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Conteúdo licenciado para Jose Jales de Figueiredo Junior -
Formação em Teologia
Autoria
A maior parte do Livro de Provérbios foi feita por Salomão, entretanto,
outros escritores também participaram da produção do texto, em algumas partes
do livro há uma nota ou um título que indica a autoria múltipla, como Agur (30:1) e
o rei Lemuel (31:1) e Salomão (1:1; 10:1; 25:1). Somente Provérbios 1:8-9:18 e 31:10-
31 não possuem uma atribuição explícita de autoria. Ainda existe uma fonte citada
pelo próprio livro, um grupo chamado de "os sábios":
“Aqui vão outros ditados dos sábios: Agir com parcialidade nos julgamentos
não é nada bom.” (Provérbios 24:23 NVI)
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Datação
Os homens ou servos de Ezequias (o mesmo que recebeu a palavra profética
de Isaías), como vimos acima, têm o papel de reunir os textos, por isso podemos
datar sua atuação em 700 a.C., quanto aos escritos por Salomão, a data provável é
século X a.C.
Estrutura literária
A primeira parte do livro é composta de longos discursos sobre a sabedoria
(capítulos 1-9), enquanto a segunda parte é composta por ditados curtos e diretos
(capítulos 10-31). Dillard e Longman trazem a seguinte sugestão para a estrutura
do livro:
- Preâmbulo (1:1-7)
- Extensos discursos sobre a sabedoria (1:8-9:18)
- Provérbios salomônicos (10:1-22:16; 25:1-29:27)
- Ditados de sábios (22:17-24:34)
- Ditados de Agur (30)
- Ditados do rei Lemuel (31:1-9)
- Poema para a mulher virtuosa (31:10-31)
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Propósito e Mensagem
Os provérbios visam gerar impacto e memória usando frases rápidas, mas
que contêm profundas verdades universais, o que os tornam inesquecíveis em
nossa mente, e podem auxiliar nas decisões e práticas do dia a dia. Em nossa
cultura, tomamos as decisões de acordo com a sabedoria que temos ou com o
grupo de provérbios adquiridos ao longo do tempo, seja por meio dos nossos pais
e familiares, seja por meio da cultura em que vivemos. Por exemplo: ‘’O que não me
mata, me deixa mais forte’’, ‘’Siga a voz do seu coração’’, ‘’Água mole em pedra
dura, tanto bate até que fura’’, ‘’Sem dor, sem ganho’’.
Um filme, uma música, um vídeo no youtube, uma foto do Instagram, ou
mesmo uma mensagem no domingo à noite concorrem, dentro de nossas mentes e
corações, como fonte das nossas escolhas e crenças.
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Personagens
Temos alguns personagens no Livro de Provérbios, e eles nos ajudam a nos
situar. O primeiro personagem é o ingênuo, tolo, preguiçoso, libertino e pecador. O
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livro cria um jogo de contrastes entre sabedoria e loucura, vida e morte, justiça e
impiedade, honra e desonra, prudência e imprudência, os dois lados ficam claros
nos provérbios, pois a sabedoria busca um ponto de equilíbrio para vivermos da
melhor forma possível, e como resultado desse contraste, temos dois lados muito
bem definidos: Sabedoria X Insensatez.
Capítulos 1 e 2
A sabedoria aparece como personagem, uma personificação gritando e
clamando nas ruas, mas rejeitada pelas pessoas. Esse clamor é para que as
pessoas percebam o que realmente precisam, a sabedoria começa apresentando e
denunciando o caminho dos gananciosos e traça um curso para quem deseja seguir
o seu caminho, “Se você quer ser sábio, precisa buscar sabedoria como quem busca
um tesouro, algo valioso.” A busca pela sabedoria precisa ter a mesma intensidade
de quem procura uma mina de diamantes.
No grego, a palavra sabedoria expressa a ideia de alguém que consegue ver
a natureza das coisas, enxergar o que há por de trás de tudo e se posiciona
corretamente, uma sabedoria prática definida pelo bom senso; ser sábio é ter
discernimento e bom senso, características vindas a partir do temor-do-Senhor. A
sabedoria nos livra e liberta - livra de situações perigosas e liberta nossa existência
-, é essa ideia que temos nos capítulos 1 e 2, pelo temor ao Senhor a sabedoria
previne nosso andar para não cair no caminho da maldade nem ceder à sedução
perversa.
Capítulos 3 e 4
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Ainda nos capítulos 3 e 4, temos a orientação de não planejar o mal nem ter
inveja dos homens violentos, não podemos adotar o método deles por estarmos
irritados ou nos sentindo injustiçados, ou por qualquer motivo. Os conselhos vão se
seguindo como uma coleção de ideias e conselhos que um pai semeia ao filho ao
longo da vida, apontando também para algo muito importante, embora difícil, que
é construir uma boa relação entre gerações, pois, quando existe o choque entre
elas, a tendência é que a geração mais nova não entenda, e a mais velha não saiba
comunicar, e quando essa comunicação se quebra, o prejuízo é incalculável para
ambas. Portanto, deve-se guardar o coração, não somente no sentido emocional,
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mas em todos os sentidos, lembrando que para o escritor bíblico o coração não é
emoção, para ele o coração é o ser inteiro, é o indivíduo integral, então, guardar o
coração é guardar o pensamento, o sentimento, a vontade, a decisão e a atitude,
pois nossa vida depende disso:
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele
procedem as fontes da vida.’’ (Pv 4:23)
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Capítulos 6 e 7
Os próximos dois capítulos irão nos fazer pensar sobre relacionamentos e
desejos. É claro que desejar não é o problema, mas é um problema quando o desejo
é administrado pela insensatez, e nesses capítulos, obtemos uma direção para que
o nosso desejo seja administrado pela sabedoria. Por exemplo, recebemos alguns
conselhos para nos proteger e orientar como olhamos o sexo oposto, e como
devemos olhar os relacionamentos de forma que os nossos desejos não se tornem
armadilhas. Estes provérbios nos ensinam a olhar o que é desejável e dizer não
quando for necessário, enxergando o que há por trás, ou qual a consequência de
darmos ouvido a um determinado desejo, como um bom jogador de xadrez, que
pensa algumas jogadas à frente antes de jogar, a sabedoria nos ajuda a olhar para
o que se deseja antecipando os eventos, para nos ensinar a tomar as decisões
corretas. Em outro exemplo, o sábio diz para não se aproximar da casa da “mulher
(ou homem) imoral”, a ideia é evitar o adultério e a imoralidade, pois estes roubarão
seus bens e seu coração, então mantenha distância!
Além disso, os provérbios não apontam somente para o ser humano, o
capítulo seis olha para Deus mostrando sete coisas que Ele abomina:
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Ao ler essa lista, vemos que a sabedoria se aplica a nós mesmos, não ao
outro.
Capítulos 8 e 9
Mais uma vez a sabedoria clama e convida. Se a sociedade entendesse esses
capítulos, aconteceria uma revolução, pois o homem está aplicado a buscar o
dinheiro, a beleza, a fama e o poder. O convite da sabedoria é que se estivéssemos
buscando mais a ela do que as outras coisas, encontramos um caminho seguro de
paz, e o temor-do-Senhor nos colocaria debaixo das asas do nosso Senhor. Quanto
tempo gastamos buscando dinheiro e fama? E quanto tempo gastamos procurando
sabedoria?
Vemos uma grande festa nos capítulos 8 e 9: a festa da sabedoria. Luiz
Sayão, quando ensina sobre esse texto, afirma que o violento, o zombador e o tolo
foram excluídos pelo texto e não participam da festa da sabedoria. E vemos o
contraste, de um lado temos a Senhora Sabedoria convidando a banquetear com
ela, e do outro, temos um outro convite, a Senhora Insensatez, invariavelmente
vamos acabar na mesa de uma dessas duas senhoras, aceitaremos um dos
convites. Ao contrário da sabedoria, a insensatez gosta de ignorância e exibição:
‘’...água roubada é doce, o pão que se come escondido é mais saboroso...’’ (Pv 9:17),
segundo sua própria voz, porém, o texto nos ensina que os convidados dela serão
destruídos, e sendo assim, não ouçam o conselho, nem o convite, da insensatez, pois
o fim é a ruína.
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Capítulos 10, 11 e 12
Aqui, o sábio fala das balanças desonestas (o desequilíbrio que causa dano)
que desagradam o coração de Deus, pois retidão e integridade são princípios
importantes para Ele e devem ser para nós. O Senhor se alegra nos pesos exatos e
nas pessoas justas e honestas, que andam com integridade e sabem que adquirir
coisas de forma desonesta não é sábio. Nesses capítulos, vimos mais uma vez que
o temor e a sabedoria prolongam a vida, e tenha em mente que isso é um provérbio,
mas não é uma promessa (falaremos mais sobre isso no Livro de Eclesiastes).
A crítica que encontramos no texto agora é feita ao preguiçoso, que
empobrece pois não trabalha o suficiente. Ao contrário do preguiçoso, temos o
diligente, que se esforça e trabalha com dedicação. Temos, então, o combate à
preguiça e à desonestidade, e a orientação sobre o cuidado com as palavras, pois
quem fala demais está perto do pecado, e mais alguns conselhos: controle a língua;
não alimente ódio no coração; não espalhem calúnia ou ofensas; e quem busca ser
sábio também busca ser generoso.
Capítulos 13, 14 e 15
O sábio insiste na ideia de guardar a língua, mas também fala da
necessidade de se ter amigos, sempre precisaremos deles. O caminho da sabedoria
passa necessariamente por esses dois lugares. E mais uma vez, pode-se ver o
contraste entre o desejo do preguiçoso e o desejo do diligente, assim como o
contraste entre o pobre e o rico, que os provérbios fazem questão de destacar.
Outra preocupação do sábio mostra que o orgulho gera discussões
enquanto a sabedoria procura conselhos, ao contrário do senso comum, que ensina
que “Se conselho fosse bom não se dava, se vendia.”, a Palavra de Deus vai na
direção oposta, o sábio é aquele que busca os outros sábios e se aconselha, de
forma humilde, ele busca sabedoria, pois ela um processo de busca e uma
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As Armadilhas de Provérbios
Não se deve absolutizar os provérbios, eles devem ser interpretados sempre
dentro do contexto, e encaixados dentro do conhecimento produzido por toda a
Bíblia. Os provérbios não são promessas, são observações, sendo assim, no texto
abaixo podemos interpretar de duas formas distintas:
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Bibliografia:
Manual bíblico vida nova (Editor geral: David S. Dockery. Tradução: Lucy
Yamakami. Hans Udo Fuchs, Robinson Malkomes. - São Paulo: Edições Vida Nova,
2001)
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