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2a

SÉRIE

2024_EM_B1_V1
Língua Portuguesa

Conto II

1o bimestre – Aula 05
Ensino Médio
Conteúdos Objetivos

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● Gênero conto; ● Familiarizar-se com
● Estrutura do conto; características do gênero conto
e sua estrutura;
● Elementos da narrativa.
● Ler e analisar um conto;
● Identificar os elementos da
narrativa;
● Produzir um conto.
Para começar

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Virem e conversem
Sobre sua experiência de escrita
● Você costuma escrever?
● Já escreveu algum conto? Ou já teve
vontade de escrever um?
● O que você prefere ler, quando pode
escolher um conto: terror, urbano,
policial, de fadas, fantástico, de humor,
psicológico, ou de ficção científica? Pode
ser mais de um.
Foco no conteúdo

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O conto
É um gênero literário que é caracterizado por ser uma história curta, escrita
em prosa, centrada em uma personagem e um conflito. Sua estrutura clássica
pressupõe: situação inicial – conflito e desenvolvimento – clímax e
desenlace.
Entretanto, a literatura contemporânea apresenta uma série de estruturas
diferentes, não seguindo a tradicional.
Este gênero é muito popular, pois é possível lê-lo em pouco tempo, até
mesmo no trajeto de casa à escola ou ao trabalho, dentro do ônibus, do metrô
ou do trem. Além disso, é de fácil compartilhamento e divulgação em blogs e
redes sociais.
Foco no conteúdo

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Ação: conversa 05 MINUTOS
Leitura de conto
A leitura desta aula é o conto Ideias de canário, de Machado de Assis.
Antes, porém, vocês vão discutir, em duplas ou trios, as questões a
seguir:
a) Que história vocês acham que um conto com o título Ideias de
canário irá contar?
b) Se os pássaros pudessem pensar, ter ideias, vocês acreditam que elas
despertariam o nosso interesse? Justifiquem.
Foco no conteúdo

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Leitura de conto
Leiam o conto Ideias de canário, de Machado de
Assis. Durante a leitura, prestem atenção:
● Como é a situação inicial?
● Qual é o conflito, o problema a ser resolvido?
● Quais são as tentativas que o protagonista faz
para resolver o problema (desenvolvimento)?
● Há uma solução para o problema ao final da
história, ou não? Por quê? Boa leitura!
https://shre.ink/TrYE
Para começar

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Idéias do Canário de Machado de Assis
Um homem dado a estudos de ornitologia, por nome Macedo, referiu a alguns amigos um caso tão
extraordinário que ninguém lhe deu crédito. Alguns chegam a supor que Macedo virou o juízo. Eis
aqui o resumo da narração. No princípio do mês passado, — disse ele, — indo por uma rua,
sucedeu que um tílburi à disparada, quase me atirou ao chão. Escapei saltando para dentro de urna
loja de belchior. Nem o estrépito do cavalo e do veículo, nem a minha entrada fez levantar o dono
do negócio, que cochilava ao fundo, sentado numa cadeira de abrir. Era um frangalho de homem,
barba cor de palha suja, a cabeça enfiada em um gorro esfarrapado, que provavelmente não achara
comprador. Não se adivinhava nele nenhuma história, como podiam Ter alguns dos objetos que
vendia, nem se lhe sentia a tristeza austera e desenganada das vidas que foram vidas.
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A loja era escura, atualhada das cousas velhas, tortas, rotas, enxovalhadas, enferrujadas que de
ordinário se acham em tais casas, tudo naquela meia desordem própria do negócio. Essa mistura,
posto que banal, era interessante. Panelas sem tampa, tampas sem panela, botões, sapatos,
fechaduras, uma saia preta, chapéus de palha e de pêlo, caixilhos, binóculos, meias casacas, um
florete, um cão empalhado, um par de chinelas, luvas, vasos sem nome, dragonas, uma bolsa de
veludo, dous cabides, um bodoque, um termômetro, cadeiras, um retrato litografado pelo finado
Sisson, um gamão, duas máscaras de arame para o carnaval que há de vir, tudo isso e o mais que
não vi ou não me ficou de memória, enchia a loja nas imediações da porta, encostado, pendurado
ou exposto em caixas de vidro, igualmente velhas. Lá para dentro, havia outras cousas mais e
muitas, e do mesmo aspecto, dominando os objetos grandes, cômodas, cadeiras, camas, uns por
cima dos outros, perdidos na escuridão.
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outros, perdidos na escuridão. Ia a sair, quando vi uma gaiola pendurada da porta. Tão
velha como o resto, para ter o mesmo aspecto da desolação geral, faltava-lhe estar
vazia. Não estava vazia. Dentro pulava um canário. A cor, a animação e a graça do
passarinho davam àquele amontoado de destroços uma nota de vida e de mocidade. Era
o último passageiro de algum naufrágio, que ali foi parar íntegro e alegre como dantes.
Logo que olhei para ele, entrou a saltar mais abaixo e acima, de poleiro em poleiro,
como se quisesse dizer que no meio daquele cemitério brincava um raio de sol. Não
atribuo essa imagem ao canário, senão porque falo a gente retórica; em verdade, ele não
pensou em cemitério nem sol, segundo me disse depois. Eu, de envolta com o prazer
que me trouxe aquela vista, senti-me indignado do destino do pássaro, e murmurei
baixinho palavras de azedume.
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— Quem seria o dono execrável deste bichinho, que teve ânimo de se desfazer
dele por alguns pares de níqueis? Ou que mão indiferente, não querendo
guardar esse companheiro de dono defunto, o deu de graça a algum pequeno,
que o vendeu para ir jogar uma quiniela? E o canário, quedando-se em cima
do poleiro, trilou isto: — Quem quer que sejas tu, certamente não estás em teu
juízo.
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Não tive dono execrável, nem fui dado a nenhum menino que me vendesse. São
imaginações de pessoa doente; vai-te curar, amigo... — Como — interrompi eu, sem ter
tempo de ficar espantado. Então o teu dono não te vendeu a esta casa? Não foi a miséria
ou a ociosidade que te trouxe a este cemitério, como um raio de sol? — Não sei que
seja sol nem cemitério. Se os canários que tens visto usam do primeiro desses nomes,
tanto melhor, porque é bonito, mas estou que confundes. — Perdão, mas tu não vieste
para aqui à toa, sem ninguém, salvo se o teu dono foi sempre aquele homem que ali
está sentado. — Que dono? Esse homem que aí está é meu criado, dá-me água e comida
todos os dias, com tal regularidade que eu, se devesse pagar-lhe os serviços, não seria
com pouco; mas os canários não pagam criados. Em verdade, se o mundo é propriedade
dos canários, seria extravagante que eles pagassem o que está no mundo.
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Pasmado das respostas, não sabia que mais admirar, se a linguagem, se as
idéias. A linguagem, posto me entrasse pelo ouvido como de gente, saía do
bicho em trilos engraçados. Olhei em volta de mim, para verificar se estava
acordado; a rua era a mesma, a loja era a mesma loja escura, triste e úmida. O
canário, movendo a um lado e outro, esperava que eu lhe falasse. Perguntei-
lhe então se tinha saudades do espaço azul e infinito... — Mas, caro homem,
trilou o canário, que quer dizer espaço azul e infinito? — Mas, perdão, que
pensas deste mundo? Que cousa é o mundo? — O mundo, redargüiu o canário
com certo ar de professor, o mundo é uma loja de belchior, com uma pequena
gaiola de taquara, quadrilonga, pendente de um prego; o canário é senhor da
gaiola que habita e da loja que o cerca. Fora daí, tudo é ilusão e mentira.
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Nisto acordou o velho, e veio a mim arrastando os pés. Perguntou-me se queria comprar o canário.
Indaguei se o adquirira, como o resto dos objetos que vendia, e soube que sim, que o comprara a
um barbeiro, acompanhado de uma coleção de navalhas. — As navalhas estão em muito bom uso,
concluiu ele. — Quero só o canário. Paguei-lhe o preço, mandei comprar uma gaiola vasta,
circular, de madeira e arame, pintada de branco, e ordenei que a pusessem na varanda da minha
casa, donde o passarinho podia ver o jardim, o repuxo e um pouco do céu azul. Era meu intuito
fazer um longo estudo do fenômeno, sem dizer nada a ninguém, até poder assombrar o século com
a minha extraordinária descoberta. Comecei por alfabeto a língua do canário, por estudar-lhe a
estrutura, as relações com a música, os sentimentos estéticos do bicho, as suas idéias e
reminiscências. Feita essa análise filológica e psicológica, entrei propriamente na história dos
canários, na origem deles, primeiros séculos, geologia e flora das ilhas Canárias,
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Se ele tinha conhecimento da navegação, etc. Conversávamos longas horas, eu escrevendo as notas,
ele esperando, saltando, trilando. Não tendo mais família que dous criados, ordenava-lhes que não
me interrompessem, ainda por motivo de alguma carta ou telegrama urgente, ou visita de
importância. Sabendo ambos das minhas ocupações científicas, acharam natural a ordem, e não
suspeitaram que o canário e eu nos entendíamos. Não é mister dizer que dormia pouco, acordava
duas e três vezes por noite, passeava à toa, sentia-me com febre. Afinal tornava ao trabalho, para
reler, acrescentar, emendar. Retifiquei mais de uma observação, — ou por havê-la entendido mal,
ou porque ele não a tivesse expresso claramente. A definição do mundo foi uma delas. Três
semanas depois da entrada do canário em minha casa, pedi-lhe que me repetisse a definição do
mundo. — O mundo, respondeu ele, é um jardim assaz largo com repuxo no meio, flores e
arbustos, alguma grama, ar claro e um pouco de azul por cima; o canário, dono do mundo, habita
uma gaiola vasta, branca e circular, donde mira o resto. Tudo o mais é ilusão e mentira.
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Também a linguagem sofreu algumas retificações, e certas conclusões, que me tinham parecido
simples, vi que eram temerárias. Não podia ainda escrever a memória que havia de mandar ao
Museu Nacional, ao Instituto Histórico e às universidades alemãs, não porque faltasse matéria,
mas para acumular primeiro todas as observações e ratificá-las. Nos últimos dias, não saía de
casa, não respondia a cartas, não quis saber de amigos nem parentes. Todo eu era canário. De
manhã, um dos criados tinha a seu cargo limpar a gaiola e pôr-lhe água e comida. O passarinho
não lhe dizia nada, como se soubesse que a esse homem faltava qualquer preparo científico.
Também o serviço era o mais sumário do mundo; o criado não era amador de pássaros. Um
sábado amanheci enfermo, a cabeça e a espinha doíam-me. O médico ordenou absoluto repouso;
era excesso de estudo, não devia ler nem pensar, não devia saber sequer o que se passava na
cidade e no mundo. Assim fiquei cinco dias; no sexto levantei-me, e só então soube que o
canário, estando o criado a tratar dele, fugira da gaiola. O meu primeiro gesto foi para esganar o
criado; a indignação sufocou-me, caí na cadeira, sem voz, tonto. O culpado defendeu-se, jurou
que tivera cuidado, o passarinho é que fugira por astuto...
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— Mas não o procuraram? — Procuramos, sim, senhor; a princípio trepou ao
telhado, trepei também, ele fugiu, foi para uma árvore, depois escondeu-se não
sei onde. Tenho indagado desde ontem, perguntei aos vizinhos, aos
chacareitos, ninguém sabe nada. Padeci muito; felizmente, a fadiga estava
passada, e com algumas horas pude sair à varanda e ao jardim. Nem sombra
de canário. Indaguei, corri, anunciei, e nada. Tinha já recolhido as notas para
compor a memória, ainda que truncada e incompleta, quando me sucedeu
visitar um amigo, que ocupa uma das mais belas e grandes chácaras dos
arrabaldes. Passeávamos nela antes de jantar, quando ouvi trilar esta pergunta:
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— Viva, Sr. Macedo, por onde tem andado que desapareceu? Era o canário;
estava no galho de uma árvore. Imaginem como fiquei, e o que lhe disse. O
meu amigo cuidou que eu estivesse dou do; mas que me importavam cuidados
de amigos? Falei ao canário com ternura, pedi-lhe que viesse continuar a
conversação, naquele nosso mundo composto de um jardim e repuxo, varanda
e gaiola branca e circular... — Que jardim? Que repuxo? — O mundo, meu
querido. — Que mundo? Tu não perdes os maus costumes de professor. O
mundo, concluiu solenemente, é um espaço infinito e azul, com o sol por cima.
Indignado, retorqui-lhe que, se eu lhe desse crédito, o mundo era tudo; até já
fora uma loja de belchior... — De belchior? — trilou ele às bandeiras
despregadas. Mas há mesmo lojas de belchior? FIM
Na prática

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Resposta
Pesquisa de vocabulário (em duplas ou trios)
1. Pesquise as seguintes palavras em algum dicionário on-line:
a) ornitologia
b) tílburi
c) loja de belchior
d) execrável
e) reminiscências
f) alfabetar
g) Mister Compartilhem as
h) assaz respostas que
i) ratificar encontraram.
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a) ornitologia: estudioso de aves
b) Tílburi; um tipo de carroça de duas rodas
c) loja de belchior; loja de acessorios
d) Execrável; abominável, odiado
e) Reminiscências:anamnese, memória, recordação, relembrança,
rememoração.
f) Alfabetar:aprender a ler e escrever
g) Mister:tratamento respeitoso formal
h) Assaz: suficientemente, bastante.
i) Ratificar:validação de...confirmação
Na prática

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Responda:
2. Como é a situação inicial?

3. Qual é o conflito, o problema a ser resolvido?


Na prática

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Correção
2. Como é a situação inicial?
Na situação inicial, o protagonista é forçado a entrar em uma loja de
belchior. Ele nos descreve um pouco o que vê, até que algo inusitado
acontece: ele começa a conversar com um canário. Interessado em
desenvolver estudos sobre o pássaro, ele o compra e o leva para casa.
Os estudos estão indo muito bem, até que...

3. Qual é o conflito, o problema a ser resolvido?


A fuga do canário, o que interrompe os estudos e gera frustração em
Macedo, que tinha pretensões de publicar um tratado sobre a origem, a
história, a língua, entre outros aspectos, do canário.
Na prática

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Responda:

4. Quais são as tentativas que o protagonista faz para resolver o problema


(desenvolvimento)?

5. Há uma solução para o problema ao final da história, ou não? Justifique.


Na prática

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4. Quais são as tentativas que o protagonista faz para resolver o problema
(desenvolvimento)?
Perguntou aos criados, saiu à procura do pássaro, correu para lá e
para cá, anunciou nos jornais.

5. Há uma solução para o problema ao final da história, ou não? Justifique.

Não houve solução, ele não conseguiu recuperar seu canário. Pelo
contrário, ao encontrá-lo na chácara de um amigo, percebeu que o
pássaro não se lembrava de nada do que havia afirmado.
Na prática

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6. Logo no início da conversa entre Macedo e o canário, ainda na loja de
belchior, há uma afirmação sobre a fala do pássaro que nos faz perceber que
ele não está falando português de fato. Transcreva essa passagem.

7. Macedo julga o bicho muito inteligente e, como sabemos, irá consultá-lo


sobre assuntos muito complexos. Mas, logo no início, o pássaro diz não ter
conhecimento de coisas básicas, o que revela sua ignorância sobre o mundo.
Transcreva exemplos do que ele não conhece.
Na prática

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Correção
6. Logo no início da conversa entre Macedo e o canário, ainda na loja de
belchior, há uma afirmação sobre a fala do pássaro que nos faz perceber que
ele não está falando português de fato. Transcreva essa passagem.
“A linguagem, posto me entrasse pelo ouvido como de gente, saía do
bicho em trilos engraçados.”
7. Macedo julga o bicho muito inteligente e, como sabemos, irá consultá-lo
sobre assuntos muito complexos. Mas, logo no início, o pássaro diz não ter
conhecimento de coisas básicas, o que revela sua ignorância sobre o mundo.
Transcreva exemplos do que ele não conhece.

Sol, cemitério, espaço azul e infinito.


Na prática

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8. Macedo, ao falar do período em que estudou o canário em sua casa,
revela que o pássaro não falava com o seu criado: “O passarinho não lhe
dizia nada, como se soubesse que a esse homem faltava qualquer preparo
científico”. Nessa passagem, Macedo parece dar indício ao leitor sobre:
a. a arrogância do canário, que esnobava criados.
b. a sua própria loucura, por acreditar que o pássaro falava mesmo.
c. a ingenuidade de Macedo, por acreditar que só ele é que poderia ouvir o
canário.
d. a malandragem do canário, que só falava com o ornitólogo, para se fazer
de importante.
Na prática

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8. Macedo, ao falar do período em que estudou o canário em sua casa,
revela que o pássaro não falava com o seu criado: “O passarinho não lhe
dizia nada, como se soubesse que a esse homem faltava qualquer preparo
científico”. Nessa passagem, Macedo parece dar indício ao leitor sobre:
a. a arrogância do canário, que esnobava criados.
b. a sua própria loucura, por acreditar que o pássaro falava mesmo.
b.
c. a sua própria loucura,
a ingenuidade por acreditar
de Macedo, queque
por acreditar o pássaro
só ele é falava mesmo.
que poderia ouvir o
canário.
d. a malandragem do canário, que só falava com o ornitólogo, para se fazer
de importante.
Na prática

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9. Ao longo do conto, acompanhamos as mudanças de ponto de vista do
canário acerca do que ele acredita ser o mundo.
a) O que faz variar a visão de mundo do canário?
b) A cada novo espaço habitado, a visão de mundo do canário desconsidera
a existência do espaço onde ele viveu anteriormente. Qual é a crítica
contida nesse fato?
Na prática

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Correção
9. Ao longo do conto, acompanhamos as mudanças de ponto de vista do
canário acerca do que ele acredita ser o mundo.
a) O que faz variar a visão de mundo do canário?
A visão de mundo do canário varia conforme o espaço ocupado por
ele. Em um primeiro momento, o mundo é apenas a casa de belchior,
depois o lar de Macedo e mais adiante o “espaço infinito e azul com o
sol por cima”.

Continua...
Na prática

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Correção
9. Ao longo do conto, acompanhamos as mudanças de ponto de vista do
canário acerca do que ele acredita ser o mundo.
b) A cada novo espaço habitado, a visão de mundo do canário desconsidera
a existência do espaço onde ele viveu anteriormente. Qual é a crítica
contida nesse fato?
A crítica é sobre um comportamento condicionado pelas
circunstâncias, incapaz de observar o entorno para além das próprias
experiências mais imediatas. Trata-se de um olhar restrito ao
contexto do qual participa.
Na prática

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10. Macedo passou longas horas estudando o canário e conversando com ele.
Considerando as mudanças constantes de ponto de vista e que, para um
estudo científico, são necessários informações sólidas e conhecimento
historicamente construído, as ideias do canário poderiam ser aceitas
como evidência científica?
Na prática

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Correção
10. Macedo passou longas horas estudando o canário e conversando com ele.
Considerando as mudanças constantes de ponto de vista e que, para um
estudo científico, são necessários informações sólidas e conhecimento
historicamente construído, as ideias do canário poderiam ser aceitas
como evidência científica?
As ideias do canário não poderiam ser aceitas como evidência
científica, ou seja, como dados que pudessem compor um estudo
sério e que resultaria em um tratado, sobretudo por ele ser incapaz
de ter uma visão ampliada da realidade, uma visão que fosse além de
sua experiência imediata.
Foco no conteúdo

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Elementos da narrativa
Nossa experiência como leitores nos revela que há alguns elementos que são
imprescindíveis para se contar uma história, não é mesmo? Ou seja, é preciso
que:
●alguém conte o que aconteceu: narrador;
●a história tenha acontecido com alguém*: personagens;
●isso aconteça em algum lugar: espaço;
●se passe em algum momento: tempo;
●haja uma sequência de ações para a narrativa se desenrolar: enredo.
Foco no conteúdo

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Elementos da narrativa
*Atenção: “alguém” não quer dizer necessariamente uma pessoa, até animais
ou objetos podem ser personagens, e eles, muitas vezes, são personificados
(agem como seres humanos, falam etc.).
Retomando...
●Narrador (quem narra a história) / foco narrativo (de que lugar se narra a
história) – Tipos de narrador: 1a pessoa ou narrador-personagem – faz parte da
história; 3a pessoa – observador – está fora da história, conta o que viu ou
ouviu dizer; 3a pessoa – onisciente – sabe de tudo (passado, segredos,
pensamentos); está em todos os lugares.
Foco no conteúdo

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Elementos da narrativa
● Personagens – o conto, em geral, é centrado em uma personagem,
podendo haver outras que deem suporte para o enredo.
● Espaço – pode ser físico (aberto ou fechado); ou psicológico (conflito
interno ou fluxo de pensamento).
● Tempo – como a história é curta e é um recorte da vida da personagem, o
tempo, em geral, é limitado, questão de horas, dias ou semanas.
● Enredo – é a sequência de ações que se passam na história.
Aplicando

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PARA A PRÓXIMA AULA
Vamos pôr em prática o que aprendemos sobre a estrutura do conto e os
elementos da narrativa.
Para isso, você irá escrever uma história. Para começar, escolha o tema sobre
o qual quer falar. Se preferir, pode optar por uma dessas sugestões:
preconceito, amizade, adolescência, violência, convívio na escola, relação em
família, consumismo, redes sociais. Ao definir o tema, pense quem será a
personagem principal, em torno de quem irão acontecer os fatos.
Aplicando

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Em seguida, defina uma situação-problema que seja interessante. Depois,
escolha o espaço e o tempo para a sua narrativa. O que irá acontecer nessa
história, ou seja, qual será a sequência de ações, o enredo.
Ah, outro ponto a decidir: você vai colocar a própria personagem para contar
a história (narrador de 1a pessoa)? Ou será um narrador de fora (3a pessoa)?
Observador ou onisciente?
Tudo isso definido, pronto! Agora, é só começar a escrever o seu conto.
O que aprendemos hoje?

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●Retomamos as características do gênero textual
conto e a sua estrutura.
●Lemos e analisamos o conto Ideias de canário, de
Machado de Assis.
●Revimos quais são os elementos da narrativa.
Esperamos que tenham gostado desta aula!
Referências

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ASSIS, Machado de. Ideias de canário. Disponível em: https://shre.ink/TrYE. Acesso em: 17 nov. 2023.
SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria da Educação. Currículo Paulista do Ensino Médio. São Paulo, 2020.
Disponível em: https://cutt.ly/V8jLYm2. Acesso em: 27 nov. 2023.

Lista de imagens e vídeos


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Slide 7 – https://shre.ink/T7n3
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