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Universidade Federal do Sul e

Sudoeste do Pará

Curso de Letras
Disciplina: Literatura Portuguesa IV
Docente: Márcia Pinheiro
Antecedentes do Modernismo
Antecedentes do Modernismo — Antes de apontar os antecedentes do Modernismo, é
preciso determinar o significado do termo “moderno”, já que se podem vislumbrar
indícios de “modernidade” lato sensu também no passado. O moderno é aquilo que é
novo e que por isso mesmo se distingue de uma tradição esgotada, em geral, ao
instaurar outra espécie de tradição. Contudo, há que diferenciar esse tipo de
modernidade da que acontece em nosso tempo. Segundo Octavio Paz, tal distinção não
se fundamenta somente na “celebração do novo e surpreendente, embora isso também
conte”, mas no “fato de ser uma ruptura: crítica do passado imediato, interrupção da
conti­nuidade”. De acordo com tal conceito, um Camões, apesar das novidades que
introduziu na poesia do tempo, jamais poderia ser entendido como um poeta moderno,
à medida que sua obra não rompe com o passado. Por outro lado, é possível ver poetas
como Blake e Baudelaire como modernos, ainda que não pertençam rigorosamente à
atualidade: em ambos, encontram-se sinais de ruptura com uma tradição esgotada.
Carta sobre a gênese dos heterônimos
Apesar do elevado nível de fabulação, em que se oculta a intenção
pessoana de mistificar o seu processo criativo, a carta é passagem
obrigatória para qualquer tentativa de aproximação ao universo de
Pessoa. É por meio dela que o poeta narra o seu ato criador.
Álvaro de Campos – Curva evolutiva
A primeira fase, na qual se enquadra o poema “Opiário”, é a do Campos
influenciado pelo Simbolismo e pelo Decadentismo. A segunda
apresenta um poeta eufórico que, em métrica livre e ritmo intenso,
celebra a face multímoda da vida moderna: os avanços científicos,
tecnológicos e a velocidade. Sequencialmente, Campos é tomado, na
terceira fase, pelo tédio e pelo cansaço, e a sua poesia torna-se a
expressão do desencanto de um indivíduo vencido a quem tudo falhou.
Ultimatum
Santa Rita Pintor – cabeça cubo-futurista
Vanguardas
Os “ismos” que surgem, principalmente no começo do século XX, têm como
denominador comum o epíteto de “vanguarda”, que, por ser um “movimento de choque,
ao mesmo tempo de ruptura e abertura (...), não aspirava a qualquer espécie de
permanência e muito menos a qualquer imobilidade”. O espírito inovador das
vanguardas, por sua vez, advém das correntes iluministas, positivistas-progressistas,
evolucionistas”, que comba­tiam a tradição, “vista como impeditiva de progresso e da
própria evolução”. Assim, entende-se que essa obsessão do novo, essa rejeição
compulsiva de tudo o que cheire a passado e a tradição se deve a uma atitude
francamente progressista que projetava no futuro o limiar das ambições. Por outro lado,
não é difícil notar que esses mesmos “ismos” são regidos pela não-permanência, o que
os leva a sucederem-se vertiginosamente e, às vezes até, a acontece­rem simultaneamente
Segundo Guillermo de Torre, a vanguarda, “no sentido mais lato e mais correto, não foi
uma escola, uma tendência ou maneira determinada. Foi o denominador comum dos
diversos ismos que andaram no ar nos últimos anos.”( QUADROS, 1989, p. 45)
Os Movimentos Vanguardistas do Início do Século — Entre os
movimentos vanguardistas do início do século destacam-se justamente
pela enorme importância dada à Literatura, o Futurismo, o Dadaísmo e o
Surrea­lismo. O Futurismo teve início em 20 de fevereiro de 1909, com a
publicação do “Primeiro Manifesto Futurista” de Marinetti, nas páginas
do Le Figaro. Iconoclasta, o movimento propunha a violência como
forma de superar a tradição e o passado: “os elementos essenciais da
nossa poesia serão coragem, audácia e revolta. Queremos exaltar o
movimento demasiado agressivo, a insônia febril, a corrida, o salto
perigoso, a bofetada, o soco”.
NASH, J. M. O cubismo, o futurismo e o construtivismo. p. 30.
Como estes princípios se manifestam no
âmbito da Litera­tura?
No “Manifesto Técnico da Literatura Futurista”, publicado em 11 de
maio de 1932, Marinetti determina as características do novo estilo:
“sentado no tanque de gasolina de um avião, com o estômago aquecido
pela cabeça do piloto, senti a ridícula inanidade da velha sintaxe
herdada de Homero”. Essa recusa da “velha sintaxe” implica a invenção
de nova sintaxe, que se caracte­riza, sobretudo, pela abolição dos nexos
da linguagem, através da concepção de uma “imaginação sem fios” que
se apóia no uso das palavras em liberdade.
• NASH, J. M. O cubismo, o futurismo e o construtivismo. p. 30.
Surrealismo
SURREALISMO, s.m. Automatismo psíquico puro, pelo qual se
pretende exprimir, verbalmente ou por escrito, ou de qualquer outra
maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento
na ausência de qualquer vigilância exercida pela razão, para além de
qualquer preocupação estética ou moral.
ENCIC. Filos. O surrealismo assenta na crença na realidade superior de
certas formas de associações até aqui desprezadas, na onipotência do
sonho, no mecanismo desinteressado do pensamento. Tende a arruinar
definitivamente todos os outros mecanismos psíquicos e a substituir-se a
eles na resolução dos principais problemas da vida.
Primeira descoberta de Portugal na Europa no
século XX – Almada Negreiros
“A Raça Portuguesa não precisa reabilitar-se, como pretendem pensar os
tradicionalistas desprevenidos; precisa é nascer prò século em que vive
a Terra. A descoberta do Caminho Marítimo prà Índia já não nos
pertence porque não participamos deste feito fisicamente e mais do que
a Portugal este feito pertence ao século XV”.
“NA LITERATURA PORTUGUESA. En­tende-se aqui por «Modernismo» um
movimento estético, em que a lite­ratura surge associada às artes plásticas e por elas
influenciada, em­preendido pela geração de Fernando Pessoa (n. 1888). M. de Sá-Car­
neiro (n. 1890) e Almada-Ne­greiros (n. 1893), em uníssono com a arte e a literatura
mais avan­çadas na Europa, sem prejuízo, porém, da sua originalidade nacional.
Trata-se, pois, de algo delimitado no tempo, algo sobre que temos já uma perspectiva
histórica, embora seja lícito, não só descobrir-lhe precedentes na própria literatura
por­tuguesa (sobretudo na geração de Eça de Queirós, autor das atrevidas Prosas
Bárbaras e criador, com Antero, do poeta fictício, baudelairiano, Carlos Fradique
Mendes; em Cesário Verde, em Eugénio de Castro, em Camilo Pessanha, em
Patrício, mas ainda assinalar os seus prolongamentos até aos nossos dias, a sua acção
deci­siva na instauração entre nós do que consideramos agora a «modernidade”.
( COELHO, 1985, p. 654).
MAR PORTUGUEZ
 
Ó MAR SALGADO, quanto do teu sal
São lagrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão resaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
 
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nelle é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa – Heterônimos
Alberto Caeiro
Ricardo Reis
Álvaro de Campos

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