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Mishle

PROVÉRBIOS
Conceitos básicos
 O temor do Senhor é o princípio
da sabedoria
 Os provérbios ilustram princípios
gerais, não promessas
 O caminho da sabedoria conduz à
vida
 A sabedoria leva à compreensão
do princípio da retribuição
 Com os sacerdotes, profetas e reis, os sábios
completavam
. as quatro classes básicas de
liderança da sociedade israelita (v. Jr 18.18; Ez
7.26,27). Os "sábios" ou "conselheiros" eram
ligados à corte real, como se deduz de
Provérbios e Eclesiastes. Eram "compiladores"
da literatura de sabedoria, tanto hebraica
quanto estrangeira. Como mestres da tradição
da sabedoria, seu objetivo era "considerar,
estudar e organizar provérbios" e "ensinar
sabedoria ao povo" (especialmente à geração
seguinte de líderes hebreus, Ec 12.9).
 A palavra hebraica para "provérbio" tem grande
variedade
. de significados, incluindo a idéia de
comparação, código de conduta e descoberta da
verdade oculta. Basicamente, o livro de
Provérbios é uma coleção de comparações
fundadas na observação e reflexão que visa a
ensinar a "conduta adequada". Por isso, é
sabedoria prática arraigada nas experiências de
vida comuns na cultura humana. Esta qualidade
explica o valor duradouro de Provérbios para
públicos religiosos e seculares ao longo dos
séculos.
CONTEXTO
 Os acontecimentos da história hebraica praticamente não
influenciam o livro de Provérbios. Isto serve para ressaltar
a natureza e o valor universal da sabedoria prática. O
mesmo pode ser dito a respeito da literatura de instrução
dos egípcios e mesopotâmicos. A literatura de sabedoria
estava fora da história no sentido de que seu propósito era
instruir as pessoas nos princípios da boa conduta. A
sabedoria instrutiva estava centrada em três instituições: a
família ou o clã, a corte real e as escolas de escribas. A
compilação e "canonização“ da literatura instrutiva era, em
grande parte, responsabilidade da corte real em Israel e em
outras nações do Oriente Médio, já que a tradição da
sabedoria era fundamental para o treinamento de jovens
empregados no serviço governamental.
 O contexto histórico para o desenvolvimento da
tradição
. da sabedoria hebraica inclui a monarquia
unida sob o reinado de Salomão e o Reino do Sul
sob o de Ezequias. A associação dos sábios hebreus
com a corte real seguia o padrão estabelecido nas
rodas de sabedoria em todo o mundo antigo (v. 1Rs
4.30,31). A participação bem-sucedida de Israel na
comunidade internacional como "luz" de Deus às
nações dependia da liderança idônea e devotada. Os
sábios eram encarregados de instruir os oficiais reais
no caminho da sabedoria para que fossem bons
administradores e líderes demonstrando caráter e
conduta santos.
 A influência da sabedoria também era importante
para a realeza hebraica a fim de inspirar o senso de
.
equilíbrio e perspetiva na estrutura econômica da
sociedade hebraica, protegendo os direitos de pobres
e necessitados (Pv 31.8,9). É possível que a instrução
da literatura de sabedoria tenha sido usada para
complementar as reformas religiosas dos reis de Judá
que eram tementes a Deus (v. 2Rs 18.1-6; 2Cr 29-31).
A prática da sabedoria tinha benefícios recíprocos
para a realeza e sociedade hebraicas. O poder do rei
era assegurado pela instrução, imprimindo respeito
pela autoridade paternal e real, e a qualidade de vida
dos cidadãos hebreus melhorava porque o rei
praticava os princípios de integridade e justiça (Pv
20.28; 24.21; 25.2-7).
ESBOÇO DE PROVÉRBIOS
 I. Título e propósito (1.1-7)
 II. Reflexões de um pai sobre o caminho da sabedoria
 A. Discursos sobre a sabedoria (1.8-4.27)
 B. Instruções sobre o casamento e a advertência contra o
adultério (5-7)
 C. Sabedoria personificada (8 e 9)
 III. Provérbios de Salomão (10.1-22.16)
 IV. Adágios anônimos (22.17-24.22)
 V Mais adágios anônimos (24.23-34)
 VI. Mais provérbios de Salomão (25-29)
 VII. Apêndices
 A. Adágios de Agur (30)
 B. Adágios do rei Lemuel (31.1-9)
 C. Poema acróstico anônimo sobre a esposa ideal (31.10-31)
PROPÓSITO E MENSAGEM

 A mensagem de Provérbios se alicerça na crença de


que a sabedoria pode ser ensinada e passada de uma
geração para outra (4.1-9). Pelo fato de o
entendimento ser uma herança mais preciosa que
jóias, ouro e prata, é imperativo que os jovens ouçam,
aceitem e obedeçam aos ensinamentos dos anciãos,
sábios e especialmente de seus pais (1.8,9). O cerne
da instrução de sabedoria do AT é desejar e decidir
aprender e aplicar "o temor do SENHOR“ ao cotidiano
(2.1-6). Isso significa abrir mão das trevas, do mal e da
morte (2.11-15) e andar no caminho da integridade,
justiça e vida (2.1-10). Este é o caminho da sabedoria.
 Os propósitos do livro de Provérbios são declarados no
prólogo das coleções de sabedoria (1.2-7). Eles
.
incluem:
=• Compreender a sabedoria e instrução (1.2; v. 3.21-26)
 • Receber o ensinamento sobre a sensatez,
integridade, justiça e eqüidade (1.3; v. 2.9)
 • Ajudar o simples a desenvolver prudência e o jovem a
obter conhecimento e discrição (1.4; v. 2.20-23)
 • Ampliar o aprendizado e adquirir habilidade no
entendimento (1.5; v. 9.9)
 • Entender provérbios, parábolas, adágios e enigmas
(1.6; v. 4.10,20)
 • Aprender o temor do Senhor (1.7; v. 2.5,6)
TEMAS PRINCIPAIS
O temor do Senhor
 O livro de Provérbios equipara o temor do Senhor ao
conhecimento de Deus (2.5,6). No AT, o conhecimento de
Deus é associado à experiência de relacionamento da aliança
com Javé (v. Os 6.1-3). Como só Deus possui sabedoria e
concede entendimento à humanidade, apenas os que o
conhecem pela experiência da lealdade à aliança encontrarão
os tesouros escondidos da sabedoria. O conceito de temor do
Senhor liga o súdito humano ao rei divino de tal forma que a
mina da sabedoria divina possa ser apropriada pelos santos
(2.7-10). O temor do Senhor, em Provérbios, é a resposta
dupla de atitude e vontade moldando o comportamento
humano de acordo com os mandamentos de Deus. (v. "A
pessoa da sabedoria" no cap. 16).
 Finalmente, a idéia de temor do Senhor impede
a sabedoria
. proverbial de se degenerar em um
sistema rígido e mecânico de relações de causa
de efeito. Isso impede as pessoas de simplificar
as complexidades da vida e dar respostas
ensaiadas a perguntas difíceis. O temor do
Senhor conserva a natureza inescrutável
(incompreensível) de Deus e preserva o mistério
profundo da vida. Essas qualidades nos ajudam a
explicar a tensão entre as duas linhas da
sabedoria hebraica — as instruções para a vida
ideal e debates sobre questões desgastantes da
vida real.
O princípio da retribuição:
terceira parte
 O princípio da retribuição demonstrado nas bênçãos e maldições
das fórmulas de aliança do Pentateuco ressurge na literatura de
sabedoria do AT. Na sabedoria proverbial, a expectativa de
recompensa pela obediência nacional à lei de Deus é aplicada
logicamente ao indivíduo hebreu temente a Deus. Os benefícios
tangíveis de andar no caminho da sabedoria são condicionados por
duas suposições importantes dos sábios. Em primeiro lugar, a
sabedoria proverbial pressupõe que a dimensão "vertical" do
relacionamento pactuai com Javé seja o padrão de vida constante.
A prática da lealdade à aliança é pressuposta como parte de estilo
de vida devoto. Em segundo, as "bênçãos" do caminho da
sabedoria dependem da premissa que as dimensões "horizontais"
do relacionamento de aliança com Javé foi demonstrado pela
prática do que é "justo, direito e certo" (Pv 2.9).
A fala
 O livro de Provérbios tem muito a dizer sobre o uso e
abuso da "língua". De fato, três das abominações na
advertência contra os sete pecados que Deus detesta
estão diretamente relacionados ao falar. O ensinamento
sobre o falar do homem em Provérbios pode ser
resumido da maneira a seguir. Em primeiro lugar, as
palavras têm grande poder, pois até morte e vida estão
no poder da língua (18.21). Elas podem ser usadas para
ferir ou curar o espírito ( 1 2. 1 8 ; 15.4), moldar atitudes
e conceitos (18.8; 29.5) e formar crenças e convicções
(10.21; 11.9). Mas a boca do ímpio espalha discórdia
como "fogo devorador" (16.27,28), ao contrário da boca
do justo, que é como fonte ou árvore da vida que dá
verdade e conhecimento (10.11; 15.2,4,7).
 Em segundo lugar, às vezes, as palavras
.
também são fúteis. A fala não substitui a
ação conjunta (14.23) nem pode mudar os
fatos, esconder motivações ocultas ou
disfarçar o caráter interior (24.12; 26.23-
28). Por fim, Provérbios apresenta
instruções sobre a fala ideal. As palavras
dos sábios procedem de caráter justo e
ponderação (12.17; 14.5). As palavras dos
sábios são marcadas por honestidade
(16.13), concisão (10.14), serenidade (15.1)
e inteligência (15.23).
Sexualidade humana
 A sabedoria de Provérbios exalta a virtude
do casamento (monogâmico) e adverte
contra a insensatez da licenciosidade. O
discernimento dos sábios hebreus sobre as
complexidades do relacionamento entre
homem e mulher ainda são recursos válidos
para abordar os problemas associados à
sexualidade humana. As afirmações,
admoestações e diretrizes bíblicas para
este aspecto da vida humana incluem:
 • O valor da instrução de sabedoria como antídoto
para o pecado sexual (2.16);
.
 • A pureza do casamento e a conveniência do amor
erótico (heterossexual) dentro dos limites conjugais
(5.15-23; 18.22);
 • A necessidade de proteger e disciplinar os "olhos" e a
"boca", pois são as principais entradas da tentação
que leva à depravação (5.1-6; 7.21-23; v. Jó 31.1);
 • Estar ciente da destruição do ciúme que brota do
adultério (6.20-35);
 • Estar ciente dos perigos gerados pelo "ócio" (7.6-9);
 • A importância da família para o ensino e execução
dos valores sexuais (7.1-5,24-27);
 • Estar ciente da sutileza dos pecados sexuais (23.26-28)
 • A facilidade em que os pecados sexuais são
.
racionalizados, endurecendo, assim, o coração do justo
para os princípios morais (7.14-20; 30.20);
 • A necessidade de avaliar e escolher o cônjuge com base
em padrões internos relacionados ao caráter, não a
padrões externos relacionados à atração física (31.10-
31;v. 1Pe3.1-6);
 • A necessidade de os cônjuges evitarem discussões e
manter as linhas de comunicação abertas (19.13; 27.15).
 Em vários aspectos, as instruções de Provérbios sobre
sexualidade humana e casamento constituem um
comentário prático do relato de Gênesis sobre a criação
do homem e da mulher e sua união em uma só carne (Gn
2.18-25).
Perguntas para estudo e
debate

 1. O que é "o temor do Senhor"? Como


essa idéia se relaciona aos ensinamentos
da lei de Moisés?
 2. O que Provérbios 31.10-31 sugere sobre
o papel de algumas mulheres no antigo
Israel?
 3. Como o conteúdo do livro de Tiago é
semelhante à sabedoria de Provérbios?

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