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ALBERTO CAEIRO

Linhas de pensamento e temáticas


ALBERTO CAEIRO

 A COMUNHÃO COM A NATUREZA

 O PRIMADO DAS SENSAÇÕES

 ATITUDE ANTIMETAFÍSICA

 A APARENTE SIMPLICIDADE
“Foi em 8 de março de 1914 (…)

Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter


outro assim. Abri com o título, “O Guardador de
Rebanhos”. E o que se seguiu foi o aparecimento de
alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de
Alberto Caeiro.”

É desta forma que Fernando Pessoa relata o aparecimento de Caeiro na carta


em que explica a génese dos heterónimos dirigida ao seu amigo Adolfo Casais
Monteiro.
Alberto Caeiro é considerado o mestre de todos os heterónimos, uma vez que é considerado a
“semente” de onde tudo nasce. Ao exaltar o contacto imediato com a realidade e a captação da
Natureza através das sensações, a sua poesia constitui uma espécie de “grau zero”,
sintetizando a origem de tudo.

Deste modo, Caeiro é considerado a chave da encenação heteronímica, reduzindo ao mínimo a


subjetividade da poesia.

Alberto Caeiro é considerado um “poeta bucólico, na medida em que, nos seus poemas,
valoriza a natureza e a pureza e a inocência da vida campestre. A espontaneidade da sua poesia
é, no entanto, aparente.

A expressão “guardador de rebanhos” é uma metáfora. Na realidade, o sujeito assume a


posição de um pastor, na medida em que guarda as suas ideias, à semelhança de um pastor que
guarda as suas ovelhas. Assim, podemos considera-lo um pastor ficcional.
A comunhão com a natureza
Como poeta da Natureza, Caeiro estabelece uma relação de comunhão com a natureza,
integrando-se nela e identificando-se com os elementos naturais que observa.

Por esta crença na natureza e pela divinização das coisas naturais, Caeiro revela-se um poeta
pagão que aspira à conciliação e harmonia entre o natural e o humano.

 Integração na Natureza;

 Identificação com os elementos naturais;

 Paganismo
Paganismo: Paganismo, etimologicamente, refere-se ao modelo cultural e
religioso do povo rural (do latim paganus = o que mora no pagus, no campo). Era
empregue para caracterizar os seguidores das religiões politeístas, ligadas à Natureza.
O paganismo, entre os antigos, era o culto e o respeito pelas forças da Natureza viva
e sagrada. Daí o culto da mitologia greco-latina.
“Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca."
O primado das sensações
Na poesia de Caeiro, há então, o primado das sensações como forma de alcançar o
conhecimento do mundo.

Caeiro privilegia a visão para aceder à verdade das coisas, recusando o pensamento. Em defesa
do objetivismo associa o pensar a uma qualquer doença dos olhos.

 Sobrevalorização das sensações no conhecimento do mundo;

 Apologia da visão e do objetivismo;

 Recusa do pensamento.
"Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender…
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)"
Atitude antimetafísica
Para Caeiro, o mundo não exige atitudes de análise e interpretação mas, sim, de apreensão imediata do
real através da perceção das formas, das cores, do cheiros.

Nesta atitude antimetafísica, Caeiro questiona-se:

"Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?


A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas."
A aparente simplicidade
A teoria e a práticas poéticas de Caeiro assentam na defesa da naturalidade, revestida de uma aparente
simplicidade.

A sua poesia insinua-se como uma criação espontânea e natural.

 Defesa da naturalidade;

 Aparente simplicidade.

"Sejamos simples e calmos,


Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!..."
Nesta aparente simplicidade, visível no recurso a uma linguagem simples e a versos brancos,
Alberto Caeiro deixou-nos, contudo, uma poesia pensada e trabalhada.

Esta poesia reflete um desejo de verdade natural e de paz, de viver a vida sem sentidos
filosóficos e de acordo com a máxima: “Assim é, assim seja”.

 Poesia pensada e trabalhada.

"Foi isto o que sem pensar nem parar,


Acertei que devia ser a verdade
Que todos andam a achar e que não acham,
E que só eu, porque a não fui achar, achei."
Caeiro, o mestre, no seu entender, o único poeta da natureza, tem o desejo de transformar a sua
vida num elemento natural e também a morte surge como outra coisa qualquer, inerente que é
à natureza humana.
De facto, Caeiro aceita a vida e a morte sem nelas pensar.

"Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.


Fechei os olhos e dormi."

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