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EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE

APRESENTAÇÃO
Claudiana Marcela Siste Charal

●Mestre em Promoção da Saúde no Envelhecimento Ativo (Unicesumar)


● Licenciatura Plena em Educação Física (CESUMAR)
● Especialista em Neuroaprendizagem (Unicesumar)
● Especialista em Tecnologias Aplicadas no Ensino A Distância (UniFCV)
● Especialista em Docência no Ensino Superior: Tecnologias Educacionais e
Inovação (Unicesumar)
● Tutora Pedagógica (UniFCV)
● Professora orientadora de trabalho de conclusão de curso da Pós-Graduação
(UniFCV)
● Professora conteudista na área da Educação (UniFCV/UniFATECIE)
● Experiência no Ensino Superior (presencial e a distância) desde 2019 até os dias
atuais.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7940297809849482

Ticiana Roberta Siste Charal

● Psicóloga formada pela Universidade Estadual de Maringá em 2005;


● Psicanalista em formação;
● Membro Associada da Associação de Psicanálise de Maringá Ato Analitico;
● Idealizadora do Projeto Fazendo a Diferença, que atende crianças e
adolescentes vítimas de violência sexual desde 2016.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2906082261526771

Charles Bronne da Silva de Araujo e Souza

● Licenciatura em Educação Física (Universidade Estadual de Maringá -UEM)


● Especialista Em Metodologia do Ensino da Educação Física (Faculdade Eficaz)
● Tutor Pedagógico (UniFCV)
● Professor de Educação Física do Município de Paiçandu-PR

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1597962657524439


APRESENTAÇÃO DA APOSTILA

Olá, prezado(a) acadêmico(a)!

Seja bem-vindo(a) à disciplina Educação Física e Saúde!!!

Esta apostila foi organizada de modo especial para você, pois acreditamos ser de
extrema importância para a sua jornada acadêmica, que no nosso entendimento tem
buscado com excelência compreender os desafios que envolvem o setor da saúde.
A mesma é composta por uma introdução seguida de quatro unidades
criteriosamente analisadas, selecionadas para dar sustentação à presente discussão e
conclusão, a fim de ampliar seus horizontes e somar novos conhecimentos à sua prática
profissional.
Estruturalmente, este material traz, na primeira unidade, intitulada Introdução Aos
Estudos: Foco Na Saúde, apresentará discussões sobre os seguintes temas: aspectos
históricos da saúde e saúde pública no Brasil; conceito de saúde e de qualidade de vida;
as condições e estilo de vida; além de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da
saúde.
Na sequência, na unidade II, denominada de A Educação Física e a Saúde,
abordará os seguintes conteúdos: aspectos históricos da Educação Física e promoção
de saúde; políticas Públicas e a saúde: foco na Educação Física; sistema público e
privado de saúde: Educação Física e seu papel.
Mais adiante, na unidade III, cujo título é Atividade Física em Foco, tem ênfase nos
seguintes conteúdos: relação entre atividade física e saúde individual e coletiva; pesquisa
em saúde coletiva; atividade física e doenças crônicas: definições, riscos, benefícios e
recomendações.
Por fim, na unidade IV, denominada de Atuação Profissional, nossa reflexão será
sobre: gestão em saúde; o profissional de Educação Física na prevenção, promoção,
proteção e reabilitação da saúde e os projetos e programas de Educação Física na
Saúde.
Dessa maneira caro(a) graduando(a), acreditamos que os conteúdos aqui
apresentados irão corroborar para sua formação acadêmica, contudo, para uma prática
pedagógica de excelência, faz-se necessária constante atualização profissional, ou seja,
a busca incessante por novos saberes.

Então, venha, embarque conosco nessa trilha de conhecimentos!!!


UNIDADE I
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS: FOCO NA SAÚDE
Professora Mestre Claudiana Marcela Siste Charal
Professora Ticiana Roberta Siste Charal
Professor Especialista Charles B. da Silva de Araujo e Souza

Plano de Estudo:
● Aspectos históricos da saúde e saúde pública no Brasil;
● Conceito de saúde;
● Conceito de qualidade de vida;
● Condições de vida e estilo de vida;
● Prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer os aspectos históricos da saúde e da saúde pública no Brasil;
● Entender o conceito de saúde;
● Estudar sobre o conceito de qualidade de vida;
● Entender o que é condições de vida e estilo de vida;
● Estudar sobre a prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde como
uma área de atuação do profissional de Educação Física.
INTRODUÇÃO

Olá aluno(a)!! Seja bem-vindo(a) a primeira unidade da apostila “Educação e


Saúde”!! Nesta unidade iremos fazer um resgate histórico da saúde no Brasil, assim como
foi a implantação da saúde pública no nosso país.
Iremos conhecer o conceito de saúde propriamente dito, o que vem a ser qualidade
de vida, conceito de vida e também, estilo de vida.
Para finalizar essa unidade, iremos entender de que maneira a prevenção, a
promoção, a proteção e a reabilitação da saúde pode ser uma opção para a atuação do
profissional de Educação Física.
Vamos juntos iniciar mais uma apostila, adquirir mais conhecimento e entender
um pouco mais sobre a “Educação Física e a Saúde”?!
1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA SAÚDE E SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

Caro aluno, vamos navegar pela história da saúde no Brasil e entender de que
maneira aconteceu o processo de implantação da saúde pública, até que, atualmente, ela
seja um direito garantido a todos os cidadãos brasileiros.
A história das políticas de saúde no Brasil está inserida em um contexto que trata
da própria história do Brasil como Estado-Nação. De acordo com Baptista (2007), os
primeiros movimentos em saúde pública observados por aqui foram implantados pelos
governantes no período colonial com a chegada da família real no Brasil em 1808, cujo o
interesse estava em torno de manter uma mão-de-obra saudável e garantir os negócios
promovidos pela realeza.
Nessa época, o povo brasileiro constituía-se de portugueses, outros imigrantes
europeus e, principalmente, índios e negros escravos. Muitas doenças acometiam a
população local e o conhecimento acerca da forma de transmissão, controle ou
tratamento dessas doenças também era visto de maneira diferente por cada um desses
grupos, de acordo com a tradição de cada cultura e costume. Recorriam ao que era mais
viável física e financeiramente.
Existia o barbeiro ou prático, um conhecedor de algumas técnicas utilizadas pelos
médicos europeus, tais como as sangrias, que atendia a população com condições de
pagá-lo. Os curandeiros e pajés, pertencentes às culturas negra e indígena, mais
acessíveis à maioria da população que se utilizavam das plantas, ervas, rezas e feitiços
para tratar os doentes. Havia também os jesuítas que tinham algum conhecimento da
prática médica europeia e utilizavam a disciplina e o isolamento para tratar os doentes.
Ainda segundo a mesma autora, a vinda da família real para o Brasil possibilitou
também a chegada de mais médicos ao Brasil e o aumento da preocupação com as
condições de vida nas cidades, possibilitando o início de um projeto de institucionalização
do setor saúde no Brasil e a regulamentação da prática médica profissional. Foi assim
que, no mesmo ano da chegada da família ao Brasil (1808), foi inaugurada a primeira
faculdade de medicina, a Escola médico-cirúrgica, localizada em Salvador, na Bahia, com
o objetivo da institucionalização de programas de ensino e a normalização da prática
médica em conformidade aos moldes europeus.
Assim como acontecia em outros países europeus, no Brasil, o interesse pela
saúde e pela regulamentação da prática profissional estavam estritamente relacionados
ao interesse político e econômico do Estado, de garantir sua sustentabilidade e a
produção da riqueza (COSTA, 1985). Portanto, as primeiras ações de saúde pública que
passaram a ser implementadas no Brasil, assim como no mundo todo, estavam voltadas
à saúde da cidade e do produto, a assistência ao trabalhador era uma consequência
dessa política. A prioridade era a proteção e saneamento das cidades, principalmente as
portuárias, responsáveis pela comercialização e circulação dos produtos exportados; o
controle e observação das doenças e doentes, inclusive e principalmente dos ambientes;
construção do conhecimento científico acerca das doenças e adoção de práticas mais
eficazes no controle das mesmas.
A proclamação da República em 1889 inicia um novo ciclo na política de Estado
com o fortalecimento e a consolidação econômica da burguesia cafeeira. Segundo Lima,
Fonseca e Hochman (2005), as políticas de saúde ganham ainda mais espaço nesse
contexto, assumindo um papel importante na construção da autoridade estatal sobre o
território, pois a lavoura do café e toda a base para armazenamento e exportação do
produto, dependentes do trabalho assalariado, necessitava cada vez mais de mão-de-
obra, e as epidemias que se alastravam entre os trabalhadores, devido às péssimas
condições de saneamento, prejudicava o crescimento da economia.
A partir de 1902, com a entrada de Rodrigues Alves na presidência da República,
ocorreu um conjunto de mudanças significativas na condução das políticas de saúde
pública. A reforma na saúde foi implementada a partir de 1903, sob a coordenação de
Oswaldo Cruz, que assumiu a diretoria geral de saúde pública. Entre outras medidas de
combate e prevenção a doenças, Osvaldo cruz implementa a campanha de vacinação
obrigatória, com o intuito de erradicar doenças no Brasil, mas que provocou protestos e
revoltas, entre elas, a mais popular que aconteceu no rio de Janeiro, conhecida como
Revolta da Vacina (COSTA, 1985; COC, 1995).
Apesar de inúmeras críticas aos seus métodos, com as ações de Oswaldo Cruz
conseguiu-se avançar bastante no controle e combate de algumas doenças,
possibilitando também o conhecimento acerca das mesmas. Mas o fato de as ações de
saúde pública estarem voltadas especialmente para ações coletivas e preventivas
deixava ainda desamparada grande parcela da população que não possuía recursos
próprios para custear uma assistência à saúde. O direito à saúde integral não era uma
preocupação dos governantes e não havia interesse na definição de uma política ampla
de proteção social.
O tempo passou e, de acordo com Mendes (1993), a partir da década de 1950,
mudanças ocorreram no sistema de proteção à saúde. O processo de acelerada
industrialização do Brasil determinou um deslocamento do polo dinâmico da economia.
Até então, o Brasil tinha sua economia assentada na agricultura, mas, a partir dessa
década, com o processo de industrialização, os grandes centros urbanos passaram a ser
o pólo dinâmico da economia, o que gerou uma massa operária que precisava ser
amparada pelo sistema de saúde. O modelo de saúde que passa a se definir baseado no
hospital e na assistência cada vez mais especializada.
Ainda nos anos de 1950, ganhou espaço a ideologia desenvolvimentista que
apontou a relação pobreza-doença-subdesenvolvimento, indicando a necessidade de
políticas que resultassem em melhora do nível de saúde da população como condição
para se obter desenvolvimento.
Foram acontecimentos importantes deste período e que marcaram a trajetória da
política de saúde: a criação do Ministério da Saúde em 1953, atribuindo um papel político
específico para a saúde no contexto do Estado brasileiro. O que existia nesse momento
era política de saúde pública universal e com ênfase na prevenção das doenças
transmissíveis, e uma política de saúde previdenciária restrita aos contribuintes da
previdência e seus dependentes, com ênfase na assistência curativa. O direito à saúde
integral ainda não era um direito do cidadão brasileiro.
Na década de 1970 houveram mudanças significativas nas políticas de acesso à
saúde e ampliou-se a discussão sobre o direito à saúde no Brasil. A saúde passou a
assumir um sentido mais abrangente, sendo resultado das condições de alimentação,
habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,
liberdade, acesso a serviços de saúde, entre outros fatores. Portanto, o direito à saúde
significava a garantia, pelo Estado, de condições dignas de vida e de acesso universal e
igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação, em todos os
níveis, de todos os habitantes do território nacional.
Portanto, como discorre Baptista (2003), a proposta de reforma para a saúde era
também uma proposta de reforma do Estado, Estado este que se havia constituído sob
uma base fundada no patrimonialismo, política de clientela, centralização decisória e
exclusão social.
No ano de 1986, já sob o governo da Nova República, o Ministério da Saúde
convocou técnicos, gestores de saúde e usuários para uma discussão aberta sobre a
reforma do sistema de saúde, realizando, assim, a VIII Conferência Nacional de Saúde
(VIII CNS). Esta conferência foi um marco histórico da política de saúde brasileira, pois,
pela primeira vez, contava-se com a participação da comunidade e dos técnicos na
discussão de uma política setorial (FARIA, 1997). As propostas da VIII CNS não foram
concretizadas de imediato, mas foram utilizadas como estratégias para a construção do
Sistema Único de Saúde (SUS).
Na Assembleia Nacional Constituinte de 1987/88, o relatório da VIII CNS foi
tomado como base para a discussão da reforma do setor saúde, e o SUS foi finalmente
aprovado. Portanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado em 1988 pela
Constituição Federal Brasileira. Após a sua legalização, em 1988, buscou-se definir em
novas leis, assim como em portarias do Ministério da Saúde, regras para garantir o
financiamento do setor e a regulação do setor privado e demais pontos da política.
O SUS foi peça-chave no processo de luta e construção do modelo protetor
brasileiro. Com a sua instituição, o Estado assumiu a saúde como um direito de todos e
um dever do Estado, assegurado mediante políticas sociais e econômicas que visem a
redução do risco de doença e de outros agravos e uma política setorial de saúde capaz
de garantir o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção
e recuperação da saúde da população (BRASIL, 1988).
De acordo com o exposto por Baptista (2007), o SUS possui quatro princípios que
foram instituídos:
● Princípio 1: Universalização do acesso às ações e serviços de saúde, que
consiste na garantia de que todos os cidadãos, sem privilégios ou barreiras, devem
ter acesso aos serviços de saúde públicos e privados conveniados, em todos os
níveis do sistema;
● Princípio 2: Integralidade da atenção, que diz respeito à garantia de acesso à um
conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos,
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de
complexidade do sistema, devendo o sistema de saúde proporcionar ao indivíduo
ou a coletividade, as condições de atendimento, de acordo com as suas
necessidades.
● Princípio 3: Descentralização, com direção única do sistema, tem o propósito
de promover uma maior democratização do processo decisório na saúde, já que
até então se estabeleciam práticas centralizadoras de poder no âmbito federal de
governo. É vista como um enfrentamento das desigualdades regionais e sociais e
prevê a transferência do poder decisório do governo federal, para os governos
regionais (União, estados e municípios).
● Princípio 4: Participação popular, trata da garantia constitucional de que a
população, por meio de suas entidades representativas, poderá participar do
processo de formulação das políticas e do controle de sua execução. Esse
princípio expressa bastante bem o momento político de redemocratização vivido
pelo país e a capacidade de articulação do movimento social no contexto da saúde.
SAIBA MAIS

Princípios e Conquistas do SUS

Após a implantação do SUS e visando implementar estratégias de promoção em


saúde, o Ministério da Saúde compôs o Pacto em Defesa da Vida, um documento que
estabeleceu ênfase no fortalecimento e na qualificação es-tratégica da Saúde da Família
a qual deveria visar a promoção, informação e educação em saúde com destaque na
promoção de atividade física, na promoção de hábi-tos saudáveis de alimentação e vida,
controle do tabagismo, controle do uso abusivo de bebida alcoólica e cuidados especiais
voltados ao processo de envelhecimento (BRASIL, 2006).
A área de pesquisas das práticas corporais com vistas à promoção da saúde
pública é recente e está tendo aplicação prática com o programa Núcleos de Apoio à
Saúde da Família (NASF) com o objetivo de ampliar as ações da atenção básica,
apoiando a estratégia de Saúde da Família na rede de serviços, este projeto visa a
inserção de profissionais de diferentes áreas para promover a saúde da população
apoiando os Programas de Saúde da Família (PSF).
Para atender a esta nova forma de visão, o Sistema Único de Saúde (SUS)
organizou um conjunto de ações de saúde denominado Política Nacional de Atenção
Básica que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o
diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por
trabalhos em equipe, e uma de suas áreas estratégicas de atuação é a promoção da
saúde (BRASIL, 2007).
Portanto, este formato de reorganizar a atenção básica elimina o modelo
assistencialista e atende a nova demanda na área de promoção e prevenção da saúde,
visando a origem do problema, evitando que ele evolua, fazendo com que os gastos com
a saúde sejam menores e a qualidade de vida para a população melhore. Desta forma, o
atendimento no nível de atenção primária fica mais perto da família e isso aumenta a
qualidade de vida dos brasileiros (BRASIL, 2009 e CORTEZ e TOCANTINS, 2006).
Como estratégia de promoção da saúde e melhora na qualidade de vida da
população, em 17 de fevereiro de 2020, segundo o Conselho Regional de Educação
Física da 1ª Região (RJ/ES) (2020), os profissionais de Educação Física foram
reconhecidos pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o código 2241-40,
como “Profissional de Educação Física na Saúde”, passando a ter mais reconhecimento
dentro do SUS, onde a descrição primária de suas atribuições foi ampliada para:
“Estruturam e realizam ações de promoção da saúde mediante práticas corporais,
atividades físicas e de lazer na prevenção primária, secundária e terciária no SUS e no
setor privado”.(CREF, 2020, s/p).
Ainda segundo a mesma publicação, entre as competências descritas na letra G
do Código 2241-40, temos: “realizar ações de promoção da saúde mediante práticas
corporais, atividades físicas e lazer, que englobam realizar atendimento individual;
realizar atendimento em grupos; realizar consultas compartilhadas; participar de eventos,
campanhas, ações e programas de educação em saúde; promover atividades de
educação permanente; promover ações em práticas integrativas e complementares
(pics); desenvolver ações de saúde nas escolas e centros culturais; promover atividades
de lazer e recreação; realizar visitas domiciliares; trabalhar em rede de serviços; matriciar
equipes; desenvolver ações de atividade física e práticas corporais inclusivas na saúde;
estruturar ações de atividade física e práticas corporais na prevenção primária,
secundária e terciária no SUS; estruturar ações de atividade física e práticas” (CREF,
2020) .
Portanto, caro aluno, é possível perceber que a história da saúde no Brasil nos
mostra que hoje, a atuação do profissional de educação física está inserido nas políticas
públicas em saúde, como instrumento indispensável de estratégias em prevenção e
promoção da saúde.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema Único de Saúde (SUS). SUS: Princípios e Conquistas. Disponível
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf. Acesso em: 02 maio 2021.

#SAIBA MAIS#
2 CONCEITO DE SAÚDE

Querido aluno, a definição do conceito de saúde não é tão simples quanto parece
e neste tópico iremos abordar essa questão.
Em 1948, a Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS, 2016) definiu que
“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera
ausência de doença ou enfermidade”. Essa ideia de saúde remete à um ideal de saúde,
um estado de “saúde ótima”, porém, possivelmente inatingível já que, a mudança é algo
natural e predominante na vida e não, a estabilidade.
A própria compreensão de saúde tem também alto grau de subjetividade e
determinação histórica, na medida em que indivíduos e sociedades consideram ter mais
ou menos saúde dependendo do momento, do referencial e dos valores que atribuem a
uma situação.
Partindo dessa definição de saúde proposta pela OMS, podemos então pensar a
saúde sob três aspectos distintos: a saúde como ausência de doença; a saúde como
bem-estar e, por fim, a saúde como um valor social.
A visão da saúde entendida como ausência de doença é largamente difundida no
senso comum, mas não está restrita a esta dimensão do conhecimento. Pelo contrário,
essa ideia não só é afirmada pela medicina, como tem orientado a grande maioria das
pesquisas e da produção tecnológica em saúde, especialmente aqueles referentes aos
avanços na área de diagnóstico.
Até meados do século XVIII, a doença era vista como uma entidade que subsistia
no ambiente como qualquer outro elemento da natureza. Esse caráter ontológico da
doença está presente na transformação da medicina em ‘medicina das espécies’. Por
influência de outros campos disciplinares, como a botânica, as doenças foram agrupadas
em um sistema classificatório baseado nos sintomas.
O hospital, anteriormente concebido como lugar de exclusão dos doentes e
miseráveis do meio social e de exercício de caridade, transforma-se gradativamente, em
local de cura. À medida que as doenças passam a ser acompanhadas estatisticamente,
o hospital também se transforma em espaço de produção de conhecimento e de ensino
para os médicos-aprendizes.
Com a mudança na estrutura perceptiva que sustentava o pensamento médico
científico emergente, os fenômenos passam a ser explicados pela nova racionalidade a
partir do estudo, baseado na observação e na experiência, das mudanças morfológicas,
orgânicas e estruturais. Por conseguinte, a saúde passa a ser entendida como seu
oposto: a ausência de patologia. própria fisiologia. Essa profunda transformação na forma
de conceber a doença irá assentar as bases do sistema teórico do modelo biomédico,
cuja força explicativa é responsável pela sua presença até os dias de hoje.
Com base em uma epistemologia naturalista, Boorse (apud ALMEIDA FILHO e
JUCÁ, 2002, p. 881) elabora um conceito negativo da saúde, percebendo-a também
como ausência de doença: “A saúde de um organismo consiste no desempenho da
função natural de cada parte”. O autor exclui as dimensões econômica, social, cultural e
psicológica da base teórica da saúde-doença, rejeitando também a experiência clínica
como referência viável, reafirmando que somente a biologia e a patologia podem fornecer
dados objetivos para sua definição (ALMEIDA FILHO e JUCÁ, 2002).
Na discussão da atualidade, diversos autores têm criticado a definição negativa de
saúde. Para Almeida Filho e Andrade (2003, p. 101), “em uma perspectiva rigorosamente
clínica (...) a saúde não é o oposto lógico da doença e, por isso, não poderá de modo
algum ser definido como ‘ausência de doença’. (...) os estados individuais de saúde não
são excludentes vis à vis a ocorrência de doença”.
Abordagens que combatem a ideia boorseana de saúde, propõem que a definição
de saúde como ausência de doença foi ampliada pela perspectiva da ‘saúde com
possibilidade de adoecimento’ (CANGUILHEM, 2006; COELHO e ALMEIDA FILHO,
2003).
De acordo com Canguilhem (2006), a saúde implica poder adoecer e sair do
estado patológico. Em outras palavras, a saúde é entendida por referência à possibilidade
de enfrentar situações novas, pela “margem de tolerância ou de segurança que cada um
possui para enfrentar e superar as infidelidades do meio” (CANGUILHEM, 2006, p. 148),
ou ainda “um guia regulador das possibilidades de reação” (CANGUILHEM, 2006, p. 149).
A ameaça da doença é, portanto, um dos elementos constitutivos da saúde. (COELHO e
ALMEIDA FILHO, 2003).
Portanto, Canguilhem (2006, p. 53-55) critica o reducionismo da concepção
biomédica mecanicista: “é compreensível que a medicina necessite de uma patologia
objetiva, mas uma pesquisa que faz desaparecer seu objeto não é objetiva. (...) A clínica
coloca o médico em contato com indivíduos completos e concretos, e não com seus
órgãos ou funções”.
Retomando o conceito de saúde no que diz respeito ao bem-estar, Caponi (1997)
faz uma advertência relevante pois, a concepção de bem-estar é algo utópico e subjetivo,
o que poderia incorrer no erro de servir para justificar práticas arbitrárias de controle e
exclusão de tudo aquilo que for considerado indesejável ou perigoso. A simples tentativa
de definir estado de bem-estar mental e social poderá supor uma existência sem
angústias ou conflitos, sabidamente inerentes à própria história de cada ser humano e de
cada sociedade.
A autora se contrapõe ao conceito enunciado pela OMS:

O que chamamos de bem-estar se identifica com tudo aquilo que em uma


sociedade e em um momento histórico preciso é valorizado como ‘normal’ (...)
Para Canguilhem, as infidelidades do meio, os fracassos, os erros e o mal-estar
formam parte constitutiva de nossa história e desde o momento em que nosso
mundo é um mundo de acidentes possíveis, a saúde não poderá ser pensada
como carência de erros e sim como a capacidade de enfrentá-los” (CAPONI,
1997, p. 300 - 301).
Ao descontextualizar os fenômenos de saúde e doença do desenvolvimento
histórico e cultural da sociedade, também isenta-se o poder público e culpabiliza-se o
sujeito. Entre outras conseqüências, essa concepção tem sustentado a tese do focalismo
em saúde que, diante de um cenário de recursos limitados, preconiza a definição de
prioridades para a oferta de serviços de saúde, em detrimento da oferta universal,
defendida como direito inalienável do cidadão e dever do Estado.
Diversos autores (CAMPOS, 2003; CARVALHO, 2005; LEFEVRE, F. e LEFEVRE,
A., 2004) alertam para os riscos da penalização dos indivíduos mediante o
estabelecimento de critérios discutíveis de homogeneização de comportamentos. Esse
dispositivo configuraria uma agudização do autoritarismo sanitário, diminuindo a margem
de autonomia das pessoas, dos grupos humanos e das coletividades.
A responsabilização das pessoas por estilos de vida ‘não-saudáveis’ tenderia a
desviar a discussão de fatores sociais, ambientais, econômicos e sobre as condições de
trabalho que influenciam fortemente no processo saúde-doença.
No que diz respeito a saúde como um valor social, é possível retomar a reforma
Sanitária de 1988 que representou uma conquista social sem precedentes ao
transformar-se em texto constitucional que diz:

Em sentido amplo, a saúde é a resultante das condições de alimentação,


habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,
liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. Sendo assim,
é principalmente resultado das formas de organização social, de produção, as
quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida” (BRASIL, 1986, p.
04).

A força de seus postulados procura resgatar a importância das dimensões


econômica, social e política na produção da saúde e da doença nas coletividades.
Pensar a saúde como acesso à educação, trabalho, transporte, lazer, alimentação,
implica a superação do modelo biomédico e a adoção de outros princípios norteadores
capazes de auxiliar na necessária reorganização do modelo de atenção à saúde, ainda
voltado às ações curativas e assistenciais.
O conceito e as práticas de promoção da saúde têm representado uma
possibilidade concreta de ruptura desse paradigma ao proporem uma nova forma de
conceber e intervir no campo da saúde. O fato de o conceito de saúde ser impreciso,
dinâmico e abrangente não impede que seja possível tomá-lo como eixo para a
reorientação das práticas de saúde. Pelo contrário: sua importância é fundamental para
a superação de um modelo de atenção biologista, medicalizante e prescritivo.
Neste sentido, há uma tendência de buscar novas práticas que atendam às
demandas atuais da sociedade, quais sejam, a prevenção, a busca por uma melhor
qualidade de vida e a promoção da saúde. O novo paradigma de saúde, marcado por sua
promoção, abre um campo para atuação do Profissional de Educação Física nos serviços
de saúde pública, pois este se preocupa com o controle da saúde e condições de vida da
população e uma das principais intervenções que ele pratica são ações educativas e
preventivas (CABRAL, SOUSA e RAYDAN, 2007).
Portanto, se tomarmos a saúde como um sistema complexo e pensarmos que a
situação da saúde pública nos convoca a superar a simples atenção das necessidades
aparentes, procurando a eliminação de problemas que se encontram tanto na esfera dos
determinantes sociais da saúde, quanto no âmbito da resolutividade das práticas
médicas, então estaremos, de fato, nos posicionando em defesa de uma ética que
valorize a vida humana, buscando colaborar efetivamente para a construção de
ambientes e de uma sociedade mais justa e saudável.
3 CONCEITO DE QUALIDADE DE VIDA

Querido aluno, o termo qualidade de vida é comumente usados no cotidiano pelo


senso comum de forma a resumir melhorias ou um alto padrão de bem-estar na vida
das pessoas, sejam elas de ordem econômica, social ou emocional. Todavia, a área de
conhecimento em qualidade de vida encontra-se numa fase de construção de
identidade. Ora identificam-na em relação à saúde, ora à moradia, ao lazer, aos hábitos
de atividade física e alimentação, mas o fato é que essa forma de saber afirma que
todos esses fatores levam a uma percepção positiva de bem-estar.
A compreensão sobre qualidade de vida lida com inúmeros campos do
conhecimento humano, biológico, social, político, econômico, médico, entre outros,
numa constante inter-relação. Por ser uma área de pesquisa recente, encontra-se em
processo de afirmação de fronteiras e conceitos; por isso, definições sobre o termo são
comuns, mas nem sempre concordantes. Outro problema de ordem semântica em
relação à qualidade de vida é que suas definições podem tanto ser amplas, tentando
abarcar os inúmeros fatores que exercem influência, como restritas, delimitando alguma
área específica.
O que geralmente se entende como qualidade de vida atualmente, promove nas
pessoas, uma corrida para alcançar algo que o senso comum sabe que é bom, mas não
tem claros seus limites conceituais e sua abrangência semântica. É como se tratasse
de um ideal da contemporaneidade, que se expressa na política, na economia, na vida
pessoal. Busca-se qualidade de vida em tudo (BARBOSA, 1998).
No entanto, em abordagens sobre qualidade de vida, é necessário ter atenção à
multiplicidade de questões que envolvem esse universo, desde parâmetros sociais até
de saúde ou econômicos. Esses indicadores podem ser analisados (e assim o são) por
diferentes áreas de conhecimento, com referenciais e procedimentos diferentes, sendo
vinculadas definições e concepções variadas.
A qualidade de vida sempre esteve entre os homens; remete-se ao interesse pela
vida. Logo, é possível estabelecer que qualidade de vida não é algo a ser alcançado,
um objeto de desejo da sociedade contemporânea que deve ser incorporado à vida a
partir de esforço e dedicação individual. Pelo contrário, é uma percepção que sempre
esteve e sempre estará presente na vida do ser humano. O fato é que, a partir desse
tipo de análise, todos os sujeitos têm qualidade de vida, não sendo esse um elemento
a ser alcançado através de ações embutidas no padrão de boa vida da sociedade
contemporânea; porém, o interessante para a vida de cada um é buscar uma boa
qualidade frente às suas possibilidades individuais de ação.
De acordo com Minayo et al. (2000, p.10), qualidade de vida:

...é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de
satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria
estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de
todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de
conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem
conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se
reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto,
uma construção social com a marca da relatividade cultural.

Nota-se que essa abordagem esbarra numa compreensão social do termo,


que considera questões subjetivas como bem-estar, satisfação nas relações sociais e
ambientais, e a relatividade cultural. Ou seja, esse entendimento depende da carga de
conhecimento do sujeito, do ambiente em que ele vive, de seu grupo de convívio, da sua
sociedade e das próprias expectativas em relação a conforto e bem-estar.
Gonçalves e Vilarta (2004) abordam qualidade de vida pela maneira como as
pessoas vivem, sentem e compreendem seu cotidiano, envolvendo, portanto, saúde,
educação, transporte, moradia, trabalho e participação nas decisões que lhes dizem
respeito. Essa abordagem indica, num primeiro momento, para as expectativas de um
sujeito ou de determinada sociedade em relação ao conforto e ao bem-estar. Isso
depende das condições históricas, ambientais e socioculturais de determinado grupo, ou
seja, o entendimento e a percepção sobre qualidade de vida, nessa perspectiva, são
relativos e variáveis.
Gonçalves (2004, p. 13) define qualidade de vida como “a percepção subjetiva do
processo de produção, circulação e consumo de bens e riquezas. A forma pela qual cada
um de nós vive seu dia-a-dia”.
Para Nahas et al. (2001, p. 5), qualidade de vida é a “condição humana resultante
de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais, modificáveis ou não, que
caracterizam as condições em que vive o ser humano”.
Por fim, qualidade de vida, para a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1995, p.
1403), é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e
sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações”.
Não é possível existir um conceito único e definitivo sobre qualidade de vida, mas
se pode estabelecer elementos para pensar nessa noção enquanto fruto de indicadores
ou esferas objetivas (sociais) e subjetivas (individuais), a partir da percepção que os
sujeitos constroem em seu meio. (BARBOSA, 1998).
“Os indicadores de qualidade de vida têm sido usados para avaliação da eficácia,
da eficiência e do impacto de determinados tratamentos na comparação entre
procedimentos para o controle de doenças” (SEIDL e ZANNON, 2004, p. 581). Embora
tais perspectivas levem em consideração as relações entre saúde e qualidade de vida,
elas explicitam a intenção desses indicadores de elucidar os perfis das populações em
relação às condições e aos parâmetros em que estão ocorrendo suas vidas. Os dados
gerados levam a caracterização e comparação dos grupos, e podem ser usados para fins
diversos, como a promoção de saúde ou objetivos políticos e mercadológicos.
Independentemente da concepção adotada, do instrumento indicador utilizado ou
do conceito adotado sobre qualidade de vida, existe uma íntima relação entre este campo
de conhecimento, a área da saúde e a prática de atividade física. Embora haja certa
prevalência, principalmente nos instrumentos indicadores, de uma abordagem de saúde
mais próxima da área médica (GARCIA, 2002), a abrangência desse elemento se
apresenta de forma bem ampla, relacionada a aspectos físicos, emocionais, de
relacionamentos, ligada ao bem-estar.
A relação entre saúde e qualidade de vida depende da cultura da sociedade em
que está inserido o sujeito, além de ações pessoais (esfera subjetiva) e programas
públicos ligados à melhoria da condição de vida da população (esfera objetiva). O estado
de saúde é um indicador das possibilidades de ação do sujeito em seu grupo, se
apresentando como um facilitador para a percepção de um bem-estar positivo ou
negativo. É influenciado pelo ambiente, pelo estilo de vida, pela biologia humana e pela
organização do sistema de atenção à saúde em que o sujeito está inserido.
A noção de saúde se coloca como uma resultante social da construção coletiva
dos padrões de conforto e tolerância que determinada sociedade estabelece (MINAYO
et al., 2000). As necessidades de saúde, como uma das vertentes da qualidade de vida,
não podem ser separadas dos movimentos sociais urbanos e nem da dimensão da
cidadania (BARBOSA, 1998).
Como acima exposto, a qualidade de vida está intimamente ligada aos aspectos
socioeconômicos de determinada população, que configuram a condição de vida dos
sujeitos dela integrantes. Existe uma relação direta entre essas variáveis e as condições
de saúde, expressa e comprovada por instrumentos e indicadores objetivos
(GONÇALVES e VILARTA, 2004).
Tais condições são determinadas pelas possibilidades de acesso aos cuidados à
saúde que são disponibilizados à população. Deslandes (2004) cita duas abordagens
político-organizacionais referentes à organização desses serviços: prevenção em saúde
e promoção da saúde. A primeira diz respeito ao incentivo da associação direta e
predominante entre os hábitos do sujeito e sua condição de saúde. Essa linha de
intervenção se apoia numa concepção de responsabilização do sujeito pelo seu estado
de saúde (responsabilização da vítima), pois se aplica em um modelo médico
hegemônico, centrado no atendimento de doentes e na divulgação de hábitos positivos à
manutenção de bons níveis de saúde. A segunda, surge primeiramente na Conferência
de Ottawa, em 19861, pela iniciativa da responsabilização múltipla, que uniria esforços
voltados à promoção da saúde advindos do Estado (por meio de políticas públicas
saudáveis), da comunidade, de indivíduos, do sistema de saúde e de parcerias
intersetoriais (BUSS, 2000). A partir desse período, são valorizados na promoção da
saúde (DESLANDES, 2004, p. 02): “políticas públicas saudáveis, fortalecimento dos
recursos de saúde comunitários, ambientes favoráveis à saúde, desenvolvimento de
habilidades pessoais, redefinição dos serviços de saúde.”
Esse modelo lida com a ideia de totalidade, definindo saúde como uma questão
social ampliada, além de incorporar a ação individual. Na ideia de promoção da saúde,
um estilo de vida tido como positivo é importante, assim como a prática de atividades
físicas e esportivas. Porém, isso é uma parte do processo de integração entre vários
fatores, e não a única solução.
Essas abordagens representam a organização da atenção à saúde da população,
estabelecendo processos e possibilidades de acesso a esses cuidados. São
responsabilidades do Estado, assim como a preocupação de proporcionar possibilidades
de acesso a bens de consumo tidos como indispensáveis na sociedade contemporânea:
educação, transporte, moradia, alimentação, saneamento básico, e, claro, cuidado à
saúde clínica.
Em relação aos hábitos individuais e estilos de vida dos sujeitos, a esfera subjetiva
de cuidados à saúde diz respeito ao impacto dos costumes cotidianos do indivíduo
perante sua vida. Entre os comportamentos considerados saudáveis na sociedade, pode-
se observar aspectos voltados à alimentação, aos relacionamentos sociais e às práticas
sistemáticas de atividades físicas. A adoção de um estilo de vida tido como saudável
depende do acesso à informação, às oportunidades para prática de atividade física e aos
hábitos positivos, ao apoio socioeconômico e à atitude para mudança de comportamento
(NAHAS et. al., 2001).

1
1ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, 1986, Ottawa, Canadá.
A atividade física é colocada na sociedade contemporânea como uma ponte
segura para melhores situações de saúde. Ao levar em consideração a multiplicidade de
formas de atividade física e suas consequências para o bem-estar do sujeito, para a
manutenção ou melhoria dos quadros de saúde, é necessário que essa prática esteja
adequada às condições e expectativas individuais, assim como ao local, aos processos
e ao ambiente em que ocorre.
Para concluir querido aluno, a proposta de atividade física como uma forma de
melhoria do bem-estar e da qualidade de vida exige atenção do profissional de educação
física, tanto em relação ao seu impacto sobre a saúde clínica, quanto social e emocional,
pois a autonomia pessoal é fruto de boa condição de saúde, relacionamentos pessoais e
capacidade da realização prática de expectativas individuais.

REFLITA

“Eu acredito que a causa final do homem, seu objetivo supremo é a felicidade.
Atingir a felicidade e uma boa vida depende de uma conduta moral moderada, sem
excesso, na justa medida dos “pitagóricos”. Habituar-se a uma boa conduta é ter bons
costumes e uma vida intelectual sossegada”.

Fonte: ARISTÓTELES (384 - 322 a.C.)

#REFLITA #
4 CONDIÇÕES DE VIDA E ESTILO DE VIDA

Caro aluno, temos visto até aqui que a saúde está relacionada ao modo como
vivemos e ao meio no qual vivemos. Vamos avançar neste estudo entendendo um pouco
mais sobre os conceitos utilizados comumente para descrever a qualidade ou o tipo de
vida que a população de determinada região ou país possui.
Em diversos estudos realizados, as condições de vida de uma população é medida
ou baseada a partir da análise das desigualdades em saúde, ou seja, a categoria
"condições de vida", proposto por Castellanos (1997) , destaca que o indivíduo, a família,
a comunidade e o grupo populacional, em cada momento de sua existência, tem
necessidades e riscos que lhes são próprios, seja por sua idade, pelo sexo e por outras
características individuais, seja por sua localização geográfica e ecológica, por sua cultura
e nível educativo, ou seja por sua inserção econômico-social, que resulta em um perfil de
problemas de saúde/doença peculiares, os quais favorecem e dificultam, em maior ou
menor grau, sua realização como indivíduo e como ser social.
O autor considera ainda que o perfil de condições de vida expressa quatro
dimensões da reprodução social, qual seja, biológica, ecológica, econômica e da
consciência e comportamento que cada grupo da população terá de necessidades
(riscos).
O perfil epidemiológico de uma dada população, enquanto componente da
situação de saúde, segundo Paim (1997) é determinado, de um lado, pela estrutura de
produção, ou seja, por meio do processo de trabalho e das condições de trabalho e de
outro, pela estrutura de consumo (modo de vida) que, juntamente com a renda obtida no
mercado de trabalho, proporciona e possibilita as condições e o estilo de vida de cada
indivíduo. As condições de vida acabam por expressar as condições materiais de
existência dos grupos humanos de uma determinada população ou sociedade.
Assim, a reprodução social de uma dada classe social ou fração desta, passa pela
infraestrutura econômica (inserção no mercado de trabalho através da renda e condições
de trabalho) mas passa também por todo um conjunto de relações sociais que incluem a
intervenção do Estado, como no caso da formulação de políticas públicas, como também
pelas ideologias que permeiam o estabelecimento dos níveis de consciência da
população sobre os problemas sociais e sobre a organização popular na produção de
certas condições de vida.
Isto significa que o estudo das condições de vida (ou desigualdades sociais) de
determinados grupos deve levar em conta não só a distribuição de renda e o poder
aquisitivo na esfera do consumo individual, mas também certas ações do Estado, como
a formulação das políticas sociais, que buscam garantir o atendimento de necessidades
básicas como a saúde, saneamento, educação, nutrição, segurança e lazer. Portanto, o
perfil epidemiológico da população de um país ou o seu quadro sanitário está associado,
em última análise, ao seu grau de desenvolvimento sócio-econômico e por conseguinte
ao desenvolvimento das políticas sociais, especialmente as de saúde.
Entendendo o conceito de condições de vida, podemos neste momento, querido
aluno, articulá-lo com a definição de estilo de vida. Precisamos refletir, o que a reflexão
sobre as condições de vida pode nos fazer pensar sobre o estilo de vida de um indivíduo?!
Para tal reflexão, se faz necessário entender também o conceito de estilo de vida e o
faremos a seguir.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004, p. 37) o Estilo de Vida:
é o conjunto de hábitos e costumes que são influenciados, modificados,
encorajados ou inibidos pelo prolongado processo de socialização. Esses hábitos
e costumes incluem o uso de substâncias tais como o álcool, fumo, chá ou café,
hábitos dietéticos e de exercício. Eles têm importantes implicações para a saúde
e são frequentemente objeto de investigações epidemiológicas.

Outros estudiosos também seguem a mesma linha e postulam que estilo de vida é
o conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na
vida dos sujeitos (NAHAS et. al., 2001). Acrescentando a contribuição de Bourdieu
(1983b) a essa afirmação, pode-se compreender que se trata das ações individuais que
refletem os hábitos e a carga cultural do sujeito e que interferem diretamente em sua vida.
Essas ações são permeadas pela possibilidade de escolha do indivíduo e de adoção ou
não de práticas no seu cotidiano.
Porém, considerando a ocorrência de diferentes formas de consumo simbólico
(como é feito o consumo e com qual finalidade para a pessoa ou grupo) ou consumo
material (consumo de bens) entre as diferentes estruturas sociais, as oportunidades de
escolha não se apresentam da mesma forma para todos. Elas dependem das chances
de ação em sua vida, geradas pelas condições econômicas, de subsistência,
saneamento, entre outras. Alguém que tenha um orçamento e condições de subsistência
melhores do que outra pessoa terá maiores possibilidades de escolhas em relação às
práticas adotadas em seu estilo de vida. Essas possibilidades são criadas de acordo com
a condição e o modo de vida do indivíduo (VILARTA e GONÇALVES, 2004), que
permitirão que ele possa fazer escolhas que direcionem seu estilo de vida.
A adoção de um estilo de vida tido como saudável é tomada, na sociedade
contemporânea, como um fator determinante perante a situação de saúde e de vida dos
sujeitos. Porém, muitas vezes isso não ocorre, não por falta de vontade do sujeito, mas
pela ausência de condições socioeconômicas favoráveis. Hábitos como uma nutrição
adequada, horas de descanso, visitas periódicas e profiláticas ao médico, e prática
frequente de atividade física, nem sempre são possíveis para todos os indivíduos, devido
a modos e condições de vida que não possibilitam tais ações.
Conclui-se então que, o uso do termo estilo de vida é muito comum e se faz de
grande importância quando são focadas questões relativas à qualidade de vida, pois
essa grande área diz respeito ao padrão de vida que a própria sociedade define e se
mobiliza para conquistar, e ao conjunto de políticas públicas que induzem e norteiam o
desenvolvimento humano como um todo (MINAYO et al., 2000).
5 PREVENÇÃO, PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E REABILITAÇÃO DA SAÚDE

Iniciamos mais um tópico desta primeira unidade e vamos avançando na aquisição


do conhecimento referente a saúde e suas implicações na vida do indivíduo e da
sociedade. Aqui iremos entender, querido aluno, como acontece o processo de
prevenção, promoção, proteção e a reabilitação da saúde.
O termo risco refere-se ao grau de probabilidade da ocorrência de um determinado
evento (PEREIRA, 1995). Do ponto de vista da saúde/doença, o termo é utilizado para
definir a probabilidade de que indivíduos saudáveis, mais expostos a determinados
fatores, adquiram certa doença. Os fatores que se associam ao aumento do risco de se
contrair uma doença são chamados fatores de risco. Contrariamente, há fatores que
conferem ao organismo a capacidade de se proteger contra a aquisição de determinada
doença, sendo chamados fatores de proteção (INCA, 2021).
Os fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, serem herdados
ou representarem hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e
cultural (INCA, 2021).
Pequenas mudanças nos fatores de risco em indivíduos que estão sob risco
moderado podem ter um enorme impacto em termos de morte e incapacidade. Por meio
da prevenção de doenças em grandes populações, pequenas reduções na pressão
arterial e no nível de colesterol sanguíneo, por exemplo, poderiam alcançar a redução de
custos na saúde. Caso esses fatores de risco fossem eliminados por meio de mudanças
no estilo de vida, pelo menos 80% de todas as doenças do coração, dos derrames e dos
diabetes do tipo 2 poderiam ser evitados. Além disso, mais de 40% dos cânceres
poderiam ser prevenidos (OMS, 2005).
Conhecer a frequência e a distribuição de fatores de risco e proteção na população
brasileira é fundamental para o planejamento e a avaliação de políticas públicas de
saúde. Dessa forma, o Ministério da Saúde implantou a pesquisa Vigitel (Sistema de
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas) em 2006, realizada
em 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, para fins de monitoramento dos principais
fatores de risco e proteção para o desenvolvimento de Doenças Crônicas Não-
Transmissíveis.
Os resultados desta pesquisa mostraram, de modo geral, que os fatores de risco
e a saúde estão diretamente relacionados à alimentação e à atividade física, ou seja, uma
alimentação saudável e a prática de atividades físicas são métodos de proteção à saúde
e de prevenção de doenças.
A promoção de práticas alimentares saudáveis está inserida no contexto da
adoção de estilos de vida saudáveis, sendo importante para a promoção da saúde. A
atividade física e o exercício previnem efetivamente a ocorrência de eventos cardíacos,
reduzem a incidência de acidente vascular cerebral, hipertensão, diabetes mellitus do tipo
2, cânceres de cólon e mama, fraturas osteoporóticas, doença vesicular, obesidade,
depressão e ansiedade, além de retardarem a mortalidade (ACSM, 2007).
Considerando a alta prevalência do sedentarismo aliada ao significativo risco
referente às doenças crônico-degenerativas, o aumento da atividade física de uma
população influencia na qualidade da saúde da coletividade, minimizando custos com
tratamentos, inclusive hospitalares, o que reflete seus consideráveis benefícios sociais
(CARVALHO et al., 1996).
A recomendação de prática de atividade física deve considerar os interesses
individuais, as necessidades de saúde e estado clínico do indivíduo ou da população-
alvo. Os benefícios de saúde advindos da prática regular de atividade física serão
diretamente influenciados pela quantidade e intensidade com que é praticada.
Tendo em vista as questões levantadas sobre a prevenção, promoção e proteção
à saúde, é preciso também pensar a respeito sobre a reabilitação da saúde. A reabilitação
é “uma proposta de atuação multiprofissional voltada para a recuperação e o bem-estar
biopsicossocial do indivíduo” (COFFITO, 1987, p. 7609).
De acordo com o Relatório Mundial sobre Deficiência (2011), reabilitação é
“Conjunto de medidas que ajudam pessoas com deficiência ou prestes a adquirir
deficiências a terem e manterem uma funcionalidade ideal na interação com o seu
ambiente” (OMS, 2011, p. 100).
A reabilitação deve ser compreendida de forma ampliada, considerando diferentes
fatores. Primeiro deve-se levar em conta que nem toda anomalia é necessariamente
patológica, admitindo que estratégias de adaptação podem promover o estabelecimento
de uma nova ordem (norma) funcional para o indivíduo, minimizando seu sofrimento
(CANGUILHEM, 2006). Segundo, as necessidades de reabilitação extrapolam o campo
de conhecimento biomédico (BRASIL, 2010) e terceiro, o melhor prognóstico é alcançado
quando a intervenção se inicia logo após a lesão ou instalação da doença que provocou
a deficiência (ainda em ambiente hospitalar) e em muitos casos após a alta ambulatorial
será necessária a manutenção de cuidados específicos no ambiente em que se vive. E
para promover tudo isso é necessário um sistema que integre as ações de diferentes
profissionais nos distintos níveis de atenção.
Atuando na área de reabilitação, o profissional de Educação Física, por ser
especialista na área da saúde em avaliar, programar e orientar programas de exercícios
físicos para todas as populações deverá estar presente desde a primeira fase de
reabilitação, onde seu olhar técnico e objetivo somado aos conhecimentos de
profissionais de outras áreas elevarão as potencialidades do programa. Poderá também
ensinar ao indivíduo os benefícios que a atividade física regular e a mudança no seu
estilo de vida poderão proporcionar a ele.
Entende-se que a importância do papel do profissional de Educação Física no
processo de reabilitação está no fato de que este profissional será o responsável por
elaborar programas de exercício físico supervisionado de maneira estruturada,
respeitando a individualidade do beneficiário para que o mesmo consiga melhorar seu
condicionamento físico, aptidão física, habilidades motoras, que conquiste sua
autonomia/independência e adoção de um estilo de vida saudável e melhore por
consequência sua qualidade de vida.
Contudo, a reabilitação deve, portanto, incluir uma visão integral e holística do ser
humano. Os serviços devem focar nas necessidades da pessoa com o objetivo de
promover a acessibilidade, autonomia, independência, inclusão social e dessa forma
melhorar a qualidade de vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caros alunos, chegamos ao final da primeira unidade da apostila “Educação e


Saúde” e adquirimos muito conhecimento até aqui.
Aprendemos sobre a história da saúde no Brasil e também como foi o processo de
implantação de políticas públicas em saúde. Conhecemos o complexo conceito de saúde,
bem como o conceito de qualidade de vida, sendo que a compreensão deste conceito,
nos revela também o entendimento de condições de vida e estilo de vida, ou seja, são
conceitos que estão interligados e a compreensão da dinâmica de um depende da
articulação com o outro.
Por fim, estudamos sobre a prevenção, promoção, proteção da saúde e a
reabilitação da mesma como uma possível área de atuação para o profissional de
Educação Física. Acima de tudo, compreendemos que o ser humano é um sujeito que
precisa ser entendido e analisado em todas as suas esferas e que a relação
saúde/doença acontece no âmbito biopsicossocial do indivíduo.
LIVRO

• Título: Saúde, Promoção da Saúde e Educação Física


• Autor: Paulo de Tarso Veras Farinatti.
• Editora: UERJ.
• Ano: 2006.
• Sinopse: Este livro apresenta reflexões sobre as relações entre educação física e
saúde. Na primeira parte são revisados aspectos conceituais relacionados à saúde e à
promoção da saúde, em uma perspectiva evolutiva. Na segunda, os conceitos são
aplicados à educação física escolar e à problemática do envelhecimento. Assim, esse
estudo debate a educação física e saúde aliando à discussão teórica experiências
práticas consolidadas - escapando da esfera do provável ou do possível e focalizando o
real.
FILME/VÍDEO

• Título: Nise - O Coração da Loucura


• Ano: 2016.
• Sinopse: Nos anos 1950, uma psiquiatra contrária aos tratamentos convencionais de
esquizofrenia da época é isolada pelos outros médicos. Ela então assume o setor de
terapia ocupacional, onde inicia uma nova forma de lidar com os pacientes, pelo amor e
a arte.
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UNIDADE II
A EDUCAÇÃO FÍSICA E A SAÚDE
Professora Mestre Claudiana Marcela Siste Charal
Professora Ticiana Roberta Siste Charal
Professor Especialista Charles B. da Silva de Araujo e Souza

Plano de Estudo:
● Aspectos históricos da Educação Física e promoção de saúde;
● Políticas Públicas e a saúde: foco na Educação Física;
● Sistema público e privado de saúde: Educação Física e seu papel.

Objetivos de Aprendizagem:
● Conhecer os aspectos históricos da educação Física e a promoção de saúde;
● Estudar sobre as políticas públicas e a saúde, com o foco da Educação Física;
● Entender qual o papel da Educação Física no sistema público e privado de
saúde.
INTRODUÇÃO

Bem-vindo queridos alunos!! Estamos iniciando a segunda unidade da apostila


“Educação e saúde” e aqui iremos nos aprofundar um pouco mais no conhecimento da
saúde relacionada à área da educação Física.
Para tal, iremos fazer um resgate histórico da Educação Física e sua relação com
a promoção da saúde, na sequência estudaremos as políticas públicas e a saúde com o
foco da Educação física e, por fim, abordaremos o papel da Educação Física no Sistema
de Saúde Público e Privado.
Estamos apenas no início desta descoberta e quero você comigo em cada tópico
para que possamos, juntos, conhecer ainda mais esse vasto campo de atuação para o
Profissional de Educação Física.
1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E PROMOÇÃO DE SAÚDE

Caro aluno, a compreensão sobre os aspectos históricos da Educação Física na


contemporaneidade permite situá-la numa posição de destaque na sociedade devido às
grandes movimentações acontecidas em sua formação. Torna-se uma profissão, uma
disciplina e uma prática difundida, onde os seus objetivos necessitam de novas
discussões em virtude de sua dinamicidade ao longo dos anos.
O acesso à Educação Física passa a ser proporcionado em escala cada vez mais
democrática para a população, levando-se em consideração as relações coletivas e
sociais. Algumas vezes essa inserção era independente de classe social, idade, condição
física, cor, religião, opção sexual ou alguma deficiência física, motora ou mental
(BAGNARA; LARA; CALONEGO, 2010).
Os diferentes momentos da história da Educação Física no Brasil resgatam as
diferentes influências sofridas ao longo de seu percurso. As instituições militares e os
médicos foram influenciadores da Educação Física desde o Brasil Império (CASTELLANI
FILHO, 2013).
O início do desenvolvimento cultural da Educação Física no Brasil, apesar de não
ter ocorrido de forma contundente, ocorreu no período do Brasil Império, pois foi nessa
época que surgiram os primeiros tratados sobre a Educação Física.
Em 1823, Joaquim Antônio Serpa, elaborou o “Tratado de Educação Física e
Moral dos Meninos”. Esse tratado postulava que a educação englobava a saúde do corpo
e a cultura do espírito, e considerava que os exercícios físicos deveriam ser divididos em
duas categorias, a primeira, os que exercitavam o corpo; e a segunda, os que exercitavam
a memória. Além disso, esse tratado entendia a educação moral como coadjuvante da
Educação Física e vice-versa (GUTIERREZ, 1972).
O Início da Educação Física escolar no Brasil, inicialmente denominada Ginástica,
ocorreu oficialmente com a reforma Couto Ferraz, em 1851. No entanto, foi somente em
1882, que Rui Barbosa ao lançar o parecer sobre a “Reforma do Ensino Primário,
Secundário e Superior”, denota a importância da Ginástica na formação do brasileiro
(RAMOS, 1982). Nesse parecer, Rui Barbosa relata a situação da Educação Física em
países mais adiantados politicamente e defende a Ginástica como elemento
indispensável para a formação integral da juventude (RAMOS, 1982).
De acordo com estudos do professor Ghiraldelli (2004), a Educação Física
brasileira, passou por cinco fases: a higienista, militarização, pedagogização,
competitivista e a popular, que foram marcantes ao longo da sua formação e na busca da
caracterização dos pressupostos teóricos que lhe servem de fundamento, mantém-se
historicamente ao longo dos anos em busca de adequações e características específicas
do pensar a prática da Educação Física.
A Educação Física Higienista foi a fase que aconteceu até o ano de 1930, e se
preocupava em colocar a Educação Física como agente potencializador de saneamento
público, dava ênfase à questão da saúde, e tinha a Educação Física como importante
papel de formação de homens sadios e fortes, na busca de uma sociedade livre de
doenças infecciosas e dos vícios que deterioravam a saúde e o caráter dos homens.
Esta fase aconteceu também na época da criação das leis abolicionistas, onde, os
negros, recém libertos, se deslocaram para as cidades em busca de trabalho, e
encontravam as péssimas condições de trabalho, moradia e a falta de saneamento básico
que eram propícias ao surgimento de doenças. Neste momento, a escola passa a ter um
papel de fundamental importância para disseminar hábitos de higiene, e a Educação
Física como a disciplina que melhor abordaria essas questões em um contexto amplo de
abordagens.
A fase da Educação Física Militarista (1930-1945), foi o período compreendido
entre a Revolução de 1930 e o fim da 2ª Guerra Mundial. Neste período também existiu
uma preocupação com a saúde numa perspectiva diferente da atual, mas o objetivo
principal desta fase era a obtenção de uma juventude forte e saudável que fosse capaz
de suportar o combate, a luta e a guerra.
Na década de 1930, surgiram através dos estímulos da Educação Física, a
concretização de uma identidade moral e cívica, além do envolvimento com os princípios
de Segurança Nacional, referente a necessidade do adestramento físico, num primeiro
momento necessário à defesa da pátria, que se afiguravam no sentido de desestruturação
da ordem político-econômica constituída, como também à iminência de configuração de
um conflito bélico a nível mundial, e, em outro instante, visando assegurar ao processo
de industrialização implantado no país, mão de obra fisicamente adestrada e capacitada,
cabendo a ela cuidar da recuperação e manutenção da força de trabalho (CASTELLANI
FILHO, 2013). Nesta mesma época foi criado o Ministério da Educação e Cultura (MEC).
Nas escolas foi adotado o método francês de ginástica, que havia sido adotado também
pelo exército brasileiro na década de 1920.
Segundo Ghiraldelli (2004), na Educação Física Pedagogista (1945 – 1964), a
Educação Física tornou-se o “centro vivo” da escola pública e advogou a “educação do
movimento” utilizando a ginástica, a dança e o esporte como meio de educação do aluno.
Foi uma concepção do período pós-guerra, que convocou toda a sociedade a
compreender a Educação Física simultaneamente como uma prática capaz de promover
a saúde e de disciplinar a juventude inserida no currículo escolar. A Educação Física
Desportiva Generalizada foi o método que se estabeleceu nesse período, destacando o
valor educativo do jogo.
Após 1964 e diante do processo de esportivização da Educação Física, já iniciado
na fase pedagogista, a ideologia do “desenvolvimento com segurança” e a divulgação
pelos meios de comunicação, ocorre a expansão do esporte em todo país, surge a fase
chamada de Educação Física Competitivista. Durante o período da ditadura militar, a
Educação Física estava a serviço da hierarquização e da elitização social, voltada para o
culto do atleta herói, aquele que, a despeito de todas as dificuldades, chegou ao pódio.
Esta fase se preocupava em selecionar as turmas para treinamento, buscando a
especialização dos alunos em uma modalidade ou esporte específico com principal
objetivo de conseguir medalhas olímpicas para o país, reduzindo desta forma a Educação
Física, aos esportes de alto nível.

SAIBA MAIS

Você sabia?
O esporte surgiu na Grécia antiga e os jogos olímpicos ou, como comumente são
chamados, as Olimpíadas, tiveram a sua origem por volta da segunda metade do século
VIII a.C., na antiga civilização grega. Esses jogos estavam associados a cultos religiosos
dedicados ao deus Zeus.

Leia mais em: https://www.historiadomundo.com.br/grega/esportesexolimpicos.htm

Fonte: FERNANDES, C. Modalidades esportivas das Olimpíadas da Grécia Antiga. Disponível em:
https://www.historiadomundo.com.br/grega/esportesexolimpicos.htm. Acesso em: 01 de maio de 2021.

#SAIBA MAIS#

Dentre uma das importantes medidas que impactaram a Educação Física neste
período, estava a obrigatoriedade da Educação Física/Esportes no ensino superior, por
meio do decreto lei no 705/69 (BRASIL, 1969). Segundo Castellani Filho (1998), esse
decreto lei tinha como propósito político favorecer o regime militar, desmantelando as
mobilizações e o movimento estudantil que era contrário ao regime militar, uma vez que
as universidades representavam um dos principais polos de resistência a esse regime.
No Pós-Guerra, estudiosos começaram a entender que a Educação Física não
pretendia ser disciplinadora de homens e muito menos estava voltada ao incentivo da
busca de medalhas, e principalmente não transformaria o Brasil em uma potência
olímpica. Criou-se, então, uma grande crise de identidade, configurando a necessidade
de mudança nos rumos da Educação Física brasileira. Esta fase foi chamada de
Educação Física Popular.
A Educação Física pautada na tendência popular é dominada pelos anseios
operários de ascensão na sociedade. Conceitos como inclusão, participação,
cooperação, afetividade, lazer e qualidade de vida passam a fazer parte dos debates
dessa disciplina (FERREIRA, 2013).
Novas explicações para a Educação Física, além do fenômeno biológico
emergiram, fortalecendo dessa forma uma comunidade científica voltada aos estudos da
Educação Física que contemplaria aspectos biopsicossociais.
Durante a década de 1980, a resistência à concepção biológica da Educação
Física foi criticada em relação ao predomínio dos conteúdos esportivos (DARIDO e
RANGEL, 2005).
A preocupação com a formalização da prática da Educação Física e da formação
dos profissionais da área se intensificam e o cenário se altera com a homologação da
resolução n. 3/1987, pelo Conselho Federal de Educação, que institucionaliza cursos de
bacharelado em educação física no Brasil, instaurando outro tipo de fragmentação no
processo de formação, ainda que restrito a poucas universidades. Com a promulgação
da lei n. 9696/1998, que cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Educação
Física, e a homologação da resolução n. 7/2004, pelo Conselho Nacional de Educação
(CNE), que instituiu as Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação em educação
física, os debates se tornaram mais intensos em torno da divisão da formação profissional
e do campo de atuação de licenciados e bacharéis (Fraga et al., 2010).
Atualmente, coexistem na Educação física, diversas concepções, modelos,
tendências ou abordagens, que tentam romper com o modelo mecanicista, esportista e
tradicional que outrora foi embutido aos esportes. Entre essas diferentes concepções
pedagógicas pode-se citar: a psicomotricidade; desenvolvimentista; saúde renovada;
críticas; e mais recentemente os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL,
1997)
A concepção pedagógica psicomotricidade foi divulgada inicialmente em
programas de escolas “especiais”, voltada para o atendimento de alunos com deficiência
motora e intelectual (DARIDO e RANGEL, 2005). É o primeiro movimento mais articulado
que surgiu a partir da década de 1970, em oposição aos modelos pedagógicos anteriores.
A concepção psicomotricidade tem como objetivo o desenvolvimento psicomotor,
extrapolando os limites biológicos e de rendimento corporal, incluindo e valorizando o
conhecimento de ordem psicológica. Para isso, a criança deve ser constantemente
estimulada a desenvolver sua lateralidade, consciência corporal e a coordenação motora
(DARIDO e RANGEL, 2005). No entanto, sua abordagem pedagógica tende a valorizar o
fazer pelo fazer, não evidenciando o porquê de se fazer e como o fazer.
Já o modelo desenvolvimentista por sua vez, busca propiciar ao aluno condições
para que seu comportamento motor seja desenvolvido, oferecendo-lhe experiências de
movimentos adequados às diferentes faixas etárias (DARIDO e RANGEL, 2005). Neste
modelo pedagógico, cabe aos professores observarem sistematicamente o
comportamento motor dos alunos, no sentido de verificar em que fase de desenvolvimento
motor eles se encontram, localizando os erros e oferecendo informações relevantes para
que os erros sejam superados.
A perspectiva pedagógica saúde renovada, diferentemente das citadas anteriores,
tem por finalidade convicta e às vezes única, de ressaltar os aspectos conceituais acerca
da importância de se conhecer, adotar e seguir conceitos relacionados à aquisição de
uma boa saúde (DARIDO e RANGEL, 2005).
Por outro lado, as abordagens pedagógicas críticas, sugerem que os conteúdos
selecionados para as aulas de Educação Física devem propiciar a leitura da realidade do
ponto de vista da classe trabalhadora (DARIDO e RANGEL, 2005). Nessa visão a
Educação Física é entendida como uma disciplina que trata do conhecimento
denominado cultura corporal, que tem como temas, o jogo, a brincadeira, a ginástica, a
dança, o esporte, entre outros, e apresenta relações com os principais problemas sociais
e políticos vivenciados pelos alunos (DARIDO e RANGEL, 2005).
Em 1996, com a reformulação dos PCNs, é ressaltada a importância da articulação
da Educação Física entre o aprender a fazer, o saber por que se está fazendo e como
relacionar-se nesse saber (BRASIL., 1997). De forma geral, os PCNs trazem as diferentes
dimensões dos conteúdos e propõe um relacionamento com grandes problemas da
sociedade brasileira, sem, no entanto, perder de vista o seu papel de integrar o cidadão
na esfera da cultura corporal. Os PCNs buscam a contextualização dos conteúdos da
Educação Física com a sociedade que estamos inseridos, devendo a Educação Física
ser trabalhada de forma interdisciplinar, transdisciplinar e através de temas transversais,
favorecendo o desenvolvimento da ética, cidadania e autonomia.
E da importância do trabalho interdisciplinar na área da saúde e na necessidade
de se reconhecer a imprescindibilidade das ações realizadas pelos diferentes
profissionais de nível superior, no ano de 1997 o Conselho Nacional de Saúde (BRASIL.,
1997) reconhece os profissionais de Educação Física como profissionais de saúde de
nível superior.
A partir deste resgate histórico podemos perceber que a Educação Física se
desenvolveu de acordo com as demandas do tempo e da sociedade em que ela estava
inserida. Como disciplina escolar, área acadêmica ou profissão regulamentada, a
Educação Física passou a ser vista como uma das áreas líderes no processo que visa
educar, motivar para mudanças e criar oportunidades para que as pessoas atinjam
plenamente seu potencial humano e tenham melhores condições de saúde.
As universidades passaram a ter uma responsabilidade ainda maior na produção
do conhecimento, seja na identificação de problemas, descrição de características das
populações e sua associação com saúde e qualidade de vida, na experimentação de
novos processos e na formação de profissionais mais competentes e em consonância
com as expectativas da sociedade.
O profissional de Educação Física tem na sua formação a oportunidade de ser o
agente transformador na qualidade de vida do sujeito e consequentemente, da sociedade
e a promoção da saúde está entre uma das possibilidades de sua atuação.
A promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade
para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde. Pode ser definida, também
como uma combinação de apoios educacionais e ambientais que visam atingir ações e
condições de vida conducentes à saúde. Uma das metas da promoção da saúde é o
impulso à cultura da saúde e ao estilo de vida saudável, dando prioridade às questões da
saúde, entre elas a prática de atividades físicas.
Não podemos falar de promoção da saúde sem comentar educação em saúde,
pois são conceitos correlacionados. Educação em saúde é entendida por “quaisquer
combinações de experiências de aprendizagem delineadas com vistas a facilitar ações
voluntárias conducentes à saúde” (PEDROSA, 2001, p. 270).
Como afirma Forte (1998), a educação em saúde deve ter como pressuposto
básico o respeito à dignidade humana. É um dos componentes fundamentais a serem
utilizados nas estratégias para a promoção da saúde, pois contribui para conscientizar as
pessoas, oferecer condições para que os indivíduos possam analisar criticamente sua
realidade, capacitar os sujeitos para conquistarem o controle da sobre sua vida e saúde,
enfim, fornecer conhecimentos para libertação e mudança.
Assim, a prática de atividades físicas, como um meio da educação em saúde, é
um processo educativo que visa informar, capacitar e levar a toda a comunidade seus
benefícios, estando desta maneira, contribuindo para a promoção da saúde e a qualidade
de vida.
Diante do acima exposto podemos entender que a promoção da saúde e a
educação em saúde são inseparáveis, destacando que a educação em saúde procura
alterar comportamentos individuais, enquanto que a promoção de saúde, embora sempre
inclua a educação em saúde, visa mudanças organizacionais, que sejam capazes de
beneficiar um setor da comunidade. A Promoção da Saúde só se concretiza com o
conjunto de ações educativas, tornando o indivíduo e seu grupo social saudáveis,
podendo esta ser uma das atuações do profissional de Educação Física.

REFLITA

“A falta de atividade física destrói a boa condição de qualquer ser humano,


enquanto o movimento e o exercício físico metódico o salva e o preserva”. ... “Para o
homem se manter sadio não basta se alimentar, mas também praticar algum tipo de
movimento”.
Fonte: PLATÃO - filósofo grego e da Humanidade (427 a.C. – 347 a.C.)

#REFLITA#
2 POLÍTICAS PÚBLICAS E A SAÚDE: FOCO NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Caro aluno, você sabia que as aproximações entre a Educação Física e as


políticas públicas de saúde são recentes?
Esta área do conhecimento vem conquistando seu espaço, não só na área da
saúde, mas recentemente, na área da Saúde Pública e na gestão dos distritos sanitários,
o que foi impulsionado, também, pela Resolução n. 218, de 06 de março de 1997,
instituída pelo Conselho Nacional de Saúde, a qual inseriu a Educação Física no rol das
profissões da Saúde (BRASIL, 1997).
Esta inserção representa assim, integrar áreas de conhecimento como a Educação
Física e a Saúde Pública, de forma interdisciplinar, significa estar presente nas principais
instâncias e fóruns de discussão e pesquisa em saúde, que se concretizam na elaboração
e implementação de planos e políticas públicas dirigidos para a melhoria das condições
de vida da população (CARVALHO, 2007).
Na história recente, é perceptível a ampliação do campo de intervenção e
interlocução da educação Física na área da saúde. temos como exemplos práticos na
dimensão das políticas públicas a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS)
publicada em 2006a, que contempla ações relativas às atividades físicas/práticas
corporais (af/pc); a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)
também de 2006, que destaca particularmente as práticas corporais relacionadas à
Medicina Tradicional Chinesa; os processos de estruturação e implementação dos
Núcleos de Apoio de Saúde à Família (NASF)1 a partir de 2008, que formalizam a
participação do profissional específico junto às equipes de apoio que atuam nas Unidades
Básicas de Saúde (UBS); e, mais recentemente, em 2011, o Programa Academia da
Saúde, que busca contribuir para a promoção da saúde da população por meio da
implantação de centros de af/pc, de lazer e modos de vida saudáveis denominados de
Pólos da Academia da Saúde. Portanto, é possível perceber uma institucionalização dos
conteúdos e das ações da educação física na atenção básica à saúde, o que sugere uma
mudança nos modos de fazer o trabalho em saúde e maior articulação com o campo.
Nesse sentido, aproximações com o conceito de “saúde ampliada” podem contribuir para
direcionar o olhar do profissional da área específica para compor com outros profissionais
no trabalho multidisciplinar, questionar as relações de poder entre profissionais e
usuários; e não perder de vista os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), que já
estudamos, mas é importante recordar: a universalidade, que garante o direito à saúde e
o acesso ao conjunto de ações e serviços oferecidos pelo sistema de saúde; a
integralidade, que pressupõe tanto o reconhecimento das distintas dimensões
relacionadas com o processo saúde-doença, quanto à prestação continuada do conjunto
de ações e serviços com o propósito de assegurar promoção, proteção, cura e
reabilitação para sujeitos e coletividades; e a equidade, que diz respeito à prioridade na
oferta de ações e serviços aos segmentos populacionais que apresentam maiores
chances de adoecer ou morrer em função de questões socioeconômicas, como a
distribuição desigual de renda, de bens e serviços (VASCONCELOS; PASCHE, 2007).
As políticas públicas de saúde, seja na dimensão da formação profissional, seja
na da intervenção prática, têm importância fundamental nos modos de pensar e agir em
saúde no Brasil. E, no caso da Educação Física, as mudanças já são visíveis

1
2. É a portaria Nº 154, de 24 de janeiro de 2008, que faz referência ao NASF. Dois tipos de núcleos podem
ser implementados e incluem o profissional de Educação Física. O NASF 1 deve ser formado por cinco
profissionais, no mínimo, de diferentes formações: Assistente Social; Profissional de Educação Física;
Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Acupunturista; Médico Ginecologista; Médico
Homeopata; Médico Pediatra; Médico Psiquiatra; Nutricionista; Psicólogo e Terapeuta Ocupacional. O
NASF 2 só pode ser implementado em municípios com densidade populacional abaixo de 10 habitantes
por quilômetro quadrado, e deverá ser composto por três profissionais, no mínimo, de diferentes formações:
Assistente Social; Profissional de Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo;
Nutricionista; Psicólogo e Terapeuta Ocupacional.
especialmente no que se refere às práticas corporais. A PNPS (BRASIL, 2006a), por
exemplo, sugere que às pc/af aconteçam na rede básica de saúde e na comunidade, e
traz orientações, entre outras, como:

[...] mapear e apoiar as ações de práticas corporais/atividade física existentes nos


serviços de atenção básica e Estratégia de Saúde da Família e inserir naqueles
onde não há ações; ofertar práticas corporais/atividade física como caminhadas,
prescrição de exercícios, práticas lúdicas, esportivas e de lazer, na rede básica
de saúde, voltadas tanto para a comunidade como um todo quanto para grupos
vulneráveis [...].

Podemos perceber que ainda há uma prevalência do modelo mecanicista em


saúde, pautado nas Ciências Naturais onde o corpo é visto como destituído de uma
subjetividade e neste sentido, Fensterseifer (2006) alerta que é preciso evitar na
educação física, a reprodução de modelos “aplicacionistas” que acabam criando uma
relação instrumental em que o profissional é sujeito e o aluno é objeto. Para o autor, é
necessário agregar a contribuição das Ciências Humanas e da Filosofia, uma vez que
atuamos com pessoas e suas subjetividades e não somente com a dimensão física dos
corpos. Desse modo, a intervenção do profissional de saúde, “[...] mesmo que no espaço
da clínica, passa a assumir uma dimensão ético-política distinta à medida que configura
outra possibilidade de mundo, na qual, espera-se, as pessoas sejam respeitadas em suas
queixas, dores, prazeres e histórias [...]” (FENSTERSEIFER, 2006, p. 100).
Complementando o que foi discutido até aqui, Oséias (1999, p. 76) traz que:

É possível pensarmos, enquanto profissionais em Educação Física, numa


proposta política que não seja excludente e que proporcione a inserção da
maioria da sociedade em espaços possíveis para o desenvolvimento do esporte
e do lazer com a característica popular.

Conclui-se então que promover intervenções de políticas públicas é um processo


de democratização também da saúde, quando esta é reconhecida nos seus aspectos
biológicos, mas também nas relações sociais, manifestadas particularmente em cada
indivíduo.
3 SISTEMA PÚBLICO E PRIVADO DE SAÚDE: EDUCAÇÃO FÍSICA E SEU PAPEL

Querido aluno, a Educação Física está cada vez mais inserida nos ambientes
públicos e privados de promoção, prevenção e reabilitação em saúde e neste tópico
iremos estudar sobre esse assunto.
Falando primeiramente do sistema público de saúde e diante dos problemas que
a sociedade enfrenta relacionados à saúde, sejam estes causados pelo estresse,
sedentarismo ou pela hereditariedade, o governo apresenta um projeto visando melhorar
a qualidade de vida das pessoas. Um exemplo desse trabalho, com origem no ano de
1994 e proposto pelo Governo Federal é o Programa Saúde da Família (PSF), com o
objetivo de implementar a atenção básica. Essas questões estão diretamente
relacionadas à saúde pública, que expressa o conjunto de medidas para promover,
preservar e recuperar a saúde no interior do aparelho do Estado.
O Programa Saúde da Família (PSF), Dias et al. (2007) é uma estratégia do
Sistema Único de Saúde (SUS), criado pelo Ministério da Saúde do Brasil em 1994, para
a vigilância, prevenção e tratamento de alguma doença de forma completa, baseando-se
em estatísticas epidemiológicas em uma área e população delimitada e específica, sendo
a porta de entrada para o Sistema de Saúde.
De acordo com o autor a Estratégia Saúde da Família é baseada na territorialidade
e descrição da população a ser atendida nas Unidades Básicas de Saúde pelas Equipes
da Saúde da Família, são constituídas por uma equipe multiprofissional, a qual, por sua
vez, pode ser definida como uma rede de relação entre pessoas, poderes, saberes, afetos
e desejos em que é possível identificar os processos grupais, equipe está constituída em
grande parte por enfermeiros, médicos, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários
de saúde.
O Programa Saúde da Família (PSF) é tido também como uma das principais
estratégias de reorganização dos serviços e de reorientação das práticas profissionais no
nível de assistência, promoção da saúde, prevenção de doenças e reabilitação, e traz
muitos e complexos desafios a serem superados para consolidar-se como tal.
O objetivo do PSF é atender a raiz do problema, evitando que ele evolua,
diminuindo os gastos com a saúde e proporcionando, consequentemente, uma melhor
qualidade de vida para a população. Esses atendimentos são realizados, como informa
Dias et al. (2007), nas Unidades de Saúde, além dos feitos em domicílio pelos
profissionais de saúde.

O Programa de Saúde da Família tem como objetivo geral contribuir para a


reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica, em conformidade
com os princípios do Sistema Único de Saúde - atender a todos; atuar de maneira
integral; ser descentralizado; ser racional (oferecer ações e serviços de acordo
com as necessidades da população); ser eficaz e eficiente; ser democrático
(participação de todos) , imprimindo uma nova dinâmica de atuação nas unidades
básicas de saúde, com definição de responsabilidades entre os serviços de saúde
e a população”. (BRASIL, 1997, p. 10).

Partindo desses princípios, o PSF traz consigo grupos de apoio como o Núcleo de
Apoio à Saúde da Família (NASF) que, por sua vez, juntamente com as equipes da saúde
da família criam espaços de discussões para gestão do cuidado, como, por exemplo,
reuniões e atendimentos conjuntos, constituindo processo de aprendizado coletivo. Desta
maneira, o NASF não se constitui como porta de entrada do sistema para os usuários,
mas apoio às equipes de saúde da família, tendo como eixos a responsabilização, gestão
compartilhada e apoio à coordenação do cuidado, que se pretende, pela saúde da família.
O NASF está dividido em nove áreas estratégicas sendo elas: atividade física/práticas
corporais; práticas integrativas e complementares; reabilitação; alimentação e nutrição;
saúde mental; serviço social; saúde da criança/do adolescente e do jovem; saúde da
mulher e assistência farmacêutica. Como já estudamos em outro momento, existem duas
modalidades de NASF (NASF1 e NASF2) que correspondem à quantidade de
profissionais em suas atuações e a quantidade da população atendida, sendo que o
profissional de Educação Física pode estar inserido em ambos. Neste sentido, constata-
se que o professor de Educação Física, dentre outros profissionais, possui um papel
fundamental dentro desse projeto, e que o mesmo está inserido com uma
responsabilidade igualitária. (BRASIL, 2007)
A atividade física (AF) e a promoção da saúde são atualmente subáreas da
Educação Física (EF) de importante destaque no meio científico, no entanto, nota-se que
esse conhecimento ainda é pouco aplicado no serviço da saúde pública. Dessa forma, o
Programa de Saúde da Família (PSF), que representa uma das alternativas de
(re)orientação do modelo de atenção à saúde, e tem dentre suas diretrizes a
intersetorialidade e multidisciplinaridade, se apresenta como um possível campo de
intervenção do Professor de Educação Física que, ao ser inserido, é capaz de
desenvolver ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, compatíveis com as
metas dessa estratégia. (COQUEIRO, NERY e CRUZ, 2006)
É o Educador Físico na área da saúde que tem a capacidade de desenvolver
atividades que proporcionem melhora no indivíduo como um todo, e quando essa
iniciativa é pública, torna-se mais acessível aos indivíduos, uma vez que a maior parte da
população não possui recursos para o acesso de práticas de atividades físicas oferecidas
pelo setor privado.

O papel dos serviços de saúde, com relação à prática de atividade física, deve
ser colocar à disposição da comunidade as informações, o conhecimento e os
meios necessários para que a atividade física possa ser incorporada ao cotidiano
das pessoas, considerando suas diferentes condições, interesses e
possibilidades. (KON e CARVALHO, 2002 apud STEIN, 2009, p. 10190)

Além de desenvolver as atividades físicas mais indicadas a cada pessoa ou grupos


de pessoas, Stein (2009) analisa a situação do processo saúde-doença, discutindo a
preocupação para o desenvolvimento de um trabalho voltado à prevenção, por meio da
educação e afirma que, para se ter alcance preventivo é necessário compreender os três
níveis de prevenção, que são apresentados pela medicina como a prevenção primária;
secundária e terciária. A autora registra ainda que a Educação Física está presente neste
processo da seguinte forma: na prevenção primária a Educação Física pode atuar
desenvolvendo ações que apresentem regras sadias de vida, tanto fisiológica quanto
psicológica, como atividades prazerosas. Ela deve intervir antes que surja algum
problema, visando uma educação para a saúde. Na secundária, ela pode atuar no
prolongamento da prevenção primária, se esta não alcançar os objetivos pretendidos; e
na prevenção terciária, já atuaria no encaminhamento aos especialistas para o
tratamento e ou reabilitação das doenças. (STEIN, 209)
Constata-se que o papel da Educação Física é de grande valia e de suma
importância para o Programa de Saúde da Família, uma vez que, por meio de uma grande
variedade de ações a serem desenvolvidas, a atividade física, por si só, já desempenha
um acréscimo à saúde e à qualidade de vida. Por meio de palestras, jogos, brincadeiras
e ginásticas, é possível chegar ao bem-estar, à alegria e a uma série de benefícios ao
organismo.
Segundo Dias et al. (2007) o profissional de Educação Física, neste sentido, é
fundamental, pois compete a ele coordenar, planejar, programar, supervisionar, dirigir,
organizar, avaliar e executar todos os trabalhos e programas, realizar treinamentos
especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar
informes técnicos, científicos e pedagógicos na área da prática de atividade física regular
e do desporto.
Portanto, Ciampone e Peduzzi, citado por Quint et al. (2005), apresentam que se
faz necessário refletir, com urgência, os campos e formas de efetiva inserção do
profissional de Educação Física no sistema público de saúde, como no PSF, para a
ampliação na intervenção deste, nas ações multiprofissionais, construindo um pensar e
fazer de alta complexidade de saberes.
A Educação Física na saúde privada pode ser aplicada para reabilitação cardíaca,
após a liberação do médico cardiologista, depois de cirurgias, bem como em pacientes
com doenças renais crônicas, programas de ginástica laboral para médicos, equipes de
enfermagem e profissionais em geral da saúde que trabalham em hospitais,
procedimentos pós-cirúrgicos (sempre com liberação do médico responsável) e também
com os chamados “Doutores da Alegria”, que fazem parte da recreação hospitalar.
Na rede privada de saúde, foram criados os programas de medicina preventiva,
serviço no qual profissionais de várias áreas de estudo, como Enfermagem, Nutrição,
Educação Física e Psicologia, desenvolvem um conjunto de ações, conscientizando sobre
a importância da prevenção de doenças e da promoção da saúde, estimulando a mudança
de hábitos e de cuidados pessoais. Marega e Carvalho (2012) afirmam que a atividade
física regular é essencial para a prevenção de doenças. Cabe aos profissionais da saúde
orientarem seus pacientes sobre sua real importância e como fazê-la corretamente.
Além desses aspectos, Pinto (2009) ressalta o papel do lazer no hospital,
destacando as funções compensatórias e utilitaristas importantes para a condição dos
internados, sendo perceptíveis suas contribuições para o descanso, o relaxamento, a
meditação, a recuperação do desgaste emocional relacionado ao tratamento, a redução
da dor e do sofrimento, do tédio, o alívio do estresse e da ansiedade e até mesmo para a
“ocupação” do tempo. Constatou-se que o lazer pode contribuir como um recurso para
recuperação, tratamento e enfrentamento da internação, podendo melhorar a condição
de saúde dos pacientes internados.
O profissional de Educação Física trabalha dentro dos hospitais junto com o
nutricionista, o fisioterapeuta, o terapeuta ocupacional, médicos, entre outros profissionais
da saúde, para orientar os usuários sobre a importância de um estilo de vida saudável e
também para aliar a atividade física com o tratamento a doenças crônicas. A prática de
exercícios físicos, sem exageros e com orientação de um profissional da área, traz
benefícios para a saúde das pessoas e melhora na qualidade de vida.
Finalizamos este tópico querido aluno, entendendo que a Educação Física começa
a ganhar espaço nas equipes multidisciplinares de saúde, porém necessita-se ampliar a
discussão sobre a participação desse profissional específico no serviço público e privado.
Deve-se pensar na importância da Educação Física no serviço público e privado de saúde,
não apenas para ampliar seu campo de atuação, mas também para subsidiar uma forma
eficaz de lidar com os usuários das unidades de saúde, trazendo melhoras significativas
a eles na questão da saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final de mais uma unidade da apostila “Educação e Saúde” e


aprendemos muito até aqui, caro aluno!
Conhecemos a história da Educação Física e o seu trajeto como área da educação,
esporte, lazer e principalmente sua inserção na área da saúde. Aprendemos sobre a
estrutura das políticas públicas voltadas para a atuação do profissional de Educação Física
e sua importância. Por fim, estudamos a inserção da Educação Física enquanto prática
profissional dentro do sistema de saúde público e privado e seus desafios.
O conhecimento adquirido nessas duas primeiras unidades foi muito importante
para introduzirmos nas inúmeras questões e desafios referentes a esta área tão ampla e
desafiadora que é a atuação do profissional de Educação Física na área da saúde. Por
isso, querido aluno, precisamos seguir em frente e darmos sequência nessa caminhada,
para nos aprofundarmos e adquirirmos cada vez mais conhecimento.
Então vamos à 3ª Unidade?!
LIVRO

• Título: Educação física, esportes e corpo: uma viagem pela história


• Autor: André Mendes Capraro, Maria Thereza Oliveira Souza.
• Editora: InterSaberes.
• Ano: 2017.
• Sinopse: Nos últimos tempos, surgiram novos interesses nos estudos da educação
física, que, além das características quantitativas e fisiológicas, passaram a pesquisar
também o papel social das práticas esportivas. Nesse contexto, conhecer os processos
históricos dessa área não só contribui para que os professores a contextualizem com
propriedade como também fundamenta debates críticos sobre as atividades físicas.
Acompanhe-nos no passeio pela história da educação física e dos esportes e perceba
como fatores políticos, econômicos, socioculturais e esportivos se relacionam.
FILME/VÍDEO

• Título: Paratodos
• Ano: 2016.
• Sinopse: O documentário mostra a trajetória, a vida e os desafios de atletas
paralímpicos, que fazem parte das delegações brasileiras de natação, atletismo,
canoagem e futebol, em fase de preparação para os Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio
de Janeiro.
WEB

Pesquisa e formação em Educação Física no SUS – 25/8 (2 de setembro de 2015)

A Professora Yara direcionou sua palestra para a pesquisa e formação em


educação física voltada para o Sistema Único de Saúde (SUS). Discorreu sobre os
determinantes sociais da saúde e o processo saúde-doença no Brasil. A importância de
se conhecer por que a população ainda incorpora muito pouca atividade física no seu
cotidiano, ainda que diversos estudos acadêmicos-científicos comprovem os efeitos da
atividade física em relação à saúde. Chamou atenção para o fato de que, para além do
“gasto de calorias” promovido pela atividade física, precisamos reconhecer as
necessidades, os interesses e as expectativas da população no cotidiano de nossas
intervenções. Importância da maior e melhor interlocução entre os profissionais da saúde
frente a necessidade e vontade da sociedade. Por fim, também comentou sobre a sua
experiência com equipe multiprofissional junto às Unidades Básicas de Saúde da região
oeste do município de São Paulo e a atuação do profissional de educação física no
serviço publico de saúde, destacando os projetos de pesquisa desenvolvidos no SUS por
seu grupo de pesquisa (Corpo – Educação Física+Saúde Coletiva+Filosofia+Artes) e os
trabalhos produzidos por alunos vinculados ao Pró PET-Saúde USP-Capital, que, por sua
vez, ficaram expostos para visitação no dia do evento.

Fonte: VII Ciclo de Conferência em Educação Física e Esporte. Pesquisa e formação em Educação
Física no SUS – 25/8. 2 de setembro de 2015. Disponível em:
https://ciclodeconferenciaseefe.wordpress.com/2015/09/02/pesquisa-e-formacao-em-educacao-fisica-no-
sus-258/. Acesso em: 10 de maio de 2021.
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Lei nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961. D.O.U. de 28.7.1969, 1969.

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Novos Saberes e Práticas em Saúde Coletiva: Estudos Sobre Racionalidades
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http://www.efdeportes.com/efd114/a-importancia-da-execucao-de-atividade-fisica-
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S. et al. (Org.). Tratado de saúde coletiva. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Fiocruz,
2007.
UNIDADE III
ATIVIDADE FÍSICA EM FOCO
Professora Mestre Claudiana Marcela Siste Charal
Professora Ticiana Roberta Siste Charal
Professor Especialista Charles B. da Silva de Araujo e Souza

Plano de Estudo:
● Relação entre atividade física e saúde individual e coletiva;
● Pesquisa em saúde coletiva;
● Atividade física e doenças crônicas: definições, riscos, benefícios e
recomendações.

Objetivos de Aprendizagem:
● Relacionar atividade física e saúde individual e coletiva;
● Compreender sobre as pesquisa voltadas a saúde coletiva;
● Compreender e definir atividade física e doenças crônicas.
INTRODUÇÃO

Olá prezados(as) alunos(as), chegamos a unidade III da nossa apostila da


disciplina Educação e Saúde.
Nesta unidade abordaremos sobre temas importantes para nossa carreira
acadêmica e profissional, iremos relacionar atividade física e saúde individual e coletiva,
onde teremos a oportunidade de aprender a importância da atividade física para a saúde.
Vamos nos aprofundar sobre as pesquisas já realizadas e a serem realizadas no
âmbito da saúde, assim como sua importância. E para finalizar, teremos a oportunidade
de compreender e definir atividade física e doenças crônicas, apontando a importância,
os riscos, benefícios e as recomendações para minimizar os males causados pela
mesma.
Dessa forma, espero que assim como nós você esteja animado(a) e pronto para
adquirir conhecimentos que somará em sua carreira acadêmica e profissional.
Vamos lá?
1 RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE INDIVIDUAL E COLETIVA

A Educação Física cada vez mais tem ganhado espaço e tendo privilégios na
perspectiva biológica da saúde, assim é muito importante estabelecer pontos no qual tem
sido discutido no que discorre sobre a atividade física e saúde, como por exemplo "a
prática da atividade física ser considerada suficiente para ter boa saúde", sem que seja
considerado diversos determinantes fundamentais como: socioculturais, econômicos,
condições de vida, etc (CARVALHO, 2012).
A atividade física por muitas vezes é tida como "boa escolha", pois sua prática,
juntamente com outros aspectos voltados a qualidade de vida (tabagismo, alimentação,
etc.), auxilia na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) - diabetes,
hipertensão, doenças cardiovasculares em geral, obesidade, dentre outras, gerando a
diminuição com os gastos públicos e na forma de alcançar uma vida mais saudável
(CARVALHO, 2008).
Dessa forma, alunos(as), é necessário que os profissionais de educação física
estejam preparados para para atuar, com indivíduos e com grupos de forma prazerosa a
fim de garantir resultados positivos diante a promoção da saúde.
Uma das formas mais eficazes de promover saúde, é combatendo o sedentarismo,
para isto, é necessário dispor da atividade física voltada ao bem-estar e qualidade de
vida do indivíduo, de acordo com a genética cultura de vida, dentre outros fatores
(BRASIL, 2006a; CARVALHO, 2012).
A prática regular de atividade física pode beneficiar o indivíduo, porém segundo
Ferreira e Najar (2005) é a prática pode ser muito complexa, dessa maneira cabe ao
profissional estar atento às diversidades ligadas a aprovação e/ou rejeição dessa prática,
são algumas delas: experiências anteriores; aspectos biológicos/fisiológicos; gênero;
condição socioeconômica; aconselhamento médico; disponibilidade de tempo;
instalações e espaços adequados à prática de exercícios físico; papel da mídia; cultura
local; dentre outros.
A fim de solucionar o problema do sedentarismo e atrair o indivíduo à promoção
das atividades físicas, faz-se necessário além da atuação do professor, elaborar políticas
públicas saudáveis e intervenções ambientais favoráveis com o objetivo de agir cada vez
mais em favor de sua saúde (FERREIRA E NAJAR, 2005).
Vale ressaltar que a Promoção da Saúde no que compete a educação física, está
voltada atividade física e vêm se destacando dentre as estratégias adotadas pelo poder
público, através de estratégias voltadas a mudanças das condições de vida da população,
no qual tem como objetivo promover a prática regular da atividade física, com o intuito de
que a atividade física faça parte da rotina do sujeito (FERREIRA E NAJAR, 2005;
FERREIRA 2008).
Portanto, para que ocorra as alterações necessárias nos costumes, jeito de viver,
qualidade de vida do sujeito é essencial que mudanças no entorno social também ocorra,
pois, além de “boa vontade”, é imprescindível espaços, distribuição, acessibilidade,
oferta, para a prática de atividades físicas e dos desportos, tão bem como de
equipamentos/materiais (CARVALHO, 2012).
No contexto que abrange a saúde, acredita-se que o lazer, esporte e cultura
alcançados através da atividade física entre outros fatores, permite que seja modificada
hábitos e trajetórias de crianças e jovens, permitindo a consciência de saúde, qualidade
de vida, além de apropriação crítica e reflexiva em relação ao contexto social em que
vivem (PERES et al., 2005).
Deste modo, percebemos que nos dias atuais a relação entre atividade física e
saúde estão atrelados diante a prevenção e cura já mencionado, pois de acordo com
diversos estudos muitos estudos apresentam que exercícios devidamente prescritos
proporcionam benefícios sobre a qualidade de vida e a longevidade devido ao aumento
da reserva funcional em diversas patologias (GALLO JR et al.,1994).
Os hábitos de vida e, o efeito da atividade física sobre o indivíduo pode ser
explicado através quatro dimensões: i) morfológica – composição corporal e distribuição
de gordura; ii) funcional-motora – função cardiorrespiratória e musculoesquelética; iii)
fisiológica – pressão sangüínea, tolerância à glicose e sensibilidade insulínica, oxidação
de substratos e níveis de lipídios sanguíneos e perfil de lipoproteínas; e iv)
comportamental – tolerância ao estresse, confirmando assim que indivíduos mais ativos,
possuem menos probabilidade de óbito por doenças cardiovasculares do que pessoas
sedentárias (GUEDES, D.; GUEDES, J. 1995).
Embora a atividade física oferece diversos benefícios à saúde, é importante que
que os profissionais de educação física não desviem a atenção com a saúde, abordada
a partir das múltiplas dimensões, como: fisiológica, psicológica, estética, moral, espiritual,
recreativa e de sociabilidade (LOVISOLO, 1994).
Pois muitas vezes, de maneira errônea, a atividade física é “vendida” através dos
interesses do mercado de consumo, ou seja, relacionando a melhor saúde - como
saudável com o modelo de corpo bem delineado - perfeito, como se para aumentar a
saúde “tudo” se torna fosse possível através da atividade física (SOLOMON, 1991). Pois
a educação física deve se basear na saúde através da transformação dos hábitos de vida
no indivíduo, consequentemente diminuindo as possibilidades de mobilização social
(MONTEIRO E GONÇALVES, 2000).
Dentre os diversos benefícios que a atividade física promove a saúde do indivíduo,
podemos citar:
● Melhora na Capacidade Aeróbia - capacidade no qual depende da eficiência dos
sistemas respiratório, cardiovascular, de componentes sangüíneos adequados,
além dos componentes celulares específicos que ajudam o corpo a utilizar
oxigênio durante o exercício. Caso o indivíduo tenha déficit nos níveis do Volume
de Oxigênio Máximo, pode comprometer a saúde e a qualidade de vida do mesmo
(GUEDES, D.; GUEDES, J., 1995).
● Prevenção e/ou Controle de Doenças Cardiovasculares: através da atividade física
é possível o indivíduo manter o nível da capacidade aeróbia adequado auxiliando
no tratamento e/ou manutenção da hipertensão, perda de gordura corporal,
diminuindo o risco de acidente cardiovascular, proporcionando melhora na
qualidade de vida devido aos efeitos fisiológicos, psicológicos, emocionais e
sociais (GUEDES, D.; GUEDES, J., 1995).
● Aumento da Força e Resistência Muscular (capacidade contrátil dos músculos):
através da atividade física é possível aumentar a força e resistência muscular do
indivíduo, proporcionando diversos benefícios como: boa aparência; auxilia no
desempenho nas atividades da vida diária; melhora a aptidão física, serve como
uma profilaxia contra algumas deficiências ortopédicas. Portanto, caso exista
déficit de força e resistência muscular, o indivíduo sofrerá implicações na saúde
como: problemas posturais, risco de queda, problemas ósseos, dentre outros
fatores (GUEDES, D.; GUEDES, J., 1995).
Partindo desse pressuposto, entende-se que é necessário Políticas Públicas a fim
de elaborar estratégias para que os problemas de saúde sejam minimizados, portanto,
entende-se que ao se tratar de Políticas Públicas, entraremos em um contexto de Saúde
Coletiva, neste caso caro (a) aluno(a), você deve estar se questionando, se os
profissionais de Educação Física intercedem pela saúde, qualidade de vida e bem-estar
e afins quais são seus vínculos diante a saúde coletiva, principalmente no que compete
a Políticas Públicas?
Essa é a questão que muitos profissionais fazem, dessa forma vamos estudar
juntos sobre saúde coletiva e atividade física. Primeiramente é importante definir saúde
coletiva, assim o conceito de saúde coletiva é a nova forma de resposta social, no qual
orienta através do conceito positivo de saúde e pelo padrão da produção da saúde no
meio social (VILELA E MENDES, 2003).

REFLITA

O conjunto de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) é considerado o


principal problema de saúde da atualidade, além do tabagismo, do estresse e do estilo
de vida sedentário, que compõem fatores de risco para a saúde da população em geral.

Fonte: CONFEF (2005).


#REFLITA#

Vale ressaltar que o âmbito da promoção e prevenção da prevenção da saúde


vem mudando gradativamente a fim de se tornar o centro das atenções na área da saúde,
seja no setor público quanto no privado, e esta tem sido observada como uma estratégia
fundamental da Saúde Coletiva, se contrapondo à medicalização da sociedade em geral
(CONFEF, 2005).
A adoção de um estilo de vida ativo devido à prática regular de atividade física,
ocasiona diversos benefícios à saúde coletiva, pois possui forte relação com a prevenção
de DCNT e/ou diminuição de suas complicações, além de melhorar a qualidade de vida
dos indivíduos no geral, dessa forma, encontra-se o papel do profissional de Educação
Física neste cenário, onde o mesmo se relaciona prevenção e promoção da saúde
(SILVA, et al., 2013).
No que se refere ao contexto sanitário brasileiro, juntamente com alterações
nutricionais e demográficas, a Educação Física em Saúde Coletiva vem se destacando
de certa forma sendo reconhecida através da atividade física inserida nos protocolos da
saúde. Nas últimas décadas as atividades físicas/práticas corporais assumem junto a
políticas, estratégias e programas de combate às doenças crônico-degenerativas e de
promoção da saúde um papel fundamental (mesmo que de maneira "tímida"),
principalmente sob as perspectivas socioculturais (NOGUEIRA E BOSI, 2017).
É evidente que a saúde coletiva articula todos os componentes da saúde, sem
referenciar aspectos biológicos, políticos, sociais, etc., portanto, vale salientar que cada
aspecto tem seu enfoque em determinado momento no qual se é exigido, dessa forma o
que cabe ao campo da educação física, é a compreensão do que se esperar através
desse meio, ou seja, é necessário que um profissional tenha conhecimento sobre as
diversas patologias e os protocolos de tratamento e/ou prevenção no que diante sua
formação (neste caso - Atividade Física), porém é imprescindível analisar todo o contexto
de vida do paciente/cliente, como: valores atribuídos à atividade física, possibilidades de
praticar atividade física, hábito de vida antes, durante e após o tratamento, etc., assim
será possível de fato ter um tratamento e a busca por uma saúde melhor de maneira
eficaz (CARVALHO, 2012).
Você aluno(a), ainda deve estar se questionando, mas como posso
atender/trabalhar com a saúde coletiva? Como um profissional de Educação Física estará
inserido no âmbito das Políticas Públicas? Entendo que são muitas duvidas, portanto,
como já citado, a Educação Física vem conquistando seu espaço no que compete a
saúde, dessa forma, em diversos estados brasileiros já estão inseridos no Sistema Único
de Saúde (SUS), no qual abordaremos um pouco sobre quais as possibilidades de
intervenção da Educação Física nos Ministérios da Educação, da Saúde e do Esporte e
Lazer objetivando a promoção da saúde (SOARES, et al., 2015).
A Educação Física foi oficializada como profissão da saúde a partir da Resolução
n° 287/97 e da inserção do Programa Escola da Família (PEF), no qual está assegurada
no Sistema Único de Saúde (SUS), através do Núcleo de Apoio à Saúde
da Família - NASF, onde existem profissionais de Educação Física atuando conforme
Portaria n° 154 que o Ministério da Saúde aprovou em 24 de janeiro de 2008 (SOARES,
et al., 2015).
Dessa maneira, é possível observar o profissional da Educação Física membro da
equipe multiprofissional, assim como qualquer outro profissional (médico, fisioterapeuta,
enfermeiro, nutricionista, etc.), sendo de grande importância e destaque no enfoque de
prevenção e/ou recuperação, no que diz respeito às doenças crônicas da população, no
qual geralmente associa-se a má alimentação e ao sedentarismo, desde a infância
(SOARES, et al., 2015).
O Ministério da Saúde, dispõe que no Programa Saúde da Família, destinado ao
apoio de famílias carentes com a presença de diversos profissionais, de diversas áreas,
necessita-se de profissionais de Educação Física, pois é necessário realizar trabalhos
educativos e práticas através de exercícios físicos, a fim de "tratar" a mente e corpo do
paciente (PEREIRA, 2006; BRASIL, 1997).
Entende-se que a prática de exercícios físicos é essencial na vida das pessoas no
geral, porém deve-se considerar que existem pessoas com problemas de saúde, por este
motivo é importante ter na equipe, um profissional de Educação Física qualificado no qual
poderá realizar as devidas avaliações dos pacientes no intuito de diminuir os riscos para
poder prescrever exercícios físicos com intensidade e volume adequados de acordo com
cada paciente, considerando a idade, patologia, outras complicações, etc, que
promoverão as adaptações do organismo acarretando na melhoria da qualidade de vida
(SOARES, et al., 2015 ).
Com o crescimento da educação física no contexto da saúde, é primordial que o
profissional se mantenha sempre com sua formação em aperfeiçoamento, para estar apto
ao trabalho multiprofissional a fim de estabelecer uma relação de confiança, sintonia,
respeito, colaboração dentro da equipe de trabalho e até mesmo com o
paciente/cliente/aluno, refletindo assim novas ações.
Assim, é de grande importância apontar que, a atuação do profissional de
Educação Física também se faz necessária na área da educacional, além de academias
de ginásticas, treinamento esportivos, clubes esportivos, clubes recreativos e de lazer,
etc, e todos estes podem e devem ser trabalhados além do seu objetivo específico, a fim
de promover saúde coletiva.
2 PESQUISA EM SAÚDE COLETIVA

Queridos(as) alunos(as), é muito importante entendermos quais são os objetivos


das pesquisas relacionadas à Saúde Coletiva, pois pesquisas com este enfoque vem
crescendo aceleradamente no Brasil, e cada vez com mais relevância.
Para poder compreender sobre as pesquisas relacionadas à Saúde Coletiva, vale
transitarmos pela trajetória da pesquisa em nosso país. Na segunda metade dos anos
1960, foi elaborada a agência federal de fomento - Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), com o propósito de ser utilizada como uma ferramenta a fim de favorecer os
avanços brasileiro em pesquisas, são esses: i) financiamentos de grande porte a fundo
perdido, os “programas integrados” - por exemplo: Programa Integrado de Doenças
Endêmicas, e os programas de financiamento direto às empresas - atuação da Finep na
década de 1970, já governando o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (FNDCT) ; ii) construção da pós-graduação - revelando características
importantes das políticas de C&T no País; iii) construção do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) - em 1981 o Brasil ocupou a 27ª
posição em produção de artigos científicos, alcançando a 18ª posição em 2001
(GUIMARÃES, 2006).
No período de 2010 a 2017 o Brasil instituiu o programa ‘Ciência sem Fronteiras’
a fim de promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e
tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira, possibilitando mais de 90 mil
estudantes (graduação e pós) estudarem em universidades estrangeiras relevantes por
meio do intercâmbio e da mobilidade internacional (SANTOS, et al. 2019).
Um dado importante a ser apresentado é que em 2004 as atividades de pesquisa
em saúde representavam cerca de um terço de toda a atividade de pesquisa no país,
talvez pelo motivo de que cerca de 50% dos grupos provêm das ciências da saúde e
pouco menos de 25% das ciências biológicas - a medicina é a área do conhecimento
predominante em quase 20% dos grupos que realizam pesquisa em saúde
(GUIMARÃES, 2006), e nos dias atuais o Brasil aparece em 13º lugar no ranking de
publicações de artigos científicos ‘Research in Brazil’ (SANTOS, et al., 2019).
Nos últimos anos ocorreram mudanças positivas devida a criação dos Fundos
Setoriais e com a elaboração da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior,
da Lei da Inovação e do decreto que a regulamenta, da criação do Programa de Fomento
à Indústria Farmacêutica (Pró-Farma) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), da Lei n. 11.196 (Lei “do bem”) e do projeto de lei que
regulamenta o FNDCT. Destacam-se três aspectos nessas mudanças, são eles: i)
aumento da capacidade de incentivo; 2) ênfase ao componente tecnológico e busca da
inovação; 3) reforço do componente empresarial. As mudanças relacionadas ao reforço
dos componentes setoriais (verticais) de fomento à pesquisa são as mais importantes no
que tange o setor da saúde (GUIMARÃES, 2006).
Dessa forma, entende-se que o objetivo da pesquisa em saúde pública é fornecer
conhecimentos que acredita-se tornar concretas as visões e desejos direcionados à
saúde da população, assim permitindo a construção de novas alternativas voltadas a
prevenção de doenças, promoção da saúde e da organização de um sistema equânime
de saúde (BARRETO, 2003).
O órgão responsável pelo controle de pesquisas no Brasil CNPq (Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) registra em média 400 grupos
destinados à pesquisa à Saúde Coletiva, com um total de aproximadamente 2.500
pesquisadores. Acredita-se que as investigação e credibilidade da comunidade científica
que rege sob à Saúde Coletiva, cresce de acordo com formulação e implementação das
políticas e atividades voltadas para a saúde no país. Vale a pena citar que no momento
a pesquisa vem se definindo de acordo com riqueza transdisciplinar, devido a
diversificação das linhas de pesquisas e diferentes pesquisadores de distintos campos
de atuações, obrigando os mesmos a se capacitar para enfrentar diversos objetos de
investigação voltados a saúde no qual exige maiores esforços, conhecimentos,
construções, ações, etc (BARRETO, 2003; BARBOSA, 2010).
Você caro(a) aluno(a), deve estar se perguntando, como eu sei quando de fato
uma pesquisa pode ser impactante? Ou até mesmo se questionando, quando uma
pesquisa pode gerar uma evidência científica? Pois bem, são dúvidas que todos devem
se fazer ao iniciar uma pesquisa, principalmente ao se tratar de saúde, pois, realizar uma
pesquisa, não é apenas colher dados aleatórios, a pesquisa científica vai muito além.
Pois bem, para podermos iniciar nosso aprendizado a respeito, você saberia dizer
o que é evidência científica? A evidência científica está relacionada ao resultado da
pesquisa, ou seja, quando o delineamento elaborado através de uma metodologia
rigorosa obtém resultados com menos chances de "viés/bias" (erros que podem distorcer
os resultados).
A ciência utilizada na evidência científica é a Epidemiologia, no qual apresenta
bases matemáticas e estatísticas confrontada à prevenção de resultados tendenciosos,
assim é possível realizar uma pesquisa baseada em fatos e fundamentada em
conclusões científicas básicas e confiáveis. Assim, o desafio é capacitar profissionais
com entendimento e competência para que através da criticidade possam medir através
de análises clínicas e estatísticas os impactos da intervenção proposta, verificando a
eficácia na melhoria da qualidade de vida dos pacientes atendidos em serviços de saúde
(BARBOSA, 2010).
Destaca-se em pesquisa no âmbito da saúde quatro segmentos: pesquisa clínica
- incorpora todas as linhas de pesquisa cujo primeiro vínculo seja a psicologia, algumas
linhas vinculadas à nutrição e à farmácia; além disso, incorpora todas as linhas cujo
primeiro vínculo são as ciências da saúde, exceto as vinculadas à saúde coletiva;
pesquisa biomédica - incorpora todas as linhas vinculadas em primeiro lugar à grande
área das ciências biológicas, algumas linhas vinculadas à farmácia e à nutrição; pesquisa
tecnológica em saúde - incorpora as linhas vinculadas em primeiro lugar às engenharias
e às ciências exatas; além disso, incorpora muitas linhas vinculadas às ciências agrárias
e algumas linhas de pesquisa vinculadas à nutrição e à farmácia; e a pesquisa em saúde
pública - incorpora todas as linhas vinculadas à saúde coletiva, as vinculadas às ciências
sociais aplicadas e às ciências humanas, exceto à psicologia (GUIMARÃES, 2006).
No que se refere às possibilidades de pesquisa no ramo da saúde, Albuquerque,
et al. (2004), aponta a possibilidade da “construção combinada de um sistema de
inovação e de um sistema de bem-estar social” no qual necessita de amadurecimento,
tais como: i) internalização, pelas empresas, dos procedimentos de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D); ii) reforço às atividades de pesquisa em saúde nas
universidades e institutos de pesquisa; iii) construção de pontes mais sólidas e
permanentes do que as existentes atualmente entre empresas, instituições de pesquisa
e sistema de saúde (GUIMARÃES, 2006).
Devido a regulamentação da “Lei da Inovação abre caminho para o
estabelecimento” ser recente, ainda se encontra com os canais de apoio a projetos de
P&D diretamente ligados a elas bastante obstruídos, para que seja minimizado o
“problema” necessita articular o Sistema Setorial de Inovação em saúde enquanto
categoria econômica, ao setor de saúde enquanto categoria de inclusão social, para tanto
é fundamental utilizar-se da capacidade de compra deste ministério como instrumento de
política tecnológica, podendo assim trazer o Ministério da Saúde (MS) para o centro das
ações de P&D, garantindo o fornecimento de garantias ao BNDES e a Finep atreladas às
compras para o Sistema Único de Saúde (SUS) (medicamentos, vacinas, equipamentos
e outros) realizadas pelo MS e por secretarias de saúde (BARBOSA, 2010).
Dessa forma, prezados(as) alunos(as), as pesquisas e estudos científicos no
contexto da saúde (individual e/ou coletiva) são indispensáveis a fim de contribuir para
os sistemas de saúde buscando maior autonomia do paciente, maior participação nos
rumos, estratégias e organização dos sistemas e serviços de saúde, dessas forma é
possível manter os cuidados de saúde prudentes buscando otimizar a eficácia das
intervenções, assim será possível encontrar respostas em termos de benefícios,
objetivando a qualidade assistencial e de satisfação dos usuários.
3 ATIVIDADE FÍSICA E DOENÇAS CRÔNICAS: DEFINIÇÕES, RISCOS, BENEFÍCIOS
E RECOMENDAÇÕES

Como já dito anteriormente estimado(a) aluno(a), a atividade física pode trazer


inúmeros benefícios à saúde do indivíduo, e nos dias atuais tem sido utilizada como uma
poderosa ferramenta no combate e/ou prevenção de doenças crônicas degenerativas
não transmissíveis (DCNT).
No Brasil é observado o aumento do número de mortes por doenças crônicas
degenerativas não transmissíveis (DCNT), assim como o aumento no índice de
obesidade e sedentarismo, e tem cada vez mais se agravado devido aos maus costumes
e hábitos de vida.
Segundo a Organização da Saúde (OMS), um dos maiores problemas de saúde
pública da atualidade, é o aumento das Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANTs),
isso devido a falta de atividade física, má alimentação, abuso de bebidas alcoólicas, uso
de drogas ilícitas, estresse, dentre outros hábitos não saudáveis que possa a vir contribuir
para a manifestação para alguns tipos de doenças (SÃO PAULO (ESTADO), 2008;
PARANÁ, 2009).
WHO (2011) aponta que a obesidade mata 2,8 milhões de pessoas por ano no
mundo, no qual pode se tornar mais grave devido o passar dos anos, pois com o
envelhecimento e suas alterações fisiológicas pode aumentar a incidência de doenças
crônicas degenerativas, comprometendo o estado funcional do idoso consequentemente
diminuindo a qualidade de vida (SANTOS JUNIOR E LOLLO, 2015).
De acordo com a agenda nacional de Promoção da Saúde da Secretaria de
Vigilância em Saúde, que tem como objetivo promover modos de vida saudáveis, levando
em conta a promoção do autocuidado e/ou a autorregulação dos sujeitos e de
coletividade, para isto relacionou-se ações com os temas: alimentação saudável,
tabagismo, diabetes, atividade física e práticas integradas voltadas à saúde (BRASIL,
2010).
O Ministério da Saúde a fim de conter o avanço das DCNT, implantou o Sistema
de Vigilância para Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico (VIGITEL) objetivando identificar a distribuição e a tendência a essas doenças
consequentemente auxiliando no controle dos fatores determinantes e condicionantes
das DANTS a população brasileira de forma rápida, a pesquisa visa investigar os fatores
de risco, com o propósito de implementar medidas preventivas mais efetivas, assim
acredita-se que a mesma será capaz de produzir dados a fim que possibilitaram planejar,
executar e avaliar medidas de prevenção às DCNTs, consequentemente reduzindo a
prevalência destas doenças e custos ao sistema de saúde, óbitos, internações
hospitalares, aposentadorias precoces devido a invalidez, auxílios doenças, acredita-se
que será possível reduzir até o ano 2022, por volta de 2% os números de mortes por
DANTs (PEREIRA, 2017).
Assim, é necessário a elaboração e a prática de estratégias a fim de diminuir ou
ao menos minimizar esse mal que está preocupando os profissionais e organizações da
saúde. E uma boa resposta a esses fatores, torna-se importante utilizar da relação entre
a atividade física e a saúde objetivando a promoção da saúde e prevenção/tratamento
de doenças, pois diversos estudos apontam que a mesma está relacionada com com
menores índices de doenças, consequentemente de mortalidade (SANTOS JUNIOR E
LOLLO, 2015).
Definição:
Doenças crônicas pode ser definida como todos desvios da normalidade, no qual
apresenta as seguintes características: permanência, presença de incapacidade residual,
mudança patológica não reversível nos sistemas, necessidade de treinamento especial
para reabilitação, longo período de supervisão, cuidados e observação (SANTOS
JUNIOR E LOLLO, 2015).
A Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, afirma que as Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT) são, globalmente, as principais causas de mortalidade. As que
mais acometem a população são as doenças do aparelho circulatório, neoplasias
malignas, diabetes mellitus e doenças respiratórias crônicas. E apontam que essas
doenças caracterizam-se por ter uma etiologia múltipla, muitos fatores de risco (sendo os
principais o uso de tabaco, consumo nocivo de álcool, alimentação não saudável e
atividade física insuficiente), lon-gos períodos de latência, curso prolongado, origem não
infecciosa e também por associa-rem-se a deficiências e incapacidades funcionais
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como doenças crônicas as
doenças cardiovasculares (cerebrovasculares, isquêmicas), as neoplasias, as doenças
respiratórias crônicas e a diabetes mellitus, além de incluir nesse rol aquelas doenças
que contribuem para o sofrimento dos indivíduos, das famílias e da sociedade, tais como
as desordens mentais e neurológicas, as doenças bucais, ósseas e articulares, as
desordens genéticas e as patologias oculares e auditivas (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2008).
Considera-se que todas elas requerem contínua atenção e esforços de um grande
conjunto de equipes de políticas públicas e das pessoas em geral. Neste documento,
restringe-se o escopo das DCNT abordadas, fixando-se no cuidado integral para doenças
cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas, as neoplasias e o diabetes mellitus,
conforme adotado pela OMS, pois se referem a conjuntos de doenças que têm fatores
de risco em comum e, portanto, podem contar com uma abordagem comum para sua
prevenção (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2005).
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal/DF (2018), distingue Doenças e Agravos Nãos
Transmissíveis (DANT) - no qual trata-se de um campo amplo de doenças, pois está
relacionado desde as doenças cardiovasculares (doenças isquêmicas do coração,
doenças cérebros-vasculares e hipertensão), as chamadas crônico-degenerativas
(câncer, diabetes, doenças renais e reumáticas, etc.), os agravos decorrentes das causas
externas (acidentes, violências e envenenamentos) e os transtornos de natureza mental
são reconhecidos como os mais prevalentes no Brasil, contribuindo sobremaneira na
carga global de doenças do país das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs).
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), compõem o conjunto de
condições crônicas, que geralmente estão relacionadas a causas múltiplas, sendo
caracterizadas por início gradual, de prognóstico usualmente incerto, com longa ou
indefinida duração, apresentando curso clínico que muda ao longo do tempo, com
possíveis períodos de agudização, que podem gerar incapacidades. No cenário nacional,
as doenças cardiovasculares, que têm a hipertensão e diabetes como um importante fator
de risco para seu desenvolvimento, representam a principal causa de mortalidade no país
(OPAS/OMS BRASIL, 2010).
Além da mortalidade, as doenças crônicas apresentam forte carga de morbidades,
pois são responsáveis por um número expressivo de internações (estão entre as
principais causas de amputações e de perdas de mobilidade e de outras funções
neurológicas), levando a perda significativa da qualidade de vida, intensificando à medida
que a doença se agrava. Diante da relevância das doenças crônicas, o Plano de Ações
Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT),
foi elaborado em 2011 como o objetivo promover o desenvolvimento e a implementação
de políticas públicas efetivas, integradas, sustentáveis e baseadas em evidências para a
prevenção, o controle e o cuidado das DCNT e seus fatores de risco no Brasil. Em 2012,
foi proposta a construção da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas,
instituída pela Portaria nº 252, de 19 de fevereiro de 2013 (DISTRITO FEDERAL, 2018).

Prevenção:

Para promover a saúde e prevenir ou até mesmo minimizar os problemas


relacionados a doenças existentes no que diz respeito a doenças crônicas degenerativas
não transmissíveis, uma das alternativas utilizadas nos dias atuais é a prática da atividade
física. De acordo com WHO (1995), a atividade física é uma solução de baixo custo, com
fácil implantação e dispões de muitos custos e benefícios.
Geralmente de forma indireta pode-se relacionar a prática regular de atividade
física com a redução do consumo de álcool, tabaco e até mesmo de drogas ilícitas,
hábitos que fazem parte dos fatores de risco para a incidência de DCNT, além de prevenir
doença coronariana, hipertensão arterial, doença vascular periférica, obesidade, diabetes
mellitus tipo 2, alguns tipos de câncer (cólon, mama, pulmão e próstata) ansiedade e
depressão (CARVALHO et al., 1996; THOMPSON et al., 2007; WHO, 1995).
A Sociedade de Câncer Americana, Associação de Diabetes Americana e
Associação do Coração Americana recomendam a fim de controlar os fatores de risco
das DCNT, hábitos saudáveis como: redução no hábito de fumar, o aumento no nível de
atividade física e melhoria na qualidade da alimentação (SANTOS JUNIOR E LOLLO,
2015).
As doenças crônicas e outras patologias podem ser reduzidas a devido a:
melhorias no sistema cardiovascular; melhorias no sistema muscular; controle da
composição corporal; controle da pressão arterial; melhorias na regulação da
sensibilidade à insulina, dessa maneira o exercício físico é um grande aliado, servindo
como uma das principais estratégia de prevenção, pois a mesma é capaz de auxiliar sob
a melhora da aptidão funcional, atenuar a degeneração provocada pelo envelhecimento
nos domínios social e psicológico, na manutenção da composição corporal, etc.
(ANDRADE et al., 2008; ACSM, 1998; SANTOS JUNIOR E LOLLO, 2015).
A Atividade física promove consequências positivas contra as DCNT, de acordo
com Pereira, et al. (2017) a atividade física pode ser definida como qualquer movimento
corporal gerado através da musculatura esquelética resultando gasto energético acima
dos níveis de repouso, esta pode ser dividida em: atividades de trabalho, deslocamento,
atividade doméstica e tempo livre. Portanto, como já mencionado, a atividade física pode
acarretar em inúmeros benefícios para a sociedade, contribuindo para a diminuição de
complicações relacionadas ao diabetes, reduzindo o peso corporal, melhorando a
capacidade do sistema cardiovascular, proporcionando maior disposição para as
atividades cotidianas, além de beneficiar a saúde pública (ALMEIDA et al., 2012)
Com a elaboração de programas de educação em saúde, acredita-se que haverá
mudanças no comportamento da população no geral, diminuindo o sedentarismo, hábitos
alimentares inadequados e consequentemente minimizando as doenças associadas
(SILVEIRA & SILVA, 2011).
Vários países discutem estratégias de intervenções a fim de mudar o estilo de vida
da população, reduzindo os fatores de riscos modificáveis que levam às DANTS, para
que seja possível melhorar a saúde de vida de maneira global, portanto, mesmo com
inúmeras tentativas ainda não houve sucesso nas campanhas voltadas à promoção da
saúde, mas o primeiro passo foi dado, pois o Sistema Único de Saúde no qual oferece a
atenção básica está envolvida com a causa, e uma de suas prioridades é a abordagem
preventiva envolvendo a prática de educação em saúde, investigando desde os hábitos
de vida até os aspectos sociais dos pacientes (PEREIRA, et al., 2017).

Exemplos de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT):

Dislipidemia (Colesterol Alto):

Níveis elevados de colesterol no sangue e a presença de cardiopatia coronária já


está bem definida. Vários estudos já mostraram que as reduções dos níveis de colesterol
no sangue reduziram o risco de infarto agudo do miocárdio e a mortalidade por doenças
cardiovasculares.
A incidência de doenças cardiovasculares ocorre devido a hábitos alimentares
errôneos e ao crescente modo de vida sedentário (SIMÃO, 2008).

Diabetes mellitus tipo 2:

Também chamado diabetes (não-insulino dependente) é caracterizado pela


alteração comum que afeta o metabolismo dos açúcares em nosso corpo. Indiretamente,
o metabolismo das gorduras e proteínas também são afetados devido esses nutrientes
serem geradores de glicose (açúcar) - combustível básico para o nosso corpo.
A principal característica do diabetes é a hiperglicemia, o diabetes tipo 2, não é
considerado o mais grave, porém seu diagnóstico é o mais difícil, pois os sintomas
raramente aparecem na sua fase inicial.
As complicações mais comuns são neuropatias, retinopatia e doença
cardiovascular, no qual muitas vezes são adquiridas a partir de um diagnóstico tardio ou
de um acompanhamento errôneo do tratamento por parte dos pacientes. Essas
complicações têm um impacto negativo sobre a expectativa de vida ativa, debilitando ou
incapacitando os seus portadores (SIMÃO, 2008).

Obesidade:

Considerada a epidemia do século XXI, a obesidade é um distúrbio nutricional


relacionado com o excesso de ingestão de calorias. Ela está associada a outras doenças,
como as doenças coronarianas, hipertensão, diabetes mellitus, dislipidemias, doenças da
vesícula biliar, osteoporose e alguns tipos de câncer, aumentando a morbidade e a
mortalidade (SIMÃO, 2008).

Artrite:

Trata-se de uma patologia caracterizada a partir de uma inflamação na articulação


podendo ser inchaço, vermelhidão e dor causada por tecido lesionado ou enfermidade
na articulação.
Existem vários tipos de artrite, no qual engloba apenas uma parte das doenças
reumáticas são elas: Osteoartrite, Artrite reumatoide, Fibromialgia, Lúpus eritematoso
sistêmico, Esclerodermia, Artrite reumatoide juvenil, Espondilite anquilosante e Gota.
Certas enfermidades reumáticas são descritas como doenças do tecido, porque
afetam o tecido conectivo do organismo, a estrutura de suporte do corpo e seus órgãos
internos, portanto encontramos outras doenças conhecidas como autoimunes devido ser
causadas por problema no qual o sistema imunológico danifica os próprios tecidos sadios
do corpo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA, 2002).
Osteoporose:

É definida como a diminuição da massa óssea. A atividade física torna-se


importante para prevenção e tratamento da osteoporose devido a promoção do bem
estar, melhora a qualidade de vida, aumento da massa muscular e consequentemente a
massa óssea.
Vale ressaltar que durante a realização da atividade física, com a contração da
musculatura, ocorre deformação e o osso interpreta esta deformação como um estímulo
à formação. Já quando há inatividade, o osso é reabsorvido em maior velocidade do que
é formado, ocorrendo a osteoporose (AFONSO, 2008).

Recomendações:

Para tanto alunos(as), partindo das definições de WHO (1995), de saúde como “o
completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou
invalidez”, e atividade física que para McArdle et al. (2003) é definida como todo
movimento
realizado pelo sistema muscular esquelético que resulta em gastos calóricos acima dos
observados em repouso.
Assim, é necessário elaborar planos de atividades físicas a fim de realizar a
manutenção da saúde e prevenção de DCNT, principalmente no que rege a exercícios
voltados à flexibilidade, capacidade aeróbica e força (MCARDLE et al., 2003).
Para se trabalhar com segurança e modalidade adequada, é necessário que o
profissional responsável pela elaboração do programa de treinamento para saúde,
considere os interesses individuais, analisando diversos pontos essenciais como: quadro
clínico, o uso de medicações e preferências de atividades, etc. Desta forma será possível
ajustar a atividade de acordo com modalidade, intensidade, duração, frequência e
progressão, fatores importantes para a elaboração e prescrição de um programa de
atividades física individualizado independentemente da idade (ACSM, 1998).
Podemos citar os seguintes treinamentos:
Figura 1 - Treino Aeróbio:

Fonte: American College Science Medicine (ACSM, 1998).

Treino de Força: indicado para desenvolver e manter massa muscular magra, e


promover nível satisfatório de força muscular (ACSM, 1998).
Figura 2 - Treino de Força

Fonte: American College Science Medicine (ACSM) (1998).

Treino de Equilíbrio:

A atividade física voltada para a melhoria da mobilidade física e a estabilidade


postural, estão diretamente relacionadas com a diminuição de quedas. Para tanto deve-
se utilizar de programas de exercícios de intensidade leve (THOMAS, 2000), para mais
é importante ressaltar que exercícios aeróbio e de força auxiliam no equilíbrio do
indivíduo.
Portanto queridos(as) alunos, vale lembrar que a prescrição de um programa de
treinamento objetiva-se em melhorar a aptidão física, promover saúde, adesão e
autonomia dos indivíduos e reduzir os fatores de risco para incidência de doenças
possibilitando alcançar o máximo de benefício ofertado e o mínimo de risco, tornando
assim, pessoas fisicamente ativas. Para tanto, se torna necessário realizar mudanças
através de treinamento físico regular através de avaliações periódicas, possibilitando
ajustes na prescrição de exercícios de acordo com a intensidade e duração aumentando
a habilidade do programa perpetuar mudanças a longo prazo (SANTOS JUNIOR E
LOLLO, 2015).
SAIBA MAIS

Para medir o nível de atividade física, a OMS desenvolveu o Questionário


Internacional de Atividade Física (QIAF). Este questionário ajuda os países a
monitorarem a inatividade física como um dos principais fatores de risco para DCNTs.
Em 2013, a Assembleia Mundial de Saúde chegou a um consenso sobre um
conjunto mundial de metas voluntárias que inclui a redução de 25% da mortalidade
precoce provocada pelas DCNTs e de 10% na inatividade física até 2025. O “Plano de
Ação Global para a Prevenção e o Controle de Doenças Crônicas Não-transmissíveis
2013-2020” orienta os Estados Membros, a OMS e outras agências das Nações Unidas
sobre como atingir efetivamente estas metas.
A OMS está desenvolvendo, junto com a UNESCO, um pacote de políticas de
Educação Física de Qualidade (EFQ). Este pacote tem como objetivo aumentar a
qualidade da educação física no mundo e disponibilizá-la a todos.
Informações adicionais contextualizadas com o conteúdo promovem um estímulo
intelectual, além de tornar a leitura do livro mais interessante. Aqui, também há a
possibilidade do(a) professor(a) trazer curiosidades sobre o assunto ou novos pontos de
vista que enriqueçam o pensamento crítico do aluno.

Fonte: WHO Website. Organização Mundial Da Saúde Atividade Física. Folha Informativa N° 385 -
Fevereiro de 2014.

#SAIBA MAIS#
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caros(as) alunos(as) chegamos ao final de mais uma Unidade, onde podemos


aprender e abranger bastante sobre a saúde Coletiva,
Na unidade III, foi possível relacionar atividade física e saúde individual e coletiva,
onde tivemos a oportunidade de aprender a importância da atividade física para a saúde.
Foi possível aprofundarmos sobre as pesquisas já realizadas e a serem realizadas
no âmbito da saúde, assim como sua importância, as agências financiadoras e seus
objetivos. E para finalizar tivemos a oportunidade de compreender e definir atividade
física e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), apontando a importância, os riscos,
benefícios e as recomendações para minimizar os males causados pela mesma.
Assim, esperamos que o conteúdo abordado nesta unidade possa instigar você a
buscar novos conhecimentos a respeito do assunto, contribuindo assim para seu
crescimento profissional e acadêmico.
Te esperamos na próxima unidade!
LEITURA COMPLEMENTAR

Excesso de peso e obesidade

Em estudos epidemiológicos, o diagnóstico do estado nutricional de adultos é feito


a partir do índice de massa corporal (IMC), obtido pela divisão do peso, medido em
quilogramas, pela altura ao quadrado, medida em metros (kg/m2 ) (WHO, 2000).
O excesso de peso é diagnosticado quando o IMC alcança valor igual ou superior
a 25 kg/m2 , enquanto a obesidade é diagnosticada com valor de IMC igual ou superior
a 30 kg/m2 .
Esses critérios são os utilizados pelo Vigitel para analisar as informações sobre
peso e altura fornecidas pelos entrevistados. Excesso de peso A frequência de adultos
com excesso de peso variou entre 49,1%, em Vitória, e 60,9%, em Manaus.
As maiores frequências de excesso de peso foram observadas, entre homens, em
Campo Grande (63,7%), Porto Alegre (63%) e Porto Velho (62,2%); e, entre mulheres,
em Manaus (60,8%), Recife (58,8%) e no Rio de Janeiro (56,3%). VIGITEL Brasil 2019
37 As menores frequências de excesso de peso, entre homens, ocorreram em Salvador
(47,2%), Vitória (50,6%) e Macapá (53%); e, entre mulheres, em Palmas (43,7%), São
Luís (44,4%), Vitória e Goiânia (47,8%).

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE. VIGITEL BRASIL 2019 (2020).


LIVRO

• Título: A Educação Física no Serviço Público de Saúde


• Autor: Fabiana Fernandes de Freitas.
• Editora: Hucitec.
• Ano: 2007.
• Sinopse: Este livro apresenta uma discussão a respeito da relação entre Educação
Física e Saúde, do ponto de vista teórico-conceitual e também da intervenção. Como
contraponto ao que predomina na área específica, o texto resulta de uma aproximação
com conceitos e problemas do campo da saúde coletiva e de uma experiência com a
Educação Física no âmbito da atenção primária no Centro de Saúde Escola Samuel B.
Pessoa no Distrito Butantã, em São Paulo. Desenvolve, especialmente, considerações
acerca da atuação do profissional no serviço público de saúde.
FILME/VÍDEO

• Título: 100 METROS


• Ano: 2017
• Sinopse: Um homem diagnosticado com esclerose múltipla questiona as limitações do
seu corpo e, com a ajuda do sogro, treina para uma prova de Ironman.
REFERÊNCIAS

ACSM. Exercise and physical activity for older adults. Med Sci Sports Exerc., v. 30: p.
992-1008, 1998.

AFONSO, M. C. Osteoporose: Como prevenir? A doença


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saude.pt/jornal/. Acessado em:
26 de setembro de 2008.

ALBUQUERQUE, E. M., et al. Pesquisa e inovação em saúde: uma discussão a partir


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UNIDADE IV
ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Professora Mestre Claudiana Marcela Siste Charal
Professora Ticiana Roberta Siste Charal
Professor Especialista Charles B. da Silva de Araujo e Souza

Plano de Estudo:

● Gestão em saúde;
● Profissional de Educação Física na prevenção, promoção, proteção e
reabilitação da saúde;
● Projetos e programas de Educação Física na Saúde.

Objetivos de Aprendizagem:

● Conceituar e contextualizar gestão em saúde;


● Compreender a importância do Profissional de Educação Física na
prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde;
● Identificar os Projetos e Programas de Educação Física na Saúde.
INTRODUÇÃO

Queridos(as) alunos(as), chegamos a última unidade da nossa apostila da


disciplina Educação Física e saúde, e neste momento, iremos estudar sobre qual é a
atuação do Profissional de Educação Física no âmbito da saúde, para isso,
iniciaremos nosso conteúdo conceituando e contextualizando gestão na saúde.
Logo, abordaremos o tema sobre a importância do Profissional de Educação
Física na prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, a fim de
compreender qual a necessidade e dever deste profissional no contexto da saúde.
E por fim, identificaremos os projetos e programas no qual a Educação Física
está inserida no que refere-se à Saúde.
Portanto, esperamos que ao final desta unidade você caro(a) acadêmico(a),
esteja engajado(a) sobre qual é, e será sua atuação como um profissional promotor
da saúde.
Bons estudos!
1 GESTÃO EM SAÚDE

A gestão na saúde é muito importante no que tange a saúde no geral, assim é


importante distinguir gestão de gerência, dessa forma queridos(as) alunos(as),
entenda que no âmbito da gestão na saúde Gerência está relacionada com a
administração de uma unidade ou órgão de saúde caracterizada como prestadores de
serviços, enquanto Gestão é a atividade e responsabilidade em comandar um sistema
de saúde, no qual tem funções a serem exercidas como coordenador, articulador,
negociador, avaliador, controlador, a pessoas responsável por planejar, acompanhar
e realizar auditorias (CONASS, 2003).
Assim, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, em parceria com o
Ministério da Saúde, com objetivo de dar as boas-vindas aos novos Secretários de
Saúde dos Estados e do Distrito Federal e qualificar as suas equipes que assumiram
em janeiro de 2003, elaboraram o Progestores (Programa de Informação e Apoio
Técnico às Novas Equipes Gestoras Estaduais do SUS de 2003), a fim de informar e
capacitar através de aspectos essenciais da gestão do sistema, no que foi utilizado
também para o SUS (Sistema Único de Saúde) (CONASS,2003).
Para que você aluno(a) possa entender melhor, os conceitos das funções do
SUS segundo Souza (2002) são:
- É necessário definir os gestores do SUS e suas funções antes de discutir o
papel de cada esfera de governo no mesmo.
- Os gestores do SUS representam cada esfera de governo e são designados
para desenvolver as funções do Executivo na saúde.
- Os gestores do SUS são responsáveis por implementar as políticas na área da
saúde através das práticas de gestão e um conjunto articulado de saberes.
Dessa forma, é possível classificar quatro grupos de funções de gestão no que
compete ao ramo da saúde: (a) formulação de políticas/planejamento; (b)
financiamento; (c) coordenação, regulação, controle e avaliação (do sistema/ redes e
dos prestadores públicos ou privados); (d) prestação direta de serviços de saúde” (id,
ibid).
Vale ressaltar que a legislação, diversas normas e portarias editadas do SUS,
divide sua gestão em três níveis (esferas) de governo, no sentido de definir e
diferenciar cada papel, porém, a Constituição Federal estabelece os princípios,
diretrizes e competências do Sistema Único de Saúde, mas não define
especificamente o papel de cada esfera de governo no SUS. Os detalhes das
competências e atribuições de cada nível/esfera (nacional, estadual e municipal)
podem ser encontrados na Lei Orgânica da Saúde/Lei 8.080/90 (CARVALHO;
SANTOS, 1995).
Figura 1 - Estrutura Institucional e Decisória do SUS

Fonte: CONASS (2003).

Lei Orgânica da Saúde - 8.080/90 - esta lei define algumas atribuições da gestão à
saúde, como:

I) Definir instâncias e mecanismos de controle, avaliação e de fiscalização das ações


e serviços de saúde; II) Administrar os recursos orçamentários e financeiros anuais
destinados á saúde; III) Acompanhar, avaliar e divulgar o nível de saúde da população,
tão bem como das condições ambientais; IV) Organizae e coordenar o sistema de
informação em saúde; V) Elaborar as normas técnicas e estabelecer padrões de
qualidade, parâmetros de custos voltados à saúde e à saúde do trabalhador em
específico; VI) Participar na formulação da política e na execução das ações de
saneamento básico e colabor na proteção e recuperação do meio ambiente; VII)
Elaborar e atualizar periódicamente os planos de saúde; VIII) Participar na formulação
e execução da política de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a
saúde; IX) Elaborar propostas orçamentárias do Sistema Único de Saúde – SUS de
conformidade com plano de saúde e as normas a fim de regular as atividades de
serviços privados de saúde; X) Realizar operações externas de natureza financeira de
interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal; XI) Requisitar indenização junta
ssegurada, para perigo eminente, de calamidade pública ou irrupção de epidemias;
XII) Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados; XIII)
Celebrar convênios, acordos e protocolos internacionais relativos à saúde,
saneamento e meio ambiente; XIV) Elaborar normas técnico-científicas de promoção,
proteção e recuperação da saúde; XV) Articular com os órgãos de fiscalização do
exercício profissional e outras entidades representativas da sociedade civil para definir
e controlae os padrões éticos para a pesquisa, ações e serviços de saúde; XVI)
Articular a política e os planos de saúde; XVII) Realização pesquisas e estudos no
campo da saúde; XVIII) Definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscalização
inerentes ao poder de polícia sanitária e por fim, XIX) Fomentar, coordenar e executar
programas e projetos estratégicos e de atendimento emergencial (CONASS, 2003).

Figura 2 - Fluxograma Hierárquico Do Sus

Fonte: (RAMOS E RODRIGUES, 2021).

Das competências da Gestão da União - Governo Federal

À direção nacional do Sistema Único de Saúde compete:

● Formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição;


● Participar na formulação e na implementação das políticas de controle das
agressões ao meio ambiente, de saneamento básico e relativas às condições
e aos ambientes de trabalho;
● Definir e coordenar os sistemas de redes integradas de assistência de alta
complexidade, de rede de laboratórios de saúde pública, de Vigilância
Epidemiológica e Vigilância Sanitária;
● Participar da definição de normas e mecanismos de controle, com órgãos afins,
de agravo sobre o meio ambiente ou dele decorrentes, que tenham
repercussão na saúde humana;
● Participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das
condições e dos ambientes de trabalho e coordenar a política de saúde do
trabalhador;
● Coordenar e participar na execução das ações de Vigilância Epidemiológica;
● Estabelecer normas e executar a Vigilância Sanitária de portos, aeroportos e
fronteiras, podendo a execução ser complementada pelos Estados, Distrito
Federal e Municípios;
● Estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle da qualidade
sanitária de produtos, substâncias e serviços de consumo e uso humano;
● Promover articulação com os órgãos educacionais e de fiscalização do
exercício profissional, bem como com entidades representativas de formação
de recursos humanos na área de saúde;
● Formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução da política nacional
e produção de insumos e equipamentos para a saúde, em articulação com os
demais órgãos governamentais;
● Identificar os serviços estaduais e municipais de referência nacional para o
estabelecimento de padrões técnicos de assistência à saúde;
● Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para
a saúde;
● Prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios para o aperfeiçoamento da sua atuação institucional;
● Elaborar normas para regular as relações entre o Sistema Único de Saúde e
os serviços privados contratados de assistência à saùde;
● Promover a descentralização para as Unidades federadas e para os
Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectivamente de abrangência
estadual e municipal;
● Normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacional de Sangue,
Componentes e Derivados;
● Acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas
as competências estaduais e municipais;
● Elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito do SUS, em
cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Federal;
● Estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a avaliação técnica e
financeira do SUS em todo o Território Nacional, em cooperação técnica com
os Estados, Municípios e Distrito Federal.

Das competências da Gestão do Estado - Governo Estadual

À direção estadual do Sistema Único de Saúde compete:

● Promover a descentralização para os municípios dos serviços e das ações de


saúde;
● Acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do Sistema Único de
Saúde;
● Prestar apoio técnico e financeiro aos municípios e executar supletivamente
ações e serviços de saúde;
● Coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços: de
Vigilância Epidemiológica, de Vigilância Sanitária, de alimentação e nutrição e
de saúde do trabalhador;
● Participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agravos do meio ambiente
que tenham repercussão na saúde humana;
● Participar da formulação da política e da execução de ações de saneamento
básico;
● Participar das ações de controle e avaliação das condições e dos ambientes
de trabalho;
● Em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar e avaliar a política de
insumos e equipamentos para a saúde;
● Identificar estabelecimentos hospitalares de referência e gerir sistemas
públicos de alta complexidade, de referência estadual e regional;
● Coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros e
gerir as unidades que permaneçam em sua organização administrativa;
● Estabelecer normas, em caráter suplementar para o controle e avaliação das
ações e serviços de saúde;
● Formular normas e estabelecer padrões, em caráter suplementar, de
procedimentos de controle de qualidade para produtos e substâncias de
consumo humano;
● Colaborar com a União na execução da Vigilância Sanitária de portos,
aeroportos e fronteiras;
● O acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indicadores de morbidade e
mortalidade no âmbito da UF.

Das competências da Gestão do Município - Governo Municipal

À direção municipal do Sistema Único de Saúde compete:

● Planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir


e executar os serviços públicos de saúde;
● Participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada
e hierarquizada do Sistema Único de Saúde, em articulação com sua direção
estadual;
● Participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições
e aos ambientes de trabalho;
● Executar serviços de Vigilância Epidemiológica, de Vigilância Sanitária, de
alimentação e nutrição, de saneamento básico e de saúde do trabalhador;
● Dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e equipamentos para
a saúde;
● Colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que tenham
repercussão sobre a saúde humana e atuar junto aos órgãos municipais,
estaduais e federais competentes para controlá-las;
● Formar consórcios administrativos intermunicipais;
● Gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;
● Colaborar com a União e os Estados na execução da Vigilância Sanitária de
portos, aeroportos e fronteiras;
● Celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços
privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua execução;
● Controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde;
● Normatizar complementarmente as ações e serviços públicos de saúde no seu
âmbito de atuação.

O contexto sobre gestão de saúde é muito abrangente, pois envolve todos os


setores da saúde da maneira mais ampla, dessa forma é necessário abordarmos
sobre a Gestão da Informação em Saúde, no qual iniciaremos discorrendo sobre:

Gestão da Informação em Saúde: Contexto Político e Estratégico

No que se refere à saúde no Brasil, constata-se a necessidade de implementar


estratégias políticas e técnicas no qual superem os limites que ainda existem na
gestão de informação em saúde.

As informações em saúde do SUS são as principais estratégias políticas em


saúde e de acordo com a Política Nacional de Informação em Saúde, obrigatoriamente
utiliza-se do fórum tripartite para se definir, onde através portaria SE/MS no 408, de
17 de outubro de 2002,instituiu o Comitê de Informação e Informática em Saúde no
âmbito da Comissão Intergestores Tripartite, composto por representantes do
Ministério da Saúde e suas instituições vinculadas, do CONASS e do CONASEMS,
cuja função era:
a) Apreciar, avaliar e sugerir propostas de ações relacionadas à informação e
informática em saúde, visando a formulação de uma Política Nacional de Informação
e Informática em Saúde (PNIIS) que contemple a gestão, capacitação,
desenvolvimento tecnológico e qualidade da informação em todos os níveis do SUS.

b) Encaminhar à CIT proposições de ações estratégicas e diretrizes políticas


voltadas para a condução da PNIIS do SUS.

c) Apreciar, avaliar e sugerir alterações nos atuais sistemas de informações


em saúde e/ou em futuros sistemas a serem propostos de base nacional.
Um dos grandes desafios na gestão da saúde é colocar em prática os
fundamentos regionais e hierárquicos dos serviços e integridade de suas ações,
subentende-se que a fim de integrar, articular e alcançar a intersetorialidade do
sistema de gestão de saúde, seja utilizado instrumentos que objetivem a integração
dos mecanismos para implementar os processos integrados de trabalho (CONASS,
2011).
Portanto, o Comitê de Informação e Informática em Saúde da Comissão
Intergestores Tripartite, torna-se responsável pela estruturação de propostas de
padronização da informação no âmbito do SUS, a serem submetidas à CIT(CONASS,
2011).
Estratégias como o compromisso de transparência do setor público de saúde é
imprescindível, de modo que a sociedade brasileira passa a ter o direito de acessar
as informações em saúde e participar ativamente das decisões sobre seu rumo, vale
ressaltar que os dados informados são absolutamente confidenciais e são submetidos
aos princípios da política de privacidade, controle de acesso e segurança (CONASS,
2011).

Com toda essa conjuntura, podemos mencionar querido(as) alunos(as), que os


grandes movimentos da gestão em saúde no século XXI parte à partir dos tópicos
apresentados abaixo:

I - Gestão das condições agudas para a gestão das condições crônicas:

● Sistemas integrados de serviços de saúde


● Conceito de condição crônica: são condições ou enfermidades
que têm um período
● Vida superior a três meses e que não se autolimitam.

➢ Exemplos de Doença no Brasil, segundo ENSP/FIOCRUZ (2000):


● Doenças Infecciosas, Parasitária E Desnutrição:14,8%
● Causas Externas: 10,2%
● Condições Maternas E Perinatais: 8,8%
● Doenças Não Transmissíveis: 66,2%
● Total Das Condições Crônicas: 75,9%
II - Gestão baseada em opiniões para a gestão baseada em evidências:

➢ Dos Custos:
● Inflação econômica: 42%
● Volume e intensidade dos procedimentos clínicos: 32%
● Inflação médica: 17%
● Envelhecimento da população: 9%

➢ Dos fatores decisórios:


● Valores;
● Recursos;
● Evidências.

➢ Das questões relacionadas:


● O que se pensa desta política?
● Há recursos para implantá-la?
● Ela está baseada em pesquisas científicas?
● As políticas de saúde têm como conceito a atenção à saúde baseada
em evidências?
● É diferente da medicina baseada em evidências?
● É a disciplina centrada em processos decisórios sobre grupos
populacionais que se fazem com base em evidências empíricas?

➢ Da operacionalização:
● Produção das evidências: os centros de pesquisa
● Disponibilização das evidências: o centro de evidência
● Utilização das evidências: os centros de decisão

III - Gestão dos meios para a gestão dos fins


Trata-se da aplicação de tecnologias de microgestão dos serviços de saúde
com o objetivo de certificar modelos clínicos eficientes e a melhoria da qualidade e
voltados para a atenção à saúde.

➢ Gestão dos meios


● Gestão dos Recursos Humanos
● Gestão dos Recursos Materiais
● Gestão dos Recursos Financeiros

➢ Tecnologias de gestão da clínica

➢ Diretrizes clínicas:
● Linhas-guia (guidelines);
● Protocolos clínicos

➔ Gestão de patologia:

Gestão de processos de uma condição ou doença que envolve intervenções


na promoção da saúde, na prevenção da condição ou doença e no tratamento e
reabilitação, envolvendo o conjunto de pontos de atenção à saúde de uma rede
assistencial, com o objetivo de melhorar os padrões qualitativos da atenção;
Possui o objetivo de mudar comportamentos de profissionais de saúde e de
usuários e programar as ações e serviços de saúde; Trata-se de um processo
cooperativo no qual se desenvolve entre o gestor de caso e o usuário para planejar,
monitorar e avaliar opções e serviços, de acordo com as necessidades de saúde da
pessoa, visando alcançar resultados custo/efetivos e de qualidade.

➔ Gestão dos riscos da clínica:

Ouvidoria dos usuários: comunicação com os profissionais, qualidade da


atenção e sistema de eventos adversos.

➔ Lista de espera:
Tecnologia que normaliza o uso dos serviços de atenção à saúde,
estabelecendo critérios de ordenamento e promovendo transparência.

➔ Auditoria clínica:

Análise crítica sistemática da qualidade da atenção à saúde, uso dos recursos


e resultados para os pacientes.

➔ Competências do gestor contemporâneo:


● Fazer as perguntas certas;
● Compreender e utilizar os critérios de evidência;
● Avaliar a qualidade das evidências apresentadas;
● Avaliar a qualidade das pesquisas científicas;
● Implementar as mudanças exigidas pelas evidências.
● Habilidades do Gestor Contemporâneo:
● Discriminar uma revisão sistemática da literatura;
● Compreender os resultados das avaliações tecnológicas e econômicas dos
serviços de saúde;
● Entender a qualidade de um ensaio clínicos;
● Saber incorporar em suas decisões os valores institucionais e sociais (SILVA,
SERRALVO, 2009).

Características importantes da gestão

A partir do momento em que compreendemos que a gestão dos Serviços


Públicos de Saúde na Atenção Básica ancora-se princípios e diretrizes dos SUS e é
influenciado pelas macropolíticas, assim podemos evidenciar três características
correspondente a estrutura da gestão:

● Foco nas pessoas/usuários: o trabalho voltado à saúde deve estar focado na


produção de serviços com qualidade às pessoas, devendo ser ajustado para o
individual e coletividade a qual cuidamos, suas necessidades, sofrimentos,
desejos e projetos de vida.
● Sensibilidade: Fundamental para entender as necessidades e problemas a
serem enfrentados no trabalho, concerne à avaliação das potencialidades e
dificuldades da equipe de trabalho e serviço, atentando-se às necessidades
das pessoas e comunidade atendidas considerando as especificidades
individuais, sociais e culturais.
● Dinamismo: Refere-se a sair da “zona de conforto” e entender que tudo muda
constantemente, dessa maneira é necessário ser dinâmico o suficiente para se
adequar as necessidades das pessoas e territórios que assistimos; as
mudanças das redes de atenção; as novas tecnologias em saúde; as
mudanças de estratégias dos diferentes níveis de gestão em saúde; e as
eventualidades, como uma epidemia, desastres ambientais, entre outros
(SILVA, SERRALVO, 2009).

Dessa forma, caro (a) aluno (a), podemos entender que a gestão em saúde é
responsável por definir critérios para que possa ser destinado os recursos
necessários, a fim de redistribuir gastos correntes e recorrentes, além de definir papéis
e articular os planos de ação, seja para órgãos públicos ou privados.
Portanto, cabe ao gestor em saúde as funções de coordenar, articular,
negociar, planejar, acompanhar, controlar, avaliar e além de realizar auditoria no que
abrange o contexto da saúde.
SAIBA MAIS

Planejamento na Gestão do Trabalho


A Lei n. 8.080, no artigo 27, afirma que a política de recursos humanos na área
da saúde será formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas de
governo, em comprimentos dos seguintes objetivos: organizar um sistema de
formação em recursos humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-
graduação, e elaborar programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal.
A gestão estratégica de recursos humanos exige articulação do conhecimento
legal das regras que regem as relações de trabalho e a administração de pessoal no
setor público, para que seja possível construir os mecanismos de flexibilização da
gestão dentro da própria administração, bem como o conhecimento específico da área
da gestão de pessoas, no sentido da adoção de processos de seleção mais refinados
e dirigidas às competências requeridas nos diferentes serviços, na construção de
parâmetros para dimensionamento de pessoal e planejamento de longo prazo, no
desenvolvimento de mecanismos e instrumentos dirigidos ao comprometimento e ao
desempenho profissional, na avaliação de desempenho e na implementação e
avaliação de políticas de educação permanente. Os gestores, portanto, necessitam
desenvolver capacidade de negociação e desenvolvimento de pessoal, porque é
evidente que um trabalhador qualificado e reconhecido no trabalho produz mais e
melhor, com compromisso e satisfação.
O novo papel regulador do estado aponta para a necessidade de instrumentos
que possibilitem a tomada de decisões, o monitoramento e a avaliação da força de
trabalho, que se configuram em elementos estratégicos para a gestão do trabalho: o
planejamento, os sistemas de informação e o controle e o monitoramento da força de
trabalho.
Planejar recursos humanos significa incluir esta temática no planejamento e
trazer para os fóruns de decisão política do SUS questões estratégicas, como o
financiamento dirigido à contratação e manutenção da força de trabalho, a qualificação
dos trabalhadores e os programas de proteção à sua saúde, dando também atenção
especial a um processo de modernização necessária aos sistemas que organizam
essas questões, para tornar ágil e transparente as ações realizadas.
O planejamento da força de trabalho é fundamental para definir o quantitativo,
o perfil e a composição dos recursos humanos necessários para atingir os objetivos,
levando em consideração as alterações que vem ocorrendo nos processos de trabalho
e as restrições orçamentárias. As estratégias para a captação e manutenção devem
ser bem definidas, para possibilitar o alcance do perfil desejado, através da redução
das disparidades entre as características do quadro de pessoal atual e o proposto,
seja por meio de processos seletivos ou da capacitação dos atuais trabalhadores.

Fonte: CONASS - Conselho Nacional de Secretaria de Saúde. Guia de apoio à gestão do SUS.
Disponível em: https://www.conass.org.br/. Acesso em: 01 jun. 2021.

#SAIBA MAIS#
2 PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA PREVENÇÃO, PROMOÇÃO,
PROTEÇÃO E REABILITAÇÃO DA SAÚDE

Caros (as) alunos (as), muito se discute sobre o Profissional de Educação


Física no âmbito da saúde, qual sua função, importância, seu papel no que rege a
saúde individual e coletiva. Dessa forma, é necessário entender quais são as condutas
que competem aos Profissionais em meio a este contexto.
Primeiramente vale lembrar que a partir da Resolução no 218 /1997, os
profissionais de Educação Física foram reconhecidos pelo Conselho Nacional de
Saúde, como profissionais de saúde, assim sendo a Educação Física é reconhecida
como área de conhecimento e de intervenção acadêmico-profissional envolvida com
a promoção, prevenção, proteção e reabilitação da saúde (AZEVEDO, et al., 2010).
Assim, podemos citar os exercícios/atividades físicas como elementos
principais ou complementares na atenção à saúde, nos níveis primário - qualquer ato
destinado a diminuir a incidência de uma doença numa população, reduzindo o risco
de surgimento de casos novos, secundário - busca diminuir a prevalência de uma
doença numa população reduzindo sua evolução e duração, exigindo diagnóstico
precoce e tratamento imediato e terciário - visa diminuir a prevalência das
incapacidades crônicas numa população, reduzindo ao mínimo as deficiências
funcionais consecutivas à doença já existente, permitindo uma rápida e melhor
reintegração do indivíduo na sociedade, com aproveitamento das capacidades
remanescentes, principalmente no que concerne às doenças crônicas não
transmissíveis (AZEVEDO, et al., 2010).
Em vista disto, podemos deduzir que o Profissional de Educação Física é
capacitado para atuar com exercícios/atividades físicas no qual previne, reduz e em
alguns casos é utilizada para tratamento de doenças devido a comprovação científica
da eficácia de seus benefícios físicos, psicológicos e sociais aos praticantes.
De acordo com o CONFEF/CREFs (2010, s/p):

O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas


suas diversas manifestações, sendo da sua competência prestar serviços que
favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a
capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e
condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários, visando à consecução
do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da expressão e estética
do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, de problemas
posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para
consecução da autonomia, da autoestima, da cooperação, da solidariedade,
da integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do meio
ambiente, observados os preceitos de responsabilidade, segurança,
qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo.

Isto posto, o Profissional de Educação Física é responsável por elaborar


programas de exercício físico supervisionado de maneira estruturada, orientando de
forma que respeite a individualidade a fim de que o mesmo seja capaz conquistar sua
independênciade, melhorando o condicionamento físico, aptidão física, habilidades
motoras, adquirindo um estilo de vida saudável e como consequência melhore sua
qualidade de vida.
Godoy (1997), aponta que de diante da complexidade de algumas doenças,
principalmente em paciente infartados onde necessitam de Reabilitação
Cardiovascular (RCV), embora exija a necessidade do médico, o Profissional de
Educação Física deve ter sua participação de maneira continuada, assim como outros
profissionais que auxiliam no tratamento.
Portanto, cabe ao Profissional de Educação Física se capacitar para
compreender como proceder diante de cada intervenção a ser realizada, ou seja,
conhecer determinadas patologias, condições clínicas, fatores de riscos e as
particularidades de cada indivíduo, tão bem como irá proceder em suas rotinas de
treinamento, a Frequência Cardíaca de Treinamento (FCT), a utilização consumo
máximo de oxigênio(VO2Máx), as variáveis de treinamento (intensidade, sobrecarga,
duração, frequência semanal e progressão do esforço), com o propósito de que os
benefícios adquiridos sejam maiores que os riscos.
Então, o profissional de Educação Física, é muito importante para a saúde no
geral, seja na forma de prevenção, tratamento e reabilitação, pois este é o que poderá
auxiliar e conduzir de maneira correta a atividade/exercício físico com o intuito de
beneficiar o participante.

REFLITA

Disability Adjusted Life of Years (DALY)

A expressão Disability Adjusted Life of Years (DALY) significa Anos de Vida Perdidos
Ajustados por Incapacidade em português. O DALY mede os anos de vida perdidos,
seja por morte prematura, seja por incapacidade. Assim, antes de pensarmos em
investimentos em saúde, é necessário fazer algumas análises. Mas por onde
podemos começar? Primeiramente deve-se definir em que investir e, para tanto, é
fundamental considerarmos o que existe atualmente e como está funcionando.

Fonte: KUSCHNIR; CHORNY; LIMA (2014).

#REFLITA#
3 PROJETOS E PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA SAÚDE

Como já estudamos caros(as) alunos(as), a Educação Física como área da


Saúde foi reconhecida recentemente, ainda nos dias atuais mesmo que visível a gama
de serviços e ações envolvendo equipes multiprofissionais e interprofissionais aos
cuidados integrais à saúde da população, vemos a atuação tímida do Profissional de
Educação Física no que se refere ao setor da saúde pública (CARNUT, 2017).
Com a finalidade de proteção, prevenção, reabilitação, promoção da saúde e a
tendo a saúde como um direito universal, ocorreu diversas mudanças no Sistema
Único de Saúde (SUS), como por exemplo a saúde organizada em três níveis de
complexidade (SILVA, 2016):
Figura 2 - Primeiro nível de complexidade da organização do SUS - Baixa Complexidade

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).


Figura 3 - Segundo nível de complexidade da organização do SUS - Média Complexidade

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).


Figura 4 - Terceiro nível de complexidade da organização do SUS - Alta Complexidade

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

Devido às complexidades de organização da Atenção Básica na saúde no


Brasil, em 1991 houve a criação do PACS - Programa dos Agentes Comunitários de
Saúde, no qual contribuiu para a diminuição da mortalidade infantil e materna e na
ampliação da cobertura dos serviços de saúde. Em 1994, foi regulamentado o PSF -
Programa Saúde da Família, no qual atribui os cuidados à saúde da população
(Atenção Básica) para a atuação de equipes multiprofissionais com o objetivo de gerar
maior eficiência (SILVA, 2016).
Devido aos resultados positivos do trabalho realizado por equipes
multiprofissionais, em 2004 a principal estratégia de saúde no Brasil passa ser o
programa Estratégia Saúde da Família (ESF), no qual constituia-se em forma de
assistência à saúde completa e orgânica a fim de atender a população em
Postos/Unidades/Centros de saúde, de acordo com os princípios do SUS, com
equipes compostas por Médicos da Família, Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem,
Odontólogos, Técnico de saúde bucal e Agentes Comunitários de Saúde (SILVA,
2016; BRASIL, 2012).
Devido o Ministério da Saúde considerar ser preciso criar uma modalidade de
serviço complementar à ESF, foi elaborada a Portaria no 154 de 2008 no qual
estabelece a criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, onde existe serviço
multidisciplinar com o propósito de apoiar a consolidação da Atenção Básica (AB),
ampliando e aperfeiçoando o campo de ações e suas metas, de modo a contribuir
com a atenção e a gestão da saúde na Atenção Básica/Saúde da Família,
oportunizando uma intervenção mais completa e assertiva para o cuidado integral à
saúde, onde encontra-se incluido o profissional de Educação Física como parte da
equipe. (BRASIL, 2008).
Justifica-se como argumento a participação da Educação Física dentro das
ESFs diante a prevenção de doenças, devido a Estratégia Global para Alimentação,
Atividade Física e Saúde lançada em 2004 pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), a fim de minimizar o aumento exurbitante e os efeito negativos das Doenças
Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) principalmente focando no sedentarismo como
causa principal do surgimento dessas doenças (MORETTI et al., 2009).
Brasil (2017), apresenta que a partir da aprovação da Portaria no 2.436/17 do
Ministério da Saúde, o Núcleo Ampliado de Saúde e Atenção Básica (NASF), passou
a ser denominado Núcleo Ampliado de Saúde e Atenção Básica (NASF-AB) onde,
além de agir de forma integral nas Estratégias de Saúde da Família (ESF), também
agirira diretamente, apoiando e compartilhando saberes junto a Equipe de Saúde da
Família (eSF) e Equipe de Atenção Básica (eAB).
Dessa forma, o que caberia por meio das ações dos profissionais de Educação
Física na AB é o estímulo para um estilo de vida mais saudável, contribuindo para
saúde pública no Brasil, seja de caráter econômico (diminuindo atendimentos
medicamentosos e hospitalares) ou de ordem preventiva aos agravos à saúde (ZAZÁ;
CHAGAS, 2013).
O NASF-AB é categorizado e vinculado às ESFs, e é constituido por diversos
profissionais da saúde além do profissional de Educação Física, como: psicólogo,
nutricionista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, assistente social, dentre outros, e também
é categorizado e vinculado às ESFs, sendo dividido em três modalidades: NASF-AB
1, NASF-AB 2 e NASF-AB 3, onde em cada núcleo existe uma quantidade de
profissionais vinculados a uma quantidade de ESFs (SCHUH et al., 2015).
Vale ressaltar que a Política Nacional de Promoção a Saúde (PNPS), foi
concretizada, diante discussões sobre temas relacionados as práticas corporais, onde
o objeto de interesse baseava-se na ampliação do conceito de saúde, em busca de
novos estilos de vidas com a finalidade de proteger a saúde da população, devido a
novos dados epidemológicos.
Assim, PNPS efetivou de vez a Educação Física na saúde pública, como segue
o texto abaixo:

Dentre as ações específicas priorizadas pela Política Nacional de Promoção


da Saúde (PNPS), criada em 2006, inclui-se a prática corporal e a atividade
física (PCAF) nas ações na rede básica de saúde e na comunidade,
fundamentando a inserção do profissional da educação física no Serviço de
Atenção Básica ao compor as equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da
Família (NASF) (SCABAR; PELICIONI; PELICIONI, 2012, p. 412).

Assim sendo, o profissional de Educação Física através das práticas corporais,


pode contribuir para a construção de novos estilos de vida, gerando resultados
positivos diante a "vida saudável do indivíduo". Dessa forma a atuação do profissional
de Educação Física através do manifesto de caráter preventivo, reabilitativo e de
proteção resulta na promoção da qualidade de vida (SCABAR; PELICIONI;
PELICIONI, 2012).
Neste entendimento, Ferreira, Castiel e Cardoso (2012) expuseram o
sedentarismo como doença, diante os dados epidemiológicos atuais, sendo o
responsável de várias patologias e agravos como: hipertensão, diabetes, cardiopatias,
osteoporose dentre outras. Como desígnio da Educação Física dentro das ESFs,
podemos entender diante essa concepção que a função atribuída a nós profissionais,
é o de combate ao sedentarismo, as patologias e agravos, sobretudo em caráter
antecipatório ou atenuando seus efeitos.

Atuação do Profissional de Educação Física nas Redes Básicas de Saúde


Diante de todo o contexto e benefícios atribuídos a prática regular de atividade
física, inúmeras entidades governamentais têm investidos em programas e projetos
incentivadores da mesma, buscando assim diminuir os índices de sedentarismo entre
a população (FERREIRA; CASTIEL; CARDOSO, 2012).
Embora seja necessária a participação em atividades físicas da população
"frequentada" na ESFs em geral, ou seja, mesmo pessoas que não possuem nenhuma
enfermidade a fim de prevenir doenças e consequentemente evitar intervenções
através de fármacos e outras complicações, Siqueira et. al. (2009) afirma que o
aconselhamento dentro das ESFs obtiveram melhores adesões em pessoas com
algum tipo de doença crônica ou sob algum risco, prevalêncendo mais uma vez a ideia
de que o cuidado com a saúde está relacionado com a doença.

Vieira, Reis e Santos (2010) relataram os benefícios das atividades Física para
promoção da saúde:

Dentre os benefícios do exercício corporal proporcionados pelas práticas


físicas estão: a estimulação de vários sistemas orgânicos, especialmente o
cardiopulmonar, contribuição eficazmente para o controle do peso corporal,
auxílio à manutenção da pressão sanguínea em níveis aceitáveis, atuação na
integridade dos sistemas osteoarticular, nervoso e muscular, e propicia a
descontração, compensando o estresse da vida moderna, entre outras
funções (VIEIRA; REIS; SANTOS, 2010, p. 51).

Portanto, de acordo com as recomendações relacionadas a promoção da


saúde da carta de Ottawa de 1986, o profissional de Educação Física inserido no
NASF-AB deve inicialmente entender a comunidade em sua totalidade, então
construirá ações na qual realize mudanças no estilo de vida das pessoas para que
possa melhor sua qualidade vida (SCHUH et al., 2015).
Nesse contexto, Schuh et al. (2015), relataram o discurso da PNPS sobre a
conscientização da população em busca por uma melhor qualidade de vida por
intervenção de bons hábitos associados a atividade física, diante de uma proposta
planejada e orientada por um profissional competente no âmbito da ESF, ressaltando
ainda que PCAF compõe um dos sete eixos temáticos de atuação da PNPS,
objetivando superar problemas relacionados as enfermidades tradicionais no Brasil
(doenças crônicas e outras psicossociais), apoiando as equipes da estratégia da
saúde da família a qual esteja cadastrado.
Quando o profissional de Educação Física está de fato inserido no NASF-AB,
este passa atuar na Atenção Básica, sendo a porta de entrada do SUS, realizando
ações de saúde nos âmbitos individual e coletivo, dadas por amplo atendimento.
Assim, efetiva-se a proposta das práticas corporais e atividade física pela PNPS,
ampliando os objetivos e a abrangência de beneficiários nas ESFs (SCABAR;
PELICIONI; PELICIONI, 2012).
Contudo, MARTINEZ; SILVA, A.; SILVA, M., (2014) advertem para o risco em
extinguir apenas o indivíduo em seu aspecto biológico, baseando-se num modelo
médico já ultrapassado onde entende-se por saúde de forma ampla:

Nesse sentido, as “Diretrizes do NASF” apresentam reconhecimento da


importância da promoção da saúde na construção das PCAF articulada na
compreensão dos aspectos culturais, históricos, políticos, econômicos e
sociais do “espaço-território”, valorizando a realidade local como “princípios
da atuação profissional do NASF” para a construção de ações em saúde, em
especial das PCAF (MARTINEZ; SILVA, A.; SILVA, M., 2014, p. 230).

Portanto, o profissional de Educação Física no âmbito da saúde pública através


do NASF-AB deve superar a tradicional e adotar ações de caráter multidimensional
compreendendo o ser humano na sua integralidade, pois as ações de promoção à
saúde podem ser caráter terapêutico (já possuem algumas doenças), bem como de
caráter antecipatório, (prevenção das morbidades) (ANJOS e DUARTE, 2009).
Vale salientar que dentro da Atenção Primária à Saúde (APS), no caderno 27
existem informações com o intuito de contribuir para estilo saudável de vida, no qual
deve ser construído junto a população, dentre essas informações encontram-se:
práticas corporais na prevenção, promoção, tratamento e reabilitação; valorização das
manifestações da cultural local; priorização de intervenções coletivas; realização de
ações para a educação e saúde; dentre outros (ZAZÁ e CHAGAS, 2013).
Isto posto, os autores destacam a importância e responsabilidade entre os
profissionais do NASF- AB:

[...] a área de práticas corporais/atividade física (PCAF), embora seja


específica para o Profissional de Educação Física, demanda ações que
podem ser desempenhadas por outros integrantes de equipe do NASF, da
mesma maneira que o educador físico deve participar de ações de outros
grupos profissionais (ZAZÁ e CHAGAS, 2013, p. 22).
Intervenção do Profissional de Educação Física no Nasf-ab

Como já vimos prezados(as) alunos(as), o profissional de Educação Física,


atua através da atividade física com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da
população, portanto as intervenções desses profissionais no NASF-AB estão voltadas
a grupos específicos de diferentes idades, mediante de informações e ações, visando
conscientizar esta população sobre a importância de hábitos saudáveis por meio da
atividade física (SCHUH et al., 2015).
Segundo Zazá e Chagas (2013), no ano de 2009, o Ministério da Saúde
elaborou nove áreas estratégicas associadas ao NASF, direcionamentos a divisão de
grupos específicos e diferentes faixas etárias.
Figura 5 - Áreas estratégicas associadas ao NASF

Fonte: Elaborado pelas autoras

➔ Responsabilidade do Profissional de Educação Física no NASF-AB segundo


Zazá e Chagas (2013): i) fortalecer e promover o direito do Lazer; ii) inclusão
social através de suas ações; iii) ações intersetoriais, valorizando a identidade
cultural da comunidade.
➔ Ações realizadas pelos profissionais de Educação Física no NASF-AB,
segundo Ferreira et al., (2016): a) visitas domiciliares; b) caminhadas com
grupos de diferentes faixas etárias proposto com atividades específicas; c)
intervenção através de discussões de casos; d) atividades corporais a fim de
promover saúde; e) palestras a respeito da atividade e seus benefícios f)
exercícios aeróbicos e de resistência; g) alongamentos e coordenação motora
(SOUZA e LOCH, 2011).

Assim, de acordo com a portaria 154/08 do Ministério da Saúde (MS), o


profissional de Educação Física do NASF-AB deve capacitar os Agentes Comunitários
de Saúde (ACS) para otimizar ações de atividade física e a utilização de equipamentos
públicos disponíveis em suas áreas de abrangências, além de buscar parcerias
autonomas ou até mesmo com a própria comunidade para a utilização de outros
espaços para prática de atividades físicas e promoção de eventos a fim de valorizar o
interesse e a importância da prática das atividades físicas voltadas para saúde
(BRASIL, 2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Queridos(as) alunos(as), chegamos ao final da nossa apostila da disciplina


Educação Física e saúde, e esperamos que a presente disciplina possa ter
direcionado e contribuído para o entendimento e melhoria na capacidade dos
acadêmicos de Educação Física para atuar no contexto da saúde.
Assim, acreditamos que a partir dos conceitos e da contextualização da gestão
da saúde, vocês possam ter entendido como funciona o sistema de saúde "por trás
das cortinas". E que partindo deste contexto também tenha sido possível compreender
a importância do Profissional de Educação Física na prevenção, promoção, proteção
e reabilitação da saúde.
Por último, acreditamos que diante dos apresentados vocês tenham
conseguido identificar e entender sobre os projetos e programas no qual a Educação
Física está inserida no que refere-se à Saúde.
Deste modo, esperamos que você caro(a) aluno(a), tenha sido encorajado(a) e
que o conteúdo apresentado possa ter agregado valores sobre sua vida acadêmica e
a profissional no qual você escolheu para se dedicar, sendo assim, esperamos ter
contribuído para seu crescimento e desenvolvimento.
Um grande abraço!
LIVRO

• Título: Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde


• Autor: Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde.
• Editora: Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS).
• Ano: 2011.
• Sinopse: O livro Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde aborda questões
como planos de cargos, carreira e salários; a implantação de mesas estaduais de
negociação; o planejamento, a modernização e a informatização do sistema de
informação de Recursos Humanos (RH) nas SES; a formulação e a implementação
de programas de educação permanente, além de apresentar as políticas e programas
pactuados pelos gestores do SUS para operacionalização da Política Nacional de
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, com informações atualizadas e análises
consistentes, de modo a tornar a leitura ágil e facilitar a compreensão de todos.
FILME/VÍDEO

• Título: Políticas de Saúde no Brasil: um século de luta pelo direito à saúde


• Ano: 2006
• Sinopse: "POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL: Um século de luta pelo direito à
saúde" conta a história das políticas de saúde em nosso país, mostrando como ela se
articulou com a história política brasileira, destacando os mecanismos que foram
criados para sua implementação, dessas Caixas de Aposentadorias e Pensões até a
implantação do SUS. Sua narrativa central mostra como a saúde era considerada, no
início do século XX, um dever da população, com as práticas sanitárias implantadas
autoritariamente pelo Estado, de modo articulado aos interesses do capital, e como,
no decorrer do século, através da luta popular, essa relação se inverteu, passando a
ser considerada, a partir da Constituição De 1988, um direito do cidadão e um dever
do Estado. Toda essa trajetória é contada através de uma narrativa ficcional, vivida
por atores, com reconstrução de época, apoiada por material de arquivo. Para tornar
a narrativa mais leve e atraente, o filme se vale da linguagem dos meios de
comunicação dominantes em cada época, como o jornal, o rádio, a TV Preto e branco,
a TV colorida e, por fim, a internet. O filme foi realizado por iniciativa da Secretaria de
Gestão Estratégica e Participativa, do Ministério da Saúde, em parceria com a
Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS e a Universidade Federal
Fluminense/UFF.A obra, de caráter formativo, terá distribuição gratuita, em todo o
país, dirigida especialmente aos Conselhos de Saúde, instituições de ensino e
movimentos sociais ligados à saúde. Estimula-se que o filme seja utilizado nas etapas
municipais e estaduais da 13ª Conferência Nacional de Saúde. Uma versão legendada
em espanhol e inglês está sendo discutida com a OPAS, para divulgação junto a
países da América Latina, Caribe e África, que buscam no SUS uma referência.
REFERÊNCIAS

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Família: formação e atuação profissional. Revista de Saúde Coletiva, n.4, p.1127-
1144, ago/. 2009.

AZEVEDO, L. F., et al. CONFEF. Recomendações sobre Condutas e


Procedimentos do Profissional de Educação Física na Atenção Básica à
Saúde. Sistemas, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria no 154 de 24 de Janeiro de 2008 cria os


Núcleos Apoio à Saúde da Família-NASF. Brasília, MS, 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria no 2.436 de 21 de Setembro de 2017


aprovado a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de
diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único
de Saúde (SUS). Brasília, MS, 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria no 3.124 de 28 de Dezembro de 2012


Redefine os parâmetros de vinculação dos Núcleos de Apoio à Saúde da
Família (NASF) Modalidades 1 e 2 às Equipes Saúde da Família e/ou Equipes
de Atenção Básica para populações específicas, cria a Modalidade NASF 3, e
dá outras providências. Brasília, MS, 2012.

CARNUT, L. Cuidado, Integralidade e Atenção Primária: articulação essencial para


refletir sobre o setor saúde no Brasil. Revista Saúde em Debate, n.155, p.1177-
1186, out/dez 2017.

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CONCLUSÃO GERAL

Prezado(a) acadêmico(a),

Chegamos ao fim de mais uma pequena jornada, que teve como objetivo
principal possibilitar a aquisição de conhecimentos relacionados a Educação
Física e saúde a fim de contribuir com a atuação profissional em espaços
relacionados à prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde.
Dessa forma, o conteúdo previsto foi discutido ao longo das quatro
unidades, criteriosamente selecionadas para dar sustentação a presente
discussão, com autores que promoveram uma rica interlocução sobre ações da
atualidade.
Assim, na primeira unidade, nossos olhares estavam direcionados à
contextualização histórica da saúde e saúde pública no Brasil e também aos
conceitos de saúde e qualidade de vida, além de discorrer sobre prevenção,
promoção, proteção e reabilitação da saúde
Na segunda unidade, mergulhamos nas relações entre Educação Física
e saúde, para tanto, foi preciso abordar temáticas como Educação Física e
promoção de saúde; políticas Públicas e a saúde: foco na Educação Física e
sistema público e privado de saúde: Educação Física e seu papel.
No terceiro momento, para ampliar nossos horizontes, entendemos a
importância da Atividade Física, assim relacionamos atividade física e saúde
individual e coletiva; analisamos as pesquisas em saúde coletiva além de
identificar os riscos e benefícios da atividade física para pessoas com doenças
crônicas bem como as recomendações necessárias.
Para finalizar, na quarta e última unidade, refletimos mais especificamente
sobre a atuação profissional dos profissionais de Educação Física. Para que isso
fosse possível, traçamos diálogos sobre a gestão em saúde; a importância do
profissional de Educação Física na prevenção, promoção, proteção e
reabilitação da saúde e os projetos e programas de Educação Física na Saúde.
Sendo assim, caro(a) graduando(a), chegamos ao final dos nossos
estudos relacionados a essa temática. Mas reforço o que disse inicialmente, o
texto apresentado não esgota todas as possibilidades de pensar e refletir acerca
das temáticas abordadas, mas espero que tenha lhe oportunizado momentos
importantes e oportunos para a compreensão das análises realizadas acerca das
temáticas propostas. Desejamos a você sucesso e inúmeras realizações
profissionais.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigada(o)!

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