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Balanço de Pagamentos no Brasil (1968 a 1973) - (em US$ milhões)

1968 1969 1970 1971 1972 1973


Transações Correntes -582 -364 -839 -1630 -1688 -2085

Balança comercial 26 318 232 -344 -241 7


Exportação de bens 1881 2311 2739 2904 3991 6199
Importação de bens -1855 -1993 -2507 -3247 -4232 -6192

Serviços e rendas (líquido) -630 -713 -1092 -1300 -1452 -2119


Serviços (fret., viag., etc) -333 -377 -473 -572 -743 -1027
Rendas (juros, lucros, etc) -297 -337 -619 -729 -709 -1093

Conta Capital e Financeira 680 936 1281 2173 3793 4111


Investimento externo direto 135 207 378 448 441 1148
Empréstimo (C e L prazos) 502 709 843 1699 3067 2410

Erros e Omissões -1 -41 92 -7 433 355

Resultado do Balanço 97 531 534 537 2538 2380


Fonte: IBGE; apud Giambiagi (2005).
Balanço de Pagamentos no Brasil (1974 a 1980) - (em US$ milhões)

1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980


Transações Correntes -7504 -6999 -6426 -4826 -6983 -10708 -12739

Balança comercial -4690 -3540 -2255 97 -1024 -2839 -2834


Exportação de bens 7951 8670 10128 12120 12659 15244 20132
Importação de bens -12641 -12210 -12383 -12023 -13683 -18084 -22955

Serviços e rendas (líquido) -2814 -3461 -4172 -4923 -6030 -7880 -10059
Serviços (fret., viag., etc) -1541 -1451 -1589 -1500 -1770 -2320 -3039

Rendas (juros, lucros, etc) -1274 -2010 -2583 -3423 -4261 -5560 -7020

Conta Capital 6531 6374 8499 6151 11884 7624 9610


Investim. externo direto 1154 1095 1219 1685 2056 2210 1544
Emprést. (C e L prazos) 5432 5381 5817 4011 8827 6107 7196

Erros e Omissões -68 -439 615 -611 -639 -130 -343


Resultado do Balanço -1041 -1064 2688 714 4262 -3215 -3472
Fonte: IBGE; apud Giambiagi (2005).
Balanço de Pagamentos no Brasil (1981 a 1987) - (em US$ milhões)

1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987


Transações Correntes -11706 -16273 -6773 95 -248 -5323 -1438

Balança comercial 1202 780 6470 13090 12486 8304 11173


Exportação de bens 23293 20175 21899 27005 25639 22349 26224
Importação de bens -22091 -19395 -15429 -13916 -13153 -14044 -15015

Serviços e rendas (líquido) -13094 -17039 -13354 -13156 -12877 -13707 -12676
Serviços (fret., viag., etc) -2819 -3491 -2310 -1658 -1594 -2557 -2258
Rendas (juros, lucros, etc) -10275 -13548 -11044 -11498 -11283 -11150 -10418

Conta Capital 12746 12101 7419 6529 197 1432 3259


Investim. externo direto 2315 2740 1138 1459 1337 174 1031
Emprést. (C e L prazos) 11720 5797 5918 8722 -43 408 -317

Erros e Omissões -415 -396 -670 403 -405 56 -806


Resultado do Balanço 625 -4542 -24 7027 -457 -3836 1015
Fonte: IBGE; apud Giambiagi (2005).
Brasil: Indicadores Macroeconômicos (1974-1984)
(médias anuais por período)

Indicadores 1974-78 1979-80 1981-83 1984

Crescimento do PIB (%a.a.) 6,7 8,0 -2,2 5,4


Inflação (IGP dez./dez, a.a.) 37,8 93,0 129,7 223,9
FBCF (% PIB) 22,3 23,5 22,4 18,9
Tx. de cresc. export. (%a.a.) 15,3 26,1 2,8 23,3
Tx. de cresc. import. (%a.a) 17,2 29,5 -12,4 -9,8
Balança com. (US$ milhões) -2.283 -2.831 2.818 13.090
Saldo em TC (US$ milhões) -6.548 -11.724 -11.584 95
Dívida externa/exportações 2,5 2,9 3,7 3,3

Fonte: IBGE; apud Giambiagi (2005).


PRINCIPAIS PONTOS DOS AJUSTES DE 1974-84
 1973-74: choque do petróleo e restrição externa.
 Modelo de ajuste estrutural de Geisel muda a estrutura industrial
com expansão do setor de bens de capital e insumos básicos:
redução da dependência externa em relação à sua estrutura
produtiva.
 Aumenta vulnerabilidade externa com maior dependência externa
financeira.
 A partir de 1979: início da estratégia de ajuste recessivo. Excesso de
demanda combinado com ajuste de preços relativos: elevação dos
juros, câmbio e tarifas públicas. No entanto, economia cresceu em
1979 e 80.
 A partir de 1981: modelo de ajuste recessivo.
 Crescimento dos encargos da dívida externa → início do período de
“crise da dívida”.
 1981-83: forte recessão com inflação.
 Alto custo em termos de inflação e deterioração fiscal.
Segunda metade dos anos 1980.
 Primeira metade dos anos 1980: planos de estabilização
visavam o ajuste externo.
 Segunda metade dos anos 1980: planos visavam o combate
à inflação.
 Inflação brasileira: predominância da inércia inflacionária
sobre as condições de demanda e oferta agregadas.
 Inflação média ao ano (IGP): 1974/80 = 51,8%; 1981/84 =
150,3%; 1985/89 = 471,7%; 1990/94 = 1.210,0%.
 Fortalecimento das teses inercialistas e das soluções
heterodoxas.
 Três planos de estabilização com rápidos momentos de
crescimento: Plano Cruzado em 1986; Plano Bresser, em
1987; e Plano Verão em 1989.
 Deterioração das contas fiscais e externas.
O Período de 1985 a 1993.

 Taxas de crescimento do PIB (em%)


 1984 5,4
 1985 7,8
 1986 7,5
 1987 3,5
 1988 - 0,1
 1989 3,2
 1990 - 4,3
 1991 1,0
 1992 - 0,5
 1993 4,9
 1994 5,9
As propostas de desindexação e a inflação inercial.
 Necessidade de desindexação: porém com fazê-lo?
 Quatro propostas:
 1) “Pacto Social” economistas do PMDB e Unicamp → conflito
distributivo: acordo social. Déficit público não era a principal causa.
 2) “Choque Ortodoxo” economistas da FGV → TQM excessiva
expansão monetária/gastos públicos: corte dos gastos
públicos/aumento de receita e redução da base monetária.
Desindexação e liberalização dos preços.
 3) “Heterodoxo” Francisco Lopes (PUC-Rio) → indexação:
congelamento de preços.
 4) “Reforma Monetária” André Lara Resende e Pérsio Arida (PUC-
Rio) → indexação: moeda indexada. (proposta “Larida”)
 Para estes o “pacto social” não seria possível porque o Brasil não
dispunha de uma estrutura política adequada.
 Estabilização de preços: 1) sem recessão; e 2) distribuição de renda
“neutra”.
As propostas de desindexação e a inflação inercial.

 Diagnóstico era inflação inercial: contratos com cláusulas de


indexação.
 Inflação passada é a causa da inflação presente.
 Choques de oferta ou demanda são incorporados à tendência
de crescimento dos preços.
 Preços relativos desequilibrados → com indexação levam à
inflação.
 Salário real médio (qualquer renda contratual) depende de três
variáveis: do pico do salário real, do tamanho do período entre
os reajustes e da taxa de inflação.
 Problema central da inflação inercial: desajuste no tempo dos
valores da renda no pico.
 Valores médios (valor de equilíbrio): congelar a distribuição de
renda de determinado período.
INÍCIO DO GOVERNO SARNEY – 1985.
 Mudança na situação política do país: fim do regime militar
e perspectiva da redemocratização.
 Sentimento de que a democracia, com a eleição direta do
presidente, teria conseqüências do ponto de vista
econômico e social:
 1) redução da inflação;
 2) crescimento da economia;
 3) distribuição da renda.
 Movimento pelas “Diretas Já”: a solução foi de eleições
indiretas pelo Colégio Eleitoral.
 Eleição de Tancredo Neves: coalização partidária → com
economistas de diferentes visões sobre o processo de
estabilização e crescimento do país.
INÍCIO DO GOVERNO SARNEY – 1985.
 Março de 1985 início da Nova República: medidas de
austeridade fiscal e monetária; controle de preços; mudança
da fórmula de cálculo das correções monetária e cambial
para amortecer a aceleração da inflação, média geométrica
dos três últimos meses.
 Tensões entre a corrente ortodoxa de Dornelles e a
heterodoxa de Sayad; fracasso do pacote antiinflacionário de
março de 1985 levou à substituição de Dornelles por Funaro.
 Inflação continuou crescendo até janeiro de 1986 chegando
a 16,2% (choque de oferta agrícola).
 Apesar disto, as condições da economia eram favoráveis:
crescimento do produto industrial (9%); balança comercial
superavitária; reservas internacionais elevadas; contas
públicas equilibradas; preço do petróleo em queda.
O PLANO CRUZADO (28/02/1986)
 Principais medidas:
 Promoveu uma reforma monetária que estabeleceu o
cruzado como padrão monetário.
 Regras específicas para a conversão de preços e
salários de modo a evitar redistribuição de renda e
riqueza. (diferentes periodicidades dos reajustes)
 Salários convertidos pela média dos seis últimos
meses e abono de 8%. Escala móvel de 20% (gatilho
salarial). Salário mínimo teve abono de 16%. Dissídio
coletivo com 60% da inflação.
 Congelamento de preços por tempo indeterminado
nos níveis de 28/02/1986. (Tabela Sunab)
 Deslocamento da base do índice de preços para 28 de
fevereiro e criação do IPC.
 Cadernetas de poupança com reajustes trimestrais.
O PLANO CRUZADO (28/02/1986)
 Fixação da taxa de câmbio ao nível vigente em 27/02.
Posição favorável.
 Aluguéis residenciais: multiplicador para fazer a
conversão.
 Supressão da correção monetária substituição da ORTN
pela OTN (proibição de indexação em prazos inferiores a
um ano).
 Em contratos com taxas de juros pré-fixadas,
estabeleceu-se tabela de conversão (Tablita) diária de
valores em cruzeiros para cruzados.
 Não estabelecimento de regras ou metas para as
políticas monetária e fiscal.
 Taxas de juros não seriam congeladas para sinalizar
uma monetização excessiva ou ineficiente.
O PLANO CRUZADO (28/02/1986)
 Principais resultados: (março/86 a junho/86)
 Taxas de inflação medidas pelo novo IPC caíram
abruptamente. Preços de controle difícil (ex: vestuário e
carros usados)
 Generalização do excesso de demanda: elevação dos
salários; despoupança; queda na taxa de juros;
consumo reprimido; e preços defasados.
 Expansão exagerada da oferta de moeda, além do
aumento natural da demanda de moeda provocado pela
queda na inflação.
 Folga de liquidez decorrente da remonetização
acelerada da economia refletiu-se em taxas de juros
reais negativas.
 Juros baixos provocam corrida para ativos reais.
 Crescimento do emprego (20%).
O PLANO CRUZADO (28/02/1986)

 Nos seis primeiros meses de 1986: vendas cresceram


22,8%; produção de bens de consumo duráveis
aumentou 33,2%; salários reais tiveram um ganho de
aproximadamente 12%.
 Escassez de oferta deu início a uma política de
subsídios e de importações (leite, carne e automóveis).
 Junho: superaquecimento da economia (vendas
cresceram 23%).
 Desabastecimento e ágio. (produtos congelados abaixo
da média)
 Governo recorre às importações.
O PLANO CRUZADO
 Possíveis soluções: fim do congelamento ou corte na
demanda agregada.
 Dificuldades para o descongelamento.
 Como inflação e recessão tinham custos políticos adotou-
se um modesto ajuste fiscal.
 Piora na situação fiscal - déficit público a 2,5% do PIB:
 1) queda das receitas – fim do imposto inflacionário e
congelamento de tarifas públicas;
 2) elevação das despesas - crescimento da folha de
pagamento dos servidores públicos.
 Cruzadinho (julho/86 a outubro/86): tímido pacote fiscal
elaborado para reduzir o consumo e financiar investimento
em infra-estrutura.
O PLANO CRUZADO

 Medidas: envolviam basicamente a criação de um sistema


de empréstimos compulsórios sobre a aquisição de
gasolina e automóveis; e de novos impostos indiretos
(não-restituíveis) sobre a compra de moeda estrangeira
para viagem e passagens aéreas internacionais.
 aumento de preços foram expurgados do IPC.
 Resultados:
 a) Novo impulso à demanda diante da expectativa de
descongelamento;
 b) inflação oficial não refletia a elevação dos preços
(ágio, desabastecimento e maquiagem de produtos);
 c) queda da receita de exportações diante da
expectativa de uma maxidesvalorização cambial.
O PLANO CRUZADO

 Cruzado II (novembro de 1986 a junho de 1987): pacote


fiscal para aumentar a arrecadação do governo em 4% do
PIB, através do reajuste de alguns preços públicos e do
aumento de impostos indiretos (automóveis, cigarros e
bebidas).
 Os aumentos dos preços públicos e administrados
forneceram uma válvula de escape para toda a inflação
reprimida durante o congelamento.
 Reindexação da economia: reajustamento da OTN;
reintrodução da correção monetária e disparo dos gatilhos
salariais (taxa de inflação de janeiro/87 – 16,8%).
 Vendas caíram em conseqüência da queda do salário real,
da elevação da taxa de juros e do aumento da incerteza.
Cadeias produtivas desorganizadas.
O PLANO CRUZADO

 Saldos da balança comercial tornaram-se negativos desde


outubro de 1986, apesar do reinício das
minidesvalorizações diárias do cruzado.
 Fevereiro de 1987: suspensão (moratória) por tempo
indeterminado do pagamento de juros da dívida externa
aos bancos privados.
 Moratória tinha como objetivo estancar a perda das
reservas cambiais.
 Abril/87: inflação em 20% → queda de Funaro e início da
gestão Bresser Pereira.
O PLANO CRUZADO: ERROS COMETIDOS.

 1) a economia já estava aquecida, a inflação era também


de demanda;
 2) abonos salariais elevaram o consumo;
 3) políticas monetária e fiscal pouco rigorosas.
 4) longo período de congelamento;
 5) distorção nos preços relativos;
 6) gatilho salarial trouxe a indexação dos preços;
 7) “economia informal” ficou fora do congelamento;
 8) câmbio fixo com crescimento da demanda levou a
déficit nas contas externas;
 9) preços públicos defasados contribuíram para déficit
público.
O PLANO BRESSER
(12/07/1987)
 Diagnóstico da inflação:
 Inercial e de demanda.
 Elementos heterodoxos e ortodoxos
 Não tinha como meta a inflação zero.
 Não procurava eliminar a indexação na economia.
 Pretendia reduzir inflação com a supressão da escala
móvel salarial e redução do déficit público.
 Políticas fiscal e monetária ativas.
 Juros reais positivos para reduzir o consumo e evitar
especulação.
 Redução de déficits públicos com aumento de tarifas,
eliminação de subsídios e corte em investimentos.
 Congelamento temporário de preços e salários.
O PLANO BRESSER
 Principais medidas:
 Congelamento por três meses dos salários, em seguida
reajustados pela URP, fixada pela média geométrica da inflação
nos três meses precedentes.
 Congelamento de preços prazo máximo de três meses.
 Aumento dos preços públicos e administrados.
 Mididesvalorização cambial – 9,5%. Não houve congelamento
da taxa de câmbio.
 Deflação para contratos com taxas de juros pré-fixadas.
 Política fiscal e monetária ativas (taxas de juros positivas para
evitar especulação, eliminação de subsídios, etc.)
 Unificação orçamentária, e orçamento de todas as despesas do
governo.
 Proibição da emissão de moeda para financiamento dos déficits.
O PLANO BRESSER
 Principais resultados:
 Inflação oficial caiu de 26,1% em junho para 3,1% e 6,4% em
julho e agosto de 1987.
 Queda na produção industrial.
 Congelamento com ação limitada pela falta de apoio popular
e o desmantelamento dos órgãos de controle.
 Perda do poder aquisitivo dos salários (26,1% não foi
repassado aos salários) e prática de taxas de juros reais
positivas tiveram reflexos negativos nas vendas do comércio
varejista e no ritmo de produção industrial.
 Inflação durante o período de congelamento não podia ser
atribuída a pressões de demanda, mas ao conflito distributivo
de rendas no setor privado e entre os setores privado e
público.
 Aumentos de preços decretados na véspera foram
repassados a outros preços.
O PLANO BRESSER

 Recuperação do saldo da balança comercial.


 Agosto de 1987: governo permite reajustes de preços
limitados a 10%.
 Outubro: realinhamento dos preços públicos e
administrados.
 Concessões na área salarial; antecipação do
pagamento dos resíduos dos gatilhos; trabalhadores
iniciam ofensiva para recuperação de perdas salariais.
 Elevação do déficit público: aumento dos gastos com o
funcionalismo; transferências a Estados e Municípios; e
subsídios às empresas estatais.
 Dezembro: inflação oficial de 14%; Bresser pede
demissão.
 O Plano Bresser foi considerado um plano emergencial.
A POLÍTICA “FEIJÃO-COM-ARROZ”
(Janeiro a Dezembro de 1988)
 O novo Ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega iniciou
sua gestão rejeitando a alternativa do choque heterodoxo
e anunciando metas mais modestas: estabilização da
inflação em 15% ao mês e redução do déficit público,
projetado para 7-8% do PIB para 1988.
 Principais medidas: congelamento do saldo dos
empréstimos do setor público; suspensão por dois meses
de reajustes de salários dos funcionários públicos; e
recomposição das tarifas públicas.
 Em conseqüência das medidas tomadas, o déficit público
ficou em 1,1% do PIB no primeiro semestre de 1988.
 A inflação chegou a 29% no final do ano.
A POLÍTICA “FEIJÃO-COM-ARROZ”
(Janeiro a Dezembro de 1988)
 Expansão monetária: redução do déficit público foi em parte
neutralizada pelas emissões de cruzados para cobrir os
superávits da balança comercial.
 Suspensão da moratória dos juros da dívida externa em
janeiro de 1988. Resultados:
 1) vantagens: economia de US$ 4,5 bi; diminuição das
perdas das reservas; e fortalecimento da posição do Brasil.
 2) desvantagens: encarecimento das linhas de crédito;
redução do ingresso de recursos e investimentos externos.
 Foi bem sucedida no primeiro semestre, ao manter a taxa de
inflação abaixo de 20% ao mês e evitar a curto prazo uma
explosão inflacionária. Entretanto, no segundo semestre a
inflação mudou para um patamar acima de 20% diante da
recomposição das tarifas públicas e preços administrados.
 A Constituição de 1988 elevou as despesas do setor público.
O PLANO VERÃO
(14 de janeiro de 1989)
 Principais medidas:
 Plano com elementos ortodoxos e heterodoxos.
 Promoveu uma nova reforma monetária, instituindo o
cruzado novo que correspondia a mil cruzados.
 Contração da demanda agregada com taxas de juros
reais elevadas para inibir a especulação com estoques
e moeda estrangeira e corte nas despesas públicas
para sustentar a queda da inflação a médio prazo.
 Choque de desindexação: suspendeu todos os
mecanismos de realimentação da inflação,
promovendo, inclusive, o fim da URP.
 Não definiu regras de indexação.
O PLANO VERÃO
 Principais medidas:
 Desvalorização do cruzado da ordem de 18%;
minidesvalorizações diárias foram suspensas e a taxa
de câmbio permaneceria fixa por tempo indeterminado.
 Extinção da OTN e proibição de cláusula de indexação
nos contratos novos com prazo inferior a 90 dias.
 Ajuste fiscal que previa (não ocorreu): redução das
despesas de custeio através de uma ampla reforma
administrativa; redução despesa de pessoal; programa
de privatização.
 Política monetária: aumento da taxa de juros real;
controle do crédito ao setor privado; e redução das
operações com moeda estrangeira.
O PLANO VERÃO
 Salários:
 Conversão dos salários: média nos últimos doze
meses.
 Sobre esses valores se aplicaria a URP pré-fixada de
26,1% para janeiro de 1989.
 Sem redução nominal de salários para aquelas
categorias cujo poder de compra em janeiro estivesse
acima da média de 1988, acrescida da URP.
 Assim, somente as categorias com data-base entre
fevereiro e junho teriam aumentos salariais.
 Para as demais categorias, os salários
permaneceriam inalterados nos níveis de janeiro de
1989.
 Não havia mecanismo de reajustes salariais.
O PLANO VERÃO

 Preços:
 Os preços foram congelados nos níveis vigentes em 15
de janeiro por tempo indeterminado.
 Foram autorizados aumentos para preços públicos e
administrados: pão, leite, tarifas postais e telefônicas,
energia elétrica, gasolina e álcool.
 Construção de um novo vetor de preços para servir de
base para a apuração da inflação, e evitar a
contaminação da taxa de fevereiro.
O PLANO VERÃO
 Principais resultados:
 Inflação de 3,6% em fevereiro, 6,1% em março e a partir daí
trajetória ascendente.
 Consumo impulsionado pela falta de credibilidade no
programa.
 Indefinição da política salarial levou à intensificação do
movimento grevista.
 Reindexação da economia em abril com a criação do BTN.
 Nova política salarial em maio, estabelecendo um esquema
de reajustes diferenciados de acordo com a faixa de renda e
em cascata.
 O principal mérito do Plano residiu na interrupção de uma
rota hiperinflacionária.
PLANOS DE ESTABILIZAÇÃO NO GOVERNO SARNEY.
 Principais indicadores do período 1985 a 89:
 1) elevação da inflação média anual para 470%.
 2) balança comercial positiva, mas pequeno déficit na
conta corrente e no BP.
 3) taxa de crescimento média anual do PIB é de 4,3%.

 Lições sobre planos de estabilização:


 1) crescimento da demanda após a estabilização;
 2) congelamento produz desequilíbrio dos preços
relativos;
 3) plano de estabilização deve eliminar a indexação sem
congelamentos.
 4) necessidade de equilíbrio das contas públicas.
Balanço de Pagamentos no Brasil (1984 a 1990) - (em US$ milhões)

1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990

Transações Correntes 95 -248 -5323 -1438 4180 1032 -3784

Balança comercial 3090 12486 8304 11173 19184 16119 10752


Exportação de bens 27005 25639 22349 26224 33789 34383 31414
Importação de bens -13916 -13153 -14044 -15015 -14605 -18263 -20661

Serviços e rendas (líquido) -13156 -12877 -13707 -12676-15096 -15334 -15369


Serviços (fret., viag., etc) -1658 -1594 -2557 -2258 -2896 -2667 -3596
Rendas (juros, lucros, etc) -11498 -11283 -11150 -10418-12200 -12667 -11773

Conta Capital 6529 197 1432 3259 -2098 629 4592


Investim. externo direto 1459 1337 174 1031 2630 607 364
Emprést. (C e L prazos) 8722 -43 408 -317 152 -2974 -3604

Erros e Omissões 403 -405 56 -806 -833 -775 -328


Resultado do Balanço 7027 -457 -3836 1015 1249 886 481
Fonte: IBGE; apud Giambiagi (2005).
Brasil: Indicadores Macroeconômicos (1985-1989)
(médias anuais por período)

Indicadores 1985-89

Crescimento do PIB (%a.a.) 4,3


Inflação (IGP dez./dez, a.a.) 471,7
FBCF (% PIB) 22,5
Tx. de cresc. export. (%a.a.) 4,9
Tx. de cresc. import. (%a.a) 5,6
Balança com. (US$ milhões) 13.453,0
Saldo em TC (US$ milhões) 359,0
Dívida externa/exportações 3,8

Fonte: IBGE; apud Giambiagi (2005).


CONTEXTO DA ECONOMIA INTERNACIONAL NO INÍCIO
DOS ANOS 90
 Queda das taxas de juros baixos internacionais.
 Globalização do sistema financeiro e produtivo.
 Revolução tecnológica e sucesso dos países
asiáticos.
 Mudanças na organização das empresas como
resultado da intensificação do processo competitivo.
 Fluxo de capitais para os mercados emergentes.
 Acumulação de reservas na América Latina e Brasil.
 Plano Brady – 1989 (plano de reestruturação da
dívida externa dos países em desenvolvimento
condicionados a planos de ajuste e reformas).
 Planos de Estabilização bem sucedidos na América
Latina: Argentina, México e Chile.
O CONSENSO DE WASHINGTON
Segundo Williamson (1989), medidas para os países em
desenvolvimento crescerem:
 Reforma e disciplina fiscal;
 Prioridade para gastos públicos: saúde, educação e
infra-estrutura;
 Taxas de juros reais positivas e moderadas;
 Taxas de câmbio flutuantes e realistas;
 Liberalização comercial e financeira;
 Abolição de barreiras ao investimento estrangeiro
direto;
 Privatização;
 Reforma do mercado de trabalho;
 Desregulamentação da economia.
DÉCADA DOS 90.

 Taxas de crescimento do PIB (em%)


 1990 - 4,3
 1991 1,0
 1992 - 0,5
 1993 4,9
 1994 5,9
 1995 4,2
 1996 2,7
 1997 3,3
 1998 0,1
 1999 0,8
 2000 4,4
CONTEXTO DA ECONOMIA BRASILEIRA
NO INÍCIO DOS ANOS 90
 Elevadas taxas de inflação (IGP - DI)
1991.............. 480,2%
1992.............1157,9%
1993.............2708,2%
 Baixo crescimento econômico
1991...................1,0%
1992..................-0,5%
1993...................4,9%
 Abertura cada vez maior da economia
- Incentivos às exportações
- Redução das alíquotas sobre os produtos importados
 Elevado nível de reservas internacionais
US$ 32,2 bilhões em dezembro de 1993.
A PRIMEIRA METADE DOS ANOS 90
 Mudanças no modelo econômico com:
 1) mudança na natureza da participação do Estado.
 2) abertura econômica e financeira com a redução da
proteção tarifária.
 Características do modelo anterior de ISI:
 1) participação direta do Estado; 2) elevada proteção à
industria nacional; e 3) incentivos para a instalação de
novos projetos.
 Papel do Estado no ISI: 1) indutor da industrialização; 2)
empreendedor; 3) gerenciador de divisas.
 Problemas gerados pelo modelo de ISI: 1) estrutura de
incentivos distorcida; 2) viés antiexportador; e 3)
endividamento do Estado.
REFORMAS NO GOVERNO COLLOR
 Política Industrial e de Comércio Exterior (PICE):
privatizações e abertura econômica.
 Objetivo principal: expor a indústria brasileira a uma maior
competição com o objetivo de aumentar sua produtividade
e competitividade.
 Plano Nacional de Desestatização (PND): principais
setores – siderurgia, petroquímica e fertilizantes. Com
receitas de US$ 8,6 bi. Privatizações ficaram aquém do
previsto.
 Dificuldades: 1) situação financeira ruim; 2) avaliação dos
ativos com inflação alta; 3) resistência da opinião pública;
4) empecilhos constitucionais (setores minerais e elétrico)
 Abertura comercial: redução tarifária e liberalização das
importações. O controle das importações passou a ser
tarifário e não quantitativo.
O PLANO COLLOR I (03/1990 a 01/1991)
 Diagnóstico das causas da inflação: 1) descontrole
monetário e fiscal; 2) elevada e crescente liquidez dos
haveres financeiros.
 Possibilidade de alterar rapidamente os portfólios:
monetização das aplicações financeiras levava a rápido
aumento da demanda por bens de consumo, ativos reais e
de risco.
 Política cambial: exportadores retardavam o fechamento
dos negócios, forçando a desvalorização cambial.
 Especulação com ativos impedia a desindexação: espiral
preço-câmbio-salário.
 Política monetária com taxa de juros elevada. Operações
de mercado aberto eram o único instrumento para
controlar a base monetária.
O PLANO COLLOR I (03/1990 a 01/1991)

 Principais medidas
 1. Política Fiscal:
 Eliminar a “moeda indexada” (“contas remuneradas”
baseadas no overnight).
 Alongamento da dívida mobiliária proporcionado pelo
bloqueio dos ativos financeiros.
 Redução do custo da rolagem da dívida através do
congelamento da BTN.
 Ampla suspensão de subsídios e incentivos fiscais,
corte de gastos de custeio e investimento,
recomposição do valor real das tarifas públicas.
 Reforma administrativa (redução de pessoal e venda de
imóveis e automóveis).
O PLANO COLLOR I

 Lançamento do Programa Nacional de Desestatização.


 Aumento da carga tributária (ampliação da tributação
sobre a renda agrícola e o patrimônio).
 Redução do número de ministérios e órgãos públicos.
 2. Política de Rendas:
 Compressão de salários reais (salários congelados por
dois meses através da prefixação de reajustes em 0%
e proibição de reposição de perdas anteriores).
 Reajustes de preços do setor privado foram prefixados
em 0%, bem como a variação das tarifas.
 Instrumentos tradicionais de congelamento de preços
por dois meses e liberação após este prazo.
O PLANO COLLOR I

 3. Política Monetária:
 Seqüestro da liquidez: aplicações financeiras acima de
US$ 1.200 foram bloqueadas, em até 18 meses.
 Recursos bloqueados (em moeda antiga) poderiam ser
utilizados para o pagamento de impostos e nas
privatizações.
 4. Política Cambial e do Setor Externo:
 Adoção do sistema de câmbio flutuante.
 Eliminação dos incentivos às exportações.
 redução das alíquotas tarifárias e o início da abertura
comercial:
 1988/90: 33,4%; 1991/93: 17,8%; 1994/96: 12,9%;
1997/98: 13,9%
O PLANO COLLOR I

 Resultados:
 Confisco de liquidez foi a âncora do plano.
 Desestruturação do sistema produtivo, com
semiparalisia da produção.
 O Governo não conseguiu implementar as reformas.
 O Congresso não aprovou a criação de novos impostos
e não encaminhou rapidamente as reformas.
 A reforma administrativa limitou-se a colocar 120 mil
servidores em disponibilidade, mas estes continuaram a
receber seus salários por decisão da Justiça.
 Apesar disto, governo consegui um superávit primário
com: instituição de imposto sobre operações financeiras
- IOF, redução dos gastos com a rolagem da dívida e
atraso de pagamentos.
O PLANO COLLOR I

 Resultados:
 O sistema financeiro conseguiu impedir judicial e
politicamente a colocação de um grande volume de
Certificados de Privatização.
 As metas de privatização não foram alcançadas
(previa-se a venda de 11 empresas em 1990).
 Recessão deu início à volta da liquidez.
 A rápida e desordenada recomposição da liquidez
afastou a perspectiva de uma depressão profunda;
após recuar cerca de 30% em abril, o nível de
produção e vendas recuperou-se em maio e se
expandiu lentamente até agosto.
 Inflação caiu de 80% para 10%.
O PLANO COLLOR II
(fevereiro a maio de 1991)
 Final de 1990: com inflação → valorização do câmbio
→ déficit BC → forte desvalorização do cruzeiro →
elevação da inflação.

 Persistência da aceleração da inflação e crescentes


dificuldades de financiamento do governo (colocação
de títulos públicos) → nova tentativa heterodoxa de
estabilização: Plano Collor II.

 Outra tentativa de reforma financeira para eliminar o


overnight e a indexação.
O PLANO COLLOR II
(fevereiro a maio de 1991)
 Principais medidas:
 Congelamento de preços.
 Congelamento de salários - nível médio de 1990.
 Proibição de reposição de perdas salariais e fim dos
indexadores.
 Nova política salarial: unificação das datas-base e
instituição de apenas dois reajustes anuais.
 Fim do overnight e dos fundos de curto prazo e criação
do Fundo de Aplicação Financeira - FAF.
 Criação da TR (Taxa Referencial) baseada em
expectativas da inflação futura.
 Congelamento da tabela do IR na fonte.
 Expressiva elevação de tarifas públicas e tentativa de
controle de gastos.
O PLANO COLLOR II
(fevereiro a maio de 1991)
 Resultados:
 Inflação oscilou entre 9-10% no período março-maio.
 Unificação das datas-base foi derrotada e o Governo
se viu obrigado a negociar uma série de abonos
salariais e aumentos reais do salário mínimo.
 Pequena redução da inflação e recessão levam à
queda da Ministra Zélia Cardoso.
 Maio/1991 – troca de ministros e volta da ortodoxia.
 1992: recessão continua sem redução da inflação,
piora na situação fiscal.
 Impeachment do presidente Collor.
 Com Itamar foram lançadas as bases para o Plano
Real.
DÉCADA DOS 90.

 Taxas de crescimento do PIB (em%)


 1990 - 4,3
 1991 1,0
 1992 - 0,5
 1993 4,9
 1994 5,9
 1995 4,2
 1996 2,7
 1997 3,3
 1998 0,1
 1999 0,8
 2000 4,4
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990
 Restrições ao crescimento na crise da década dos 80:
 1) elevada participação do Estado;
 2) fechamento do mercado interno ao comércio
internacional.
 Diagnóstico: desequilíbrios tiveram origem no modelo ISI.
 Críticas: 1) alocação ineficiente dos recursos por parte do
Estado; 2) viés em favor da produção para o mercado
interno; 3) fechamento ao comércio internacional impede
ganhos com especialização e economias de escala.
 Crescimento econômico: resultado da estabilização
monetária e das reformas (abertura comercial, liberalização
financeira, reforma do Estado).
 “Consenso de Washington” → novo modelo econômico
como solução para o crescimento dos países periféricos.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 Duas visões sobre as possibilidades de crescimento:


 1) política de desenvolvimento: reestruturação do mercado
de capitais; financiamento de longo prazo para o
investimento produtivo; com reestruturação patrimonial e
empresarial da grande empresa de capital nacional;
constituição de um núcleo endógeno de geração e de
difusão de inovações tecnológicas; aumento de
competitividade, melhor inserção internacional; mercado
doméstico como motor dinâmico da economia.
 2) propunha como solução um maior grau de
internacionalização comercial e produtiva; maior inserção
comercial no mercado internacional através dos IDE; o
setor externo seria o motor dinâmico da economia.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990
 Novo modelo de crescimento da economia:
 1) abertura comercial: alocação mais eficiente dos fatores
e ênfase no mercado externo como motor do
crescimento.
 2) setor privado é o maior responsável pelos
investimentos, o IDE tem papel preponderante.
 Conseqüências da abertura:
 1) elevação da produtividade;
 2) processo de seleção de empresas;
 3) elevação das exportações levaria ao crescimento da
economia;
 4) colocaria o Brasil de novo na rota do IDE;
 5) redução de custos e preços;
 6) desequilíbrio na balança comercial seria transitório.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 A combinação entre a globalização, a abertura comercial, a


estabilização monetária e a privatização de empresas
estatais provocaria uma “revolução na economia
brasileira”.
 Abertura comercial e integração comercial:
 Três fases:
 1) 1988 a 1994 → momentos iniciais com as alterações na
estrutura tarifária, e o estabelecimento da Tarifa Externa
Comum (TEC) no Mercosul em 1994;
 2) 1994 a 1999 → efeitos da abertura com a redução da
proteção do mercado interno, a estabilização monetária e a
valorização cambial;
 3) depois de 1999 → com a desvalorização cambial.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990
 Primeira fase 1988 a 1994: alterações na estrutura
tarifária, com a redução das tarifas médias,abolição de
regimes especiais de importação e unificação de tributos.
 redução das alíquotas tarifárias (importação): 1990–
32,1%; 1991- 25,2%; 1992- 20,8%; 1993- 16,5%; 1994-
14,0%; 1995- 13,1%.
 foram abolidos os regimes especiais de importação.
 Redução da proteção tarifária à indústria local.
 1990 - Política Industrial e de Comércio Exterior (PICE).
Setor externo como o motor do crescimento. Cronograma
de liberação gradativa de 1990 a 1994. Em 1992 foram
antecipadas as reduções tarifárias.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 Segunda fase 1994 a 1999: Plano Real – estabilização


monetária. Liberalização, valorização cambial e
aquecimento da economia.
 a política de importações se subordina aos objetivos da
estabilização de preços e proteção dos setores mais
afetados pela abertura (antagônicos).
 redução das alíquotas tarifárias: 1988/90: 41,2%; 1991/93:
17,8%; 1994/96: 12,9%; 1997/98: 13,9%.
 Pequena elevação das tarifas em 1996: déficit em conta
corrente.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 Integração regional: Mercosul e Alca.


 Contribuíram para a expansão do comércio exterior na
década de 1990.
 Liberalização comércio mundial x integração regional.
 Mudanças no cenário internacional:
 1) abandono da políticas autárquicas dos países em
desenvolvimento, com abertura ao comércio multilateral;
 2) crescimento do IDE e reorganização das EMN;
 3) maior liberalização do comércio entre países
industrializados.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 Novas características do regionalismo:


 1) formação de áreas de livre comércio;
 2) países menores estão realizando reformas;
 3) liberalização comercial é maior em países menores;
 4) integração regional vai além da formação de áreas de
livre comércio.
 5) áreas de livre comércio são formadas em geral por
países vizinhos.
 Integração: ganhos com a criação de comércio seriam
maiores do que os “desvios de comércio”.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 MERCOSUL: resposta às exigências da nova dinâmica da


economia mundial.
 CEPAL já defendia, na década de 1950, maior integração e
cooperação regionais.
 1991: integração oficializada → Tratado de Assunção.
 Prevê a evolução da zona de livre comércio → união
aduaneira → mercado comum. (Brasil, Argentina, Uruguai,
Paraguai e Venezuela (2006); membros associados:
Bolívia, Chile, Peru, Colômbia e Equador).
 Objetivos: promover o comércio intra-regional, modernizar a
economia local e dar competitividade ao bloco diante do
mercado internacional.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 Formação do Mercosul tem os seguintes pressupostos:


 1) liberação comercial com reduções tarifárias progressivas,
lineares e automáticas, com a zeragem de tarifas;
 2) estabelecimento de tarifas externas e políticas
comerciais comuns;
 3) coordenação das políticas macroeconômicas e setoriais;
 4) acordos setoriais;
 5) formação do mercado comum, sistemas de salvaguardas
e solução de conflitos;
 6) harmonização legislativa.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 O maior avanço na década dos 90 foi na integração


comercial, crescimento do fluxo de comércio.
 O comércio bilateral Brasil-Argentina representa 75% do
total da região.
 Maior dificuldade está nos déficits em conta corrente.
 O protecionismo aumentou depois das crises asiática
(1997) e brasileira (1999).
 Desvalorização do real dificultou o avanço da formação do
Mercosul.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 União aduaneira: passos foram dados com a constituição


da tarifa externa comum (TEC). Situa-se entre zero e 23%
para 90% do universo tarifário. Cada país podia incluir na
lista cerca de 300 produtos.
 Mercado comum: pouco se avançou. Não houve uma
harmonização da legislação trabalhista e previdenciária.
Imigração difícil: dificuldades para constituir um negócio
em outro país; reconhecimento de diploma universitário;
remessa de contribuições previdenciárias.
 Não coordenação de políticas macroeconômicas.
 Inserção em áreas de livre comércio mais amplas: ALADI
(Associação latino-americana de integração) e ALCA (Área
de livre comércio das Américas).
País PIB (US$) em milhões PIB (US$) per capita População(2007) IDH

Brasil 2.013.893 10.637 190.011.861 0,800

Argentina 691.054 17.559 40.403.943 0,863

Venezuela 223.430 8.125 26.085.281 0,784

Uruguai 41.334 12.917 3.447.920 0,851

Paraguai 34.014 5.638 6.667.884 0,757

Total Mercosul1 3.003.725 10.975* 266.616.849 0,817*

Colômbia 422.483 8.891 44.858.434 0,790

Chile 227.879 13.745 16.285.071 0,859

Peru 207.985 7.410 28.675.628 0,767

Equador 68.939 5.021 13.752.593 0,765

Bolívia 30.093 3.062 9.119.372 0,692

Total Mercosul2 3.961.104 9.300* 365.555.352 0,792*

1 Somente Estados Membros 2 Estados Membros e Associados


* Nos cálculos de médias leva-se em conta o número de habitantes de cada país
Área
Entidade População PIB milhões de US$ PIB per capita US$ Países membros
km²

Mercosul 17.320.270 365.555.352 3.961.104 9.300 10 (5 plenos)


NAFTA 21.588.638 430.495.039 12.889.900 29.942 3
U. Européia 3.977.487 456.285.839 11.064.752 24.249 27
ASEAN 4.400.000 553.900.000 2.172.000 4.044 10

Países

Índia 3.287.590 1.065.070.607 3.033.000 2.900

China 9.596.960 1.298.847.624 6.449.000 5.000

EU 9.631.418 293.027.571 10.990.000 37.800

Canadá 9.984.670 32.507.874 958.700 29.800

Rússia 17.075.200 143.782.338 1.282.000 8.900

Brasil 8.514.876 190.987.291 2.013.893 10.637


Mercosul, valores de acordo com o FMI

Fonte: CIA World Factbook 2004, IMF WEO Database[28]
Associação de Nações do Sudeste Asiático: Tailândia; Filipinas; Malásia; Cingapura; Indonésia; Brunei; Vietnã; Mianmar; Laos; Camboja.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 ALCA
 Inclui 34 países.
 Apesar de várias reuniões já feitas, há discordância entre
EUA e Brasil.
 1994: discussões sobre compromisso de abertura de
mercado e acordos para redução de barreiras tarifárias.
 1995: formação de grupos de trabalhos em áreas
essenciais para o processo de integração: acesso a
mercados; investimentos; direitos aduaneiros;
subsídios;etc.
 Há opiniões diversas sobre a formação da ALCA:
 1) perseguir uma política de integração simultânea com a
ALCA, UE e Ásia;
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 2) há posições divergentes entre EUA e Mercosul: EUA


privilegiam negociação entre países, o Mercosul entre
blocos; EUA excluem temas como normas trabalhistas e
meio ambiente.
 3) riscos de uma integração precipitada devido ao atraso
tecnológico de certos segmentos da indústria nacional.
 4) contradição entre a possibilidade de acesso ao
mercado, ao capital e às tecnologias versus destruição da
indústria doméstica e perda de soberania.
 5) alguns estudos mostram que as importações
aumentariam mais que as exportações, pois EUA tem
maior competitividade.
 6) área de livre comércio com a UE pode ser melhor.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 Conclusões sobre o Mercosul.

 O Mercosul foi constituído em um ambiente de


abertura econômica e financeira em relação ao
mundo, e integração dos países membros.
 Experiência de “regionalismo aberto”, seguindo
tendência internacional.
 Presença de aspectos positivos e negativos.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 Aspecto positivo: foi um acordo de integração com bons


resultados no plano comercial, incrementando fortemente
seus fluxos de comércio intra e extra-bloco. Contribuiu
para o financiamento do déficit em conta corrente.

 Aspecto negativo: não foi exitoso enquanto uma política


de desenvolvimento, que contribuísse para uma
reestruturação ativa da base produtiva, para uma mudança
qualitativa no perfil de inserção internacional e para a
superação ou redução das restrições externas ao
crescimento.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990

 O intercâmbio comercial intra-Mercosul no período 1991-


99 incrementou-se à taxa de 20,5% a.a.
 Superando o crescimento do intercâmbio do bloco com o
resto do mundo e o incremento do próprio comércio
mundial (6,5% a.a.).
 Em termos de valor, o intercâmbio comercial intra-bloco
saltou de um patamar de US$ 4 bilhões em 1989
(somadas importações e exportações) para um valor
médio anual de US$ 12 bilhões no período 1992-94 e
novamente quase triplicou (US$ 34 bilhões) no período
1995-99.
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990
 A crise atual do Mercosul:
 a) duração: iniciou-se com a crise internacional 1997-98,
explicitou-se a partir da desvalorização brasileira de início
de 1999 e agravou-se na presente década;
 b) abrangência: atingiu praticamente todos os segmentos
e agentes econômicos envolvidos, inclusive as esferas
mais elevadas de governo, responsáveis pela condução
das negociações;
 c) profundidade: colocou em xeque a própria importância
e viabilidade do processo, em um quadro externo onde
vem sendo imposta uma nova e mais ampla estrutura de
integração econômica hemisférica que é a Alca.
Balanço de Pagamentos
 1- Transações Correntes
 (Transações de mercadorias e serviços)
 a- Balança comercial
 Exportação de bens
 Importação de bens
 b- Balanço de serviços
 Fretes, seguros, turismo
 Pagamentos juros, remessas de lucros, dividendos
 c- Transferências unilaterais.
 Donativos em divisas ou mercadorias
 2- Conta Capital ou Balanço de Capitais Autônomos
 (Transações monetárias)
 Investimentos diretos líquidos
 Empréstimos e financiamentos
 Amortizações
 Capitais de curto prazo
 3- Erros e Omissões
 Resultado do Balanço de Pagamentos (1+2+3)
 Financiamento do Resultado (Financiamento compensatório)
 Variações de reservas internacionais
 Empréstimos de regularização (FMI)
 Atrasados comerciais
EXPORTAÇÕES, IMPORTAÇÕES E BALANÇA COMERCIAL
(US$ milhões)
ano exportações importações saldo
1988 33.789 14.605 19.184
1991 31.620 21.041 10.579
1992 35.793 20.554 15.239
1993 38.555 25.256 13.299
1994 43.545 33.079 10.466
1995 46.506 49.970 -3.464
1996 47.747 53.346 -5.599
1997 52.986 59.842 -6.856
1998 51.120 57.714 -6.594
1999 48.011 49.210 -1.199
2000 55.086 55.783 -697
2001 58.223 55.582 2.641
2002 60.362 47.232 13.130
2003 73.084 48.260 24.824
2004 96.475 62.782 33.693
2005 118.308 73.551 44.757
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990
ano BC BS TRANSF SALDO TC CC BP
1990 10.753 (15.369) 833 (3.783) 4.592 481
1991 10.579 (13.543) 1.555 (1.408) 163 (369)
1992 15.239 (11.336) 2.206 6.109 9.947 14.670
1993 13.299 (15.577) 1.602 (676) 10.495 8.709
1994 10.466 (14.692) 2.414 (1.812) 8.692 7.215
1995 (3.464) (18.541) 3.622 (18.382) 29.095 12.919
1996 (5.599) (20.350) 2.446 (23.502) 33.968 8.666
1997 (6.856) (25.522) 1.823 (30.555) 25.800 (7.907)
1998 (6.594) (28.299) 1.458 (33.435) 29.702 (7.970)
1999 (1.199) (25.825) 1.689 (25.335) 17.319 (7.822)
2000 (697) (25.048) 1.521 (24.224) 19.326 (2.262)
2001 2.641 (27.503) 1.638 (23.224) 27.052 3.307
2002 13.130 (23.148) 2.390 (7.628) 8.004 302
2003 24.824 (23.483) 2.867 4.207 5.111 8.496
2004 33.693 (25.198) 3.268 11.764 (7.330) 2.244
2005 44.757 (34.115) 3.558 14.199 (8.808) 4.319
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990
O PLANO REAL

 Plano Real: foi uma estratégia de estabilização de


preços baseada na adoção de novo padrão monetário
e na implementação de uma âncora cambial.
 Requisitos para a estabilização:
1) Equilíbrio fiscal
2) Reformas estruturais
3) Estabelecimento de uma âncora nominal.
O PLANO REAL
Fases:
1) Ajuste fiscal emergencial (maio/1993 a fevereiro/1994)
2) Reforma monetária com criação da URV e do Real
(março/1994 a junho/1994)
3) A adoção da âncora cambial (julho/1994 a janeiro/1999)
Resultados:
1) Foi bem-sucedido no combate à inflação.
2) Baixo crescimento econômico.
3) Forte elevação da dívida pública.
O PLANO REAL – PRIMEIRA FASE
(Ajuste Fiscal Emergencial)
 O ajuste fiscal era entendido como uma pré-condição para o
sucesso do programa (déficit público potencial).
 Principais medidas:
 1) Programa de Ação Imediata (PAI) de 05/1993: revisão
da relação da União com os Estados e Municípios e
criação de novos tributos;
 2) Fundo Social de Emergência (FSE) de 02/1994:
desvinculação de receitas para permitir maior flexibilidade
na gestão orçamentária. Financiamento de programas
sociais.
 1994: Superávit operacional de 1,3% do PIB.
1995: Déficit operacional de 4,8% do PIB.
1996: Déficit operacional de 3,8% do PIB.
O PLANO REAL – SEGUNDA FASE
(Criação da URV)
 Reforma monetária: passagem da âncora fiscal para a
âncora cambial.
 Principal objetivo: eliminação da inércia inflacionária, com
a desindexação de preços e rendimentos.
 A interrupção da inflação precisava ser neutra do ponto
de vista distributivo:
 1) necessidade do alinhamento de preços relativos;
 2) necessidade de um indexador que fosse referência
para o reajuste de todos os preços e rendimentos.
O PLANO REAL – SEGUNDA FASE
(Criação da URV)
 URV – Unidade Real de Valor:
 Valor expresso em cruzeiros reais com variação diária.
 Variação definida pelo IPC-FIPE, IGP-M e IPCA-E.
 Valor de lançamento igual à cotação do dólar
comercial (dolarização artificial).
 As razões da URV:
 período de adaptação dos contratos.
 referência estável de valor e noção de preço relativo.
 reduziu a memória inflacionária do sistema.
 período de renegociação de margens operacionais e
financeiras do setor privado e alinhamento de preços
do setor público
 conversão dos salários pela média e fixos em URV
 indexação de toda a economia à URV
O PLANO REAL – TERCEIRA FASE
(Lançamento da Nova Moeda)

 Criação da nova moeda - o Real.


 Características da terceira fase:
1) Âncora monetária - austeridade na administração da
oferta de moeda MP 542 - fixou limites para a expansão
da base monetária e condicionou-a à existência de
lastro nas reservas internacionais.
2) Âncora cambial e política de não intervenção do Banco
Central no mercado de câmbio.
 Como todos os preços relevantes estavam referenciados à
taxa de câmbio por meio da URV e esta passou a ser
estável na mudança para o real, a superinflação cedeu.
O PLANO REAL – TERCEIRA FASE
 Dificuldades enfrentadas:
 1) economia em processo de superaquecimento, forte
expansão do PIB.
 2) crise do México no final de 1994, com forte
desvalorização, colocando sob suspeita os regimes de
câmbio fixo. Perspectiva de potencial crise cambial no
Brasil.
 3) redução das reserva internacionais: em função do
crescimento da demanda agregada e da redução da
entrada de capitais.
 Medidas: microdesvalorização da taxa de câmbio e
elevação da taxa de juros.
 Retorno de ampla liquidez no mercado financeiro
internacional.
O PLANO REAL
(Reformas Estruturais)
1. Liberalização do Comércio Exterior
Tarifa média caiu de 35% em 1989 para 32% em 1990,
25% em 1991, 14% em 1994 e 13% em 1995.

2. Privatização
Sua implementação está associada a:
Redução do estoque da dívida interna
Retomada do investimento em setores de infra-estrutura
como transportes, comunicações e energia
Atração de capitais externos de prazo mais longo para
elevar o investimento produtivo
O PLANO REAL
(Reformas Estruturais)

 3. Outras Reformas
 Reforma do sistema previdenciário.
 Saneamento do sistema financeiro.
 Criação de agência reguladoras.
 Renegociação das dívidas estaduais e LRF.
 Flexibilização de monopólios (na área de petróleo,
gás e telecomunicações).
A POLÍTICA CAMBIAL DO PLANO REAL
1.Medida Provisória 542, de 01/07/94 - estabeleceu
uma âncora cambial com a fixação da taxa de
câmbio na paridade de R$1,00 para US$1,00 por
prazo indeterminado.
2.Elevados superávits comerciais e financeiros →
excesso de oferta de dólares → apreciação da taxa
de câmbio efetiva real.
3.Outubro/94: Banco Central procura conter a entrada
excessiva de dólares → medidas: a taxação sobre a
entrada de capitais de curto prazo e diminuição dos
prazos de adiantamentos dos contratos de câmbio
(ACC).
A POLÍTICA CAMBIAL DO PLANO REAL

4. De maneira informal, a autoridade monetária


estabeleceu um sistema de bandas cambiais
que oscilava entre R$ 0,83 por dólar a R $0,86.
5. Crise México dezembro/1994 → mudança na
política cambial e do comércio exterior.
Redução na liquidez internacional. Adoção do
regime de bandas cambiais largas. O Banco
Central estabeleceu uma faixa de flutuação do
dólar que, inicialmente, estaria entre R$ 0,86 e
R$ 0,90.
A POLÍTICA CAMBIAL DO PLANO REAL

5. Intervenção no mercado para defender as cotações


todas as vezes que o mercado atingiu os limites
estabelecidos para a banda cambial vigente.
Passou a utilizar reservas internacionais a fim de
manter o câmbio no interior da banda. Pequenas e
sucessivas desvalorizações. Redução das reservas
internacionais (de dezembro/94 a fevereiro/95).
6. Março/1995 - Banda cambial de R$ 0,88 a R$ 0,93.
Junho/1995 - Banda cambial de R$ 0,91 a R$ 0,99.
Janeiro/1996-Banda cambial de R$ 0,97 a R$ 1,06.
A POLÍTICA CAMBIAL DO PLANO REAL

7. Crise na Ásia em 1997: BC adotou medidas para


fazer face ao ataque especulativo contra o real → 1)
queimou parte das reservas internacionais; 2) elevou
as taxas de juros e ofertou títulos cambiais.
8. Apartir do início de 1997, o Banco Central
desvalorizou o real num ritmo de 0,6% ao mês, que
era equivalente a 7,5% ao ano. A administração da
taxa de câmbio foi feita através de leilões, que
aconteciam regularmente durante os meses e
elevavam uniformemente os limites da minibanda
cambial. Grau de ancoragem foi sendo reduzido.
A POLÍTICA CAMBIAL DO PLANO REAL
9. Em setembro de 1998, com a intensificação da crise
russa e seu impacto sobre a economia brasileira,
instaurou-se uma espetacular fuga de capitais do país.
A taxa de juros foi elevada para 49,75% a. a..
10. 12 de janeiro de 1999 - alteração do regime cambial, de
bandas cambiais para câmbio flutuante. A
desvalorização cambial chegou a atingir cerca de 70%,
entre 12 e 29/janeiro. No decorrer do ano, a taxa
cambial se valorizou e atingiu, no final do ano, um
razoável equilíbrio.
11. Abandono da âncora cambial e adoção do regime de
metas de inflação.
O PLANO REAL
 Dois fatores foram importantes para que o regime de
metas cambiais levasse à estabilização de preços:
 1- liberdade comercial.
 2- taxa de câmbio valorizada → produtos importados
mais competitivos.
 Política monetária restritiva: taxa de juro real teve uma
média superior a 20% a.a. no período do plano. A política
monetária foi conduzida para determinar o volume de
reservas cambiais.
 Plano Real foi um sucesso absoluto no controle da
inflação.
 A estabilidade de preços é um pré-requisito para a
retomada do crescimento sustentado.
O PLANO REAL
 Estabilização inflacionária com o regime de
âncora cambial, câmbio valorizado e elevada taxa
de juros resultou em:
 1) desequilíbrio do setor externo: aumento das
importações → elevado déficit na balança
comercial → elevados passivos externos →
aumento das despesas financeiras → BP
desequilibrado. (juros elevados garantiram o
influxo de capitais externos)
 2) crise fiscal: elevação dos juros → aumento dos
gastos do governo → aumento da relação dívida
pública/PIB.
 3) baixo crescimento do PIB.
EXPORTAÇÕES, IMPORTAÇÕES E BALANÇA COMERCIAL
(US$ milhões)
ano exportações importações saldo
1990 31.414 20.661 10.753
1991 31.620 21.041 10.579
1992 35.793 20.554 15.239
1993 38.555 25.256 13.299
1994 43.545 33.079 10.466
1995 46.506 49.970 -3.464
1996 47.747 53.346 -5.599
1997 52.986 59.842 -6.856
1998 51.120 57.714 -6.594
1999 48.011 49.210 -1.199
2000 55.086 55.783 -697
2001 58.223 55.582 2.641
2002 60.362 47.232 13.130
2003 73.084 48.260 24.824
2004 96.475 62.782 33.693
2005 118.308 73.551 44.757
A ABERTURA COMERCIAL NOS ANOS 1990
ano BC BS TRANSF SALDO TC CC BP
1990 10.753 (15.369) 833 (3.783) 4.592 481
1991 10.579 (13.543) 1.555 (1.408) 163 (369)
1992 15.239 (11.336) 2.206 6.109 9.947 14.670
1993 13.299 (15.577) 1.602 (676) 10.495 8.709
1994 10.466 (14.692) 2.414 (1.812) 8.692 7.215
1995 (3.464) (18.541) 3.622 (18.382) 29.095 12.919
1996 (5.599) (20.350) 2.446 (23.502) 33.968 8.666
1997 (6.856) (25.522) 1.823 (30.555) 25.800 (7.907)
1998 (6.594) (28.299) 1.458 (33.435) 29.702 (7.970)
1999 (1.199) (25.825) 1.689 (25.335) 17.319 (7.822)
2000 (697) (25.048) 1.521 (24.224) 19.326 (2.262)
2001 2.641 (27.503) 1.638 (23.224) 27.052 3.307
2002 13.130 (23.148) 2.390 (7.628) 8.004 302
2003 24.824 (23.483) 2.867 4.207 5.111 8.496
2004 33.693 (25.198) 3.268 11.764 (7.330) 2.244
2005 44.757 (34.115) 3.558 14.199 (8.808) 4.319
O PLANO REAL: DUAS VISÕES.
 Visão oficial:
 1) valorização cambial é resultado do novo
contexto macroeconômico da estabilização de
preços e da globalização;
 2) déficit em conta corrente é provisório;
 3) a entrada de capital externo de longo prazo
(investimentos) e privatizações elevam a
capacidade produtiva;
 4) maior produtividade e competitividade;
 5) aumento das exportações e redução das
importações na cadeia produtiva - equilíbrio da
BC.
O PLANO REAL: DUAS VISÕES.
 Visão crítica:
 1) valorização cambial levou a déficit na conta
corrente;
 2) o IDE não evitou o aumento da fragilidade
externa;
 3) o país foi obrigado a recorrer ao
refinanciamento externo de curto prazo;
 4) crescimento do déficit público;
 5) economia ficou vulnerável;
 6) mudança na estrutura produtiva não inseriu o
Brasil na economia internacional de maneira
competitiva.
O PLANO REAL

 Por que a desvalorização não trouxe de volta a


inflação?
 1) política monetária com juros elevados (45%).
 2) ambiente recessivo com baixa atividade
econômica e redução da demanda;
 3) baixos reajustes salariais e do salário mínimo.
O SEGUNDO GOVERNO FHC: 1999 a 2002
 Final 1998: acordo com o FMI → ajuda de US$ 42 bi. O
acordo resultou em aperto fiscal com o compromisso da
obtenção de superávits primários.
 Fuga de capitais acelerou-se (US$ 1 bi/dia) no início de
1999.
 13/janeiro/1999: desvalorização cambial (entre 50% a
60%)→taxa de câmbio R$ 1,20 chega quase a R$2,00.
 Maior parte da dívida externa era privada (65%)
 Desvalorização implicou perdas para o Tesouro
Nacional em função do hedge oferecido pelo governo.
 Substituição de Gustavo Franco por Francisco Lopes
no BC. Com a suspeita de vazamento de informações
este foi substituído por Armínio Fraga.
O SEGUNDO GOVERNO FHC: 1999 a 2002

 Medidas: elevação da taxa de juros, câmbio


flutuante e mudança da âncora cambial para o
regime de metas de inflação.
 Política monetária: taxas de juros elevadas (45%
em março/1999) para conter inflação.
 Regime de metas de inflação (julho/1999):
 1) CMN fixa qual é a meta de inflação desejada
(IPCA). Metas estabelecidas: 1999-8%; 2000-6%;
2001-4%; e 2002-3,5%. Margem de + ou – 2% do
alvo.
 2) Conselho de Política Monetária (COPOM)
estabelece a taxa de juros para atingir a meta da
taxa de inflação visada.
O SEGUNDO GOVERNO FHC: 1999 a 2002
 Taxa de juros é o instrumento principal para o
controle da inflação.
 Banco Central gerencia o valor diário da taxa Selic.
 Isto é feito através do mercado aberto (overnight).

 Metas Verificado
 1999 8,0 8,9
 2000 6,0 6,0
 2001 4,0 7,7
 2002 3,5 12,5
 2003 9,5 9,3
O SEGUNDO GOVERNO FHC: 1999 a 2002
Fatores que explicam a dificuldade para o BC
alcançar a meta de inflação:
 1) difícil previsibilidade da inflação: possibilidade
de choques não previstos (apagão, crise da
Argentina, 11 de setembro, eleições).
 2) metas excessivamente reduzidas (não há
consenso sobre o nível de inflação a ser
estabelecido).
 3) preços administrados (30% do IPCA):
 de 1995 a 2003
 IPCA: 119%; telefone fixo 626%;energia 339%;
gasolina 266%; etc.
O SEGUNDO GOVERNO FHC: 1999 a 2002

 Ajuste fiscal: metas de superávit primário para


realizar o pagamento dos juros da dívida: 1999 –
4,0%; 2000 – 3,5%; 2001 – 3,6%; 2002 – 3,9%;
2003 – 4,3% do PIB.
 O ajuste fiscal foi realizado com a redução dos
gastos públicos, apesar disto a relação dívida
pública/PIB cresceu.
Taxas de crescimento do PIB e inflação(em%)
(1994 a 2006)
 1994 5,9 916,46
 1995 4,2 22,41
 1996 2,7 9,56
 1997 3,3 5,22
 1998 0,1 1,66
 1999 0,8 8,94
 2000 4,4 5,97
 2001 1,3 7,76
 2002 1,9 12,53
 2003 1,1 9,30
 2004 5,7 7,60
 2005 2,9 5,56
 2006 3,7 3,14
 2007 5,4 4,46
O GOVERNO LULA
 Dificuldades enfrentadas no início do governo em
função:
 1) processo eleitoral, expectativa dos credores com
relação ao cumprimento dos acordos estabelecidos por
FHC. Atitude especulativa dos credores.
 2) desvalorização do câmbio (chega a R$ 4,00) levou ao
ressurgimento do processo inflacionário no final de 2002
(26,4% pelo IGP-DI).
 3) promessas de campanha implicavam elevação dos
gastos públicos. Não identificava fontes de receita.
 Conseqüências: inflação ascendente e risco de
insolvência.
 Estabeleceu compromisso de respeitar o acordo com o
FMI negociado por FHC: cumprindo o superávit primário.
 Out/2002: taxa de juros de 18% para 25%.
O GOVERNO LULA
 Qual deveria ser o superávit primário para manter estável
a relação dívida pública/PIB?
 O superávit primário depende da taxa de juros e do
crescimento da economia.
 Medidas tomadas no início do governo:
 1) nomeação de Henrique Meirelles, com a mesma
diretoria no BC.
 2) estabelecimento das metas de inflação: 2003 - 9,5%
(9,3%); 2004 – 5,5% (7,6%); 2005 e 2006 – 4,5% (5,7% e
3,7%).
 3) superávit primário 4,25%.
 4) elevação da taxa de juros nominal 26,5%.
 5) corte do gasto público.
 6) colocou na LDO o superávit primário para 2004/06.
O GOVERNO LULA
 Medidas tiveram caráter ortodoxo em 2003.
 Renovação do acordo com o FMI, embora o país não
tenha feito uso dos recursos.
 Queda da inflação em 2003 se deveu: 1) redução da taxa
de câmbio; e expansão de liquidez internacional.
 Elevação da taxa de juros real Selic:
 2002 – 6%; 2003 – 13%; 2004 – 11%; 2005 – 10%.
 Foram enviadas ao congresso as reformas tributária e
fiscal.
 Governo Lula mantém o tripé da política econômica do
último governo FHC: superávit fiscal; regime de metas de
inflação e taxa de câmbio flutuante.
O GOVERNO LULA
 Setor externo.
 Governo Lula intensificou a abertura financeira:
 1) facilitou aos residentes manterem depósitos ou
investimentos no exterior;
 2) incentivos para estrangeiros comprarem títulos da
dívida pública.
 Conjuntura externa favorável.
 Redução da relação dívida externa/PIB.
 Valorização da taxa de câmbio.
 Vulnerabilidade externa continua, embora com alguma
melhora.
O GOVERNO LULA
 Setor público.
 Dívida pública no governo Lula:
 1) pequena redução de seu valor como proporção do PIB.
 2) melhora no perfil.
 Ajuste fiscal: crescimento dos gastos correntes e das
receitas.
 Corte dos gastos se concentraram nos investimentos.
O GOVERNO LULA
 Modelo de crescimento econômico.
 Modelo não mudou: as taxas de crescimento continuam
baixas.
 Embora tenha ocorrido um aumento do emprego e sua
formalização.
 Ampliação da capacidade produtiva nas atividades
exportadoras.
 Ausência de um processo contínuo de elevação da renda.
 Modelo de crescimento tem que enfrentar o problema da
vulnerabilidade externa.
 Necessidade de um Plano de Desenvolvimento
Econômico e Social.
Questões Fundamentais

 Estrangulamentos do lado da oferta → infra-


estrutura física e social.
 A questão da estabilização da taxa de câmbio.
 Redução do estoque da dívida pública.
 A aprovação das reformas estruturais.
 Inserção externa.
 Maior crescimento da economia e do emprego.
EXPORTAÇÕES, IMPORTAÇÕES E BALANÇA COMERCIAL
(US$ milhões)
ano exportações importações saldo
1994 43.545 33.079 10.466
1995 46.506 49.970 -3.464
1996 47.747 53.346 -5.599
1997 52.986 59.842 -6.856
1998 51.120 57.714 -6.594
1999 48.011 49.210 -1.199
2000 55.086 55.783 -697
2001 58.223 55.582 2.641
2002 60.362 47.232 13.130
2003 73.084 48.260 24.824
2004 96.475 62.782 33.693
2005 118.308 73.551 44.757
2006 137.470 91.384 46.456
2007 160.649 120.620 40.028
BALANÇA DE PAGAMENTOS (1994 a 2007)
ano BC BS TRANSF SALDO TC CC BP
1994 10.466 (14.692) 2.414 (1.812) 8.692 7.215
1995 (3.464) (18.541) 3.622 (18.382) 29.095 12.919
1996 (5.599) (20.350) 2.446 (23.502) 33.968 8.666
1997 (6.856) (25.522) 1.823 (30.555) 25.800 (7.907)
1998 (6.594) (28.299) 1.458 (33.435) 29.702 (7.970)
1999 (1.199) (25.825) 1.689 (25.335) 17.319 (7.822)
2000 (697) (25.048) 1.521 (24.224) 19.326 (2.262)
2001 2.641 (27.503) 1.638 (23.224) 27.052 3.307
2002 13.130 (23.148) 2.390 (7.628) 8.004 302
2003 24.824 (23.483) 2.867 4.207 5.111 8.496
2004 33.693 (25.198) 3.268 11.764 (7.330) 2.244
2005 44.757 (34.115) 3.558 14.199 (8.808) 4.319
2006 46.456 (37.120) 4.306 13.642 16.298 30.569
2007 40.028 (42.596) 4.028 1.460 89.154 87.484

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