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As particularidades correm por conta da posição em que vos achais, são, muitas
vezes, consequência das vossas próprias ações.
Somente são previstos os grandes acontecimentos que influem no seu destino. Se tomas um
caminho cheio de sulcos (falhas) profundos, sabes que deves tomar grandes precauções para não
caíres, e não sabes em qual deles cairás; pode ser também que não caias se fores bastante
prudente. Se, passando por uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias que estava escrito,
como vulgarmente se diz.
260 – Como o Espírito pode querer nascer no meio de pessoas de má vida?
- É necessário que ele seja colocado num meio onde possa suportar a prova que
pediu. Pois bem! É preciso que haja analogia. Para lutar contra o instinto do
roubo é preciso que se encontre entre pessoas dadas à prática de roubar.
- Se não houvesse pessoas de má vida sobre a Terra, o Espírito não poderia, pois aí encontrar meio adequado a certas provas?
- Precisar-se-ia lamentar isso? É o que ocorre nos mundos superiores onde o mal não tem acesso, visto que são habitados
por Espíritos bons. Fazei que, em breve, o mesmo ocorra sobre a Terra.
263 – O Espírito faz sua escolha imediatamente depois da morte?
Que Deus nos abençoe, para conhecermos mais e mais as Suas leis, que por enquanto, começamos a entender.
Para proceder à escolha das provas por que há de passar, o Espírito se orienta pela natureza
de suas faltas, escolhe aquelas que o levem à expiação dessas faltas e a progredir mais
depressa.
Uns portanto, impõem a si mesmos uma vida de misérias e privações, objetivando suporta-las
com coragem.
A prova vem por si mesma e eles a sofrem mais demoradamente. Cedo ou tarde, compreendem que a
satisfação de suas paixões brutais lhe acarreta deploráveis consequências, que eles sofrerão durante um
tempo que lhes parecerá eterno.
E Deus os deixará nessa persuasão, até que tornem conscientes da falta em que incorreram e peçam, por impulso próprio,
lhes seja concedido resgatá-la mediante úteis provações.
Pode também escolher alguma prova que nada lhe aproveite, como sucederá se buscar vida ociosa
e inútil. Mas, então, voltando ao mundo dos Espíritos, verifica que nada ganhou e pede outra que
lhe faculte recuperar o tempo perdido.
A doutrina da liberdade que temos de escolher as nossas existências, e as provas que devamos sofrer deixa de
parecer singular, desde que se atenda a que os Espíritos, uma vez desprendidos da matéria, apreciam as coisas
de modo diverso da nossa maneira de apreciá-los.
Depois de cada existência, avaliam o passo que
deram e compreendem o que lhes falta ainda, em
pureza, para alcançarem aquele fim.
- Seu desejo pode ter influência, dependendo da intenção; como Espírito, porém,
muitas vezes vê as coisas de maneira diferente e é, nesse estado, que faz sua
escolha. Mas ainda uma vez, pode fazê-la na sua vida material, porque o Espírito
tem sempre momentos nos quais fica independente da matéria que habita.
271- No estado errante, o Espírito, estudando as diversas condições nas quais poderá progredir,
como pensa realizar seu progresso, nascendo, por exemplo, entre canibais?
- Não são os Espíritos já avançados que nascem entre os canibais, mas Espíritos da natureza dos próprios canibais ou
que lhe são inferiores.
272 – Os Espíritos procedentes dum mundo inferior à Terra, ou dum mundo muito atrasado,
como os canibais, poderiam nascer entre os povos civilizados?
- Sim, há os que se extraviam ao quererem subir muito alto; mas ficam deslocados entre vós, porque
têm hábitos e instintos que se chocam com os vossos.
273- Um homem pertencente a uma raça civilizada poderia, por expiação, reencarna-se numa raça selvagem?
- Sim, mas isso depende do gênero da expiação. Um senhor que tenha sido duro para os seus escravos poderá
tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infligiu a outros. Aquele que mandou numa época, pode, em
outra existência, obedecer aos que se curvam ante a sua vontade. É uma expiação, se ele abusou do poder e
Deus pode determiná-la. Um bom Espírito pode, para os fazer avançar, escolher uma vida de influência entre
esses povos. Então se trata de uma missão.
Espírito Miramez
Um Espírito de mediana evolução pode renascer em uma tribo de selvagens, mas, tomando o lugar de destaque
naquele ambiente, no sentido de levar os Espíritos ali reencarnados a melhores dias e a uma vivência mais agradável.
Ele regride na forma, mas não no Espírito; o que aprendeu ele carrega consigo vibrando na alma.
Esse é um tipo de prova que se vê constantemente em todo o mundo; é lei de justiça divina. Assim, alguns impiedosos
senhores de engenhos renascem como escravos, para suportarem na própria carne o que fizeram os outros sofrer sob o seu
comando. Pelas ruas encontramos muitas vezes mendigos dormindo nas calçadas, enfrentando frio e chuva, fome e nudez, e,
ainda mais, o desprezo da sociedade, porque abusaram do poderes no passado. Hoje, aparece, no cenário do mundo
desprovidos de recursos, abandonados pela própria família, que não souberam respeitar.
Muitos desses Espíritos, que já se encontram saldando os débitos, saem logo das provações; outros, mesmo sendo
convidados para melhores lugares, recusam, porque sentem a necessidade de sofrer pelo que fizeram os outros padecer com
o seu orgulho e o seu egoísmo.
Podemos dizer, que em meio aos selvagens pode haver missionários, em se comparando ao estado evolutivo deles. Espíritos
menores, mas que se tornam bons, e ajudam os mais primitivos a despertarem para o bem e para a justiça, ainda que por
processos rudimentares. Mas é bom que se entenda que, nesse meio mencionado, nunca reencarnam Espíritos Superiores,
Espíritos puros, pois a sua missão, quando chegam a descer na carne, é no meio dos que lhes podem assimilar a lição, como
na época da vinda de Jesus à Terra.
É importante que o homem entenda que, se está sendo chamado para algum lugar de destaque na sua sociedade, é preciso
fazer uso dos seus poderes temporais, fazendo justiça com amor, tendo cuidado com os caminhos pessoais. Deve refreiar os
instintos, porque as paixões inferiores podem leva-lo aos caos e fazê-lo nascer de novo na regressão da forma e em lugares
difíceis, pelo mau uso das faculdades que Deus concedeu.
Quando é dado ao Espírito escolher as provas que enfrentará no corpo, ele escolhe os caminhos compatíveis com as suas
necessidades. O Espírito que tem o preparo para escolher suas provas, se estivesse na carne, talvez escolhesse outros
testemunhos, porque em Espírito a lucidez é outra, e o que interessa é o maior aperfeiçoamento.
Quando na carne, logo que aparecem os primeiros sintomas dos revezes que escolheu, ele apavora, porquanto a escolha
é teoria, e enfrentar as dificuldades é prática bem diferente. Muitos desistem no meio do caminho, no entanto, tornam a
pedir reforço em voltas sucessivas, pois somente a reencarnação dar-lhes-à a chave da libertação espiritual, que eles, por
vezes, vêem os outros gozarem no mundo de onde vieram.
O que leva a alma a pedir duras provas em novo corpo é saber e sentir que só a consciência tranquila a limpará de todas as
mazelas inferiores que lhe causam infelicidade. Quando dizemos que a solução dos problemas se encontra dentro de cada
ser, temos a prova na escolha do Espírito viciado na bebida desregrada; ele nasce em um meio que lhe proporciona
facilidade de aprender a beber, porque é nele que o Espírito sente, pelos sofrimentos, a necessidade de se livrar do vício
com mais profundidade.
Inúmeros exemplos podem ser constatados, a cada passo por onde se anda, ao escutar as histórias dos que se livraram de
vícios diversos.
Como aprender o desprendimento, vindo pobre ao mundo? Como perdoar, se não se conviver com a facilidade dos
desregramentos? Precisamos estudar todos os pontos de aperfeiçoamento espiritual, meditar neles, trocar experiências.
O Espírito sofre por desrespeito às leis, que são os caminhos da vida traçados por Deus. O senhor não fica ansioso,
nem os benfeitores espirituais, porque essa ou aquela alma se desvia do roteiro que ela mesma escolheu. Sabem
Deus e os Espíritos Superiores que todos deverão aprender hoje ou amanhã as lições que os levarão à paz de
consciência.
Obrigado pela
vossa atenção!