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Alberto Caeiro

Poema de Autoapresentação
Alberto Caeiro

• Poema de Autoapresentação de Alberto Caeiro


retirado de Poemas Inconjuntos.
• A obra de Alberto Caeiro incluiu, além destes
poemas, os de O Guardador de Rebanhos e um
conjunto de outros poemas com o título de O Pastor
Amoroso.
Alberto Caeiro

Poema de Autoapresentação
Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
define-se como uma pessoa
Não há nada mais simples. simples, com uma vida comum
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa os dias são meus.

Sou fácil de definir.


Vi como um danado. destaque do sentido da visão
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma. recusa do sentimento
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei. deseja apenas o que vê
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver. os outros sentidos completam a visão
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras; a novidade das coisas
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento. rejeição da mediação do raciocínio
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais. o pensamento torna as coisas iguais

Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.


a ingenuidade e a simplicidade
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da natureza. o único poeta da natureza, na sua pluralidade

Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos


Alberto Caeiro
Poema de Autoapresentação

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