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Psicofarmacologia

Mestrado em Psicologia
Clínica e da Saúde
2007/2008
Aula 3

Estabilizadores do humor
Antipsicóticos
Estabilizadores do humor
Perturbação Bipolar
• Perturbação Bipolar, também conhecida
como psicose maníaco-depressiva afecta
cerca de 1 - 2% da população mundial
• Nenhum fármaco foi ainda aprovado (FDA)
para o tratamento em monoterapia para
tratar todos os estádios da perturbação
bipolar
• Os fármacos usualmente prescritos incluem
lítio, anticonvulsivantes,
antidepressivos e antipsicóticos
• A sua rapidez de acção é variável; Lítio,
por exemplo precisa de 10 a 14 dias para
o início de acção
Perturbação Bipolar

• Perturbação bipolar tipo I


Episódios de mania e episódios de depressão
Por vezes com longos períodos de remissão
entre episódios
Adulto: depressão > mania
Criança: Mania crónica >> depressão

• Perturbação bipolar tipo II


Prevalece a depressão, por vezes por longos
períodos, ocasionalmente episódios de
hipomania, mas não de mania
Perturbação Bipolar
• Ciclotímia
Repetidos episódios hipomaníacos,
ocasionalmente episódios de depressão
ligeira ou moderada

• Estados mistos
Sintomas maníacos e depressivos coexistem
no mesmo episódio
Frequentemente o humor é depressivo e
estão presentes pensamentos suicidas e
desânimo. Restantes sintomas são manícos

• Perturbação bipolar de ciclos rápidos


Numerosos episódios (vários num ano) de
depressão e mania
Perturbação Bipolar
Tratamento farmacológico

• Estabilizadores do humor – Litío, Valproato,


antipsicóticos de 2ª geração
Os mais eficazes (episódios maníacos respondem melhor a
estabilizadores do humor quando comparados com outros
psicofarmacos)
• Antipsicóticos – tratamento da mania aguda (fase
inicial) e tratamento de manutenção da perturbação
bipolar (prevenção)
• Sedativos/ Hipnóticos – tratamento da hipomania / mania
desde que sintomas psicóticos ausentes
doses mais elevadas do que para tratamento de
perturbações de ansiedade
• Antidepressivos - em geral pouco eficazes no tratamento
do episódio depressivo da perturbação bipolar. Alguma
resposta com antipsicóticos de 2ª geração
Estabilizadores do humor

• Elevações do humor (elação, euforia) e depressão


têm sido tradicionalmente tratadas com lítio

O mecanismo de acção do lítio não é ainda


compreendido na sua totalidade, mas pensa-se
estarem envolvidos segundos mensageiros e a asua
acção na célula
Lítio é efectivo no tratamento de episódios maníacos
e hipomaníacos
Mostrou também a sua eficácia no tratamento de
episódios depressivos em perturbações bipolares
Lítio é menos eficaz no tratamento de perturbações
de ciclos rápidos ou episódios mistos
Como estabilizador do humor, lítio é eficaz em 40-
50% dos doentes
Lítio
Descoberto por August
Arfwedson (1817)
Deriva do grego
“pedra”
Acção terapêutica
descoberta por Dr
John Cade
(psiquiatra)

Lithium salts in the


treatment of
psychotic excitement
Med J Australia
(1949)
Lítio
É um elemento
Nº atómico 3
É leve (mais leve do que a água)
Transforma-se facilmente num ião (Li+) de
propriedades iónicas semelhantes ao
magnésio
Largamente distribuído na natureza

Antagoniza o sistema segundo mensageiro do


monofosfato/inositol/fosfotidilinositol
Afecta a neurotransmissão
Afecta igualmente a síntese do gene
regulado pelo PI3
Efeitos do Lítio (hipóteses)

Estabiliza a neurotransmissão
glutamatérgica
Redução da secreção de NE e DA
e aumento da transmissão da serotonina
(transitória)
Redução da actividade da proteino-quinase
C nos neurónios, o que influencia:

libertação de NT
Regulação dos níveis intracelulares
de Ca
recrutamento de vesículas pré-
sinápticas
Lítio (Priadel®)
Absorção, Distribuição e Excreção

Fácil absorção pelo tracto gastro-


intestinal
Ausência de ligação ás proteínas
plasmáticas
Pico plasmático atingido em 2-4 horas
Inicialmente distribui-se pelos fluidos
extracelulares e posterior acumula-se nos
tecidos
Atravessa de modo lento a MEE
Eliminado pela urina
Lítio (Priadel®)
Efeitos secundários

1.Gastrointestinais incluindo náusea, vómitos e


diarreia
2.Aumento de peso
3.Queda de cabelo
4.Acne
5.Tremor
6.Sedação
7.Alterações cognitivas
8.Descoordenação
9.Efeitos a longo prazo
Alterações da função renal e da tiróide

Janela terapêutica muito estreita que implica


monitorização dos níveis plasmáticos
Anticonvulsivantes como
estabilizadores do humor
O mecanismo de acção destes fármacos e a forma como
estabilizam o humor ainda não é completamente clara

Estes compostos actuam nos canais iónicos


bloqueio do fluxo de sódio através dos canais
iónicos
mecanismo envolvido na estabilização do humor?

Alguma evidência de que a inibição dos canais de


sódio e cálcio pelo ácido valpróico pode ser
facilitador da acção inibidora do GABA assim como
reduzir a excitação glutamatérgica

Ácido valpróico é utilizado com frequência como


tratamento de primeira linha para as perturbações
bipolares. Pode também ser utilizado em associação
com o lítio
Valproato de sódio
(Depakine®)
Efeitos secundários

• Queda de cabelo
• Aumento de peso
• Sedação
• Alterações do desenvolvimento neurológico fetal
• Alterações menstruais
• Síndrome ovário poliquistíco
• Hiperandrogenia
• Obesidade
• Resistência á insulina

Monitorização dos níveis plasmáticos é


necessária
Carbamazepina (Tegretol®)

Mecanismo de acção pode ser através do


aumento de actividade GABA reduzindo a
actividade dos canais de sódio

Efeitos secundários
sedação
alterações hematológicas

Não indicado como tratamento de primeira


linha
Outros Anti-convulsivantes

Lamotrigina

Anticonvulsivante aprovado
Numerosos estudos demonstram que este fármaco é
eficaz na estabilização de episódios bipolares
maníacos e mistos; poderá ser efectivo na redução
de episódios depressivos

Gabapentina

Anticonvulsivante aprovado
Efectivo no tratamento da fase maníaca da
perturbação bipolar
Outros Anti-convulsivantes
Topiramato

Anticonvulsivante aprovado
Mecanismo de acção
Aumento do GABA
Redução do Glutamato

O efeito estabilizador do humor poderá


ocorrer com doses menores do que com
outros fármacos
Provoca perda de peso como efeito
secundário, ao contrário do aumento
habitualmente observado
Outros estabilizadores do
humor
Benzodiazepinas

Podem ser utilizadas como coadjuvantes no tratamento da


mania quando existir agitação ou sintomas psicóticos

Antipsychotics

Antipsychotic atípicos
Utilizam-se no tratamento de episódios maníacos, incluvé
como fármacos de primeira linha (risperidona,
Olanzapina)
Tratamento de manutenção em associação com estabilizador
do humor (ciclos rápidos)
Lamotrigina (Lamictal®)
• Tratamento de manutenção da
perturbação bipolar tipo I

• Eficaz na redução do número de


episódios e redução dos
sintomas afectivos
particularmente nos episódios
depressivos
Lamotrigina (Lamictal)
• Efeitos adversos

Efeitos secundários dose-dependentes


Tonturas ( mais frequentemente referido em
mulheres) Ataxia
visão turva e náuseas/vómitos
Outros efeitos no SNC
tremor,
depressão
ansiedade e insónia
Rash cútaneo, eritema e rash maculopapular (a causa
mais frequente de descontinuação) 2—8 semanas
iniciais e pode remitir apesar da continuação do
tratamento
Olanzepina + fluoxatina
• Novo fármaco de combinação

Tratamento da depressão em doentes bipolares (aprovado nos


EUA)
Toma única diária
Sem necessidade de doseamento plasmático
A combinação de fármacos mostrou-se mais efectiva e rápida
do que placebo
Sem risco acrescido no desencadear de episódios maníacos
Em investigação para tratamento de depressão resistente e
com sintomas psicóticos, (PTSD), Perturbação Obcessivo-
Compulsiva
Disponível em várias doses combinadas:
– 6mg/25mg
– 6mg/50mg
– 12mg/25mg
– 12mg/50mg
Olanzepina + fluoxatina
• Efeitos secundários

Sonolência foi o efeito secundário mais


comum

Aumento de peso (21% dos doentes estudados)

Também observados – aumento do apetite,


astenia, edema periférico, tremor,
faringite, alterações do pensamento
antipsicóticos
Utilizações clínicas
• Psicoses agudas
• Esquizofrenia
• Depressão psicótica
• Perturbação bipolar
• Demência com agitação, delirium
(idoso), debilidade mental
• Agitação, alterações de
comportamento (adolescência)
Esquizofrenia
• Doença rara mas incapacitante
• Caracterizada pela perda de contacto com a
realidade, perturbações do comportamento e
discurso e sintomas negativos
• Diferentes subtipos e grande
heterogenicidade nas suas manifestações

• Ainda misteriosa no que respeita ás causas;


investigação sobre vulnerabilidades e
stressores

• Modelo médico (hospitalização e


psicofarmacoterapia) tem sido dominante na
resposta a esta doença
Esquizofrenia

• Afecta 1 a 2 % da população mundial

Custos financeiros elevados (65 biliões de


dólares por ano nos EUA)
1 em cada 3 doentes que inicia medicação
antipsicótica descontinua ou substituiu
essa medicação no prazo de um ano
56% dos doentes são internados por períodos
de tempo consideráveis (descontinuação da
medicação) e 32% invocam os efeitos
secundários como principal causa de
abandono da farmacoterapia
perspectivea histórica

• Antiguidade e idade média –


possessão demoníaca
• Morel (1852) – demence precoce
• Kraeplin (1893) – dementia praecox
• Bleuler (1911) – esquizofrenia
• Actualidade–”família de problemas”,
disfunção principal-perturbação do
pensamento
• Por vezes confundida com
perturbações da personalidade
(Múltipla, Dissociativa)
Esquizofrenia
Sintomas positivos
Delírios
Alucinações
Alterações de comportamento
Alterações da actividade motora
Incoerência de pensamento e/ou discurso
Alterações emocionais

Sintomas negativos
Isolamento social
Alterações emocionais (Embotamento afectivo)
Adinamia
Alterações cognitivas
Sintomas Positivos
• Delírios – falsas crenças sem base
real, não susceptíveis de
argumentação lógica ( Persecutório,
religiosos, grandioso, referência,
somático)
• Alucinações – percepções falsas na
ausência de estímulo sensorial
relevante; auditivas são as mais
comuns; ausência de controle sobre
as alucinações é uma característica
fundamental
Sintomas Positivos
• Discurso desorganizado – alterações
da forma e conteúdo do discurso:
descarrilamento, neologismos,
pensamento concreto, bloqueio do
pensamento
• Alterações do comportamento
• Catanonia – comportamento
estupuroso, rigidez, negativismo,
flexibilidade cérea, ecopraxia e
ecolália, agitação
Sintomas negativos
• Reflectem uma erosão ou perda de funções,
padrões de comportamento ou capacidade de
sentir
empobrecimento da expressão
emocional
empobrecimento reactividade
empobrecimento experiência
subjectiva (embotamento emocional)

Outros sintomas: perturbações cognitivas,


perda de vontade, anedonia,
associabilidade, perturbações da atenção
Diagnóstico
DSM – IV apresenta 9 perturbações sob a categoria de
esquizofrenia e outras perturbações psicóticas

• Esquizofrenia
• Perturbação esquizofreniforme
• Perturbação Esquizoafectiva
• Perturbação Delirante
• Perturbação Psicótica Brave
• Perturbações Psicóticas Partilhadas
• Perturbações Psicóticas induzidas por drogas
• Perturbações Psicóticas devidas a condição médica
geral
• Perturbações Psicóticas não especificadas
Diagnóstico - Subtipos

• Paranóide – 35-40%
• Desorganizada – 10%
• Catatónica – 10%
• Indiferenciada – 20%
• Residual – 20%
Antipsicóticos
classificação
grupo exemplos

Antipsicóticos Clorpromazina, levopromazina,


sedativos periactina, tioridazina,…
Antipsicóticos Flufenazina, trifluoperazina
convencionais perfenazina, Haloperidol,
(neurolépticos Antipsicóticos pimozide,roperidole,flupentixol
clássicos) incisivos , fluspirilene, melperone,
oxyprothepine, penfluridol,
prochlorperazine,
Amisulpiride,clozapina,
olanzapina,quetiapina,
Antipsicóticos atípicos risperidona,sertindole,sulpirid
e,aripipazole
Antipsicóticos
Mecanismos de acção

Antipsicóticos Bloqueio dos receptores pós


convencionais sinápticos D2 (via mesolímbica)

Antipsicóticos Bloqueio dos receptores pós


atípicos sinápticos D2 (via mesolímbica)
sintomas positivos

Aumento da libertação de dopamina e


bloqueio dos receptores 5-HT2A (via
mesocortical) sintomas negativos

Ligação a outros receptores


perturbações cognitivas,
agressividade e depressão
Antipsicóticos atípicos
• Ligação aos receptores D2 da dopamina
parece ser mais fraca do que nos
antipsicóticos clássicos, logo menos
provável interferência com a acção deste
NT nas áreas cerebrais responsáveis pelo
movimento
• Bloqueio dos receptores da serotonina
(5HT2)
• Esta acção pode explicar o seu efeito
ansiolítico e os benefícios sobre os
sintomas negativos cognitivos
Efeitos secundários
• 1 -Parkinsonismo iatrogénico

• Tremor, em grau e intensidade variável,


que pode interferir com as actividades
sociais, e é mais pronunciado em repouso
• Rigidez (articular e bradicinésia,
máscara facial, diminuição dos movimentos
acessórios dos membros e dificuldade em
iniciar movimento) As mulheres e as
idades avançadas são de maior risco;
• Idêntico ao “Rabitt sìndrome”
Efeitos secundários
• 2 -Síndrome Maligno dos Neurolépticos

• Hipertermia, suores, aumento de TA e


taquicardia; rigidez, acinésia, mutismo,
aumento do tónus e movimentos anormais
involuntários
• Complicações pulmonares e insuficiência
renal aguda, por desidratação
• 25% dos casos - coma e morte
• Pode ocorrer em qualquer tempo do
tratamento
• O tratamento é médico de suporte
Efeitos secundários
• 3 - Distonia aguda - Tónus muscular
anormal

• 90% dos casos ocorrem nos primeiros 4 a 5


dias de administração
• Espasmos musculares breves ou
prolongados, que resultam em movimentos
ou posturas anormais mais frequentes nos
olhos, boca e maxilares - crises
oculogiras, protusão da língua,
torcicolo,... mais frequentes em jovens
do sexo masculino
Efeitos secundários
• 4 –Acatisia - Inquietação/Nervosismo

• É caracterizada por uma sensação


subjectiva e sinais objectivos de
inquietação
• Pode ser motora e mental com ansiedade,
movimentos de balanceio, levantar e
sentar alternando rápidamente,
incapacidade para relaxar,...
• Mais frequente em mulheres de meia idade
e surge após 10 a 15 dias de tratamento
até aos 60 dias; o aumento da dose
aumenta este efeito secundário.
Efeitos secundários
• 5 -Discinésia tardia

• Movimentos anormais da face e boca


(mastigatórios, coreicos, atetóides etc),
que se podem estender ao pescoço e mãos
• Surgem vários meses após o início do
tratamento, durante ou após
descontinuação; mais comum nas mulheres,
• dependente do uso de doses elevadas e por
longo tempo e/ou uso de antiparkinsónicos
em associação
• presença de pert do humor e de pert
cognitiva.
• Irreversível na maioria dos pacientes
Efeitos secundários
6 -Catatonia letal

• Sindrome raro, em doentes em tratamento


longo curso;
• Pródromos com agitação mental e física;
• Estupor, coma e morte
Efeitos secundários
• Acinésia – Rigidez/Ausência de
movimento
Desde a lentificação de movimentos
até uma sensação de “restrição”
(estes efeitos reproduzem o que se
passa na doença de Parkinson por
bloqueio do sistema dopaminérgico)

Sialorreia – por dificuldade dos


movimentos da face e boca (um dos
efeitos secundários mais
desagradáveis)
Outros efeitos secundários
* Icterícia obstrutiva
Rara, ocorre sobretudo com a cloropromazina, 1 a 5
semanas depois do início do tratamento
Resolução espontânea
O seu aparecimento implica a suspensão da droga

* Efeitos carditóxicos
Condução e ritmo
Sobretudo com tioridazina e risperidona

* Efeitos endócrinos
Aumento de peso
Alterações da tolerância á glicose
Teste de gravidez falsamente positivo
Disfunção sexual, amenorreia, galactorreia e
ginecomastia

* Efeitos cútaneos e oculares


Outros efeitos secundários
* Sedação
Bloqueio dos receptores da Histamina
Tolerância progressiva

* Efeitos Anticolinérgicos
Obstipação, boca seca, visão “desfocada” glaucoma e
atraso miccional
embora mal tolerados (perigosos se psicose
atropínica)

* Hipotensão ortostática
Bloqueio alfa adrenérgico

* Efeitos Hematológicos
Baixa dos glóbulos brancos
neutropenia e agranulocitose
* Neurológicos
Baixa do limiar epileptogénico
Farmacocinética dos
Antipsicóticos
• Absorção fácil pelo tracto digestivo
• Ligação ás proteínas plasmáticas
• Libertação lenta
• Distribuição ampla (placenta e
barreira hemato-encefálica)
• Metabolização completa
• Semi-vida longa (11-58 h)
Propriedades dos
Antipsicóticos

•Sedação
•Baixo potencial letal
•Baixo potencial de abuso
•Inibição motora
•Efeito
. Anti-emético por antagonismo da
Dopamina
•Redução das respostas condicionadas (mov
espontaneos, comp complexos,evitamento
condicionado),mas não dos incondicionados
(reflexos, evitamento nociceptivo)

•Redução das respostas emocionais


Antipsicóticos e aumento
de peso
Mecanismos potenciais

Antipsicóticos poderão actuar no centro


hipotalâmico e estimular directamente o apetite

Antagonismo dos receptores da serotonina. Agentes


que estimulam os receptores 5-HT2C são associados
a perda de peso; agentes que bloqueiam esses
receptores poderão aumentar o apetite e provocar
aumento de peso

Antagonismo dos receptores da histamina

Combinação de bloqueio de 5-HT2C e histamina

Envolvimento de outros NT e receptores


Antipsicóticos e aumento
de peso
• Aumento de peso é reconhecidamente associado á
esquizofrenia antes da introdução de fármacos
antipsicóticos nos anos 50
• Esquizofrenia – independentemente do tratamento
farmacológico – é um risco para o desenvolvimento
de diabetes tipo 2

• Possibilidade dos doentes esquizofrénicos serem


particularmente vulneráveis ao aumento de peso
potenciado por estes fármacos

• A prevalência de diabetes tipo 2 em doentes


esauizofrénicos aumentou de 4.2% para 17.2% em
1968 (relacionada com introdução de fenotiazidas?)
Antipsicóticos e aumento
de peso
Clozapina e olanzapina causam mais
provavelmente aumento de peso após 10
semanas de utilização (aumento médio de
8-9kgs aproximadamente)

Risperidona and quetiapina apresentam um


aumento de peso intermédio (aumento médio
de 4kgs aproximadamente)

Ziprasidona apresenta uma menor incidência


de aumento de peso

Allison DB, Mentore JL, Heo M, Chandler LP, Cappelleri JC, Infante MC,
Weiden PJ. Antipsychotic-induced weight gain: a comprehensive research
synthesis. Am J Psychiatry. 1999;156:1686-1696.
Vias dopaminérgicas
A Hipótese Dopaminérgica

• Actividade excessiva das sinapses DA (por


aumento de libertação de dopamina,
hipersensibilidade ou aumento dos receptores
ou uma combinação destes mecanismos)

• Anormalidades em sistemas com interacção no


sistema DA

• Alvos potenciais das projecções DA


ascendentes (fronto-estriato-palido-
talâmicas, estruras límbicas,...)Que podem
constituir o substracto biológico
A Hipótese Dopaminérgica

• Percursor da DA ( L-Dopa) induz


sintomas psicóticos
• Agonistas directos dos receptores DA
(Bromocriptina) podem produzir o mesmo
efeito
• Psicoestimulantes são agonistas
indirectos dos receptores DA
– Produzem um estado psicótico
– Administrados a doentes esquizofrénicos
causam recaída ou agravamento
A Hipótese Dopaminérgica

• Fármacos neurolépticos bloqueiam


os receptores DA

• Limitando a capacidade dos neurónios para


a sua produção (ex. Reserpina)
• Antagonizando os receptores de DA
• Correlação entre eficácia clínica e
capacidade para antagonizar a ligação de
DA aos seus receptores
A Hipótese Dopaminérgica

• Desafios a esta hipótese


– a eficácia dos antipsicóticos estende-se a
outras categorias patológicas como a mania
e outras psicoses - logo a hiperactividade
dopaminérgica não será exclusiva da
esquizofrenia
– tratamentos longos com neurolépticos levam
a aumento de actividade da dopamina o que
poderia apontar para uma reduzida
actividade no início da doença.
Antipsicóticos
atípicos/tradicionais

1. Geralmente melhor tolerados


(melhor compliance, menos recaídas)
2. Efeitos extra-piramidais muito
menores
3. Eficazes no tratamento dos
sintomas negativos
4. Eficazes na deterioração cognitiva
5. Eficazes no tratamento da
depressão e suicídio associados
Antipsicóticos
tradicionais
• O sistema Mesolímbico está envolvido na
regulação da recompensa, desejo, humor
• Fármacos antipsicóticos regulam os
sintomas positivos da esquizofrenia
ligando-s aos receptores da dopamina
desta região
• O sistema nigro-estriatal é considerado
parte dos gânglios da base que contribuem
para o sistema motor extrapiramidal
• As células deste sistema sintetizam
dopamina
• Disfunçao destas sinapses provocam
Parkinsonismo
Antipsicóticos
tradicionais
Indicações

Doentes com história de resposta


positiva (sem Efeitos
extrapiramidais)
Doentes com melhor resposta a esta
classe de fármacos
Melhor resposta a formas “depot” do
que administração oral
Antipsicóticos atípicos
• Ligação aos receptores D2 da dopamina
parece ser mais fraca do que nos
antipsicóticos clássicos, logo menos
provável interferência com a acção deste
NT nas áreas cerebrais responsáveis pelo
movimento
• Bloqueio dos receptores da serotonina
(5HT2)
• Esta acção pode explicar o seu efeito
ansiolítico e os benefícios sobre os
sintomas negativos cognitivos
Antipsicóticos
atípicos
Indicações
1º Episódio psicótico
Ausência de informação sobre resposta
a antipsicóticos (excepto Clozapina
e ziprasidona)
Antipsicóticos
atípicos
Indicações adicionais

1. Efeito sinérgico com antipsicóticos


típicos durante agravamento ou recaída
(evitar associação prolongada)
2. Efeitos extra piramidais agudos ou
incontroláveis, discinésia tardia
incapacitante
3. Sensibilidade anticolinérgica marcada
(idoso)
4. Reacção distónica aguda anterior com
antipsicóticos clássicos
Antipsicóticos
atípicos

5. Hiperprolactinémia marcada
6. Sintomas negativos predominantes ou
marcados
7. Alterações do humor clinicamente
significativas
8. Deterioração cognitiva significativa
9. Doentes refractários ao tratamento
antipsicótico ou intolerantes aos
antipsicóticos clássicos
Cloropramazina
(Largactil®)
Fenotiazida

Antagonista dos receptores D2

Antagonista também dos receptores D1, D3,


D4 e 5-HT, Histamina e múscarínicos
Inibidor da recaptação de Dopamina
(fraco)
Actualmente pouco usado como antipsicótico
Soluços
Náusea severa
pré anestesia
Haloperidol (Haldol®)

• butirofenona
• Antagonista dos receptores DA
• Potência elevada
• Propriedades histaminérgicas e
colinérgicas
• Várias vias de administração
• Perfil de efeitos secundários severos
– Acatísia
– Parkinsonismo
– Discinésia tardia
Clozapina (Leponex®)
Sintomas parkinsónicos e neurolépticos menores do
que antipsicóticos típicos

Clozapine has DA receptor antagonist properties

Baixa afinidade para receptores D1, D2, D3, e D5

Afinidade elevada para os receptores D4 da Dopamina

Acção preferencial nas projecções mesolímbicas da


Dopamina

Agranulocitose
Aripiprazole
(Abilify ®)
Aripiprazole é o primeiro de uma nova
classe de antipsicóticos atípicos
conhecidos como “estabilizadores do
sistema dopaminérgico” (DSS)

Aripiprazole é um agonista parcial da


dopamina, em contraste com outros agentes
antipsicóticos que são agonistas totais

Eficácia na esquizofrenia perece no geral


semelhante ao haloperidol e risperidona
Aripiprazole
(Abilify ®)
• Reduzida incidência de alterações
cardiovasculares ( alargamento do
intervalo QT)
• Redução dos sintomas positivos e
negativos em doentes esquizofrénicos
• Menos efeitos colaterais a nível motor
• Sem aumento dos níveis de prolactina
• Baixa incidência de aumento de peso
clinicamente significativo
Etiologia–Vulnerabilidade
Influências desenvolvimentais –
estudos em crianças de alto-
risco
Genética – 45%-28% concordância
para gémeos MZ, 10-15%-6% para
gémeos DZ;
Influências bioquímicas hipótese
dopamina
Etiologia–Vulnerabilidade
• Influências pré e peri natais
• Neuroanatomia – alterações a
nível dos gânglios basais,
talamo, lobos frontais e
temporais e ventrículos
• Factores neurodesenvolvimentais–
densidade sináptica
• Factores de personalidade
Etiologia-Stressores
• Dinâmica familiar – “mães
esquizofrenogénicas”, expressão
emocional (criticismo,
hostilidade, sobre-envolvimento)
• Influências culturais –evolução
clínica mais favorável em países
em desenvolvimento do que em
industrializados
Etiologia-Stressores
• Estatuto social – relação inversa
entre SES e incidência de
esquizofrenia; selecção social
versus causa social
• Teoria do “rótulo”
• Outros stressores – abuso sexual
infantil
Esquizofrenia
abordagens terapêuticas
• Intervenção precoce?
• Educação, acesso rápido ao
tratamento, tratamento
domiciliário, psicofármacos em
doses reduzidas
Expectativas, envolvimento, e
grupo coeso
Group cohesion Treatments Paul & Lentz (1977)

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