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Formação em Teologia

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Formação em Teologia

Livros Poéticos (parte 01)

Provérbios: o livro da sabedoria


O Livro de Provérbios apresenta princípios e verdades para o dia a dia. Ele
nada mais é que uma coletânea de ditados; ‘’máximas’’ para se fixar na mente;
frases curtas, mas cujas ideias expressam uma verdade essencial.

Autoria
A maior parte do Livro de Provérbios foi feita por Salomão, entretanto,
outros escritores também participaram da produção do texto, em algumas partes
do livro há uma nota ou um título que indica a autoria múltipla, como Agur (30:1) e
o rei Lemuel (31:1) e Salomão (1:1; 10:1; 25:1). Somente Provérbios 1:8-9:18 e 31:10-
31 não possuem uma atribuição explícita de autoria. Ainda existe uma fonte citada
pelo próprio livro, um grupo chamado de "os sábios":

“Preste atenção e ouça os ditados dos sábios; aplique o coração ao meu


ensino.” (Provérbios 22:17 NVI)

“Aqui vão outros ditados dos sábios: Agir com parcialidade nos julgamentos
não é nada bom.” (Provérbios 24:23 NVI)

Os textos de Pv 22:17-24:34 são atribuídos a esses sábios, “o orador se


dirige aos leitores e os exorta a ouvir os "ditados dos sábios". A seção é finalizada
pelo cabeçalho que introduz a próxima parte do livro (25:1). Além disso, há duas
partes distintas nos ditados dos sábios, separadas por uma nota explicativa: "São
também estes provérbios dos sábios" (24:23). Os ditados dos sábios cobrem muitos
dos mesmos tópicos dos provérbios salomônicos: sensibilidade ao pobre
(22:22,23); a natureza transitória das riquezas (23:4,5); evitar as prostitutas

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(23:26-28); ridicularizar o preguiçoso (24:30-34).” (Dillard e Longman III). E outro


grupo deve ser destacado: “Estes são outros provérbios de Salomão, compilados
pelos servos de Ezequias, rei de Judá.” (Pv 25:1)

Datação
Os homens ou servos de Ezequias (o mesmo que recebeu a palavra profética
de Isaías), como vimos acima, têm o papel de reunir os textos, por isso podemos
datar sua atuação em 700 a.C., quanto aos escritos por Salomão, a data provável é
século X a.C.

Estrutura literária
A primeira parte do livro é composta de longos discursos sobre a sabedoria
(capítulos 1-9), enquanto a segunda parte é composta por ditados curtos e diretos
(capítulos 10-31). Dillard e Longman trazem a seguinte sugestão para a estrutura
do livro:

- Preâmbulo (1:1-7)
- Extensos discursos sobre a sabedoria (1:8-9:18)
- Provérbios salomônicos (10:1-22:16; 25:1-29:27)
- Ditados de sábios (22:17-24:34)
- Ditados de Agur (30)
- Ditados do rei Lemuel (31:1-9)
- Poema para a mulher virtuosa (31:10-31)

“É interessante notar a existência de uma concentração nos paralelismos


antitéticos (...), nos quais a mesma verdade é examinada de perspectivas opostas:

‘o coração do justo medita o que há de responder,

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mas a boca dos perversos transborda maldades.’ (Pv 15:28)

O uso da forma antitética se adapta bem a um dos temas principais desses


provérbios: o contraste entre o sábio justo e o tolo perverso.” (Dillard e Longman
III)

Propósito e Mensagem
Os provérbios visam gerar impacto e memória usando frases rápidas, mas
que contêm profundas verdades universais, o que os tornam inesquecíveis em
nossa mente, e podem auxiliar nas decisões e práticas do dia a dia. Em nossa
cultura, tomamos as decisões de acordo com a sabedoria que temos ou com o
grupo de provérbios adquiridos ao longo do tempo, seja por meio dos nossos pais
e familiares, seja por meio da cultura em que vivemos. Por exemplo: ‘’O que não me
mata, me deixa mais forte’’, ‘’Siga a voz do seu coração’’, ‘’Água mole em pedra
dura, tanto bate até que fura’’, ‘’Sem dor, sem ganho’’.
Um filme, uma música, um vídeo no youtube, uma foto do Instagram, ou
mesmo uma mensagem no domingo à noite concorrem, dentro de nossas mentes e
corações, como fonte das nossas escolhas e crenças.

Normalmente, publicitários usam frases de impacto para criar uma cultura


de consumo, enquanto, no Livro de Provérbios, as frases de impacto estão a serviço
da ética e da sabedoria - verdades a serem internalizadas e tornadas referência
para a vida. De outro modo, quanto mais nos faltar sabedoria, mais seremos
afetados por uma idolatria que forja necessidades (falsas) e uma cultura de
consumo, pois quando começamos a aceitar e acreditar em ideologias, frases de
efeito e máximas que não são fundamentadas na Palavra de Deus, nossa
capacidade de decisão se deteriora, tornando-se e nos tornando carnais. Aqui, o
mais afetado é o inexperiente, isto é, os jovens, pois a falta de tempo e experiências

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os deixa, em certa medida, vulneráveis e suscetíveis, por isso, inicialmente, os jovens


eram o público alvo deste livro, vemos constantemente o uso da expressão “Filho
meu”. O objetivo do Livro de Provérbios é nos cercar dessa sabedoria divina para
nos fazer mais sábios, alimentando a nossa alma e assim nos habilitar para tomar
as decisões diárias, decisões estas que honrem nossos semelhantes e glorifiquem
a Deus.
O principal tema de Provérbios é a sabedoria como uma questão prática do
dia-a-dia, como algo aplicável, no entanto, não deve-se confundir sabedoria com
inteligência, alguém inteligente possui uma capacidade de raciocínio, seja em
matemática, história, linguística, química, etc., e isso não é sabedoria; O mesmo vale
para a cultura, que tem a ver com relações sociais, educação, formação, erudição e
o acúmulo de experiências, e mais uma vez, isso não é sabedoria, pois como diz o
sábio, ela começa no temor-do-Senhor (Pv 9:10), a sabedoria nasce quando uma
pessoa, por um lado percebe a própria pequenez e finitude, e por outro percebe a
eternidade do Deus Altíssimo, e contemplar esse contraste deve gerar assombro e
humildade, mas também confiança visto que um ser tamanho quer nos dar
sabedoria para viver. Sobretudo, o temor-do-Senhor nos põe em perspectiva para
constatar a dimensão de Deus, e um olhar espantado e reverente a Ele é o melhor
modo de notar as Suas dimensões (e as nossas!), o que pode trazer (mais)
intimidade com nosso Senhor porque “O pressuposto de toda a sabedoria é o temor
a Deus. Em outras palavras, de acordo com o autor do preâmbulo, o relacionamento
precede a ética.” (Dillard e Longman III).

Personagens
Temos alguns personagens no Livro de Provérbios, e eles nos ajudam a nos
situar. O primeiro personagem é o ingênuo, tolo, preguiçoso, libertino e pecador. O

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livro cria um jogo de contrastes entre sabedoria e loucura, vida e morte, justiça e
impiedade, honra e desonra, prudência e imprudência, os dois lados ficam claros
nos provérbios, pois a sabedoria busca um ponto de equilíbrio para vivermos da
melhor forma possível, e como resultado desse contraste, temos dois lados muito
bem definidos: Sabedoria X Insensatez.

POR DENTRO DO TEXTO:

Capítulos 1 e 2
A sabedoria aparece como personagem, uma personificação gritando e
clamando nas ruas, mas rejeitada pelas pessoas. Esse clamor é para que as
pessoas percebam o que realmente precisam, a sabedoria começa apresentando e
denunciando o caminho dos gananciosos e traça um curso para quem deseja seguir
o seu caminho, “Se você quer ser sábio, precisa buscar sabedoria como quem busca
um tesouro, algo valioso.” A busca pela sabedoria precisa ter a mesma intensidade
de quem procura uma mina de diamantes.
No grego, a palavra sabedoria expressa a ideia de alguém que consegue ver
a natureza das coisas, enxergar o que há por de trás de tudo e se posiciona
corretamente, uma sabedoria prática definida pelo bom senso; ser sábio é ter
discernimento e bom senso, características vindas a partir do temor-do-Senhor. A
sabedoria nos livra e liberta - livra de situações perigosas e liberta nossa existência
-, é essa ideia que temos nos capítulos 1 e 2, pelo temor ao Senhor a sabedoria
previne nosso andar para não cair no caminho da maldade nem ceder à sedução
perversa.

Capítulos 3 e 4

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Aqui encontramos mais conselhos sobre sabedoria. Muitas expressões como


‘’não esqueça’’, ‘’guarde no seu coração’’, têm o propósito de orientar o nosso
procedimento diante das circunstâncias, por exemplo, a expressão “guardar no
coração” visa trazer e manter a sabedoria no centro da nossa alma com o intuito
de prolongar a vida, pois na medida que criamos bom senso, aprendemos a viver
de forma mais equilibrada e saudável, assim, ao conservar a sabedoria no centro,
vivemos mais e melhor. Expressões como “Confie no Senhor de todo o seu coração”,
“Não se apoie no seu entendimento”, nos instruem a confiar que Deus está
conduzindo a vida. Nesse ponto, é estabelecida uma relação entre sabedoria e
confiança em Deus, e por sua vez, a confiança em Deus cria a necessidade de
honrá-lo, entre outras coisas, com nossos recursos, pois ser sábio também é
questão de generosidade, e a sabedoria sempre é generosa.
Um outro apontamento diz que não devemos nos magoar com a repreensão
feita pelos mais sábios pois ela constrói no coração a sabedoria que traz vida, no
entanto, quando a palavra de correção vem e ,magoados, fechamos o coração,
estaremos fechando a porta para a sabedoria e para qualidade de vida. Portanto,
não se magoe com a repreensão, pois ela é parte necessária do caminho para a
sabedoria.

Ainda nos capítulos 3 e 4, temos a orientação de não planejar o mal nem ter
inveja dos homens violentos, não podemos adotar o método deles por estarmos
irritados ou nos sentindo injustiçados, ou por qualquer motivo. Os conselhos vão se
seguindo como uma coleção de ideias e conselhos que um pai semeia ao filho ao
longo da vida, apontando também para algo muito importante, embora difícil, que
é construir uma boa relação entre gerações, pois, quando existe o choque entre
elas, a tendência é que a geração mais nova não entenda, e a mais velha não saiba
comunicar, e quando essa comunicação se quebra, o prejuízo é incalculável para
ambas. Portanto, deve-se guardar o coração, não somente no sentido emocional,

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mas em todos os sentidos, lembrando que para o escritor bíblico o coração não é
emoção, para ele o coração é o ser inteiro, é o indivíduo integral, então, guardar o
coração é guardar o pensamento, o sentimento, a vontade, a decisão e a atitude,
pois nossa vida depende disso:

“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele
procedem as fontes da vida.’’ (Pv 4:23)

Em oposição à sabedoria, um personagem aparece, o tolo, é justamente ele


quem não valoriza a sabedoria e os conselhos, encheu o coração de si mesmo e
cegou-se pela própria vontade, assim, ele ignora a sabedoria, agora impenetrável
ao seu coração. A figura do tolo está associada a alguém que resiste aos conselhos
e fecha o coração por acreditar que a sua vontade é suficiente, substitui o temor ao
Senhor, a sabedoria, a repreensão e o conselho pela auto-suficiência. E depois,
outro inimigo da sabedoria surge, o zombador, que leva a oposição ao próximo
nível, pois enquanto o tolo não ouve e somente ignora, o zombador vai além ao
menosprezar e ridicularizar a sabedoria. É necessário cuidado com um e outro.
Os provérbios chamam atenção para a vida em si, para percebermos a
necessidade de buscar sabedoria em cada área dela, pois não nascemos sábios, e
o sábio é aquele que dá valor ao caminho que o temor-do-Senhor está abrindo, e,
instruído por essa sabedoria, adquire discernimento para tomar boas decisões. E
visto que, ou acumulamos tolice ou acumulamos sabedoria, e o ponto de partida é
o temor-do-Senhor, a grande questão é: estamos acumulando sabedoria (pois o
temor está nos transformando em pessoas prudentes e de bom senso) ou estamos
acumulando tolice? Guarde essa pergunta porque tomamos decisões o tempo todo,
e o Livro de Provérbios nos ajuda a perceber a qualidade dessas decisões, nos
equipando para fazermos o melhor.

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Capítulos 6 e 7
Os próximos dois capítulos irão nos fazer pensar sobre relacionamentos e
desejos. É claro que desejar não é o problema, mas é um problema quando o desejo
é administrado pela insensatez, e nesses capítulos, obtemos uma direção para que
o nosso desejo seja administrado pela sabedoria. Por exemplo, recebemos alguns
conselhos para nos proteger e orientar como olhamos o sexo oposto, e como
devemos olhar os relacionamentos de forma que os nossos desejos não se tornem
armadilhas. Estes provérbios nos ensinam a olhar o que é desejável e dizer não
quando for necessário, enxergando o que há por trás, ou qual a consequência de
darmos ouvido a um determinado desejo, como um bom jogador de xadrez, que
pensa algumas jogadas à frente antes de jogar, a sabedoria nos ajuda a olhar para
o que se deseja antecipando os eventos, para nos ensinar a tomar as decisões
corretas. Em outro exemplo, o sábio diz para não se aproximar da casa da “mulher
(ou homem) imoral”, a ideia é evitar o adultério e a imoralidade, pois estes roubarão
seus bens e seu coração, então mantenha distância!
Além disso, os provérbios não apontam somente para o ser humano, o
capítulo seis olha para Deus mostrando sete coisas que Ele abomina:

- Olhos altivos - precisamos vigiar, não os olhos do outro, mas os nossos


olhos, para não sermos arrogantes;
- Língua mentirosa - precisamos vigiar, não a língua dos outros, mas a
nossa;
- Mãos que derramam sangue - precisamos vigiar nossas mãos, para que
nossos atos não tragam morte, nem tirem vida;
- Coração que planeja o mal - precisamos vigiar para que, no dia da
amargura, o nosso coração não planeje a maldade contra o próximo;
- Pés que se apressam em fazer o mal - precisamos vigiar, não os pés do
nosso irmão, mas os nossos pés, para não tomarmos uma direção perversa;

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- Falso testemunho - precisamos vigiar nosso testemunho (atos e palavras),


porque se não enxergo tanto quanto deveria, preciso ter cuidado e humildade para
aceitar que não sei tudo sobre mim, nem sobre o outro;
- Semear discórdia entre irmãos: devemos cuidar para não sermos uma
fonte de conflito entre irmãos.

Ao ler essa lista, vemos que a sabedoria se aplica a nós mesmos, não ao
outro.

Capítulos 8 e 9
Mais uma vez a sabedoria clama e convida. Se a sociedade entendesse esses
capítulos, aconteceria uma revolução, pois o homem está aplicado a buscar o
dinheiro, a beleza, a fama e o poder. O convite da sabedoria é que se estivéssemos
buscando mais a ela do que as outras coisas, encontramos um caminho seguro de
paz, e o temor-do-Senhor nos colocaria debaixo das asas do nosso Senhor. Quanto
tempo gastamos buscando dinheiro e fama? E quanto tempo gastamos procurando
sabedoria?
Vemos uma grande festa nos capítulos 8 e 9: a festa da sabedoria. Luiz
Sayão, quando ensina sobre esse texto, afirma que o violento, o zombador e o tolo
foram excluídos pelo texto e não participam da festa da sabedoria. E vemos o
contraste, de um lado temos a Senhora Sabedoria convidando a banquetear com
ela, e do outro, temos um outro convite, a Senhora Insensatez, invariavelmente
vamos acabar na mesa de uma dessas duas senhoras, aceitaremos um dos
convites. Ao contrário da sabedoria, a insensatez gosta de ignorância e exibição:
‘’...água roubada é doce, o pão que se come escondido é mais saboroso...’’ (Pv 9:17),
segundo sua própria voz, porém, o texto nos ensina que os convidados dela serão
destruídos, e sendo assim, não ouçam o conselho, nem o convite, da insensatez, pois
o fim é a ruína.

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Capítulos 10, 11 e 12

Aqui, o sábio fala das balanças desonestas (o desequilíbrio que causa dano)
que desagradam o coração de Deus, pois retidão e integridade são princípios
importantes para Ele e devem ser para nós. O Senhor se alegra nos pesos exatos e
nas pessoas justas e honestas, que andam com integridade e sabem que adquirir
coisas de forma desonesta não é sábio. Nesses capítulos, vimos mais uma vez que
o temor e a sabedoria prolongam a vida, e tenha em mente que isso é um provérbio,
mas não é uma promessa (falaremos mais sobre isso no Livro de Eclesiastes).
A crítica que encontramos no texto agora é feita ao preguiçoso, que
empobrece pois não trabalha o suficiente. Ao contrário do preguiçoso, temos o
diligente, que se esforça e trabalha com dedicação. Temos, então, o combate à
preguiça e à desonestidade, e a orientação sobre o cuidado com as palavras, pois
quem fala demais está perto do pecado, e mais alguns conselhos: controle a língua;
não alimente ódio no coração; não espalhem calúnia ou ofensas; e quem busca ser
sábio também busca ser generoso.

Capítulos 13, 14 e 15
O sábio insiste na ideia de guardar a língua, mas também fala da
necessidade de se ter amigos, sempre precisaremos deles. O caminho da sabedoria
passa necessariamente por esses dois lugares. E mais uma vez, pode-se ver o
contraste entre o desejo do preguiçoso e o desejo do diligente, assim como o
contraste entre o pobre e o rico, que os provérbios fazem questão de destacar.
Outra preocupação do sábio mostra que o orgulho gera discussões
enquanto a sabedoria procura conselhos, ao contrário do senso comum, que ensina
que “Se conselho fosse bom não se dava, se vendia.”, a Palavra de Deus vai na
direção oposta, o sábio é aquele que busca os outros sábios e se aconselha, de
forma humilde, ele busca sabedoria, pois ela um processo de busca e uma

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construção, mas, quem se tranca em si mesmo e está sempre disposto a discutir,


pode estar dominado por orgulho. Todavia, quanto mais sábio menos orgulhoso.
Buscar sabedoria é entender o que há por trás das coisas, e como responder
as questões que aparecem no dia a dia, por exemplo, como Luiz Sayão
parafraseando Pv 15:16,17 : ‘’É melhor comer alface e tomate mesmo que seja sem
tempero do que comer uma bela picanha cheia de ódio.’’ Mais importante que o que
estamos comendo, é com quem estamos comendo e a relação que temos com essas
pessoas. Segue mais conselhos:

-Um conselho certo na hora certa é espetacular;


-O avarento põe sua vida em apuros;
-A humildade antecede a honra (se você quer ser honrado, seja humilde
antes).

Provérbios, “termina com um vigoroso poema acróstico sobre a mulher


virtuosa. Essa mulher reflete a sua ligação com a senhora Sabedoria em Provérbios
8. Ela é competente tanto dentro quanto fora de casa. Não por acaso, na Bíblia
hebraica, Provérbios (e especificamente Pv 31) é seguido primeiro por Ruth e então
por Cânticos dos Cânticos. Todos os três textos apresentam personagens femininos
positivos que são competentes sem depender por completo dos homens.” (Dillard
e Longman III)

As Armadilhas de Provérbios
Não se deve absolutizar os provérbios, eles devem ser interpretados sempre
dentro do contexto, e encaixados dentro do conhecimento produzido por toda a
Bíblia. Os provérbios não são promessas, são observações, sendo assim, no texto
abaixo podemos interpretar de duas formas distintas:

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“No temor do SENHOR, tem o homem forte amparo,


e isso é refúgio para os seus filhos.” (Pv 14.26)

a) Interpretar como promessa e acreditar que por temermos ao Senhor nada


acontecerá com os nossos filhos;
b) Interpretar como observações de sabedoria e entender que pais que
temem a Deus, os seus filhos andam em segurança.

Outro ponto deve ser entendido: a aplicação do provérbio é limitada ao seu


contexto:

“Não responda ao insensato com igual insensatez, do contrário você se


igualará a ele. Responda ao insensato como a sua insensatez merece, do contrário
ele pensará que é mesmo um sábio.” (Pv 26: 4,5)

Observe que o papel do sábio é ter discernimento e sensibilidade para saber


tratar o insensato de acordo com a situação.
Também não é recomendado isolar os provérbios, como afirmam Dillard e
Longman III, “A outra armadilha potencial na leitura de Provérbios é isolar os
provérbios individuais de seu ambiente canônico, retalhando o livro em pequenos
pedaços de bons conselhos. A análise acima da relação entre Provérbios 1-9 e 10-
31 é o primeiro passo no sentido de corrigir uma leitura exclusivamente moralista
do livro. O próximo passo é relacionar a teologia de Provérbios à teologia do Novo
Testamento.”
Devemos entender que o texto está fazendo uma representação poética do
atributo da sabedoria de Deus, que obviamente percebemos em Jesus. Logo, o
nosso papel ao ler o Livro de Provérbios, não é colecionarmos conselhos morais ou
éticos, mas relacionarmos toda a sabedoria com Cristo:

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“A sabedoria de Cristo é uma das suas características mais frequentemente


destacadas no Novo Testamento. Jesus Cristo é a sabedoria de Deus (l Co 1:30). Ele
é aquele "em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão
ocultos" (Cl 2:3). Mesmo durante seu ministério terrestre, a sabedoria foi revelada
através de seus ensinos (Mc 1:22). Durante a sua juventude, Jesus confundiu os
mestres da lei (Lc 2:41-50), enquanto "crescia em sabedoria, estatura e graça,
diante de Deus e dos homens" (Le 2.52).(...) Assim, conforme os cristãos lerem
Provérbios à luz da contínua revelação do Novo Testamento, serão confrontados
com a mesma questão dos antigos israelitas, mas com uma nuance diferente.
Jantaremos com a Sabedoria ou com a Insensatez? A Sabedoria que nos convida
é ninguém menos do que Jesus Cristo, enquanto a insensatez que procura nos
seduzir é qualquer coisa criada que colocamos no lugar do Criador (Rm 1:22,23).”
(Dillar e Longman III)

Bibliografia:

PRICE, Randall. Manual de arqueologia bíblica (Thomas Nelson/ Randall


Price e H Wayne House. Tradução: Wilson Ferraz de Almeida- Rio de Janeiro:
Thomas Nelson. 2020)

KLEIN, William W. HUBBARD JR, Robert L. BLOMBERG, Craig L. (Tradução:


Maurício Bezerra Santos Silva. 1 ed. - Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2017)

Manual bíblico vida nova (Editor geral: David S. Dockery. Tradução: Lucy
Yamakami. Hans Udo Fuchs, Robinson Malkomes. - São Paulo: Edições Vida Nova,
2001)

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DILLARD, Raymond B. Introdução ao Antigo Testamento (Raymond B.


Dillard, Tremper Longman III. Tradução: Sueli da Silva Saraiva.- São Paulo: Vida
Nova, 2006)

SAYÃO, Luiz ROTA 66: Antigo Testamento: manual de apoio do comentário


bíblico falado/ 1 Ed- São Paulo: Rádio Trans Mundial, 2008.

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