Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
A vida é feita de encontros e despedidas. Nesta vida, ninguém é de ninguém. Por mais que amemos, não podemos
segurá-los e mantê-los perto eternamente. Somos espíritos livres que compartilham momentos, espaços de vidas. Das
pessoas com as quais convivemos, o que temos de mais precioso não é a sua presença física, mas sim as memórias que
nos deixam e como nos modificam. Isso não se perde com o tempo. Ninguém pode nos tirar.
Nesta revisão, será possível ler textos cuja temática é, justamente, sobre isso: os encontros e despedidas que fazem
parte de nosso dia a dia.
TEXTO I
Despedida
Rubem Braga
E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais
triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval – uma pessoa
se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a
última vez que se encontraram se amaram muito – depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se
despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado – sem glória nem humilhação.
Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar
que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável
sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a
lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma
estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as
cigarras e as paineiras – com flores e cantos. O inverno – te lembras – nos maltratou; não havia flores, não havia mar,
e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não
adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos
penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.
A pequena palavra que se alonga é um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.
Fonte: BRAGA, Rubem. In.: A Traição das Elegantes. Rio de Janeiro: Record)
Glossário:
1 recôndito: oculto, desconhecido
2 despeito: desgosto, ressentimento
3 titeriteiro: pessoa que manipula bonecos pendurados por fios e varetas
No texto, o narrador-personagem se inspira em um acontecimento de sua infância para criar uma história comovente
sobre as mudanças que uma despedida pode provocar na vida de uma pessoa.
O narrador conta, de forma sutil, a triste história de amor de duas pessoas que se conheceram no carnaval, durante um
baile de máscaras, e que nunca mais conseguiram se reencontrar.
O título do texto, ―Despedida, pode provocar confusão no leitor, já que, apesar do início ―E no meio dessa confusão
alguém partiu sem se despedir, o tema central são as festas de máscaras.
No texto Despedida, o narrador recorre a experiências do cotidiano para tratar do caráter simultaneamente triste e
positivo da despedida, que deixa ao mesmo tempo saudades e boas lembranças.
Releia o trecho a seguir retirado do texto I: “Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma
lembrança boa”.
As orações “que será permitido guardar uma leve tristeza” e “e também uma lembrança boa” classificam-se
respectivamente como:
1.
Oração subordinada substantiva objetiva direta e oração coordenada sindética aditiva;
Oração subordinada substantiva subjetiva e oração coordenada sindética aditiva;
Oração subordinada substantiva subjetiva e oração coordenada sindética adversativa;
Oração subordinada substantiva objetiva direta e oração coordenada sindética adversativa.
TEXTO II
Encontros e Despedidas
Do ponto de vista temático, como se pode justificar a aproximação dos textos 1 e 2 quanto ao tratamento dado à
despedida?
As questões de 04 a 07 referem-se à leitura de Venha ver o pôr do sol e outros contos, de Lygia Fagundes Telles.
O diálogo entre Frederico e Miguel evidencia uma situação recorrente do protagonista em todo o conto “O noivo”.
Explicite qual é essa situação, contextualizando-a:
“- Mas não combina com dona Daniela. Fazer aquilo com o pobre do cachorro, não me conformo!
- Que cachorro?
2.
- O Kleber, lá da chácara. Um cachorro tão engraçadinho, coitado. Só porque ficou doente e ela achou que estava
sofrendo...Tem cabimento fazer isso com um cachorro?
- Mas o que foi que ela fez?
- Deu um tiro nele.
- Um tiro?
- Bem na cabeça. Encostou o revólver na orelha e pum! Matou assim como se fosse uma brincadeira...
(TELLES, p. 56, 57)
Analise as proposições abaixo:
I- A maneira como a cozinheira narra sobre o cachorro e sua morte, a braveza diante da razão que Daniela apresentou
para tal atitude denunciam que há um olhar de desaprovação da empregada pela atitude que presenciou.
II- Está claro que, na visão da cozinheira, Daniela quebra os padrões pré - estabelecidos acerca do papel da mulher na
sociedade.
III- O fato da personagem / narradora Ducha receber, incomodamente, a notícia de que Ed está doente e associar a
doença dele à do cachorro, pode significar que ela está incorporando o modelo de feminilidade seguido pela tia,
caracterizado pelos “pressentimentos” e pela aparência das coisas no lugar de sua essência.
I- O título do conto é um elemento importante para a compreensão do desenrolar da história, pois apresenta uma
representação simbólica sobre a vida.
II- O título Venha ver o pôr do sol apresenta uma ambiguidade, ou seja, pode se referir tanto à beleza do crepúsculo ao
findar a tarde quanto ao fim da vida da personagem Raquel.
III- O conto Venha ver o pôr do sol foi escrito em primeira pessoa, apresentando um narrador autodiegético que
permite penetrar e desvendar com maior riqueza o mundo psicológico das personagens;
A análise das afirmativas nos permite concluir que estão corretas somente as alternativas:
I e III
I e II
II e IV
III e IV
No conto, o tempo é marcado pelas madrugadas tranquilas e pela presença das formigas. A narrativa ocorre no breve
espaço temporal de três dias e três noites. Dessa forma, a estrutura alegórica noturna contribui, também, para
propiciar à narrativa um clima mais sombrio, acentuando a atmosfera sobrenatural.
No conto há predominância de um narrador onisciente de todos os sentimentos, pensamentos, falas e reações das
personagens.
Na passagem “Calcei os sapatos, descolei a gravura da parede, enfiei o urso no bolso da japona e fomos arrastando as
malas pelas escadas, mais intenso o cheiro que vinha do quarto, deixamos a porta aberta” é possível afirmar que a
presença do urso de pelúcia da narradora remete a elementos sobrenaturais e ao medo.
Em relação ao anão, é possível afirmar que é a partir do conhecimento dele por parte das estudantes que se desenrola
a ação ambígua na narrativa, provocando o que se considera como incomum.
Leia um trecho do texto de Lya Luft, A alma do outro, publicado na Revista Veja.
3.
“´A alma do outro é uma floresta escura’ [...]
A vida vai nos ensinando quanto isso é verdade. Pais e filhos, irmãos, amigos e amantes podem conviver décadas
a fio, podem ter uma relação intensa, podem se divertir juntos e sofrer juntos, ter gostos parecidos ou complementares,
ser interessantes uns para os outros, superar grandes conflitos – mas persiste o lado avesso, o atrás da máscara, que
nunca se expõe nem se dissipa. ”
Em relação ao trecho “Pais e filhos, irmãos, amigos e amantes podem conviver décadas a fio, podem ter uma
relação intensa, mas persiste o lado avesso...”
Trata-se de um período composto por subordinação, pois as orações que o compõem mantêm uma relação de
dependência.
Trata-se de um período composto por coordenação, formado por três coordenadas assindéticas e uma coordenada
sindética adversativa.
Trata-se de um período misto, formado por orações coordenadas e orações subordinadas.
Trata-se de um período composto por coordenação, formado por duas coordenadas assindéticas e uma coordenada
sindética.
Em relação ao trecho “Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver”..., retirado do
texto I, os termos destacados classificam-se respectivamente como:
I. No enunciado “E que houve momentos perfeitos que passaram”, o pronome relativo QUE exerce a função
sintática de objeto direto.
II. No enunciado “A pequena palavra que se alonga é um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo”,
o pronome relativo QUE exerce a função sintática de objeto indireto.
III. No enunciado Esta é uma razão que não se pode refutar, o pronome relativo exerce a função sintática de objeto
indireto.
Somente a I.
I e II.
II e III.
I, II e III.
4.
5.