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Historiografia

Brasileira –
Aula 10/08
O papel do IHGB na formação da
Historiografia Brasileira
O século XIX e a ciência Histórica

A partir de que momento e em função de quais práticas a história conquistou seu lugar de ciência na
Academia? Quando falamos de Historiografia, falamos de história da escrita da História. Evidentemente
que este processo requer a recuperação de marcos, de obras que são selecionáveis no tempo histórico.
Nessa aula vamos levantar alguns destes marcos.

Século XIX  segundo Astor Dihel a História viveu um “movimento de teorização e metodização do
passado”, isto significa dizer que foram “formulados os parâmetros e os foros de cientificidade da
pesquisa, do discurso historiográfico” (DIEHL, 1988, p. 23)

Modelo Europeu do século XIX: discurso histórico articulado com a questão nacional. O que significa
isto? A ciência cumpriu um papel político relevante na construção das tradições nacionais importantes
para produção de identidades. A História esteve muito próxima do poder político oficial.
E no Brasil...

• Como estas formulações acadêmicas da História chegaram ao Brasil?

• 1- Apropriamos do modelo europeu, ou seja, a História íntima do Estado.

• 2- Diferença: No Brasil a produção não se deu no espaço da universidades, mas nas academias;

• 3- Quem produziu estas histórias: “eleitos a partir das relações sociais”: “No Brasil, o lugar privilegiado
na produção historiográfica permaneceria, até um período bastante avançado do século XX, vinculado
à profunda marca elitista” (DIEHL, 1988, p. 24).

• Devemos ficar atentos a estas informações: o lugar social dos primeiros produtores de nossa
historiografia é fundamental para entendermos o que escreveram.
Historiografia Brasileira e Estado Nacional:

• Há uma profunda relação entre as primeiras produções historiográficas brasileiras e a construção do


Estado Nacional. Vamos ver como DIEHL explica este processo:

• “Uma vez instalado o Estado Nacional, impunha-se a tarefa de delineamento do perfil para a nação
brasileira, capaz de garantir uma identidade própria no conjunto mais amplo das nações”.

• Temos, novamente, a História desempenhando um papel político ao lado das elites políticas, neste
caso as brasileiras. É óbvio que esta escolha política interferiu na seleção das memórias reescritas.
O papel do IHGB?

• O Instituto Histórico e Geográfico do Brasil foi fundado em 1838.

• Escrita História do IHGB: Processo de gênese da nação brasileira; reforçou a origem; buscou garantir a
homogeneização da visão sobre o Brasil referendado pela elite do Brasil.

• Como a historiografia definiu a nação brasileira?


• Não se fez em oposição à metrópole;

• A nação brasileira foi vista como continuadora da tarefa civilizadora

• Nação, Estado e Coroa foram interpretados como unidade neste discurso historiográfico.

• Como Varnhagen viu este processo? “E m geral busquei inspiração de patriotismo sem ódio a
portugueses, ou à estrangeira Europa, que nos beneficia com a Ilustração...” 25
A ideia de nação: o plano externo

• As características destas definições expressavam a sintonia com Portugal:

• Características gerais desta nova nação: Estado, monarquia e nação.

• O outro (ou as outras nações) eram pensadas a partir das escolhas brasileiras, nesse sentido, as outras
nações latino americanas foram tomadas como potenciais inimigas, primeiro por trilharem outro
caminho político, a República. Foram caracterizadas como lugar de barbárie e desorganização.
O Plano Interno:

• O primeiro objetivo desta historiografia foi definir o projeto de civilização imposto à nação que surgia e
definir quais sujeitos tinham capacidade de serem civilizados e que ficaria de fora, estes últimos
negros e índios. Nação era lugar para os brancos.

• Esta nação surge, portanto, com a forte marca da exclusão, sem nenhuma preocupação em
compreender o outro, pelo contrário, é produtora de imagens preconceituosas
O Projeto do IHGB:

• O IHGB foi criado nos moldes de uma academia;

• Seu primeiro projeto foi o de traçar as origens da nacionalidade brasileira: “O instituto propunha-se
levar a cabo um projeto dos novos tempos, cujo fundamento residia na soberania nacional como
critério definidor de uma identidade nacional, sem, no entanto, romper com o passado”. 27

• Duplo sentido:
• Dar conta da gênese brasileira, inserindo a nação na tradição de civilização e progresso.
Civilização branca e europeia;
• Incentivar o progresso e o desenvolvimento brasileiro.
Concepções historiográficas:

• Herança  origem francesa, especialmente na fundação do Instituto Histórico de Paris, fundado em


1834

• Acreditavam que com o estudo da História seria possível apreender a marcha do progresso social;

• A história visava compreender o presente para orientar o futuro.


O Estado e o IHGB:

• Relações intimas entre o Estado e a criação do IHGB, portanto uma historiografia defensora do projeto
dominante;

• “Escrever a história brasileira, enquanto palco de atuação de um Estado Iluminado, esclarecido e


civilizado, eis o empenho no qual se concentravam os esforços dos membros do IHGB;

• “Os historiadores empenhavam-se em explicar o caso brasileiro numa linha evolutiva e, para tal
empreendimento, lançavam mal de outros conhecimentos – etnografia, arqueologia e linguistica –
como forma de acesso à cultura estranha dos indígenas. 30
IHGB e os indígenas:

• A partir de 1851, os indígenas passaram a ser tema importante para o IHGB

• Discussões entre intelectuais da literatura e história sobre a viabilidade de a nacionalidade brasileira


estar representada no indígena;

• Januário da Cunha Barbosa: O IHGB seria a instituição que a traria a luz e a ordem para o Brasil

• Para o progresso De consolidação da monarquia Constitucional e do estado centralizado, Vislumbrado


por parte dos políticos comprometidos, era necessária uma ordem que se contrapusesse caos reinante
nas repúblicas vizinhas. Portanto não havia nada de estranho que o IHGB Se constituísse na instituição
para um Projeto descrita da história do Brasil” 31-32

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