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SER SURDO AOS OLHOS DO SURDO: O QUE

REVELAM SUAS NARRATIVAS

Projeto de Mestrado de Rafaella Bitencourt

Equipe: Helder, Honorata, Kaline, Milena e Rafaella


PROBLEMÁTICA
Como é ser surdo na visão de um surdo que se comunica através de LIBRAS? Como é ser surdo na visão
de um surdo oralizado? Como é ser surdo na universidade? Como é ser surdo nas universidades públicas
da Bahia?

◦ O presente trabalho busca estudar a construção da identidade de universitários baianos com


perda auditiva de grau severo ou profundo, congênita ou adquirida, partindo de seu próprio
ponto de vista.

◦ Por se tratar de um estudo acerca da identidade, a auto-categorização será índice fundamental.


Objetivo Método Justificativa do método

• Estudar a identidade social • A pesquisa seguirá o • A análise de dados de


de universitários baianos método qualitativo e será minorias sociais, como o
com perda auditiva, do tipo exploratória, caso dos surdos, compreende
partindo da consciência da utilizando como meio para uma necessidade de entender
pertença grupal (auto- a coleta de dados, a técnica o contexto e a vivência do
categorização) das entrevistas narrativas participante de maneira
episódicas holística, sem reduzir o
processo de pesquisa ao
estudo das partes de um
sistema social (Sampieri,
2013).
Justificativa da técnica com base nos objetivos

◦ Em levantamento preliminar, poucos estudos sobre o tema escritos por surdos foram encontrados. A
entrevista poderia funcionar transpor a palavra desses sujeitos para o escrito acadêmico de modo mais
direto.

◦ A entrevista narrativa acontece a partir de uma questão apresentada ao entrevistado relativa ao tema e
objetivo do estudo, que será a “força gerativa da narrativa” (Schütze, 2014), de onde uma história de
experiências pelo próprio participante pode emergir (Flick, 2004; Schütze, 2014).

◦ A narração de episódios foi escolhida por permitir acesso a situações que o participante tenha
experienciado e que seja associável ao tema estudado. Segundo Flick (2004), “A entrevista episódica
rende apresentações associadas ao contexto, na forma de uma narrativa, já que estas aproximam-se
mais das experiências e de seus contextos gerativos do que outras formas de apresentação” (p. 117).

◦ A entrevista narrativa, por ser semi-estruturada, concede mais agência ao sujeito da pesquisa. O sujeito
fica mais livre para escolher o que e como revelar ao pesquisador. Isso também se alinha mais a proposta
de maior espaço para o possível protagonismo do dito desses sujeitos na escrita do trabalho.
Critérios de participação
◦ Serão realizadas entrevistas narrativas episódicas de maneira individual, com pessoas que possuam perda
auditiva, para que elas contem vivências próprias, relativas ao tema.
◦ Os critérios utilizados para inclusão dos participantes serão:
1. possuir perda auditiva congênita ou adquirida;
2. possuir perda auditiva bilateral do tipo neurossensorial de grau severo a profundo;
3. ser estudante universitário da UFBA, UNEB, UESC, UEFS, UFRB, UFOB, UESB; (justificativa: maior
possibilidade de formar vínculo com os participantes; público pouco acessível, sendo importante o auxílio do
NAPE e da universidade; na universidade, os participantes também podem ser pesquisadores em potencial)
4. ser oralizado(a) ou sinalizado(a) (que se comunica com o uso da LIBRAS).

◦ Critério de exclusão: pessoas com surdez leve e moderada


Portanto, pode-se inferir que, dentre os participantes, haverá pessoas que se consideram surdas, seguindo um viés
comunitário, cultural e político, bem como poderá haver as que se consideram pessoas com deficiência auditiva,
seguindo uma perspectiva patológica. Busca-se verificar padrões que surgirem no conteúdo das narrativas, que
possam ser associados à identidade social dos participantes.
Procedimentos de coleta na situação de entrevista

◦ As entrevistas serão realizadas em uma situação excepcional de pandemia mundial devido ao vírus da Covid-19, havendo
a necessidade de serem feitas remotamente para cumprir com os protocolos de distanciamento social. Sendo assim, será
feito o contato com a universidade de maneira virtual.

◦ Questões para guiar a entrevista:


1. Para você, o que é “surdez”?
2. Para você, o que é “deficiência auditiva”?
3. Você pode me contar como foi/como tem sido sua trajetória de relações em grupo com pessoas surdas? Fale exemplos de situações que
representem essas relações.
(...)
6. Já houve uma situação/algumas situações em que você percebeu características em comum com outras pessoas surdas? Caso positivo,
gostaria que contasse como foi e quais foram as características.
6.1 O que você sentiu nesse momento?
7. Já houve uma situação/algumas situações em que você percebeu características em comum com pessoas ouvintes? Caso positivo, gostaria
que contasse como foi e quais foram as características.
7.1 O que você sentiu nesse momento?
8. Você concorda com as características atribuídas pela sociedade em geral às pessoas surdas? Me conte situações que representem sua
resposta.
9. Para você, quais as diferenças entre surdos e ouvintes? Fale sobre uma situação que você viveu e/ou percebeu em que essas diferenças
podem aparecer.
10. Para você, quais as semelhanças entre surdos e ouvintes? Fale sobre uma situação que você viveu e/ou percebeu em que essas
semelhanças podem aparecer.
Referências

Flick, U. (2004). Uma introdução à pesquisa qualitativa. Bookman.

Sampieri, R., Collado, C. F. & Lucio, M. P. (2013). Metodologia de Pesquisa. Mc-Graw-Hill.

Schütze, F. (2014) Análise sociológica e linguística de narrativas. Civitas – Revista de Ciências

Sociais. 14(2), 11-52. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2014.2.17117

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