Você está na página 1de 24

A Formação do Terapeuta

Ocupacional no Brasil

Profa. Dra. Maria Paula Panúncio Pinto


2018
O que é T. O. (Turma XVII)
Referências
BARROS, Denise Dias. Projeto do curso de Terapia Ocupacional da USP. São Paulo:
USP, s/d.

DE CARLO, M.M.R.P & BARTALOTTI, C. Terapia Ocupacional no Brasil: Fundamentos


e perspectivas.São Paulo: Plexus,2001.

FERRARI, Maria Auxiliadora Cursino. A terapia ocupacional nas universidades


brasileiras, hoje.Editorial. Rev Ter Ocup Univ São Paulo, vol 10, no. 1, p i-ii, 1999.

MEDEIROS, Maria Heloísa da Rocha. Terapia Ocupacional: um enfoque


epistemológico e social. São Carlos: EDUFSCAR/HUCITEC 2003.
Referências

PANÚNCIO-PINTO. Maria Paula. Introdução e história da terapia ocupacional. Apostila


Básica. Uberaba: UNIUBE, 2002.

SANCHES, Vânia Aparecida Bandoni. Refletindo sobre a formação interdisciplinar da


Terapia Ocupacional entre a teoria e prática.(Mestrado). UNICID. 2003.

SOARES, Lea Beatriz Teixeira. História da Terapia Ocupacional.IN: A . CAVALCANTI &


C. GALVÂO, Terapia Ocupacional Fundamentação Teórico e Prática Rio de
Janeiro:Guanabara Koogan, 2007.
Primeiro, a história
segunda metade do século XIX: primeiras ações destinadas à
população alvo da intervenção da TO no Brasil;
ideias europeias trazidas pela chegada da Família Real, visto
que um de seus membros era doente mental (a rainha,
conhecida como “Maria Louca”);
a primeira instituição psiquiátrica para alienados mentais no
Brasil foi o Hospício D. Pedro II, no Rio de Janeiro, em 1854.
A transição para o século XX no Brasil foi marcada pela
República, e junto com essa transformação a “medicina
cientifica” incentivou a expansão da medicina no país
(SOARES, 2007);
Primeiro, a história
• o governo federal mobilizou a medicina para planejar ações
contra os problemas epidêmicos: higienismo;

A psiquiatria (asilos, manicômios): parte de um


movimento maior dentro da medicina, no início do
século, e contribuiu para a consolidação das
práticas sanitárias e ordenação e normatização
dos novos espaços urbanos
Primeiro, a história
• Metade do século(40, 50): surto de poliomielite e meningite
( instituições voltadas para a reabilitação física, dentre elas a
APAE e a Sociedade Pestalozi);

grande demanda de população alvo para a TO: reabilitação


física e psíquica, ocorre a implementação do curso no país;
.

a oficialização da profissão se dá em 1959 a partir da


implantação do curso de Terapia Ocupacional na
Universidade de São Paulo, no Centro de
Reabilitação do Hospital das Clínicas de São Paulo
(SANCHES, 2003).
Primeiro, a história
as áreas de conhecimento em Terapia Ocupacional e, conseqüentemente de ensino e formação profissional, são produtos de um processo histórico;

as duas áreas iniciais com doentes mentais e deficientes físicos, foram regulamentadas respectivamente durante a Primeira e a Segunda Grande
Guerra, vinculadas à especialidades da medicina (Psiquiatria e Ortopedia);
o primeiro curso para formação de TOs (1959): Instituto Nacional de Reabilitação/ Instituto de Reabilitação, integrado ao Instituto de Ortopedia e
Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
[BARROS, s/d]
Primeiro, a história
A formação dos TOs no Brasil: a visão americana com as
especialidades definidas a partir daquelas do ensino e
intervenção médicas;

reforma sanitária (1969): Instituto de Reabilitação é extinto e


o curso de TO ficou diretamente ligado à Faculdade de
Medicina da USP, juntamente com o curso de Fisioterapia;
nesse novo contexto, desvinculado do modelo do Instituto de
Reabilitação importado dos EUA, que a TO vai expandir-se
com a criação de novos campos de atuação.

[BARROS, s/d]
Primeiro, a história
mudança no enfoque do campo de atuação: da visão
reabilitadora para uma visão assistencial ampliada, de uma
visão de indivíduo doente a ser reabilitado para uma visão de
indivíduo “deficiente” ou “carente” a ser “assistido”;

TO no Brasil: vinculada a uma necessidade de responder a


uma população considerada “deficiente”. Deficiente, desviante
ou marginal?

[BARROS, s/d]
Primeiro, a história
o primeiro curso de TO no Brasil: reabilitação física: alta
influência Norte-Americana na implantação do curso no país;

mesmo que as primeiras ações realizadas no Brasil fossem


destinadas aos doentes mentais o curso ganha ênfase na
área da reabilitação física (MEDEIROS, 2003);

com a regulamentação do exercício profissional em 1975,


criou-se o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional- COFFITO, que se organizou em entidades
regionais.
Primeiro, a história
No mundo o movimento de reabilitação se originou nos
países que participavam das grandes guerras;
no Brasil: maior preocupação com os pacientes crônicos
(portadores de tuberculose, deficiência congênita,
acidentados de trabalho, de trânsito, domésticos ou por
doenças ocupacionais);
no Brasil o tipo de necessidade da população alvo da terapia
ocupacional, era diferente; ainda assim a implantação do
curso no Brasil seguia o modelo norte-americano (condições
de submissão).
Agora o presente

59 anos de TO no Brasil: aumento considerável de


profissionais e de cursos no país: 2001 havia 29 escolas de
Terapia Ocupacional (SANCHES,2002);

atualmente são 56 cursos ativos no pais, sendo 19 em


Universidades públicas (14 Federais e 05 Estaduais) e 37 em
instituições de ensino particulares (2016);

mercado de trabalho: somos em torno de 14.000 terapeutas


ocupacionais inscritos no Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional, praticamente todos seguem atuando na
área (COFFITO, 2017).
Agora, o presente
A partir das necessidades observadas pelos próprios
profissionais em suas práticas nesses novos campos de
atuação, delimitaram-se as áreas de
atuação/especialidades reconhecidas pelo Conselho
Federal:
Terapia Ocupacional em Acupuntura
Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares
Terapia Ocupacional em Contextos Sociais
Terapia Ocupacional em Gerontologia
Terapia Ocupacional em Saúde da Família
Terapia Ocupacional em Saúde Mental
Agora, o presente
a delimitação por áreas tem sido muito discutida: existem currículos
que se estruturam por faixa etária e não por área, insistindo numa
visão integral que não fragmente e separe o homem em partes, mas o
entenda de acordo com o desenrolar do curso de vida
o curso de graduação em Terapia Ocupacional da FMRP-USP,
compromissado com a valorização do vínculo indissociável entre a
formação profissional e a realidade social concreta

[PANÚNCIO-PINTO, 2002.]
Agora, o presente
O curso de TO da FMRP
compreensão da profissão através dos seus fundamentos:
referencial teórico para o conceito de ocupação humana, envolvendo a
compreensão das ocupações fundamentais e seu desenvolvimento no
cotidiano, bem como a ênfase no tema dos direitos humanos e da
justiça ocupacional.

rompimento com a lógica disciplinar da fragmentação de conteúdos por


áreas de conhecimento específico (saúde mental, saúde física),
contextos de práticas (hospital, comunidade) e ciclos de vida: de grade
para matriz integrativa: - conhecimentos desenvolvidos pelas áreas,
contextos e ciclos de vida possam se integrar de forma mais fluida.

[USP-FMRP, 2017]
Tendências para o futuro
Existe uma tendência a um aumento de
possibilidades de atuação: o TO atua no
cotidiano e desta forma multiplicam-se as
oportunidades de atuação...

Importante, preocupação geral com a


formação: o olhar da integralidade;
O futuro
• superar os estereótipos e equívocos gerados em torno na
profissão.

• Lopes (1999):profissão predominantemente feminina já é


considerado um fator que desencadeia preconceito,
historicamente ligado a questão de gênero;

• . Miller (1992) estimou que a porcentagem de mulheres girava


em torno de 95% dos profissionais.

Tendências da formação do TO no Brasil

• Momento atual de multiplicação dos cursos de


graduação em TO no Brasil: momento de
transformações na esfera da educação;
• Universidades: não mais formadoras de mão de
obra, mas compromisso com as comunidades onde
estão inseridas (solução de problemas e
necessidades);
• Profissão está se expandindo e tomando forma,
sendo legitimada
[FERRARI, 1999]
Terapia Ocupacional

“Pode ser definida como uma profissão que visa capacitar


as pessoas a viver em sua plenitude. Da perspectiva
ocupacional, uma vida plena significa a oportunidade de
envolver-se em atividades que a pessoa quer e precisa
fazer, não importando sua condição de saúde, social, seu
estilo de vida, ou o contexto em que encontre.
As atividades humanas desenvolvidas no dia-a-dia são o
que chamamos de ocupações, e elas são os blocos de
construção da nossa saúde física, psicológica, emocional
e espiritual” (USA, 2014).
Terapia Ocupacional nas Universidades
Brasileiras Hoje
• Ensinar X Formar: despertar o interesse do estudante pelo
ser humano no processo social e pessoal, nas diferentes
fases do seu desenvolvimento

Perfil final desejado: reflexivo, crítico, criativo, atuante, ético,


sensível ao cotidiano;

Exigências acadêmicas hoje; processo ensino=-


aprendizagem e formação profissional com base no
contexto; estudante => protagonista de sua formação.
Terapia Ocupacional nas Universidades
Brasileiras Hoje
Complexidade do processo ensino-aprendizagem/formação:
construção do conhecimento;
Interdisciplinaridade: educação interprofissional;
Pensar, criar, conviver

A questão da “identidade profissional”: sistema de valores e


crenças que o estudante desenvolve sobre si mesmo e
sobre a profissão escolhida;
Como a universidade contribui para a formação dessa
identidade?
Terapia Ocupacional nas Universidades
Brasileiras Hoje

• Qual é a identidade do Terapeuta Ocupacional?


• Quais suas características, semelhanças,
particularidades?
• Universidade: formação generalista
• Educação continuada: especialização, residência,
aprimoramento, mestrado, doutorado...
• Escola que se volte para o mundo: produção do
conhecimento, integração entre cursos, troca de
experiências...
Terapia Ocupacional nas Universidades
Brasileiras Hoje
• Projetos Políticos Pedagógicos

• Estrutura Curricular

• Disciplinas

Baixem e leiam o PPP do curso de graduação


em Terapia Ocupacional da FMRP

Você também pode gostar