isso, sempre que necessário aplicar fumaça também nas colmeias próximas;
7 - o trabalho deve ser rápido e suave, sem movimentos bruscos, com uma média de três minutos por
colmeia;

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8 - terminada a revisão, dar algumas baforadas na cobertura para afastar as abelhas e assim permitir a
recolocação da tampa sem matá-las.
9 - finalizando, se houver algum indício de pilhagem, reduzir o espaço do alvado, para abrir mais tarde
com as abelhas já calmas.

RESUMO E COMPLEMENTAÇÃO
1 - Nunca mexer nas abelhas sem conhecimento de causa, sem indumentária, sem motivo justificado,
boa fumaça e sem sentimento de amor pelas abelhas.
2 - Trabalhar lentamente e sem movimentos bruscos.
3 - Aproximar-se e trabalhar na colmeia por trás ou pelos lados.
4 -- Não alertar e incentivar a defesa das abelhas antes de começar a revisão.
5 - Uma vez iniciada a rebelião e defesa das abelhas, a fumaça perde o seu efeito e pode tornar difícil a
continuação do trabalho.
6 - Evite ao máximo possível esmagar abelhas, pois o cheiro é um alerta à defesa.
7 - Evite o uso de perfume e drogas no cabelo quando lidar com abelhas.
8 - Os alvéolos dos favos são construídos de cima para baixo; durante o manejo, evite virá-los para não
cair o néctar recém-depositado, e bolotas de pólen ainda não compactadas.
9 - A água pode ser usada como calmante das abeIhas, que ajuda a manté-las pousadas ou à pousar.
10 - Evite espalhar mel e restos de favos pelo apiário para evitar pilhagem e proliferação de traças.
11 - Em qualquer princípio de pilhagem, procurar de imediato abafar a rebelião.
12 - Tomar conhecimento das providências em caso de acidente com excesso de ferroadas.
13 - Não é recomendado o uso de anestesia e repelentes nas abelhas.
14 - Trabalhar sempre em dupla enquanto um cuida da aplicação correta da fumaça, o outro manipula a
colmeia.
15 - Apiários com menor número de colmeias facïlitam a revisão sem provocar grande rebelião nas
abelhas, pela rapidez com que é feito o trabalho no mesmo.
16 - Não usar material tóxico no fumegador.
17 - Usar roupa clara, limpa e sem cheiros.

10.6 ESTADO EMOCIONAL DAS ABELHAS


Enfim, o sucesso no manejo vai depender do estado emocional das abelhas no momento da
revisão, com base nos seguintes aspectos:
- Quando órfãs com a perda recente da rainha;
- Famílias com bastante reservas de mel (defesa do patrimônio);
- Abelhas sem reservas de alimento reagem menos ao efeito da fumaça;
- Falta de florada;
- Dependente também da raça, umas são mais e outras menos defensivas. As de raça ligustica (italiana)
são muito mansas e as adansonii bem mais defensivas.

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10.7 FINALIDADE E EFEITO DA FUMAÇA NAS ABELHAS
Uma boa fumaça, fria, sem faíscas e não-tóxica é indispensável para lidar com abelhas. O efeito
sobre elas não é para sufocar nem escaldar, mas torná-las menos agressivas, pois o "efeito incêndio" as
faz engolir mel para um possível abandono da casa. O mel representa o tesouro, por isso evitam ferroar
para não perder a vida e o tesouro nelas armazenado.

10.8 UNIÃO DE FAMÍLIAS

Todos os apicultores desejam, no seu apiário, colmeias que sejam produtivas, por uma questão
econômica. Este interesse ocorre tanto com apicultores amadores, quanto com apicultores
profissionais. Acontece que, por motivos alheios à vontade do apicultor, sem razão aparente, uma ou
várias colônias ficarem fracas. Que fazer, então, para recuperá-las?
O apicultor pode pensar em reforçar as colmeias fracas, colocando alguns quadros de ninho com
cria operculada e cria aberta, retirados de colônias fontes, que será um cuidado técnico correto, mas
este procedimento pode não trazer a recuperação da família. Que fazer então?
São várias as causas que levam ao enfraquecimento de uma família: doenças, infestação
parasitária, fome, rainha doente ou envelhecida, sem espermatozóídes.
Se o problema for de origem patológica e não for detectado a tempo, a família morrerá,
transformando-se num agente contaminador de todo o apiário, e até da própria região, podendo
contaminar outros apiários.
Se o problema for parasitário e a depender do agente causador, a família poderá morrer,
tornando-se igualmente, num foco contaminador.
Se a falta de alimento for o agente causador do enfraquecimento, a família poderá enxamear,
deixando a colmeia entregue às traças.
Se ocorrer a última hipótese, a rainha sem espermatozóides, impossibilitada, portanto, de
fecundar os óvulos, a prole será de zangões, incapacitados para o trabalho. A família torna-se-á
zanganeira, com o consequente desaparecimento da colônia.
Fazendo uma rápida revisão na colmeia ou colmeias com problema, o apicultor pode constatar o
que está ocorrendo e traçar o plano de socorro. Não é doença, não é fome, então o problema á a rainha.
Neste caso o apicultor, se ainda houver tempo, procederá à substituição da rainha, ou ,se for o
caso, deverá optar pela união de famílias. Desta maneira o apicultor poderá aproveitar o que restou da
família enfraquecida, para uni-la a uma família forte, aumentando-lhes a força de trabalho.
Está provado que a produção de mel condiciona-se à população da colmeia e sua distribuição
para o desempenho das diversas atividades, e não em decorrência do número de colmeias do apiário.
Famílias fracas, com apenas um ou dois quadros cobertos com abelhas, dificilmente sobrevivem,
mas podem ser usadas para reforçar outras famílias ou juntadas a outras fracas, a fim de formar uma
forte com potencial produtivo.
A união de famílias corresponde a uma cooperativa de mútuo socorro, embora com sacrifício de
rainhas e redução do número de colmeias.

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Como fazer a união de famílias de abelhas:
No caso de famílias mais fracas, quando próximas umas das outras:
* Colocar uma terceira colmeia (estranha), destinada a receber os quadros das colmeias (famílias) que
serão unidas.
* Deixar a melhor rainha e retirar aquelas julgadas inferiores.
* Abrir a tampa das duas ou três colmeias a serem unidas e borrifar um pouco de água ou, melhor,
xarope de mel bem fraquinho sobre as abelhas.
* Dar umas baforadas de fumaça e retirar alternadamente um quadro de cada colmeia a ser unida,
colocando-os na terceira colmeia (vazia).
* Como irão sobrar quadros, o apicultor deve selecionar os melhores ou colocar mais um sobreninho.
* Manter o alvado da colmeia reduzido nos primeiros dias.
* Fazer estes trabalhos ao anoitecer para evitar uma possível pilhagem.
* Alimentar a nova família durante a primeira semana.

Para unir duas famílias, distantes uma da outra:


Usar o método da folha de jornal, que consiste em:
* orfanar uma das duas famílias,
* retirar a tampa da colmeia que irá receber a outra família e colocar sobre ela uma folha de papel
besuntado de mel, nos dois lados, fazendo ainda, alguns furos com um alfinete para ajudar o trabalho
de união entre as duas famílias;
* colocar a família a ser juntada, em cima do ninho, sobre a folha de papel sem o fundo;
* manter o alvado reduzido nos primeiros dias.
* alimentar a família com comida de subsistência.
* em pouco tempo, as abelhas retiram o papel e a união estará concretizada.
* dentro de alguns dias, fazer uma revisão de limpeza para retirar os resíduos de papel e verificar as
condições da rainha, etc.

Cuidados:
- Evitar a pilhagem.
- Alimentar a colmeia durante uma semana.
- Observar se a rainha está em condições de postura.
- Fazer o trabalho sempre ao entardecer.
- Guardar as rainhas das colmeias orfanadas em uma gaiola Burgho, até estar confirmado o êxito da
união das famílias.
União de três famílias (colmeias) em uma.

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10.9 DIVISÃO DE FAMÍLIAS

A subdivisão de colmeias é um método indicado para os períodos após as grandes floradas, em


que as colônias estão muito fortes. Na região central do estado de São Paulo, por exemplo, isso ocorre
nos meses de abril a junho e novembro a dezembro.
A subdivisão consiste em se dividir em partes iguais as abelhas operárias de uma colmeia forte e
populosa, que chamaremos de colmeia A, para outra fraca ou vazia, que chamaremos de colmeia B.
Nas duas colmeias os favos são divididos com crias, larvas, ovos, mel e pólen. Na colmeia B são
colocados os favos com ovos de postura recente, para garantir a ela, que ficou sendo uma colmeia órfã
ou sem rainha, condições para a formação de rainhas jovens.
A colmeia A é afastada 4 metros do lugar onde estava. Imediatamente fazemos a divisão dos
quadros com ovos, larvas, crias e alimento, levando a metade para a colmeia B e deixando a metade na
colmeia A, completando o espaço que ficou sobrando com quadros montados com cera alveolada. A
rainha fica na colmeia A.
Rapidamente coloca-se a colmeia B no lugar onde estava a colmeia A. Quando as abelhas
campeiras que estavam fora coletando néctar voltarem, elas entrarão na colmeia B, a qual ficará com
uma quantidade maior de operárias. Por essa razão, é aconselhado deixar na colmeia B maior
quantidade de quadros com crias e na colmeia A maior quantidade de quadros com mel e pólen,
garantindo assim, a alimentação da família da colmeia A, que ficou pobre em operárias.
A colmeia B ficou órfã, isto é, sem rainha. Mas como foram colocados quadros com postura
recente, as operárias cuidarão de criar novas rainhas. É possível e vantajoso também introduzir, depois
de 24 horas, uma nova rainha, criada especialmente para esse fim.
É aconselhável também diminuir o alvado de ambas as colmeias nos primeiros dias depois da
subdivisão. Uma entrada menor facilita a defesa da família e evita o saque de outras colmeias vizinhas,
que, percebendo que as duas famílias estão fracas, podem tentar saquear o alimento que elas têm.
Adicionar xaropes em alimentadores individuais nas colmeias.

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O apicultor experiente, pode dividir uma família forte em duas ou três colônias. Entretanto o
apicultor iniciante deve fazer uma divisão apenas, sem esquecer que deve;
a) proceder à divisão das abelhas operárias e das provisões.
b) dar condições, à parte órfã da divisão, de criar a sua própria rainha
c) proteger a parte órfã dos inimigos naturais.
d) Proporcionar alimentação artificial de subsistência, rápido desenvolvimento da nova família.

10.10 FAMÍLIAS ZANGANEIRAS

Famílias zanganeiras são aquelas com capacidade de gerarem apenas, seres haplóides, dando,
portanto, nascimento a seres masculinos.
O primeiro sintoma que o apicultor percebe, é uma forte diminuição de abelhas campeiras no
alvado. Numa observação mais acurada, nos quadros do ninho, nota-se a existência de um ou mais
ovos depositados nas faces internas de um só alvéolo, que denuncia postura feita por operárias. Como
sabemos, a rainha deposita um ovo, apenas, em cada alvéolo, no fundo e no centro deste.
Num estado mais adiantado do desenvolvimento da prole zanganeira, observa-se que os
opérculos são salientes, em forma de cúpula e de cor mais clara, característica da cria de zangão.
Esta situação anormal pode ocorrer motivada por várias causas; uma rainha cansada deixa de
produzir o ferormônio mandibular, indispensável ao equilíbrio comportamental da colônia. As abelhas
operárias peloteiam a rainha, passando elas a ovopositar, dando nascimento a zangões.
Uma rainha que tenha esgotado o estoque de espermatozóides inicia a postura de óvulos que,
como sabemos, dão nascimento a seres masculinos.
Uma rainha morre acidentalmente, sem deixar ovos, ou larvas jovens de até 36 horas. Nesta
situação as abelhas operárias ficam impossibilitadas de produzirem uma nova rainha, passando elas
mesmas a ovopositar. Como as abelhas operárias são fêmeas infecundas, ovopositam, apenas, óvulos.
Nestes três casos os seres resultantes dos óvulos, serão haplóides do sexo masculino
(Partenogênese). Terminado o ciclo de vida das abelhas operárias, a familia se extingue.
Se o apicultor detectar a anormalidade no começo, pode salvar a família, introduzindo uma
rainha fecundada, protegida em uma gaiola de introdução e colocando alguns quadros com cria aberta
e cria operculada. Pode, ainda, fazer a união de famílias, não se esquecendo de colocar a família
zanganeira sobre a família normal, forte. No caso em que o estado zanganeiro esteja muito adiantado,
nada há a fazer.

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10.11 ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL

Anualmente, grande número de famílias é perdida quando as floradas não são das melhores ou
quando o clima é adverso às atividades das abelhas, e o próprio apicultor esquece-se de deixar
suficiente reserva de mel para as abelhas.
Para suprir essa deficiência, existe a alimentação artificial, que é composta dos seguintes
ingredientes naturais: mel; pólen e água
Não existe substituto artificial para o mel, razão porque na última safra, antes do recesso floral, o
apicultor deve deixar uma reserva alimentar suficiente, correspondente a aproximadamente de três a
cinco favos de ninho com mel por colmeia.

10.11. 1 SOBREVIVÊNCIA
Na falta de alimento na colmeia (favos) e na ausência de floradas, o apicultor deve fornecer às
abelhas um alimento de subsistência (para evitar a fome), capaz de mantê-las em boa forma até a
próxima safra.
A fórmula deste alimento é esta: 60% de açúcar (na falta, usar mel) + 40% de água.
Esta composição deve ser misturada assim: juntar o açúcar com água morna até dissolver bem e
dar em seguida às abelhas, usando um destes alimentadores:
* cobertura ou
* pote com tampa furada sobre os quadros ou
* em um favo vazio.

10.11.2 ESTIMULANTE
Para estimular a postura, a fim de obter um desenvolvimento rápido na família e na falta de pólen
armazenado nos favos, o apicultor deve fomecer às abelhas uma alimentação estimulante de postura
quando faltar de 40 a 50 dias para a grande florada.
Esta é a fórmula:
100 gramas de proteína texturizada vegetal para 18 litros de xarope;
10,8 quilos de açúcar (60%);
7,2 litros de água (40%). '

Esta mistura deve ser feita da seguinte forma:


* preparar em água morna o xarope de açúcar (10,8 quilos de mel e 7,2 litros de água);
* adicionar ao xarope as 100 gramas de proteína, mexendo bem.

Colocar o resultado dessa mistura em um dos alimentadores anteriormente indicados, para


alimentação de subsistência durante duas a três semanas (duas vezes por semana).

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Outra maneira de fornecer proteína às abelhas:
Além de ser possível ministrar a proteína juntamente com xarope de açúcar (acima relatado),
pode-se fornecer a mencionada proteína vegetal texturizada em sua forma natural (pó), de forma
coletiva para todas as colmeias do apiário. Para isto, o apicultor deve espalhar uma fina camada da
proteína em cima de uma bandeja colocada sobre dois cavaletes, ao abrigo do sol e da chuva.

O que é farinha da proteína:


Esta não tem aroma e, assim, para atrair as abelhas até o alimentador deve ser adicionado um
pouco de mel no começo, ou seja, até que as abelhas se acostumem ao local.
Usar a farinha duas semanas e somente quando há falta de pólen, pois quando há abundância do
mesmo elas deixam de visitar o alimentador.

10.11.3 ALIMENTADORES
Os alimentadores podem ser externos ou internos.
Externos: Alimentador Dootitle, Alimentador de Cobertura e Alexander.
Internos: Alimentador Boardman.
Alternativa doméstica
Pote com tampa furada: É este um alimentador feito em casa, consistindo em um pote plástico
ou de vidro (capacidade de um litro), com tampa larga, onde são feitos cinco a dez furos com o auxílio
de um prego. O pote cheio de alimento deve ser colocado na área central, sobre os quadros da colmeia,
onde as abelhas irão sugar o alimento pelos furinhos da tampa. Colocar sobre dois paus de 1 cm de
altura.
Depois de instalar o alimentador no local apropriado, indicado anteriormente, sobrepor um ninho
sem os quadros para proteger e evitar o acesso das abelhas de outras famílias existentes no apiário.
Favo vazio: Consiste em usar um favo com os alvéolos já puxados e encher os mesmos com o
alimento indicado anteriormente, usando para isto um pequeno regador ou uma lata com furinhos.
A apicultura brasileira tem problemas com acentuada pilhagem durante a manipulação. Por isso,
o alimentador de cobertura é o mais indicado.

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10.11.4 O QUE É CÂNDI?
O cândi é um alimento de subsistência, de forma sólida, especial para transporte de rainhas. Entre
as várias fórmulas, a de mais fácil preparo é esta:
* sobre uma mesa, despeje um pouco de açúcar em pó (glaçúcar, que existe nos supermercados),
juntando em seguida um pouco de água e passando então a amassar o mesmo, já umedecido, como se
estivesse fazendo pão. Amasse até obter um produto ao ponto desejado, usando para esse fim mais ou
menos água e/ou açúcar. Quando a liga não mais desmanchar, é porque ela está pronta para uso. O
bom cândi não deve ser muito seco nem úmido a ponto de derreter. Para mantê-lo úmido por mais
tempo, pode-se juntar algumas gotas de mel, com cuidado, para não lambuzar e causar asfixia nas
abelhas.
Havendo presença da Podridão Americana (AFB) no País é proibido o uso de mel no preparo do
cândi, por ser o mel, o transmissor do Bacillus larvae, de difícil tratamento. Até 1994, ainda não se
registrou sua presença no Brasil.

10.12 CRIAÇÃO DE RAINHAS

A rainha é a mãe de todas as abelhas de uma colmeia e, portanto, responsável pelo equilíbrio
populacional da mesma.
Quando jovem, a rainha tem melhor desempenho e, se tiver boa descendência, oferece as
seguintes vantagens:

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1 Maior capacidade de postura, desenvolvendo colmeias populosas e produtivas através de um rápido
"built-up".
2 Postura de ovos férteis garantida.
3 Diminuição do instinto de enxameação das abelhas.
4 Menor nascimento de zangões.
5 Melhores condições de passar o inverno.
Para criar rainhas existem inúmeros métodos, porém todos com base no mesmo princípio
biológico
De acordo com esses métodos a seqüência tem duas etapas distintas:
a) Criação, aproveitando ou forçando a formação natural de realeiras pelas abelhas (puxada natural é o
nome).
b) Criação artificial através da transferência de larvas.

10.12.1 PUXADA NATURAL:

Este consiste no aproveitamento das realeiras já puxadas voluntariamente pelas abelhas, quando
da intenção de enxameação; e que encontradas durante as revisões podem perfeitamente ser
aproveitadas.
* Para aproveitar as realeiras já maduras, encontradas nas colmeias, o apicultor deve, com o maior
cuidado, cortá-las com uma faca, de preferência aquecida, transferindo-as ou processando a enxertia
em outro favo, num núcleo ou colmeia sem rainha, na qual irá nascer dentro de um a três dias.
* Para evitar uma eventual tentativa de destruição da realeira por alguma abelha da colmeia, onde
a realeira foi introduzida, recomenda-se que ela fique protegida pelo “Protetor de Espiral WEST”.
* Entre o 3° ou o 5° dia, o apicultor deve revisar a colmeia e verificar se ocorreu o nascimento da
rainha, destruindo, na hipótese afirmativa e na mesma ocasião, outras realeiras que tenham sido
puxadas pelas abelhas órfãs.
Não desejando esperar pela oportunidade de encontrar realeiras disponíveis, nas revisões pode-se
forçar as abelhas a tomarem a iniciativa de puxá-las.

SEQUÊNCIA DO PROCESSO
1) Nas colmeias populosas, faça uma revisão para verificar a existência de algumas realeiras, a fim de
aproveitá-las.
2) Ou, então, selecione uma colmeia forte, com boas características e que possua favos com ovos e
larvas novas de um dia.
3) Tire a rainha da colmeia, aprisionando-a em uma gaiola do tipo "Burgho", guardando-a no "Banco
de Rainhas" ou mesmo na própria colmeia, desde que seja em compartimento afastado do ninho, para
soltá-la após produzidas e aproveitadas as realeiras.
4) Prepare núcleos de fecundação (com três a cinco quadros) ou orfane as colmeias que tenham rainhas
indesejáveis, em número igual ao das realeiras existentes.

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5) Depois de operculadas as realeiras (maduras), recorte-as do favo com uma faca levemente aquecida.
6) Em seguida, distribua as realeiras nos núcleos de fecundação ou colmeias orfanadas previamente,
protegidas pelo "Protetor de Espiral WEST".
Dentro de poucos dias a rainha estará nascendo e, em mais ou menos nove dias, realizará o vôo
nupcial para ser fecundada pelos zangões. Após cerca de outros seis dias começará sua postura com
todo o vigor da juventude.
A melhor época para fazer esse trabalho, de criação de rainhas, é no período de abundante e boa
florada apícola.

IMPORTANTE:
* Mesmo que as colmeias e núcleos, envolvidos no trabalho em referência, tenham bastante mel, é
recomendável ministrar durante o período uma alimentação artificial de subsistência, com um pouco
de mel.
* Na hipótese de falta de pólen na colmeia, substitua-se, o alimento de subsistência por estimulante em
xarope oferecido em alimentador de cobertura.
Esse processo de puxada natural de realeira é efetivamente, simples e recomendado para ser feito
pelo pequeno produtor.
No entanto, outra alternativa é a de comprar rainhas já fecundadas, produzidas por algum criador
oficial de rainhas, mediante encomenda prévia.

É BOM SABER
As abelhas têm mais facilidade e preferem construir realeiras em favos novos.
Existem artifícios para incentivar a puxada natura! de realeiras mediante formas e cortes
especiais nos favos. (Tiras)

Tiras de Cera Alveolada

Realeiras – Puxada Natural


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10.12.2 CRIAÇÃO OU PRODUÇÃO ARTIFICIAL DE RAINHAS
Na verdade, é mais uma criação forçada, porque, artificial são somente as cúpulas. Existem
dezenas de métodos, mas todos partem do mesmo princípio obediente ao instinto básico, que
corresponde ao momento de aumentar a família para garantir a sobrevivência e perpetuação da espécie.
O método mais usado é o "DOOLITLE", mais conhecido por processo de enxertia ou
transferência de larvas novas de 12 a 24 horas de vida, para realeiras artificiais denominadas de
cúpulas.
Criar rainhas em quantidade é uma atividade especializada do apicultor, que deve aprofundar-se
nos conhecimentos da biologia da abelha, seleção, genética e das técnicas, que possibilitem a ele
produzir centenas ou milhares de rainhas para venda, constituindo-se numa atividade alternativa
lucrativa.
Para o apicultor, produtor de mel, é recomendado que, se necessitar apenas de algumas poucas
rainhas, produzí-las ele mesmo pelo método da "Puxada natural, ou forçada".
Mas, se possui maior número de colmeias e venha a necessitar algumas dezenas de rainhas
fecundadas, de boa origem genética, ou seletiva, de preferência, deve adquiri-las de algum criador
profissional, mediante encomenda antecipada para o período necessário.

a) Orientação básica para quem deseja desenvolver uma criação de rainhas em nível comercial.
* Conhecer o instinto base das abelhas, observando os períodos da formação de enxames naturais e
todos os fatores ligados a sua biologia e da natureza em que vivem, para determinar a época certa ou
favorável para planejar a sua criação de rainhas.
* O princípio é baseado na possibilidade das abelhas operárias elegerem uma larva e transformá-la em
rainha, mediante alteração da célula ou alveolo em realeira e sua alimentação integral com geleia real
em todo o seu período larval e, também adulto, que lhes dá a capacidade de postura e longevidade.
* Na produção artificial, estes princípios são forçados pelo apicultor que procura condicionar, ou
estimular as abelhas a criarem novas abelhas mestras, em clima e condições adequadas.

MATERIAL NECESSÁRIO
1 - Apiário ou apiários com o número necessário de colmeias para o programa.
2 - Um ou mais apiários de apoio para o suprimento de abelhas para a formação de núcleos, não muito
longe.
3 - Sala para os trabalhos de transferência de larvas.
4 - Banco de matrizes para reprodução, em número mínimo de cinco colmeias.
5 - Colmeias para banco de rainhas.
6 - Banco de colmeias recrias sobre abrigo e próximo a sala de enxertia.
7 - Estufa para realeiras.
8 - Equipamento para inseminação instrumental para manutenção de matrizes.
9 - Balança.

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10 - Colmeia recria ou quarentena.
11 - Telas excluidoras.
12 - Quadros porta cúpulas.
13 - Cepos, réguas ou barras porta-cúpulas
14 - Cúpulas.
15 - Derretedor de cera em banho-maria.
16 - Bastonetes para fabricação de cúpulas.
17 - Gaiolas Burgho metálicas.
18 - Protetores WEST para realeiras.
19 - Estiletes para transferência de larvas.
20 - Conta-gotas para coleta e distribuição de G. R. nas cúpulas.
21 - Núcleos de fecundação (normais ou baby).
22 - Núcleos para comprovação de prole.
23 - Estojo de tintas para marcação de rainhas.
24 - Fichas para registro genético e controle das enxertias.
25 - Alimentadores (externos)
26 - Telas anti-pilhagem.
27 - Tábuas separadoras.
28 - Lupa e iluminador para auxiliar o trabalho de transferência de larvas.
29 - Cândi.
30 - Àgua destilada.
31 - Gaiolas de introdução, transporta e aprisionamento.
32 - Caixa de isopor e toalha.

SEQUÊNCIA DOS TRABALHOS


- Elaborar o Plano de trabalho sincronizando todas as fases para evitar eventuais falhas.
- Confirmar a existência de boa florada, em condições de estimular o instinto reprodutivo das abelhas.
- Verificar a presença de zangões para o período de fecundação das rainhas.
- Disponibilidade de colmeias populosas (fortes), para atender a formação de recrias, núcleos,
produção de G. R. etc.
- Disponibilidade de matrizes selecionadas para fornecimento de larvas.

PREPARO DA COLMEIA PARA PRODUÇÃO DE GELEIA REAL


* Orfanar uma colmeia populosa dois a três dias antes do dia programado para a transferência das
larvas.
* Para orfanar:
1 - Procurar a rainha da colmeia, aprisionar numa gaiola e guarda-la durante 2 a 3 dias num banco de
rainhas ou até na mesma colmeia, se tiver dois ninhos.

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2 - Ou, tirar da colmeia produtora de G. R. o quadro (favo) com a rainha e mais alguns de mel, para
uma colmeia ou núcleo, colocando-o num cavalete do apiário, afastado alguns metros da produtora.
Na colmeia orfanada, deixar os quadros com larvas novas, mais pólen e mel, para permitir a puxada de
realeiras e a conseqüente G.G.
3 - A colmeia ou núcleo com a rainha, pode ser ampliado para uma nova família, ou então, devolver
tudo à colmeia orfanada, para sua normalização.
4 - Na colmeia estirpe, também podemos selecionar uma boa realeira, deixando-a para o nascimento de
uma nova rainha para a colmeia, reforçando assim, o apiário com mais uma família.

*Após orfanação da colméia, em dois a três dias, haverá Geleia Real para ser coletada.
*Manter a alimentação na colméia durante o período de produção da G.R.

PREPARO DA COLMEIA RECRIA


* Constituição da colmeia recria:
a - fundo.
b - ninho (prole).
c - tela excluidora.
d - melgueira ou ninho com favos de mel.
e - ninho para receber as réguas com as cúpulas enxertadas.
f - tampa e coberta.

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Observações
- A colmeia deve ser populosa para atender as necessidades de abelhas nos três componentes.
- A rainha fica no ninho inferior em condições normais e com quadros vazios para postura que
aumentará com o estímulo da alimentação.
- O segundo ninho ou melgueira é constituida com favos de mel, para formar uma área neutra entre o
ninho da prole e a câmara das cúpulas ou realeiras.
- A tela excluidora, tem a finalidade de impedir a saída da rainha de sua área de postura. Evitar que
suba para a câmara das realeiras.
- O último compartimento (ninho) ou câmara das cúpulas, deve estar provido de favos com mel, pólen,
crias nascentes e com larvas, um pouco mais idosas para atrair abelhas jovens (3 a 12 dias de idade)
para cuidar da alimentação das larvas recem-introduzidas.
Os quadros com larvas, pólen etc. devem preferencialmente ser transferidos do ninho inferior
para a câmara de cúpulas da própria colmeia, mas, na falta, podem ser de outra colmeia do apiário.
Para facilitar o trabalho, a colmeia ou colmeias recria, devem ser mantidas próximas a sala de
enxertia e sobre coberta.

PREPARO DAS CÚPULAS


* Cúpulas, ou berços artificiais, para receber a G. R. e as larvas, são feitas de cera 100% limpa e pura
e, de preferência com cera de opérculos.
* Fabricação, uma a uma, ou em bateria, por meio de bastonetes de madeira.
* Deixar o bastonete de molho em água, com uma pitada de sal ou não, uma hora antes e entre os
intervalos de uso, para evitar que a cera grude no bastonete.
* Passar uma fina camada de cera líquida sobre o lado mais curto do cepo, para facilitar a fixação das
cúpulas.
* NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO, retire o bastonete da água, dê uma sacudidela para excluir o
excesso de água, pingo que fica na ponta.
* Mergulhar o bastonete na cera líquida, aproximadamente um centímetro de profundidade.
* Retire em seguida, verticalmente, deixe esfriar por 3 segundos e mergulhe novamente a ponta do
bastonete, repetindo até 3 vezes.
* Depois do último mergulho, com os dedos, solte a cúpula do bastonete e de imediato solde a mesma
no cepo porta-cúpula, ou guarde as cúpulas, copinhos ou cápsulas para posterior aproveitamento.
* Uma vez fixadas as cúpulas no cepo, reforce as bordas passando um pouco de cera líquida, com uma
colher ou piveta soldadora. O resultado final vai depender de um pouco de prática.
COLETA DA GELEIA REAL
Na colmeia previamente orfanada (3 dias), procure as realeiras formadas e delas tire as larvas e
em seguida a G. R. com o uso de uma pinça ou por sucção de um conta-gotas, acondicionando-a num
vidro tipo penicilina ou outro apropriado sem expor. A sobra da G. R. pode ser guardada no
refrigerador por alguns dias, para outra enxertia.

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Levar para a sala de enxertia, diluir um pouco com água destilada e colocar no fundo de cada
cúpula uma pequena porção de G. R., correspondente a cabeça de fósforo. Fazer no período da tarde.

COLETA DE FAVO COM LARVAS DA COLMEIA MATRIZ


Retirar da colmeia matriz selecionada, um quadro com larvas de 12 a 24 horas ou as menores que
se podem enxergar, protegido por uma toalha ou levar numa caixa de isopor para evitar resfriamento
das larvas.

TRANSFERÊNCIA OU ENXERTIA DAS LARVAS


Com o auxílio de um estilete em aço inox (especial) ou uma simples pena (grande) de ave
especialmente preparada, retirar, cuidadosamente a larva do favo matriz, por baixo para que fique
boiando sobre a Geleia, colocando-a na cúpula sobre a G. R., previamente colocada, sem mergulhar e
afogar na G. R.
A colmeia matriz, fornecedora das larvas, deve ser alimentada uns 2 a 3 dias antes para prover as
larvas com substancial volume de G. R. o que facilitará a coleta das larvas. Estas larvas, bem
alimentadas, inclusive, permitem a enxertia nas cúpulas a seco.
O quadro é devolvido à colmeia matriz de onde foi retirado.

TRANSFERÊNCIA DAS CÚPULAS COM LARVAS PARA A COLMEIA RECRIA


Terminada a transferência de larvas, levar o quadro ou quadros com cúpulas imediatamente para
a colmeia RECRIA, com todo cuidado, colocando-o no ninho superior, no centro da colmeia, já
devidamente preparado com 12 horas de antecedência, onde as abelhas nutrizes vão tomar conta da
alimentação das larvas e transformação das cúpulas em realeira.
Alimentar a colmeia durante o período.

APROVEITAMENTO E DESTINATÁRIO DAS REALEIRAS


Após 8 dias na recria, as rainhas estão próximas à nascer, e para evitar que o nascimento da
primeira, venha a destruir as demais realeiras, antes do nascimento das rainhas. Por isso é necessário
colocar as realeiras individualmente numa gaiola Burgho para proteção até o nascimento, para
posterior introdução nos núcleos de fecundação ou colmeias órfãs. Colocar um pouco de cândi nas
gaiolas.
Ou então, fazer a distribuição das realeiras diretamente nos núcleos de fecundação ou colmeias
órfãs, protegidas com protetor WEST, para impedir sua destruição.
Após, aproximadamente 3 dias, ocorre o nascimento das rainhas.
Em 6 a 9 dias as rainhas virgens, farão o seu vôo de fecundação, copulando com até 20 zangões
no mesmo vôo.
Em mais cinco dias, as rainhas já estão em postura, para avaliação pelo apicultor e destinação à
venda ou aproveitamento em seus próprios apiários.

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Um núcleo de fecundação pode produzir uma rainha fecundada a cada 15 dias e com 49/51 dias
já podemos comprovar a prole da rainha.

QUARENTENA (caixa ou núcleo)


A quarentena é uma fase preliminar da RECRIA, para garantir a aceitação das cúpulas.
Entre os ingleses é chamada de SWARM-BOX, ou Cel Starter Box e que se constitui de uma caixa
núcleo para três quadros, contendo mel, cria nascente, abelhas aderentes e água, SEM RAINHA, com
duas fendas para encaixe de dois (2) cepos ou barras porta cúpulas.
É uma caixa com abelhas órfãs que aceitam com garantia as cúpulas com larvas, nela
introduzidas, onde permanecem por 24 horas com a finalidade única de iniciar a transformação das
cúpulas em realeiras e alimentar as jovens larvas.
A capacidade de uma quarentena é de dois cepos com 15 a 20 cúpulas, por carga, num total de 30
à 40 cúpulas.
As abelhas da quarentena podem ser usadas por duas cargas, com 60 à 80 cúpulas. As realeiras
depois de 24 horas, são transferidas para a Recria, para continuar o processo.

Cepo Porta Cúpulas

A - Cepo porta cúpulas. D - Cúpulas enxertadas.


B - Tábua corrediça para fechar a fenda ou encaixe do Cepo porta-cúpulas.
C - Fenda ou encaixe do cepo porta cúpulas. E - Realeiras puxadas e aceitas.

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Estas são as diretrizes gerais para desenvolver uma criação de rainhas em bases comerciais, mas,
existem muitas outras informações e práticas que o apicultor vai aprendendo ao longo do tempo com a
vivência e uso de bibliografias específicas.

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75
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Na atividade produtora de rainhas os alimentadores, tipo bebedouro constituídos de um vidro de
boca larga ou lata, com a tampa furada são os melhores. São fáceis de fabricar em casa com o
aproveitamento de vidros e latas usadas, sempre disponíveis.

10.13 POSTURA DE ABELHAS OPERÁRIAS

No processo de reprodução de abelhas, os óvulos não fecundados dão nascimento aos zangões
(machos) e os óvulos fecundados originam fêmeas, especificamente operárias e rainhas.
* Uma larva de operária, devido ao berço especial (realeira) e a alimentação durante o seu
desenvolvimento, transforma-se em rainha, que será a mãe de todas as outras, com os seus órgãos de
reprodução perfeitamente desenvolvidos.
* As abelhas operárias, que se desenvolvem em células normais e sem alimentação especial no período
larval, nascem fêmeas, como as rainhas, mas com os órgãos reprodutivos atrofiados, sem condições de
fecundação.
Assim, quando uma colmeia perde a sua rainha, não existindo condições para as operárias
criarem uma substituta, por falta de ovos ou larvas novas. Em consequência disso, a família sente-se
órfã e durante uma ou duas semanas, esgotadas todas as condições capazes de criar outra rainha,
algumas abelhas tentam salvar a colônia, desenvolvendo os ovários e iniciando a postura, no que são
imitadas por muitas outras abelhas.
Estas abelhas, chamadas de zanganeiras, androtocas ou, simplesmente, poedeiras, não foram nem
poderiam ser fecundadas. Seus ovos (não-fertilizados) irão originar o nascimento de zangões
(atrofiados) condenando a família à extinção dentro de um prazo de 50 dias, pela falta de abelhas
operárias para os trabalhos da colmeia.

Como saber se existem operárias poedeiras na colmeia


* Nascimento e presença de grande número de zangões atrofiados, (menores que os normais).
* Existência de postura irregular nos alvéolos, em grande número e espalhada até pelas suas paredes.
* A cria madura, ou operculada, apresenta-se com intumescência devido à existência de um indivíduo
maior dentro de um alvéolo destinado à operária.

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Como corrigir a ocorrência.
1) Aplicar bastante fumaça na colmeia zangeneira e fechar o alvado.
2) Levar a colmeia a uma distância de 100 metros, sacudir e transferir todos os quadros para uma
colmeia nova, tendo o cuidado de não levar junto com os favos alguma abelha adulta, porque esta
poderá estragar todo o trabalho feito.
3) Levar a nova colmeia de volta ao local anterior e introduzir uma nova rainha ou juntar as abelhas em
outra colmeia como reforço.

O princípio do método é que as abelhas poedeiras com o peso dos óvulos nos ovários
desenvolvidos e o mel armazenado com o efeito da fumaça não conseguem voar de volta.

10.14 CONTROLE SANITÁRIO

Existem inimigos naturais das abelhas que são externos às colmeias, estes podem eliminar as
operárias em vôo e/ou invadir os ninhos, destruir os favos de mel, cria e madeira das caixas. Dentre
estes destacam-se: aranha, pássaros, formigas, irara, homem, traça e cupins.
Para prevenir-se contra estes inimigos, mantenha as caixas em bases acima do solo, utilize
protetor embebido de óleo, faça capinas periódicas, reduza o alvado, mantenha o apiário em local
vigiado e combata os formigueiros e cupinzeiros próximos ao apiário.
No caso específico da traça da cera:
- Manter os favos armazenados em colmeias fortes, para impedir o desenvolvimento da traça;
- Fumigar as lâminas de cera com paradicloro benzeno.

Importante:
O uso de medicamentos deverá ser feito apenas sob orientação técnica.

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Na Bahia algumas doenças e pragas apícolas já foram diagnosticadas, como: Nosemose,
amebíase, varroase, "cria ensacada" e cria pútrida européia, sendo que esta última é a mais freqüente
em regiões com alta umidade.
Para evitar prejuízo no apiário, é importante que o apicultor saiba identificar os sintomas das
doenças e pragas, conheça as medidas preventivas de controle e saiba como e para onde enviar as
amostras suspeitas para diagnóstico e orientação do tratamento adequado (contato c/ Universidades).
O quadro a seguir apresenta as principais características das doenças e pragas apícolas.

Bahia 22,23 e 17,18,19

79
11. PRODUTOS DAS ABELHAS

11.1 MEL

Talvez nenhum alimento seja adquirido com tanta


expectativa sobre sua pureza e essência natural como o mel,
utilizado freqüentemente como remédio e na complementação da
alimentação infantil. É responsabilidade do apicultor, portanto,
levar ao consumidor um produto de qualidade tão próxima quanto possível daquele mel recém-
operculado pelas abelhas nos favos.
Oferecer ao consumidor um mel de má apresentação, cheio de sujeiras em suspensão, com um
"colarinho" de espuma e em uma embalagem suja ou vazando, ou ainda fermentado (azedo), é uma
forma segura de perder a freguesia.
Por outro lado, não há nada pior para o apicultor do que, ao final de um período de safra, ver o
seu mel fermentado nos tanques de decantação ou já nas embalagens finais, impossibilitando, dessa
forma, sua comercialização e pondo a perder o esforço e o dinheiro investidos na colheita.

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Mel azedo, com cheiro e gosto estranhos e cores indesejáveis é, quase sempre, culpa do apicultor
que desconhece as propriedades do seu produto e ignora ou subestima a importância de cuidados
higiênicos durante a produção, colheita, processamento, embalagem e armazenamento.

A) ORIGEM DO MEL
O mel é produzido a partir do néctar e outras exsudações naturais das plantas que são coletados,
processados e armazenados pelas abelhas.
O néctar, principal matéria-prima do mel, é uma solução aquosa adocicada, produzida por
glândulas vegetais chamadas de nectários e composta de vários açúcares, que variam grandemente nos
tipos presentes e em suas proporções. Outras substâncias, como compostos nitrogenados, minerais,
vitaminas, ácidos orgânicos, pigmentos, substâncias aromáticas, estão presentes em pequenas
quantidades.
O néctar é coletado principalmente nas flores por abelhas campeiras e conduzido no interior de
seus papos para a colmeia. No ato da ingestão, o néctar é misturado e diluído com a saliva da abelha,
que é produzida nas glândulas hipofaringeanas e salivares, que contêm enzimas utilizadas na
elaboração do mel. Na colmeia as campeiras distribuem o conteúdo de seus papos para algumas
abelhas caseiras, estas, por sua vez, fazem o mesmo, passando o alimento recebido a outras. A duração
e o número de abelhas envolvidas neste processo dependem do tamanho da colônia e da quantidade de
alimento (néctar) que entra na colmeia. Em fluxos intensos de néctar, o mel é rapidamente estocado,
sendo o número de transferências pequeno, enquanto em pequenos fluxos o número de transferências é
maior.
Ao chegar à colmeia, o néctar possui um alto teor de água, que é perdido durante o seu processo
de transformação em mel. Esta perda de água ocorre em duas etapas, uma envolvendo diretamente a
atividade das abelhas e outra indiretamente. Na primeira etapa as abelhas caseiras manipulam o néctar
recebido, de forma que gotas deste são expostas no ar na base de suas peças bucais e, após segundos,
são recolhidas novamente à boca, sendo isto repetido várias vezes. Por meio deste processo as abelhas
promovem perda de parte da água contida no néctar e produzem um mel parcialmente amadurecido,
com um teor de água de 40 a 50%. Na segunda fase, este mel é depositado sobre as paredes das células
dos favos, e o excesso de água é então evaporado. Quando o mel já se encontra completamente
amadurecido, contendo de 17 a 20% de água, as abelhas completam as células e fecham-nas com cera,
ficando o mel protegido da absorção de água e reduzindo a possibilidade de fermentação. Durante o
fluxo de néctar, as abelhas aceleram a evaporação nas células por arejamento, dirigindo uma corrente
de ar entre os favos.
Enquanto a água está sendo evaporada no processo de amadurecimento do mel, vão ocorrendo,
também, alterações químicas no néctar. A principal delas é a inversão da sacarose, o principal açúcar
do néctar, em glicose e frutose, açúcares característicos do mel, pela enzima invertase. Esta enzima é
adicionada ao néctar, através da saliva das abelhas. Contudo, durante a quebra da sacarose outros
açúcares, além da glicose e frutose, são formados.

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B) COMPOSIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO MEL
A composição do mel depende principalmente das fontes vegetais das quais ele é derivado, mas
também pode ser influenciada por fatores externos, como as condições climáticas e o manuseio do
apicultor na colheita e extração. Entretanto, os principais componentes do mel são, sem dúvida, os
açúcares que juntos totalizam 95 a 99,9% dos sólidos, sendo que 70% destes são os monossacarídeos
glicose e frutose. Contudo, outras substâncias como ácidos, minerais, aminoácidos, enzimas,
vitaminas, ainda que em pequenas proporções, estão presentes no mel. Estas substâncias, pouco
expressivas quantitativamente, são de grande importância na definição qualitativa do mel, estando
associadas a características como aroma, sabor e cor. Dificilmente se encontram dois méis iguais;
haverá sempre diferenças oriundas de particularidades de seu processamento e do local onde foram
produzidos.

C) OS AÇÚCARES
Os açúcares, como já mencionado, são os componentes em maior proporção no mel, sendo a
glicose e a frutose os mais importantes, embora outros também estejam presentes. Muitos dos açúcares
encontrados no mel não estão presentes no néctar. Eles são resultados da ação de enzimas adicionadas
ao néctar pela abelha, durante o processamento do mel.

D) OS ÁCIDOS
Os ácidos ocorrem em pequeninas proporções, menos que 0,5% dos sólidos, mas, mesmo assim,
contribuem não só para o sabor do mel, como também para sua estabilidade contra microorganismos.
Vários ácidos têm sido encontrados no mel, dentre eles, o glucônico é considerado um dos principais.
Os minerais estão presentes no mel em pequenas quantidades, variando de 0,02 a valores ligeiramente
acima de 1,0%, estando os níveis médios em torno de 0,17%. O teor de minerais do mel está
relacionado com a sua coloração. Méis mais escuros são mais ricos em minerais que os méis claros.

E) OS AMINOÁCIDOS
Os aminoácidos também estão presentes, em quantidades mínimas, no mel e são insignificantes
do ponto de vista nutricional.

F) AS ENZIMAS
As enzimas são, sem dúvida, um dos componentes essenciais, para a transformação do néctar em
mel. Várias enzimas estão presentes no mel, sendo a invertase, diastase e glicose-oxidase as três mais
importantes.
A invertase é responsável pela quebra da sacarose em glicose e frutose. Mesmo após a colheita
do mel, quando este já está maduro, esta enzima permanece presente e mantém sua atividade por mais
algum tempo, desde que o mel não tenha sido aquecido.
A diastase, que é uma amilase atuante na digestão do amido, não tem sua função no mel ainda
esclarecida, já que o amido não é encontrado no néctar. A diastase é mais sensível à temperatura do

82
que a invertase; por esta razão, em alguns países europeus, têm-se utilizado os níveis desta enzima,
como um indicativo do superaquecimento do mel.
A glicose-oxidase atua na oxidação da glicose, quando o teor de água do mel é ainda alto,
produzindo o ácido glucônico e peróxido de hidrogênio, que é a base da atividade antibacteriana do
mel.

G) AS VITAMINAS
As vitaminas estão presentes no mel em quantidades baixíssimas e extremamente variáveis. São
insignificantes do ponto de vista nutricional e têm sua origem atribuída à fonte floral e ao conteúdo do
pólen do mel.
Outro constituinte do mel é o Hidroximetilfurfural (HMF), composto resultante da quebra de
frutose em presença de ácido. O HMF é utilizado, assim como as enzimas, no controle de qualidade do
mel. Com o aquecimento, o teor de HMF do mel é aumentado. Contudo, isto também ocorre durante
um período prolongado de armazenamento.
O aroma, o sabor e a cor do mel são características extremamente atrativas ao consumidor, sendo
freqüentemente utilizadas como parâmetros na escolha do mel. Isto torna estas características
importantes do ponto de vista comercial, e exige do apicultor certos cuidados, com o objetivo de
preservá-las o mais próximo possível do seu estado natural, o que nem sempre acontece.
O sabor e o aroma do mel estão bastante relacionados, e ambos dependem de quantidades
diminutas de substâncias complexas no mel, derivadas de suas fontes vegetais.
Tanto o aroma, como o sabor do mel são vulneráveis ao aquecimento e às condições inadequadas
de armazenamento. O efeito do calor excessivo sobre os açúcares, ácidos e aminoácidos do mel podem
levar à alteração do seu aroma e sabor.
O calor é utilizado freqüentemente na descristalização do mel, e também como um tratamento
preventivo de sua cristalização e fermentação. Contudo, os danos advindos do aquecimento tornam-se
menores, quando cuidados são tomados na duração e quantidade de calor utilizado no tratamento do
mel. Observações feitas por pesquisadores indicam que as mudanças oriundas do aquecimento do mel
ocorrem também durante um longo período de armazenamento.
A coloração do mel líquido pode variar de branco aquosa a próxima de preto, sendo estas
variações devido à sua fonte floral e a outros fatores, como período de armazenamento, aquecimento e
contaminações.
Normalmente, o mel torna-se mais escuro com o armazenamento, sendo este processo acelerado
com o aumento da temperatura. Entretanto, as taxas de escurecimento são variáveis; méis diferentes
podem escurecer em proporções diferentes, mesmo sob as mesmas condições. Um ponto interessante é
a variação de cor de mel relacionada com as condições dos favos onde ele foi estocado. Favos velhos,
que já receberam postura da rainha, possuem uma coloração mais escura e tornam os méis neles
estocados mais escuros que aqueles estocados em favos novos e claros.

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11.1.1 ALTERAÇÕES NO MEL

1) CRISTALIZAÇÃO

Geralmente a cristalização do mel é associada, por leigos, à adulteração dele, entretanto, ao


contrário do que muitos pensam, ela é um processo natural. O mel é uma solução altamente
concentrada de açúcares simples, que contém mais material dissolvido do que é capaz de manter em
solução, quando em temperaturas abaixo da que foi produzido. Isto o torna uma solução mais ou
menos instável e que, em determinadas condições, retorna a sua situação estável de solução saturada,
com o material em excesso sendo precipitado. Além disso, a tendência de cristalização do mel está
relacionada a sua composição e condições de armazenamento; alguns nunca cristalizam, ao passo que
outros o fazem em poucos dias após a colheita, ou até mesmo nos favos.
Dos açúcares presentes no mel, a glicose é o primeiro a cristalizar. Seus cristais brancos
conferem ao mel uma coloração mais clara do que quando em estado líquido.
Com o objetivo de determinar a tendência de cristalização dos méis, vários índices foram
elaborados, sendo a proporção entre o conteúdo de glicose e o de água do mel, um dos mais utilizados.
Outro índice também usado é a proporção entre o conteúdo de frutose e o de glicose. Quando este for
superior a 2,0, o mel é considerado livre de cristalização.
A água é também um dos componentes do mel que influenciam na cristalização. Méis com
menos de 17% de água são mais prováveis de cristalizar que aqueles com 18%, já que estes últimos
possuem mais água que os primeiros, para diluir os seus açúcares.
O processo de cristalização pode ser acelerado pela presença de partículas estranhas em
suspensão no mel, as quais podem servir como núcleos para crescimento de cristal. Estas partículas
estranhas podem ser pequenos pedaços de cera, sujeiras do ar ou do recipiente, ou quaisquer outras
impurezas, que são, em sua maioria, possíveis de ser retiradas por meio de um processamento
adequado do mel.

2) FERMENTAÇÃO

A fermentação do mel é causada pela ação de leveduras tolerantes a açúcares sobre a glicose e a
frutose, resultando na formação de álcool etílico e dióxido de carbono. O álcool em presença de
oxigênio pode ser quebrado em ácido acético e água. Como resultado, o mel fermentado apresenta um
gosto azedo.
As leveduras responsáveis pela fermentação estão naturalmente presentes no mel e são mais
tolerantes a altas concentrações de açúcares que outras. Elas são chamadas de osmofílicas.
Um dos fatores associados com a fermentação do mel é o seu teor de umidade que, juntamente
com o número de leveduras contaminadoras, com as condições de armazenamento e com a presença de
cristalização, determina a fermentação ou não do mel. Normalmente, méis com alto teor de umidade
estão mais sujeitos à fermentação que aqueles com teores mais baixos.

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A cristalização do mel às vezes favorece a sua fermentação. Isto ocorre principalmente quando a
cristalização é incompleta, devido ao aumento do teor de umidade da sua parte líquida. Contudo, a
fermentação do mel não é determinada pela situação individual de cada um destes fatores
mencionados, mas sim pela situação conjunta deles, e isto deve ser observado com o intuito de evitar
as perdas.

3) PROCESSAMENTO HIGIÊNICO DO MEL

Os problemas associados ao processamento do mel vão variar bastante de acordo com a situação.
Eles serão uns para aqueles que têm na apicultura apenas um passatempo e mantêm algumas poucas
colmeias e serão outros para o apicultor profissional, com algumas centenas ou milhares de colmeias e
outros, ainda, para os grandes entrepostos de cooperativas ou empresas particulares, que recebem méis
oriundos de milhares de colmeias pertencentes a muitos apicultores e provenientes, às vezes, de
regiões bem distantes umas das outras.
Talvez se possa dizer que as diferenças entre os problemas enfrentados pelo apicultor e pelo
entreposto de mel se resumam ao fato de que o apicultor está envolvido num esforço para manter
intacta a qualidade do seu mel, até o processo de embalagem. No entreposto, por outro lado, por não se
conhecerem as condições em que cada partida de mel recebido foi manejada, esforça-se por anular os
possíveis problemas oriundos do manuseio inapropriado do mel.
Dessa forma, enquanto o apicultor consciencioso pode embalar um mel de qualidade
praticamente idêntica ao daquele recém-operculado na colmeia, o entreposto está sempre às voltas com
problemas de superaquecimento e absorção de água nos processos que visam a garantir a conservação
do mel. Estes problemas podem levar ao escurecimento, perda do aroma e sabor e aumento do teor de
hidroximetilfurfural, o que compromete a qualidade do mel.
Aqui se deterá mais nos problemas relacionados ao manejo das pequenas colheitas que,
freqüentemente, levam a produto de muito baixa qualidade. Isto se deve em parte às dificuldades
encontradas pelo pequeno produtor para a aquisição de equipamento apropriado ao trabalho com o mel
e, em parte, pela ignorância sobre os processos envolvidos na deterioração do mel e sobre os cuidados
higiênicos para impedi-la. Não serão considerados aqui, a não ser em menções eventuais, etapas do
processamento só aplicáveis às grandes linhas industriais (homogeneização, pasteurização etc.).

A) CUIDADOS NO APIÁRIO E DURANTE A COLHEITA


O esforço para a obtenção de um mel de boa qualidade deve começar ainda no apiário. Um
cuidado básico que se deve tomar é com os favos em que as abelhas armazenarão o mel. Estes devem
ser destinados especificamente a isto. A utilização de favos ocupados anteriormente com cria leva ao
aumento do teor de pólen e ao escurecimento do mel.
O mel deve ser colhido tão logo esteja maduro. A sua permanência nas colmeias pode permitir,
principalmente nos locais e épocas mais frias, que ele se cristalize nos favos, tornando impossível a sua

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extração. Além disso, o mel estocado por muito tempo no interior das colmeias (mais de três meses)
tem o seu teor de HMF espontaneamente aumentado.
Durante a colheita e mesmo enquanto está sendo armazenado pelas abelhas, deve-se prestar
atenção para que o mel não fique com sabor e aroma de fumaça, devido ao abuso na utilização do
fumegador, que não deve ser direcionado diretamente sobre a melgueira.
Para retirar as abelhas de sobre os favos, na colheita do mel, muitos apicultores utilizam-se de
repelentes químicos, que, se usados inadequadamente, podem levar à contaminação do mel, deixando-
o com cheiro e gosto desagradáveis. Também a cera pode ser contaminada e, com a reutilização
repetida dos favos, os repelentes tendem a se acumular, passando ao mel.
Durante a colheita deve-se fazer uma seleção dos quadros de mel. Não se devem colher favos que
contenham menos do que dois terços de suas células operculadas. O mel desses favos, ainda "verde",
contém muita água (mel ralo), o que facilita o processo de fermentação. Além desse cuidado básico,
devem-se evitar, também, aqueles favos que contenham muito pólen armazenado. Uma situação
especial, em relação a isso, costuma ocorrer durante os grandes fluxos de alimento; talvez devido à
competição pela utilização do espaço dentro da colmeia, o pólen, que é normalmente armazenado em
células separadas, é, às vezes, encontrado no fundo dos alvéolos, sob o mel. Com isso, o mel dos
favos, costuma azedar-se espontaneamente na colmeia, ainda antes da colheita.
Durante a colheita até a centrifugação do mel, os favos devem ser mantidos à sombra, em local
seco e fresco. O calor excessivo amolece a cera; favorecendo a quebra dos favos no transporte e na
centrifugação. Além disso, o mel tem a capacidade de absorver a umidade do ar, como já foi
mencionado, o que favorece o processo de fermentação.

B) PREPARAÇÃO PARA A EXTRAÇÃO


Uma vez colhidos e transportados para a sala de extração, passa-se à desoperculação dos favos.
Nos entrepostos este processo é executado por máquinas automáticas que começam a se tornar comuns
no Brasil. Um problema trazido pelas máquinas de desoperculação é a incorporação ao mel de grande
quantidade de finas partículas de cera. A separação desta cera torna-se, depois, uma difícil tarefa,
principalmente quando se trabalha com grandes volumes de mel.
Para o pequeno e médio produtores são opções naturais os métodos manuais, com a utilização da
faca e garfo desoperculadores. O apicultor inexperiente normalmente prefere utilizar o garfo, por ser
de manejo mais fácil, mas este estraga mais os favos e incorpora mais cera ao mel. À medida que se
habitua à faca, o apicultor passa a fazer uma desoperculação mais limpa e eficiente. A partir daí, o
garfo só é utilizado para a finalização do serviço, nas reentrâncias dos favos.
Existem modelos de facas desoperculadoras aquecidas por meio de circulação interna de vapor
ou por resistência elétrica, para facilitar a operação de corte dos opérculos. Os modelos mais simples
são aquecidos, muitas vezes, com a imersão em água quente. Este processo, entretanto, pode levar à
excessiva absorção de água pelo mel, devido ao contato com a faca úmida. O apicultor, portanto, deve
utilizar a faca bem amolada, para evitar esse processo de aquecimento.

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O subproduto da desoperculação é uma massa de cera (os opérculos) embebida em mel. Vários
processos são utilizados para a separação de mel e cera: peneiração, prensagem, centrifugação, fusão
etc.. Este processo exige o emprego do calor e só pode ser utilizado em equipamento apropriado, com
rígido controle da temperatura. Mesmo assim, o mel (e a cera) é freqüentemente deteriorado e não
deve ser misturado àquele proveniente da centrífuga, sob pena de se ter toda a partida de mel
inutilizada. Entretanto, com a utilização da peneiração seguida de centrifugação ou prensagem da
borra, a massa de cera resultante conterá, ainda, em peso, com cerca de 50% de mel
Durante todo o processo de manuseio do mel, da desoperculação até o envazamento, o apicultor
deve-se preocupar com o seu asseio pessoal. O contato com o suor das mãos, com fios de cabelo e
outras sujeiras contribui para a mais rápida deterioração do produto. O apicultor deve, portanto,
trabalhar sempre de roupas limpas (preferencialmente macacão ou avental), cabelos protegidos sob
gorro e mãos sempre bem lavadas com sabão (preferencialmente.

C) EXTRAÇÃO
A extração do mel tem sido feita de diversas maneiras: prensagem dos favos, escorrimento do
mel sob o sol, centrifugação etc.. Sem dúvida, a centrifugação é o único desses processos que mantém
inalterada a qualidade do mel. Mesmo assim, a falta de cuidado pode levar à depreciação do produto.
Dois aspectos são importantes aqui: o material de que é construída a centrífuga e o asseio no seu
emprego. Materiais, como folhas de zinco, chapas galvanizadas etc., oxidam-se sob a ação corrosiva
do mel, liberando partículas que vão favorecer os processos de fermentação e cristalização. Também as
tintas, utilizadas no revestimento interno, descascam, liberando escamas que prejudicarão a qualidade
posterior do mel. Além disso, muitas dessas tintas utilizadas pelos apicultores (como a de alumínio)
são tóxicas ao homem.
As centrífugas, assim como todos os outros equipamentos ou suas partes que entram em contato
com o mel, devem ser confeccionadas em aço inoxidável, plástico atóxico ou ferro estanhado (com
menos de 2% de chumbo), com paredes internas revestidas de fibra de vidro ou verniz sanitário.
De nada adianta, contudo, a centrífuga ser construída com material inerte, se o apicultor, na sua
utilização, não respeita os princípios de higiene. Antes e após o uso, a centrífuga deve ser bem lavada.
Todos os resíduos de mel e outras partículas quaisquer devem ser eliminadas. Mesmo pequenas
quantidades de mel cristalizado ou fermentado nas frestas ou dobras do equipamento desencadearão os
processos de cristalização e fermentação nas próximas partidas de mel nele extraídas.
Para lavagem dos equipamentos da sala de mel, o Ministério da Agricultura recomenda a
utilização de solução de 3 a 5% de hidróxido de sódio em água, preferencialmente aquecida a 40-45°C.
Após isso, o equipamento deve ser fartamente enxaguado com água limpa.
É óbvio, que para ser utilizada, a centrífuga deve estar seca.

87
D) PURIFICAÇÃO DO MEL
Ao sair da centrífuga o mel está cheio de impurezas, tais como, partículas de cera, abelhas
mortas, poeira, bolhas de ar etc. Para manter a qualidade do produto, portanto, o apicultor deve retirar
do mel esses contaminantes.
Logo à saída da centrífuga, o mel passa por uma primeira peneiração, que visa a separar as
partículas maiores (abelhas, pedaços de favos etc.). Em seguida ele é transferido aos tanques de
decantação, que se constituem de tambores com torneiras de guilhotina no fundo. Lá o mel ficará em
repouso por três ou mais dias, de acordo com sua viscosidade, para que as partículas contaminantes e
as bolhas de ar, devido à maior densidade do mel, subam até a superfície, onde formarão uma camada
de espuma. Para chegar aos tanques de decantação, o mel pode ser forçado a passar através de uma
segunda peneira, mais fina do que a primeira. Para isso é necessário ajustar, sobre aqueles tanques, um
outro tambor cujo fundo seja a própria peneira. O mel é colocado sobre este tambor, filtrando-se
lentamente e completando o processo de decantação no tanque inferior. Esta operação será muito
dificultada se o mel for mais viscoso ou assim o ficar, sob a ação de baixas temperaturas.
Do tanque de decantação o mel é recolhido pela torneira e transferido para tanques de
armazenamento, latas ou potes. O mel superficial, sobre o qual se acumulam as impurezas decantadas,
é descartado.

11.2 CERA

A cera é produzida por quatro pares de glândulas cerigenas, que se localizam somente no
abdômen das abelhas-operárias. Essas glândulas têm maior função na faixa entre dez e dezoito dias de
idade das operárias. Secretam a cera em forma líquida, que, em contato com o ar, se solidifica
imediatamente em pequenas escamas transparentes. As abelhas trabalham esta cera com as
mandíbulas, sob a forma de alvéolos hexagonais na construção dos favos.
A matéria-prima da cera é o próprio mel que as abelhas transformam em gordura. A ciência já
demonstrou que as abelhas necessitam ingerir de 6 a 7 quilos de mel para produzir 1 quilo de cera. Daí
a importância de se utilizar cera alveolada para menor consumo de mel e para reduzir o tempo gasto
pelas abelhas na construção dos favos. Estes favos, no princípio, são claros e vão se tornando escuros
com o passar dos meses, ficando pretos com aproximadamente dois anos de uso. Nessa época,
praticamente já são rejeitados pelas abelhas. A rainha não faz postura nos favos, que são péssimos
armazenadores de mel. O ideal seria que o apicultor os retirasse anualmente, purificasse a cera e
introduzisse nova cera alveolada na colmeia.
Depois de retirados, os favos pretos da colmeia, bem como os favos estragados nas capturas de
enxames, sofrem processos de purificação da cera. Os processos mais simples são os seguintes:

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A) PROCESSO DO SACO
* Colocam-se os favos dentro de um saco poroso (tipo de aniagem) com um pedaço de ferro para
mantê-lo imerso na água;
* põe-se o saco num tacho ou lata com água, para ferver;
* após fervura durante aproximadamente trinta minutos, retira-se o saco da água quente, que deve
apresentar somente as impurezas da cera;
* com o esfriar da água, a cera forma um bloco, pois ambas não se misturam;
* de posse do bloco de cera, o apicultor procura sua associação, ou cooperativa apícola, ou uma
entidade governamental que faça a troca da cera bruta pela cera alveolada.

B) PROCESSO DE EXTRAÇÃO A VAPOR


Apesar do processo do saco ser bem simples, há um aproveitamento maior da cera quando se usa
o processo de extração a vapor. Este emprega um recipiente de parede dupla, com capacidade de no
mínimo 20 litros. A água, aquecida entre as paredes externa e interna, libera vapor que derrete a cera e
escorre, passando por uma tela metálica colocada no fundo interno do depósito, e alcançando um balde
ou uma lata. As impurezas ficam retidas no interior do recipiente.
Quando parar de escorrer cera na saída do extrator, recomenda-se retirar as impurezas e abastecê-
lo novamente com favos ou serem estes purificados, para melhor aproveitamento do calor. É preciso
sempre prestar atenção ao abastecimento de água.
Formado o bloco de cera purificada, procede-se, como no caso anterior, à troca por cera
alveolada.

C) PRODUÇÃO DE CERA ALVEOLADA


A cera alveolada poderá ser obtida por cilindros alveoladores. Trata-se de um aparelho muito
caro e antieconômico para apenas um produtor autônomo. É recomendável para associações ou
cooperativas, onde o seu uso é mais constante. Compõe-se de dois cilindros conjugados que recebem

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uma lâmina de cera lisa e imprimem os alvéolos sextavados, que são o início do trabalho das abelhas
na construção dos favos.

D) VANTAGENS DA CERA ALVEOLADA


* Serve de guia para a construção dos favos;
* limita o nascimento de zangões, que necessitam de alvéolos maiores;
* representa uma economia de tempo e menor desgaste para as abelhas;
* os favos ficam mais resistentes, não quebrando durante a centrifugação e/ou durante o transporte na
migração das colmeias.

E) PREPARAÇÃO DE CAIXILHOS OU QUADROS COM CERA ALVEOLADA


A armação do caixilho ou quadro serve para dar resistência ao favo durante a centrifugação. Usa-
se arame n° 26 (no último caso o no 24 serve). Fixa-se a lâmina no friso do suporte superior do caixilho
e colam-se os dois lados com cera quente. Ao invés de colar a lâmina de cera alveolada inteira, pode-se
usar as tiras de cera. Retarda-se um pouco o trabalho das abelhas, mas é uma economia significativa.
As lâminas são obtidas por compra direta ou em sistema de troca por cera bruta em associações,
cooperativas ou órgãos governamentais.

F) OBTENÇÃO E PURIFICAÇÃO DA CERA


A cera é produzida pela secreção de quatro pares de glândulas, situadas na região ventral do
abdômen das abelhas-operárias. É secretada pelas glândulas na forma líquida e, ao entrar em contato
com o ar, se solidifica. Com as mandíbulas, as abelhas trabalham a cera confeccionando os favos.
Após um a dois anos de uso, esses favos vão-se escurecendo, tornando necessário trocá-los por outros
quadros com cera alveolada. Os favos escuros podem ser reaproveitados juntamente com aqueles
desprezados na captura dos enxames ou na centrifugação dos favos.
A cera tem, também, aplicação na indústria, como impermeabilizante, fabricação de velas,
produção de cosméticos e na farmacopéia em geral.

11.3 PÓLEN

Biologicamente, é o elemento fecundante masculino da flor, que atraído pelo ovário da mesma
fertiliza as sementes, garantindo a reprodução da planta.
Formado por minúsculos grãos, localizados nas anteras dos estames da flor de onde é coletado
pelas abelhas campeiras e levado para a colmeia para utilização no preparo do alimento das larvas
jovens (os bebês da família), em decorrência do alto valor nutritivo, riquíssimo em proteínas naturais,
acrescido de todo um processo de minerais, como; potássio, fósforo, enxofre, cobre, ferro, cloro,
magnésio, silício e mais um complexo de vitaminas: B-C-D-E. Tem quase todos os elementos
necessários para a vida vegetal e animal com composição semelhante à geleia real

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Para o homem não é remédio, mas um super alimento com nutrientes de alto valor, indicado para
o equilíbrio funcional e harmonioso do organismo humano, produzindo bem-estar e vigor físico, com
ação já comprovada nos seguintes casos:
Esgotamento físico e mental
Envelhecimento precoce
Regulador das funções gástricas
Efeitos preventivos contra doenças
Hipertensão arterial
Fragilidade cutânea
Fraqueza ocular
Queda e embranquecimento precoce dos cabelos
Afecções da próstata
E muito mais.

Consumir ao natural uma colher de chá pela manhã para adultos e crianças a metade. Esta dose
pode ser estendida para a noite e também aumentada, sem contra-indicações.
Apresentação no mercado em forma granulada (bolotas) e em suspensão com mel na
porcentagem de 5 a 20%.
Os minúsculos grãos de pólen variam de forma, tamanho e cor entre as espécies vegetais e, por
isso, na prática, servem para identificar a planta e a origem do mel. Pela identificação do pólen
encontrado através de uma análise, que se chama melissopalinologia, o estudo do pólen no mel.
Já o estudo do pólen na planta chama-se palinologia.
Para uso humano, o pólen somente pode ser coletado de regiões livres da aplicação de
agrotóxicos e formado por plantas de boa produção, considerando coloração e sabor do mesmo.
Para conservar ele deve ser desidratado em estufas especiais a uma temperatura máxima de 50
graus centígrados até reduzir sua umidade a 5 a 8%, ou antes de 24 horas depois de coletado,
selecionado e limpo, guardar no refrigerador, ou ainda, no freezer quando em forma de pasta para
posterior aproveitamento.

COLETA OU PRODUÇÃO DE PÓLEN


Pode ser coletado diretamente das flores e das patas traseiras das abelhas em forma de bolotas, o
que é recomendado. Para retirar o pólen das patas utiliza-se o coletor de pólen, que consiste em duas
partes:
*- uma tela plástica ou chapa de madeira ou arame com furos de 4,5 a 5mm, que tem a finalidade de
raspar as bolotas de pólen das duas patas traseiras das abelhas quando estas passam pelos furos para
entrar na colmeia.
*- Uma bandeja coletora de tela para evitar o saque do pólen pelas abelhas e pelas formigas. Estes
coletores podem ser comprados nas lojas de apicultura ou construídos em casa, a partir de um modelo.

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COMO SABER SE O PÓLEN ESTÁ SECO
Para conhecer se o pólen já atingiu o índice de desidratação desejada, entre 5 a 8% de umidade,
as técnicas são:
A - ESFREGAR O PÓLEN NA MÃO.
-Se as bolotas de pólen não desmancharem está pronto.
-Se as bolotas de pólen desmanchar ainda está com excesso de umidade.
B - Também pegar um punhado de pólen na mão, comprimir e soltar.
-Se desmanchar está bom; caso contrário ainda tem muita umidade.
C - Usar o medidor de umidade para pólen.

11.4 PRÓPOLIS

Utilizada desde a Antiguidade pelos sacerdotes egípcios e pelos filósofos gregos (Aristóteles a
considerava um remédio para a pele), a própolis é uma substância resinosa que as abelhas coletam em
botões e córtex vegetais, transportam para a colmeia, na corbícula, e adicionam a ela pólen, cera e
secreções da glândula salivar. Hoje, conhecem-se inúmeras substâncias dessas secreções, e elas têm

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propriedades antibióticas, aplicáveis a diversas cepas bacterianas, além de propriedades cicatrizantes,
antiinflamatórias e desinfetantes.
O nome PRÓPOLIS tem sua origem no prefixo grego PRO, que significa “antes ou em prol”, e o
sufixo POLIS, que quer dizer "cidade" ou "povoado".
A PRÓPOLIS é uma resina vegetal que as abelhas coletam de certas plantas, principalmente das
coníferas ou de espécies onde o produto é encontrado na casca, em forma resinosa; em outras, a
própolis é achada nas gemas prestes a florescer, a exemplo do que acontece no pessegueiro, na
ameixeira, etc. Há casos em que até nas folhas verdes as abelhas encontram a própolis.
As abelhas coletam esse material com o uso de suas mandíbulas, com as quais o raspam e a
tornam maleável, manipulando-o com as patas, até fixarem a própolis em suas corbículas (nas patas)
como se fosse pólen, transportando-a, após, até a colmeia.

a) Na colmeia, serve como:


* material de construção,
* para envernizar e impermeabilizar as paredes dos favos, antes da postura da rainha, assim
como as demais paredes, teto, assoalho e quadros da colmeia
* para cobrir inimigos invasores, mortos pelas próprias abelhas e que não possam ser retirados,
embalsamando-os com a própolis;
* para fechar frestas e reduzir o alvado durante o frio e até para defesa contra os inimigos;
* para isolar tudo o que as abelhas não gostam e possa vir a comprometer a sobrevivência da
família; e
* para servir de desinfetante da colmeia, eliminar fungos, etc, em favor da saúde das abelhas.

b) Para o homem tem funções terapêuticas comprovadas, como tratamento de:


* tumores malignos,
* bronquites (tuberculoses),
* eczemas agudas e crônicas,
* feridas diversas, purulentas e também calosidades,
* infecções micóticas dos pés, principalmente dos dedos,
* afecções micóticas dos pés, principalmente dos dedos,
* afecções micóticas na pele,
* inflamação da garganta,
* inflamação dos brônquios, da laringe e da mucosa nasal, e
* indicada na cura de aftas e de gengivites.

Externamente é excelente para queimaduras, feridas, micoses, verrugas, picadas de insetos, dor
de dente, entre outras.

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A partir do extrato de própolis, podem elaborar-se um grande número de subprodutos, entre eles
a tintura de própolis, xaropes, balas, pomadas, unguentos, sabonetes, mel com própolis e outras
fórmulas.

COLETA DA PRÓPOLIS DAS COLMEIAS


Para obter própolis das colmeias os principais métodos são os seguintes:

1°) Ao abrir a colmeia, nota-se de imediato a presença da própolis, que é usada pelas abelhas para
grudar ou colar a tampa e nos demais componentes da colmeia.
Neste momento já é possível raspar a própolis da tampa, quadros, etc., durante a revisão.
Para esta oportunidade, o apicultor sempre deve levar um saco plástico para coletar e transportar
a própolis.

2°) Este pode proporcionar uma produção maior e de primeira qualidade. Consistem na colocação,
entre o último componente da colmeia (ninho ou melgueira) e a tampa, de uma tela plástica, igual
aquelas usadas contra mosquitos, etc.
Dentro de algumas semanas, as abelhas, não conseguindo remover a tela, irão fechar os furinhos
com própolis. Dentro de uns dois a três meses, conforme a época, o apicultor verifica e recolhe a tela e
se estiver impregnada de própolis, coloca-a no freezer por 24 horas para ficar quebradiça e facilitar a
sua remoção, por fricção.
A colocação da tela deve ser no outono, depois da última safra, conseguindo-se obter de 50 à 75
gramas Por tela em aproximadamente 60 dias, mas tudo depende das abelhas e da região.

Observações: Nunca colocar as telas na colmeia em períodos de produção de mel para evitar o
excesso de mistura de cera com a própolis.
Melhor colocar no outono, deixando na colmeia durante o inverno para retirá-la na primavera por
ocasião da primeira revisão.
- As telas impressas (pretas) são as melhores, pois duram mais, embora dificultem a retirada da
própolis.
- As telas tecidas são mais flexíveis e facilitam a retirada da própolis, mas duram menos.

3°) O método bastante usado e que produz própolis em escamas, de primeira qualidade, é a colocação
de pequenos calços de 15mm ou sarrafos nas quatro extremidades ou cantos da colmeia, entre o ninho
e a tampa.
A melhor época para colocá-los é depois da última colheita, antes do inverno, deixando-as para
retirar após a revisão preparatória das colmeias para a safra primaveril.

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DO QUE CONSISTE A PRÓPOLIS
As análises laboratoriais revelam que a própolis consiste de:
Resinas e bálsamos .........................................55%
Cera .................................................................30%
Óleos voláteis .................................................10%
Pólen ...............................................................0,5%

Estes dados podem variar para mais ou menos, de acordo com a região geográfica e flora
existente.
O trabalho publicado por PROPAVKO, intitulado "Composição química da própolis" demonstra
que são conhecidos 18 componentes dessa resina, que já foram isolados e com a estrutura química
determinada.

Recomendações:
Guardar a própolis em sacos plásticos e manter na geladeira ou freezer até o seu processamento
para evitar proliferação de predadores.
A própolis ainda muito pegajosa (mole) precisa ser deixada ao tempo para maturar (endurecer) e
somente depois guardada.
A PRÓPOLIS, coletada das partes superiores da colmeia é de melhor qualidade, do que a raspada
no alvado (Tem menos impurezas).

PREPARO DA SOLUÇÃO OU TINTURA

SOLUÇÃO DE PRÓPOLIS (1)


Fórmula e dosagem
A própolis na forma de resina poderá ser dissolvida em solventes como: álcool etílico 94 GL, ou
em glicolpropileno.
Mistura-se a própolis em um dos solventes acima, numa concentração de até 35°.
Exemplo:
* Própolis moída e livre de impurezas (resina) .......... 350g.
* Álcool etílico ou glicolpropileno até completar um litro.
* Colocar esta mistura em recipiente fechado durante 30 a 40 dias em temperatura ambiente.
* Durante este período, agitar a mistura diariamente por cerca de dez minutos.
* Após o período de 30 a 40 dias, colocar o produto em refrigeração por 24 horas e filtrar em algodão
(duas vezes) ou papel filtro três a quatro vezes.
Observações:
* O filtrado deverá ser escuro e livre de sujeiras.
* É estável, mas tem que ser guardado em frasco escuro e hermeticamente fechado. O filtrado é
também chamado de "Extrato de Própolis".

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* Pode ser usado misturado ao mel na proporção de 2,0 milímetros do extrato para 100 gramas de mel,
ou em preparados terapêuticos e cosmetológicos da indústria farmacêutica.
* 30 a 40 gotas de extrato em 1/3 de copo com água duas vezes ao dia é recomendado no tratamento de
resfriados.
(1) Maria Tomázia da L. Veríssimo Farmacêutica e Bioquímica do Laboratório Apícola do "IASC".

COMO USAR
a. Em forma de tintura ou extrato
Adultos: 30-40 gotas com um pouco de água (1/3 de copo) até duas vezes ao dia.
Crianças: 05-10 gotas dissolvidas em água 1/4 de copo.

b. Em forma de mel com 5% de própolis.


Uma colher de chá, duas a três vezes ao dia; crianças a metade.
Externamente: passar ou pingar sobre o local afetado a tintura pura uma a três vezes ao dia.

11.5 GELEIA REAL


A geleia real é um alimento secretado pelas glândulas hipofaringeanas e mandibular das abelhas-
operárias, com 3 a 12 dias de vida adulta (essas glândulas são mais ativas quando as abelhas têm idade
de até quinze dias).

A) Composição da geleia real


Água 66%
Proteína 12 %
Carboidratos 13 %
Lipídios 5%
Vitaminas 3%
Cinzas 1%

B) Importância da geleia real para as abelhas


* É alimento das larvas das abelhas-operárias até o terceiro dia de vida;
* é alimento das rainhas durante toda a vida larvária e adulta;
* é alimento de toda a vida larvária dos zangões.

C) Importância da geleia real para o homem


Indiscutivelmente na natureza não tem outro alimento tão rico e poderoso como a geleia real.
Inegavelmente, pela sua composição e quantidades de proteínas, carboidratos, vitaminas,
hormônios, enzimas, substâncias minerais, fatores vitais específicos, substâncias biocatalizadoras nos
processos de regeneração de células desenvolvendo importantes ações no corpo humano.

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Informações de testemunhas e dados colhidos de vários autores em resumo bibliográfico, citam
os seguintes benefícios obtidos com o uso da geleia real, tais como: asma bronquial, bactericida e
microbicida, problemas de climatério, diabéticos, arteriosclerose, geriatria, doenças de fígado, pós-
operatório, esgotamento, regeneração de células, reumatismo, câncer, problemas de visão, úlceras de
estômago, gripes e muito mais.

D) Como conservar a geleia real


- Quando pura, guardar na geladeira em frasco escuro bem fechado.
- Quando misturada com mel pode ser guardada em ambiente normal, sem colocar na geladeira.
- Fatores que prejudicam a conservação da G.R. são: luz, calor excessivo, ar e processamento
inadequado.
- O ar provoca oxidação da G.R.
- A melhor técnica para conservação é a liofilização ou sua transformação em pó.
As dosagens, em média, são de 100-300 miligramas; casos de tratamento especial de 800-1000
miligramas, mediante consulta médica.
Para tomar, o usual é pela manhã e ao deitar.
A produção de geleia real é lucrativa, mas depende de conhecimentos especiais.

E) Produção de geleia real


Produzir geleia real é quase tão simples como produzir mel, mas exige alguns conhecimentos
básicos importantes e muita experiência apícola.
Basicamente, em nível doméstico ou comercial, deve-se utilizar o mesmo procedimento técnico
empregado para a criação natural ou artificial de rainhas, com a diferença de que o apicultor não
permite o desenvolvimento das larvas acima de 72 horas, interrompendo a fase de crescimento das
mesmas, sacrificando-as para coletar a geleia real - depositada na realeira pelas abelhas para
alimentação da larva.

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Para produzir geleia real, entre as várias técnicas existentes, todas se baseiam em orfanar ou não
a colmeia para induzir as abelhas operárias da colônia à necessidade de criar uma nova rainha.
Através da:
a - seleção de uma larva de um dia de vida.
b - transformação da célula comum para nascimento de uma abelha operária, em realeira, para
proporcionar o espaço maior para o crescimento e nascimento de uma abelha rainha de maior porte.
c - alimentação da larva escolhida com geleia real.

Obediente a este princípio, são recomendados para produzir geleia real os seguintes métodos:
01 - PUXADA NATURAL
02 - COLMEIA PRODUTORA ÓRFÃ.
03 - COLMEIA PRODUTORA COM RAINHA.
04 - COLMEIA DUPLA COM DUAS RAINHAS.

01. PUXADA NATURAL


Para atender a necessidade familiar do apicultor ou a disponibilidade de G. R. para a primeira
transferência de larvas numa produção comercial, o método baseia-se no aproveitamento das realeiras
puxadas voluntariamente pelas abelhas de uma colônia órfã ou quando da intenção natural de
enxamear, retirando a larva e coletando a geleia real existente nas tais realeiras.
Quando o apicultor não pode esperar pela decisão voluntária das abelhas, de criar uma nova
rainha, pode-se incentivar e forçá-las a motivação para alimentar algumas larvas de operárias e
modificar a célula-comum em realeira.
Na produção comercial de G.R. as realeiras naturais puxadas pelas abelhas são substituídas por
cúpulas feitas de cera ou então de plástico, que são as mais utilizadas e disponíveis no mercado
brasileiro.

COMO FAZER:
1 - Examine as colmeias mais populosas que mostram sintomas de enxameação próxima, para localizar
e tirar a geleia real das eventuais realeiras em formação.
2 - Ou então orfane uma boa colônia de abelhas, retirando a sua rainha e mantendo-a aprisionada e
guardada em outra colmeia para posterior devolução à matriz (depois de três a quatro dias).
Mantê-la aprisionada numa gaiola do tipo "Burgho" facilita a sua alimentação pelas abelhas do
banco.
3 - A colmeia orfanada deve conter favos com ovos ou, de preferência, larvas bem novas para
viabilizar a criação de novas rainhas e a conseqüente produção da geleia real.
4 - Depois de três a quatro dias de orfandade da colmeia, fazer uma revisão para coletar a G. R.
encontrada nas realeiras em desenvolvimento.
Após coletada, alimentar a colônia e devolver-lhe a rainha, que foi retirada e guardada no banco.

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Neste método natural, a produção de geleia real fica dependente do número de realeiras
produzidas por colmeia, que em média é de duas a quatro, resultando em torno de uma a duas gramas
de G. R. por colmeia.
O uso de uma lona sobre os quadros, facilita a manipulação da colmeia, principalmente para a
coleta de geleia real, introdução da rainha e outras atividades. Indicado para poucas colmeias e quando
não se tem ajudante para o fumegador. Consegue-se controlar as abelhas com o uso de menos fumaça,
dispensando o fumegador gigante.

F) colheita da geleia real


A retirada ou coleta da geleia real das realeiras naturais ou cúpulas artificiais é processada a cada
três dias ou 72 horas, a partir da orfanação da colmeia ou enxertia das larvas.
Da realeira, a geleia real pode ser sugada com uma bomba de sucção (tipo ordenhadeira
mecânica) acionada por um pequeno compressor.
A produção comercial da geleia real é lucrativa, mas depende de conhecimentos especializados e
prática que pode ser adquirida com algum apicultor produtor ou na literatura própria.

RESUMO: O ciclo produtor de geleia real é de três dias ou 72 horas. (Preferência 60/65 horas para
obter G. R. de melhor qualidade).
* Número de varetas c/cúpulas por colmeias - uma a duas.
* Número médio de cúpulas por vareta é de 20 a 30.
* Produção média de G.R. 04 a 08 gramas p/colmeia/ciclo.
Produção por cúpula aceita: cerca de 0,250 grama.
Produção média por colmeia ano: 200 gramas.

11.6 APITOXINA (VENENO DAS ABELHAS)

O veneno da Apis mellifera L., (apitoxina) é secretado pela glândula venífera, situada na parte
posterior do abdômen das abelhas operárias e da rainha. O zangão não possui esta glândula nem o
ferrão. As abelhas usam o ferrão, quando molestadas. O ferrão é a arma de defesa que elas usam para
defender a colônia. O ato de ferroar representa, para elas, a condenação à morte.
O ferrão apresenta umas ancorangens, só visíveis ao microscópio, que impedem retirá-lo do
tecido muscular atingido. As abelhas, após ferroarem, perdem o ferrão e com ele a bolsa de veneno e,
por vezes, parte do intestino. Por este motivo elas morrem em pouco tempo, em defesa da comunidade.
No caso da rainha só, como já falamos, usa o ferrão para lutar, pelo seu espaço, com outra rainha e
também para orientar a colocação dos ovos no fundo dos alvéolos.

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SENSIBILIDADE AO VENENO DAS ABELHAS
Muitas pessoas gostariam de criar abelhas de ferrão. Todavia sendo portadores de grande
sensibilidade ao veneno das abelhas, não podem dedicar-se à apicultura. É recomendável que desistam
dessa idéia, porque uma só ferroada pode provocar o edema de glote, levando o indivíduo à morte, se
não for socorrido com rapidez. Recomenda-se que os apicultores tenham sempre à mão, uma caixa de
primeiros socorros, com seringa e ampolas de fenergan.
O veneno da abelha é constituído de várias substâncias biológicas responsáveis pelos diferentes
efeitos no organismo humano. Um odor ácido é emitido durante a ferroada com a finalidade de incitar
as abelhas ao ataque.
Entre os vários componentes existentes no veneno das abelhas, os princípios ativos são:
Melitina, hialuronidase (enzima) e fosfolipase (enzima), histamina.
No organismo humano esses componentes provocam os seguintes efeitos:
* Histamina: produz uma rápida queda de pressão do sangue.
* Melitina: é tida como responsável pela toxidez local e geral. Quando em alta concentração, também
provoca hemolise ( destruição dos glóbulos vermelhos do sangue ) .
* Hialuronidase: é a promotora da infiltração dos tecidos pelos agentes tóxicos do veneno.
* Fosfolipase: afeta indiretamenta os glóbulos vermelhos do sangue (hemolise ataca a função
respiratória e dificulta a coagulação do sangue).
RESUMINDO: O veneno da abelha é causador de três efeitos específicos no organismo humano:
a) Neurotóxico: por atuar sobre o sistema nervoso.
b) Hemorrágico: pelo aumento da permeabilidade dos capilares sanguíneos.
c) Hemolítico: pela destruição dos glóbulos vermelhos,

MANIFESTAÇÃO DOS EFEITOS NO ORGANISMO HUMANO (variam conforme a


sensibilidade):
1) forte dor durante 2 a 3 minutos, proporcional ao número de ferroadas e conforme o local;
2) inchação mais ou menos acentuada;
3 ) o local da ferroada fica avermelhado , com coceira na região, que pode atingir todo o corpo;
4) aumento da temperatura e falta de ar;
5) os lábios adquirem cor azulada (no caso de alergia);
6) vômito e perda de consciência, em caso alérgico.

100
A COLETA DO VENENO
A coleta do veneno das abelhas é feita, ainda, em pequena escala e só os países com apicultura
muito desenvolvida e estudos bem adiantados da ação terapêutica do veneno, dedicam-se ao
aproveitamento deste produto das abelhas. Podemos citar entre eles, a Rússia, os Estados Unidos da
América; a Alemanha, a Polônia, a Romênia e outros, talvez. A Apicultura do Brasil está começando a
dar os primeiros passos, nesta área com resultados bem positivos
Todos os coletores de veneno baseiam-se no mesmo princípio, que consiste na ejeção do veneno
pelas abelhas, após terem recebido um choque elétrico de baixa voltagem. Alguns coletores são
colocados no alvado das colmeias, outros são chamados coletores de base, i.e., um fundo de colmeia
adaptado para esta finalidade. Atualmente encontramos no mercado vários tipos de coletores de
veneno.
As abelhas, após a coleta do veneno, ficam muito irritadas e, segundo alguns pesquisadores, elas
podem atacar pessoas a algumas centenas de metros das colmeias. Esta irritação pode durar 7 dias.
O coletor tipo Philippe deve ser usado da seguinte forma: “Nós operamos com choques elétricos
de l5 voltes durante 3 segundos, alternados com pausas de 6 segundos e durante um máximo de tempo
de 10 minutos, por colmeia, a fim de evitar um aquecimento excessivo do ninho”.
Em 10 minutos as abelhas “ferroam” a placa de vidro 1700 vezes, depositando o veneno, que
seca em pequenos cristais, que são retirados de dois em dois dias, com o auxílio de uma lâmina de aço
inox, de barbear.
Experiências têm mostrado que a coleta diária de veneno, no período das meladas, reduz o
rendimento do mel e de cera. 14 e 11 %, respectivamente. As abelhas jovens, segundo oferecem 0,05
miligramas de veneno seco, enquanto que as abelhas adultas oferecem 0,10 miligramas. Os cristais de
veneno devem ser guardados em pequenos frascos de cor âmbar, para uso posterior.

12. POLINIZAÇÃO (ENTOMÓFILA)


Tecnicamente, a polinização é a transferência do pólen das anteras para os estigmas das flores,
onde os microscópicos grãos (de pólen) quando maduros e através dos pistilos (estiletes e órgão
receptor), são atraídos até o ovário da flor onde irão fecundar os seus óvulos e originar as sementes e a
conseqüente transformação em frutas, perfeitamente desenvolvidas.

101
Popularmente, chama-se esse processo de fecundação ou "casamento das flores", sendo as
abelhas responsáveis por cerca de 80 a 100% da produção agrícola, especialmente de sementes e
frutas.

Outros insetos, como também o vento, as chuvas e a própria gravidade, ajudam a execução da
polinização, mas nenhum desses instrumentos tem a eficiência das abelhas, porque o seu trabalho é
natural, não programado por elas, mas sim pela natureza, tornando-se um de seus maiores fenômenos e
certamente um dos mais importantes.
A polinização pelas abelhas é a indispensável e valiosa contribuição para a preservação e
perpetuação das espécies vegetais no mundo, garantindo, logicamente, a sobrevivência do próprio
homem, face ao aumento de produção de alimentos.

POR QUE AS ABELHAS SÃO TÃO IMPORTANTES NA FECUNDAÇÃO DAS FLORES:


* Em decorrência das visitas metódicas que fazem às flores, voltando à colmeia com carga
completadas na mesma fonte de néctar, o que assegura eficiência e evita a degeneração das plantas.
* Face ao instinto que possuem de armazenar bastante pólen para atendimento às necessidades de sua
prole.
* Pelo tamanho e formação de pêlos, o que evita o acúmulo e o desperdício de pólen.
* Em virtude de praticarem atividade maior que a dos outros insetos.
* Por terem organização e viverem em grandes sociedades.
* Em virtude de que, além dos trabalhos de polinização, possuem outras utilidades para o homem,
fornecendo-lhe também mel, própolis, pólen, geleia real, cera e apitoxina.

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PADRÃO-REFERÊNCIA DE UMA COLMEIA PARA POLINIZAÇÃO:
* Mínimo de oito quadros cobertos com abelhas, sendo: dois a três quadros com prole nova (ovos e
larvas).
* Rainha de preferência jovem
* 2/3 de abelhas visitadoras (campeiras).
* Sem ou com pouca reserva de pólen, para motivar a coleta.
Para polinização de maçã, em média são: necessárias de duas a quatro colmeias por hectare,
dependendo do tipo de pomar, etc.
A taxa mundial de pagamento em atividade de polinização é de 18 a 25 dólares, por
aproximadamente 30 dias no pomar.
O pagamento é necessário porque a maçã exige saturamento, quando em sete abelhas que visitam
a flor de maçã, apenas uma chega a efetuar a polinização.
Durante a polinização é proibido aplicar qualquer agrotóxico.
Colocar as colmeias no centro do pomar.
O uso de coletor de pólen força as abelhas à coletar pólen, ajudando a polinização.
O pagamento da taxa pelo serviço de polinização varia de acordo com a dependência da planta
pela presença de abelhas. Em algumas culturas, o apicultor chega a pagar pela locação das abelhas.

13. COMERCIALIZAÇÃO

1. Estabelecer o preço do produto em função de:


- Calculando o custo de produção.
- Mercado local;
- Índice do jornal
- Consulta a Empresas Apícolas, Cooperativas, Associações ou Federação de Apicultores;

2. A comercialização dos produtos deve ser feito da seguinte maneira:


- Atacadista venda a associação ou a terceiros;
- Varejista direto ao consumidor;
Obs.: Deve o apicultor participar de campanhas para comercialização do mel cristalizado, como forma
de educar o público consumidor.

14. COEFICIENTES TÉCNICOS


* Produtividade
A produtividade média estimada, admitida como economicamente viável é de 30 kg/cx/ano/
(apicultura fixa), com a adoção deste Sistema de Produção, espera-se alcançar maior produtividade por
caixa. Na apicultura migratória este número pode ser ampliado.
- 1° ano: menos de 60% do esperado

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- 2° ano: a produtividade poderá alcançar índices maiores de acordo com as condições ambientais
locais e o manejo apícola.

15. ORÇAMENTOS
ANEXO

16. ASSOCIAÇÃO

A associação é uma sociedade civil sem fins lucrativos, onde vários indivíduos se organizam de
forma democrática em defesa de seus interesses. Pode existir em vários campos da atividade humana e
sua criação deriva de motivos sociais, filantrópicos, científicos, econômicos e culturais.
A associação é uma maneira de participar da sociedade. É muito comum que as pessoas se
reúnam para alcançar objetivos que, individualmente, seriam bem mais difíceis ou mesmo impossíveis
de ser conseguidos.
Gradativamente e em diferentes atividades, as organizações não-governamentais (ONGs),
entidades representativas de categorias profissionais, grupos sociais ou setores produtivos reivindicam
sua participação no planejamento, execução e avaliação das políticas públicas que canduzem o país.
Essa participação é definitiva para influenciar o gaverno a direcionar os recursos públicos aos projetos
desejados pela maioria da população, bem como fiscalizar sua aplicação.
Ao mesmo tempo, o associativismo se constitui em alternativa necessária de viabilização das
atividades econômicas, possibilitando aos trabalhadores e pequenos proprietários um caminho efetivo
para participar do mercado em melhores condições de concorrência.
Com a cooperação formal entre sócios afins, a produção e comercialização de bens e serviços
podem ser muito mais rentáveis, tendo-se em vista que a meta é construir uma estrutura coletiva das
quais todos são beneficiários.

16.1. ROTEIRO PARA CONSTITUIÇÃO E REGISTRO DE ASSOCIAÇÕES

1. Elaboração e discussão do projeto e Estatuto Social;


2. Assembléia Geral de Constituição;
3. Registro do Estatuto e da Ata da Assembléia Geral de Constituição em Cartório de Registro de
Pessoas Jurídicas;
4. Obtenção de inscrição na Receita Federal - C.G.C.;
5. Obtenção de inscrição na Receita Estadual - Inscrição Estadual;
6. Obtenção de inscrição no INSS; e
7. Registro na Prefeitura Municipal.

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1. ELABORAÇÃO E DISCUSSÃO DO PROJETO DE ESTATUTO SOCIAL
Um dos requisitos para a organização de uma associação é a existência de um estatuto. Neste
sentido, o Instituto de Cooperativismo e Associativismo, visando dar subsídio aos grupos que
pretendem se engajar em associações montou um modelo de estatuto que servirá para orientar o grupo,
na elaboração de seu próprio estatuto.
1 a. Definição de Estatuto:
Segundo Pedro Nunes, o estatuto é o "Conjunto de prescrições ou regras que como lei interna
rege o funcionamento de uma associação, ou sociedade, civil ou mercantil e estabelece os direitos e
deveres de seus membros".
O estatuto dá suporte legal, de estruturação organizacional, adequada ao tipo de instituição que
irá reger.
Dele não deve constar dispositivos transitórios que necessitem de mudança de acordo com o
momento, tais dispositivos devem ser regulamentados via regimento interno.
Na sua elaboração deve-se observar regras pertinentes a formulações de qualquer ato legal tais
como: apresentação formal e material adequados, linguagem correta e precisa, idéias coordenadas,
concisas e claras.

1.b. Modelo de Estatuto:


O modelo apresentado não pretende ser algo acabado e único, mas um modelo de orientação que
inclui os dispositivos necessários para dar suporte legal à estrutura da associação.
Como as associações não são iguais, variam de acordo com a área em que pretendem atuar, cada
grupo deve adequar o modelo a sua situação específica.

2. ASSEMBLÉIA GERAL DE CONSTITUIÇÃO DE ASSOCIAÇÕES


É a reunião dos interessados no dia, local e hora estipulados pela Comissão Organizadora da
Associação. Os presentes deverão escolher, entre si, um elemento para presidir a Assembléia, e este,
por sua vez, assumindo suas funções, convidará um dos presentes, para secretariar os trabalhos e
redigir a respectiva ata.
Formada a mesa, o presidente declarará instalada a Assembléia, e discorrerá sobre a sua
finalidade e seus objetivos. Em seguida será lido, discutido e aprovado o Estatuto, pelo qual se regerá a
sociedade.
Aprovado o Estatuto, o Presidente proclamará constituída a sociedade, procedendo, em seguida,
a eleição dos membros da Diretoria, que poderá ser feita por escrutínio (ato de recolher os votos)
secreto ou por aclamação. Feita a apuração e contados os votos, o Presidente empossará os eleitos e o
Secretário lavrará a respectiva ata, a qual será lida e assinada por todos os presentes.
Esta ata será o relato resumido, porém fiel, de todos os trabalhos realizados no decorrer da
reunião. Nela três itens são essenciais e indispensáveis para o registro da associação:
a. denominação social da Entidade;

105
b. aprovação do anteprojeto do Estatuto; e
c. eleição e posse da Diretoria, com nome completo e qualificação de todos os elementos eleitos - Lei
Federal n° 6.015/73 .
A ata é lavrada em livro próprio e constará o nome e qualificação de todos os fundadores da
sociedade que, no final, assinarão o livro.
Quando houver associado pessoa jurídica, constará da ata o seu número de registro, nome e
qualificação de quem está representando.
Cópia desta ata, em 3 (três) vias, será remetida para registro em cartório, sendo que nestas, só
assinam, dos próprios punhos, o Presidente e o advogado, devidamente inscrito na O.A.B.

3. REGISTRO DO ESTATUTO DA ASSOCIAÇÃO


LOCAL: Cartório de Registro de Títulos e Documentos
Documentos necessários:
1. requerimento do Presidente da associação - 1 via;
2. estatuto social - 3 vias - 1 original e 2 cópias assinadas ao vivo por todos os associados e rubricada
por advogado com registro na O.A.B.;
3. ata de constituição - 3 vias ;
4. R.G. do Presidente.
Custas:
1. Registro;
2. inscrição no C.G.C.;
3. inscrição no Estado; e
4. inscrição na Prefeitura.

4. OBTENÇÃO DE INSCRIÇÃO NA RECEITA FEDERAL - C.G.C.


LOCAL: Unidade do Ministério da Fazenda
Sugestão: solicitar auxílio a um escritório de contabilidade local.
Documentos necessários:
. Estatuto registrado;
. Ata de Constituição registrada;
, modelo n° 1 - 3 vias;
. Ficha de Inscrição no C.G.C.; e
. C.I.C. do Presidente.

5. OBTENÇÃO DA INSCRIÇÃO NA RECEITA ESTADUAL (Só quando movimentar


mercadorias).
Local: Posto Fiscal ou Coletoria da Fazenda do Estado - no município.
Documentos necessários:
. Declaração de Cadastro (DECA) - 5 vias;

106
. Declaração de Codificação de Atividade Econômica(comprar formulário na papelaria)
. Identidade do Signatário (Presidente da Associação)
. Prova de residência do Presidente;
. Prova de endereço do estabelecimento (contrato de locação ou prova de propriedade);
. Taxa de Fiscalização e Serviços Diretos;
. Estatuto já registrado em cartório;
. Ata da organização;
. Prova de contribuição sindical;
Livros:
- modelo 1-A;
- modelo 2-A;
- modelo 6;
- modelo 7;
- modelo 9.
Obs.: A inscrição é feita na hora da apresentação dos documentos.

6. OBTENÇÃO DE INSCRIÇÃO NO INSS


Local: Delegacia regional do Trabalho.

7. REGISTRO NA PREFEITURA MUNICIPAL - I.S.S.


Local: Prefeitura Municipal
Documentos necessários:
. Ata registrada;
. Estatuto;
. C.G.C.;
. Requerimento à Prefeitura.

8. PREVIDÊNCIAS PÓS - REGISTRO


1. Declaração de Utilidade Pública da Associação
lnstrumento: Lei Municipal - iniciativa de um vereador ou do Prefeito;
2. Confeccionar carimbo da associação do qual devem constar nome, C.G.C. e inscrição municipal;
3. Confeccionar impressos:
Do timbre devem constar os dados da associação: (denominação, data de registro, C.G.C.,
inscrição estadual, inscrição municipal, n° da lei municipal que lhe confere utilidade pública, endereço,
telefone, CEP).
4. Livros: A associação deverá ter:
. livro de matrícula de associados;
. livro de atas de reunião da Diretoria;
. livro de atas do Conselho Fiscal;

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. livro de atas da Assembléia Geral;
. livro de presença dos associados nas assembléias.
. outros livros:
. Fiscais, Contábeis etc, exigidos pela lei e/ou regimento interno.

16.2 ALGUNS ASPECTOS ADMINISTRATIVOS

A. OBRIGAÇÕES FISCAIS
Para efeitos legais de fiscalização e controle, a associação deverá cumprir as seguintes
exigências:
* Manter os livros atualizados, para facilitar o preenchimento da Declaração de Isenção do Imposto de
Renda (apresentação obrigatória todos os anos na Receita Federal).
* Livro de registro de Notas Fiscais de Prestação de Serviços, mantendo atualizado para efeito de
recolhimento de I.S.S. (Imposto sobre Serviços) quando incidir, se a associação presta serviços aos
associados;
* Efetuar controles de numerários (caixa e bancos);
* Emitir e controlar as Notas Fiscais de Prestação de Serviços, quando da organização de eventos e
outros, com recolhimento do ISS, junto a Prefeitura do município sede.
OBSERVAÇÃO: Outras obrigações poderão surgir de acordo com o tipo de operação que a associação
executar.

B. CONTROLES INTERNOS COMUMENTE EXISTENTES


. Proposta de admissão de associados;
. Controle de anuidades e jóias de admissão;
. Contas a Receber;
. Contas a Pagar;
. Cadastro dos associados;
. Outros controles segundo a sua atividade e necessidade;
. Livro Caixa etc.

C. COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS
A comercialização dos produtos será feita em nome do produtor, a associação irá auxiliar na
organização e controle desses produtos desde a sua produção à distribuição nos mercados
consumidores, onde deverão ser obedecidos os seguintes procedimentos:
a) produto deverá ser transportado da propriedade até o local de venda (comum) com NOTA DE
PRODUTOR; e
b) a venda é efetuada aos consumidores pelo produtor.

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c) caso haja sobra dos produtos que tenham sido levados para vender, para que seja retornado à
propriedade do produtor legalmente documentado, ele deverá emitir outra NOTA DE PRODUTOR
dando o retorno do produto que não foi vendido;
d) ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias) deve ser recolhido pelo produtor, através de Guia de
Recolhimento própria, equivalente à alíquota estabelecida por lei, incidente no valor do produto
vendido. Esse recolhimento deverá ser feito no município de origem do produto (onde ele foi
produzido), verificando na Coletoria a data que deverá ser efetuado o recolhimento;
e) sobre o valor do produto vendido, além do ICMS, incidirá o percentual do FUNRURAL, que deverá
ser recolhido pelo produtor, através de Guia Própria, para tanto ele deverá procurar a Agência do INSS
mais próxima, onde será fornecida informação e um Código específico para recolhimento;
f) sendo a comercialização feita pelo produtor, a Associação não efetuará nenhum registro, mas poderá
cobrar taxa de Prestação de Serviços aos referidos, devendo a mesma emitir Notas Fiscais de Prestação
de Serviços, podendo sobre esse valor incidir o I.S.S.

D. OBRIGAÇÕES SOCIAIS E TRABALHISTAS


As associações na qualidade de empregadoras não se diferenciam das demais entidades ou
empresas, por isso, deverão também cumprir suas obrigações nas relações empregador/empregado,
como por exemplo:
. recolher INSS, FGTS e PIS;
. apresentar a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais.

17. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

01. APICULTURA. A Lavoura , Rio de Janeiro, n.599, p.30-43, jan/fev. 1993.


02. APRENDA a criar abelhas. Vida biblioteca, São Paulo: editora Três, 1986. 83p.
03. BRAGA, A.S. Apicultura: o caminho para a cidadania. 1ed. Salvador: Gráfica Trio, 1998. 270p
04. INFORME Agropecuária, Belo Horizonte, v. 13. no 149, 1987.
05. MARTINHO, M.R. A criação de Abelhas 2 ed. São Paulo: Globo, 1989.180p.
06. OLIVEIRA, F.W. Constituição de Associações – Apostila. 1997.
07. ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS et al. Associativismo , 2 ed..Brasília,
1998.36p.
08. SISTEMA de produção de Alimentos para o Estado da Bahia. Salvador: SEAGRI, 2000.50p.
09. WIESE, H. Novo Manual de Apicultura, 2ed. Guaíba: Livraria e editora Agropecuária,
1995.292p.

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