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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE

COLETIVA

TUBERCULOSE
Características Gerais

A tuberculose (TB), antiga enfermidade descrita como tísica,


foi conhecida, no século XIX, como peste branca, ao dizimar
centenas de milhares de pessoas em todo o mundo. A partir da
metade do século XX, houve acentuada redução da incidência
e da mortalidade relacionadas à TB, já observada àquela
ocasião em países desenvolvidos, sobretudo pela melhoria das
condições de vida das populações (SAA VACOOL , 1986).
A TB é uma doença
que pode ser
prevenida e curada,
mas ainda prevalece
em condições de
pobreza e contribui
para perpetuação da
desigualdade social
(BRASIL, 2010).
DEFINIÇÃO

• A Tuberculose é um problema de saúde prioritário no Brasil. O agravo

atinge a todos os grupos etários, com maior predomínio nos indivíduos

economicamente ativos (15 - 54 anos) e do sexo masculino. Doença

infecciosa, atinge, principalmente, o pulmão.

• Uma das formas mais graves é a Tuberculose miliar, decorrente de

disseminação hematogênica com acometimento sistêmico, quadro

tóxico infeccioso importante e grande risco de meningite


EPIDEMIOLOGIA NO
BRASIL
O Brasil está entre os 30 países de alta carga para TB e
TB-HIV considerados prioritários pela OMS para o
controle da doença no mundo.
Em 2017, o número de casos notificados foi de 72.770
Em 2018, o número de casos notificados foi de 76.323
Em 2019, o número de casos notificados foi de 73.746

Em 2019, o número de casos notificados no ESPIRITO


SANTO foi de 1.129
No ano de 2016, foram notificados 4.483 óbitos
O número de mortes pela doença, em nosso meio, é de 4 a 5
mil, anualmente.

Com o surgimento, em 1981, da síndrome de


imunodeficiência adquirida (SIDA/aids), vem-se
observando, tanto em países desenvolvidos como nos países
em desenvolvimento, um crescente número de casos
notificados de tuberculose, em pessoas infectadas pelo
vírus da imunodeficiência humana (HIV).

A associação (HIV/TB) constitui, nos dias atuais, um sério


problema de saúde pública, podendo levar ao aumento da
morbidade e mortalidade pela TB, em muitos países.
AGENTE ETIOLÓGICO

A TB pode ser causada por qualquer uma das sete espécies que integram
o complexo Mycobacterium tuberculosis: M. tuberculosis, M. bovis, M.
africanum, M. canetti, M. microti, M. pinnipedi e M. caprae.

Em saúde pública, a espécie mais


importante é a M. tuberculosis,
conhecida também como bacilo de
Koch (BK). O M. tuberculosis é
fino, ligeiramente curvo e mede de
0,5 a 3 μm.
É um bacilo álcool-ácido resistente
(BAAR), aeróbio, com parede celular
rica em lipídios (ácidos micólicos e
arabinogalactano), o que lhe confere
baixa permeabilidade, reduz a
efetividade da maioria dos antibióticos
e facilita sua sobrevida nos macrófagos
(ROSS MAN;MAC GREGOR, 1995).
Reservatório

O reservatório principal
é o homem. Em algumas
regiões, o gado bovino
doente. Em raras
ocasiões, os primatas,
aves e outros mamíferos.
Atenção

Em geral, a fonte de infecção é o indivíduo com a forma pulmonar da


doença, que elimina bacilos para o exterior (bacilífero).

Calcula-se que, durante um ano, numa comunidade, um indivíduo


bacilífero poderá infectar, em média, de 10 a 15 pessoas.

Sabendo dessa informação, fica fácil


saber que temos que intervir na
cadeia de transmissão!!!!
Formas clínicas

Extra pulmonares
–Pleural
–Óssea
–Renal
–Supra renal
–peritoneal,
outras
Pulmonar (absoluta
maioria, com até
90% dos casos)
TRANSMISSÃO

A transmissão se faz por via respiratória, pela inalação de aerossóis


produzidos pela tosse, fala ou espirro de um doente com tuberculose
ativa pulmonar ou laríngea.

As gotículas exaladas (gotículas de Pflüger) rapidamente se tornam


secas e transformam-se em partículas menores (<5-10 μm de diâmetro).

Essas partículas menores (núcleos de Wells), contendo um a dois


bacilos, podem manter-se em suspensão no ar por muitas horas e são
capazes de alcançar os alvéolos, onde podem se multiplicar e provocar a
chamada primo-infecção (RIEDER; OT HERS, 1999).
Precauções padrão para
aerossóis
A probabilidade de uma
pessoa ser infectada
depende de fatores
O risco de transmissão
exógenos.
da TB perdura enquanto
o paciente eliminar
 Infectividade do bacilos no escarro.
caso-fonte

 A duração do
contato
Ops!!!
 Tipo de ambiente Como diminuir a
transmissão?
partilhado.
Notícia boa!!!!!

O bacilo é sensível à luz solar, e a


circulação de ar possibilita a
dispersão de partículas infectantes.
Com isso, ambientes ventilados e com
luz natural direta diminuem o risco de
transmissão.

Notícia ruim!!!!!

A infecção prévia pelo M.


tuberculosis não evita o
adoecimento, ou seja, o adoecimento
não confere imunidade e recidivas
podem ocorrer.
Período de incubação

Após a infecção pelo M. tuberculosis,


transcorrem, em média, 4 a 12 semanas para a
detecção das lesões primárias.

A maioria dos novos casos de doença pulmonar


ocorre em torno de 12 meses após a infecção
inicial.

Período de transmissibilidade

A transmissão é plena enquanto o doente


estiver eliminando bacilos, e não tiver
iniciado o tratamento.
Suscetibilidade e imunidade

A infecção pelo bacilo da


tuberculose pode ocorrer em
qualquer idade, mas no Brasil
geralmente acontece na infância.

Nem todas as pessoas expostas


ao bacilo da tuberculose se
tornam infectadas.

A infecção tuberculosa, sem


doença, significa que os bacilos
estão presentes no organismo,
mas o sistema imune está
mantendo-os sob controle.
Quais são os sintomas da tuberculose?
O principal sintoma da tuberculose é a tosse na forma seca ou
produtiva. Por isso, recomenda-se que todo sintomático respiratório que
é a pessoa com tosse por três semanas ou mais, seja investigada para
tuberculose.
Há outros sinais e sintomas que podem estar presentes, como:

Febre vespertina
Sudorese noturna
Emagrecimento
Cansaço/fadiga
Dor torácica
Inapetência
IMPORTANTE: Caso apresente sintomas de tuberculose, é fundamental
procurar unidade de saúde mais próxima da residência para avaliação e
realização de exames. Se o resultado for positivo para tuberculose,
deve se iniciar o tratamento o mais rápido possível e segui-lo até o
final.
Como é feito o diagnóstico da tuberculose?
Para o diagnóstico da tuberculose são utilizados os seguintes exames:
Bacteriológicos:

- Baciloscopia
- Teste rápido molecular para tuberculose
- Cultura de escarro e outras secreções

- Radiografia de tórax ou tomografia do tórax

- Broncoscopia
- Prova tuberculínica – PPD
- Exame anátomo-patológico (histológico e citológico)
Baciloscopia direta do escarro

 É o método prioritário, porque permite descobrir a fonte mais


importante de infecção, que é o doente bacilífero.

 Executado corretamente, permite detectar de 70-80% dos casos de


tuberculose pulmonar em uma comunidade.

 Também é utilizada para acompanhar a evolução bacteriológica do


paciente pulmonar, inicialmente positivo, durante o tratamento.

 O controle bacteriológico deve ser de preferência mensal e,


obrigatoriamente, ao término do segundo, quarto e sexto mês de
tratamento.

 Recomenda-se, para o diagnóstico, a coleta de duas amostras de


escarro: uma por ocasião da primeira consulta, e a segunda na manhã do
dia seguinte, ao despertar.
PROCEDIMENTOS PARA COLETE DE ESCARRO
Consiste na coleta de secreção do trato respiratório para realização
de exame microbiológico a fim de auxiliar o diagnóstico etiológico de
patologias respiratórias. A coleta pode ser por expectoração
espontânea e se necessário, quando o cliente não consegue expelir
espontaneamente ou tem pouca secreção a expectoração pode ser
induzida com nebulização.

MATERAIS Para expectoração induzida:


• Luva de procedimento;
Para expectoração espontânea: • Frasco estéril com tampa;
• Luva de procedimento; • Etiqueta de identificação;
• Frasco estéril com tampa; • Kit de micronebulização;
• Etiqueta de identificação; • Fluxômetro de oxigênio;
• Máscara N95.
• Solução salina 3 % (Para obtenção da
solução a 3%, utilizar: 5 ml de Soro
Fisiológico 0,9% + 0,5 ml de NaCl 20%. Não
utilizar solução preparada com Água
destilada e NaCl devido ao risco de
broncoespasmo);
Pote de coleta

Para a coleta de escarro, é recomendado o uso de pote descartável de


plástico transparente com capacidade de 35-50 ml, altura mínima de
40 mm, de boca larga e com tampa rosqueável de 50 mm de diâmetro.
- Antes de identificar e manipular o pote, o
profissional de saúde deve lavar as mãos.

- Identifique o pote com uma etiqueta com o nome


do paciente e a data da coleta;

- Fixe a etiqueta na parte externa do pote, num local


que não comprometa a observação da graduação do
volume do pote. Ou seja, nunca fixe a etiqueta
sobre a tampa do pote;

- Nunca entregue um pote de coleta sem


identificação devido ao risco de troca de amostras.

- Atenção: a espuma não deve ser valorizada como


volume de escarro expectorado.
- Logo após, fechar novamente o frasco rosqueando firmemente a tampa.
Prova tuberculínica

Indicada, como método auxiliar, no diagnóstico da tuberculose, em


pessoas não vacinadas com BCG ou indivíduos infectados pelo HIV.

A prova tuberculínica quando positiva, isoladamente, indica apenas a


presença de infecção, e não é suficiente para o diagnóstico da
tuberculose doença.

No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT23, aplicado por via


intradérmica, no terço médio da face anterior do antebraço esquerdo,
na dose de 0,1ml, equivalente a 2UT (unidades de tuberculina).

Quando conservada em temperatura entre 2° e 8°C, a tuberculina


mantém-se ativa por seis meses. Não deve, entretanto, ser congelada,
nem exposta à luz solar direta.
A leitura da prova tuberculínica é realizada de 48 a 72
horas após a aplicação, podendo este prazo ser estendido
para 96 horas, caso o paciente falte à consulta de leitura
na data agendada.

O maior diâmetro transverso da área de endurecimento


palpável deve ser medido com régua milimetrada, e o
resultado, registrado em milímetros.

Fatores que podem interferir no resultado:

Tuberculose grave ou disseminada, desnutrição, aids,


sarcoidose, neoplasias, doenças linfoproliferativas,
tratamentos com corticosteróide e drogas
imunodepressoras, gravidez, HIV, imunização prévia com
BCG a menos de 2 anos, etc;
Tratamento

A tuberculose é uma doença grave, porém curável, em


praticamente 100% dos casos novos, desde que os princípios
da quimioterapia sejam seguidos.

O tratamento dos bacilíferos é a atividade prioritária de


controle da tuberculose, uma vez que permite anular
rapidamente as maiores fontes de infecção.

Poucos dias após o início da quimioterapia correta, os bacilos


da tuberculose praticamente perdem seu poder infectante.

O tratamento da tuberculose deve ser feito em regime


ambulatorial, supervisionado, no serviço de saúde mais
próximo, na residência ou no trabalho do doente.
Tratamento supervisionado
- O tratamento supervisionado deve ser priorizado para todos os casos
de tuberculose bacilífera.
- A supervisão da ingestão dos medicamentos deve ser realizada em
local de escolha do paciente (unidade de saúde, residência).
- Pode ser administrada por um trabalhador de saúde – agente
comunitário de saúde (ACS)
- Por membro da equipe do Programa Saúde da Família PSF) ou da
unidade básica de saúde (UBS),
- Por um familiar devidamente orientado para essa atividade.
- Realizar baciloscopias de controle.
- Realizar consultas de acompanhamento.
- Realizar visita domiciliar
Atenção especial deve ser dada para os doentes, nas
seguintes situações: etilistas; casos de retratamento
após abandono; moradores de rua; presidiários; doentes
institucionalizados (asilos, manicômios).

As drogas usadas, nos esquemas padronizados, são


as seguintes:
• Isoniazida – H;
• Rifampicina – R;
• Pirazinamida – Z;
• Etambutol – E.
Notificação

A unidade de saúde que descobre e inicia o tratamento dos casos


novos, é a responsável pela notificação compulsória dos mesmos.
Outras fontes de notificação são os hospitais, os laboratórios e
outros serviços de assistência médica, governamental e particular.

A base do sistema de informação da tuberculose é o prontuário do


doente, a partir do qual são colhidos os dados necessários para o
preenchimento da ficha individual de investigação do Sistema de
Informações de Agravos de Notificação (Sinan)
Acompanhamento dos casos de tuberculose: atualização dos dados

- Uma vez confirmado o diagnóstico, o paciente deve ser acompanhado


até o seu encerramento. algumas estratégias de acompanhamento do
tratamento são recomendadas:

- utilizar o livro de registro de pacientes e acompanhamento de tratamento


dos casos de tuberculose;

- preencher, mensalmente, o boletim de acompanhamento, gerado pelo


SINAN, e enviar ao primeiro nível informatizado. essa atividade é de
competência das unidades de saúde e o boletim de acompanhamento
deve ser gerado pelo primeiro nível informatizado.

- As informações referentes à realização de baciloscopias de controle,


outros exames realizados, total de contatos examinados, realização de
TDO, situação de encerramento e data de encerramento estão presentes
no boletim de acompanhamento.
Encerramento dos casos

Para o encerramento oportuno, recomenda-se que os casos de tuberculose em


tratamento com o esquema básico (de duração de seis meses) sejam encerrados em
até nove meses e que os casos de tuberculose meningoencefálica (de duração de 12
meses) sejam encerrados no sistema em até 15 meses.

=> Cura – paciente que apresentar duas baciloscopias negativas, sendo uma em
qualquer mês de acompanhamento e outra ao final do tratamento (5º ou 6º mês).

=> Abandono – paciente que fez uso de medicamento por 30 dias ou mais e
interrompeu o tratamento por 30 dias consecutivos ou mais.
=> Abandono primário – paciente que fez uso de medicamento por menos de 30 dias
e interrompeu 30 dias consecutivos ou mais, ou quando o paciente diagnosticado não
iniciar o tratamento;

=> Óbito por tuberculose – quando o óbito apresentar a tuberculose como causa
básica, a qual deve estar de acordo com as informações contidas no SIM (sistema de
informação de mortalidade). a tuberculose corresponde aos códigos A15 ao A19 da 10ª
Classificação internacional de Doenças (cid);

=> Transferência – quando o doente for transferido para outro serviço de saúde.

=> Mudança de diagnóstico


Vigilância Epidemiológica

Objetivo
Reduzir a morbimortalidade por tuberculose, conhecer a
magnitude da doença, sua distribuição e tendência e os
fatores associados, fornecendo subsídios para as ações de
controle.
Definição de caso

Suspeito
• Todo indivíduo com sintomatologia clínica sugestiva de tuberculose
pulmonar: tosse por três ou mais semanas, febre, perda de peso e
apetite, ou suspeito ao exame radiológico.

• Paciente com imagem compatível com tuberculose.

Confirmado

Critério clínico laboratorial

• Tuberculose pulmonar bacilífera – paciente com duas baciloscopias


diretas positivas, ou uma baciloscopia direta positiva e cultura positiva
ou uma baciloscopia direta positiva e imagem radiológica sugestiva de
tuberculose.
Medidas a serem adotadas

Conduta frente a um caso suspeito de tuberculose


pulmonar:

• identificação e confirmação do caso;

• baciloscopia direta do escarro no momento da consulta e


solicitação de outra amostra a ser colhida no dia seguinte;

• casos negativos à baciloscopia e com suspeita radiológica


devem ter cultura solicitada e serem encaminhados para
elucidação diagnóstica em uma referência.
Como prevenir a tuberculose?

A principal maneira de prevenir a tuberculose em crianças é com a


vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin). Essa vacina deve ser dada às
crianças ao nascer, ou, no máximo, até 04 anos, 11 meses e 29 dias.

Outra maneira de prevenir a doença é a avaliação de contatos de


pessoas com tuberculose, que permite identificar a Infecção Latente
pelo Mycobacterium tuberculosis.

Além disso, outra medida de prevenção da doença, é manter ambientes


bem ventilados e com entrada da luz solar.
Medidas de Controle da transmissão ocupacional da TB
–Administrativas:
• Investigação, diagnóstico, isolamento de casos suspeitos,
plano escrito que seja seguido.
–Ambientais (engenharia)
•Quartos de isolamento com ventilação natural e pressão
negativa
–Proteção respiratória
•Máscaras cirúrgicas para os pacientes (quando sairem do
quarto e máscara N95 para os profissionais)
Ações de educação em saúde

Além das medidas descritas acima, é necessário esclarecer à


comunidade, quanto aos aspectos importantes da doença,
sua transmissão, prevenção e tratamento.

O desconhecimento leva à discriminação do doente, no


âmbito familiar e profissional.

O afastamento compulsório do trabalho contribui para o


agravamento do sofrimento do paciente.
 Cuidados/orientações
  

 Manter uma hidratação adequada.

 Manter leito em posição de Fowler 45º

 Administrar os medicamentos conforme prescrição médica.

 Instruir cuidados de higiene ao tossir e espirrar.

 Orientar a manter alimentação saudável.

 Pesar o paciente semanalmente.

 Orientar cuidados na coleta de BAAR.

 Fornecer apoio emocional.

 Monitorar sinais vitais

 Administrar oxigenioterapia se necessário

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