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VIDA
INTEIRA
Manuel Bandeira
MANUEL BANDEIRA
VIDA & OBRA
MANUEL BANDEIRA
(1886 – 1968)
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POÉTICA c
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ERT dicio
INA nDea todo lirismo que capitula ao que
Estou farto do lirismo comedido GE l:
Mquer que seja
Do lirismo bem comportado
fora de si mesmo
Do lirismo funcionário público com livro de De resto não é lirismo
ponto expediente Será contabilidade tabela de co-
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. senos secretário do amante
diretor. exemplar com cem modelos de
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar cartas e as diferentes
no dicionário maneiras de agradar às mulheres,
o cunho vernáculo de um vocábulo. etc
Abaixo os puristas Quero antes o lirismo dos loucos
Todas as palavras sobretudo os barbarismos O lirismo dos bêbedos
universais O lirismo difícil e pungente dos
Todas as construções sobretudo as sintaxes de bêbedos
exceção O lirismo dos clowns de Shakespeare
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador - Não quero mais saber do lirismo
Político que não é libertação.
Raquítico
Sifilítico
ARTE DE AMAR
o mo
Quando a Indesejada das gentes chegar rte
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M o e ma
(Não sei se dura ou caroável), t nte
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reco
talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
Na macumba do Encantado
Nego veio pai de santo fez mandinga
No palacete de Botafogo
Sangue de branca virou água Us
o
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Foram vê estava morta! pu ult
la ur
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VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Vou-me embora pra Pasárgada E como farei ginástica Em Pasárgada tem tudo
Lá sou amigo do rei Andarei de bicicleta É outra civilização
Lá tenho a mulher que eu quero Montarei em burro brabo Tem um processo seguro
Subirei no pau-de-sebo De impedir a concepção
Na cama que escolherei
Tomarei banhos de mar! Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Vou-me embora pra Pasárgada E quando estiver cansado Tem prostitutas bonitas
Vou-me embora pra Pasárgada Deito na beira do rio Para a gente namorar
Aqui eu não sou feliz Mando chamar a mãe-d'água
Lá a existência é uma aventura Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino E quando eu estiver mais triste
De tal modo inconseqüente
Rosa vinha me contar Mas triste de não ter jeito
Que Joana a Louca de Espanha Quando de noite me der
Vou-me embora pra Pasárgada
Rainha e falsa demente Vontade de me matar
Vem a ser contraparente — Lá sou amigo do rei —
Da nora que nunca tive Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Cidade da Pérsia Antiga, atual sítio
arqueológico do Irã