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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Engenharia Eletrônica e de Computação

Instrumentação e Técnicas de Medidas

Eletrônica - volume I
1 Amplificador operacional ideal

1.1 Introdução

O circuito “amplificador operacional” (AO) nada mais é do que um amplificador com


uma saída e duas entradas, cujo modelo mais simples consiste de uma fonte de tensão
controlada com saída proporcional à diferença de tensão entre as entradas do AO. As
características dos AOs e a sua utilização nos mais variados circuitos, muitos dos quais não
lineares, são o alvo desta disciplina.

Internamente, o AO é formado por um amplificador de elevado ganho obtido por meio


de múltiplos estágios acoplados diretamente. As duas entradas do AO são conectadas a um
amplificador diferencial. O elevado ganho de tensão força o uso de realimentação negativa
para que o AO trabalhe na região linear. Isto permite que o ganho dos circuitos amplificadores
sejam definidos apenas pela malha de realimentação. O acoplamento direto entre os estágios
internos do AO permite o seu uso de DC até freqüências bem elevadas.

A origem do termo “operacional” vem dos antigos computadores analógicos, onde


estes amplificadores eram utilizados como elemento chave para a realização de operações
matemáticas. O nome “amplificador operacional” foi usado pela primeira vez em uma
publicação de 1947, feita por John Ragazzini, o qual descrevia as propriedades de circuitos
capazes de amplificar a diferença entre dois sinais analógicos. O artigo, que teve como base
trabalhos anteriores, realizados entre 1943 e 1944, considerava as condições de realimentação
linear e não-linear. Hoje em dia o AO é o circuito integrado analógico mais utilizado.

1.1 O amplificador operacional real.

A Figura 1.1 mostra o esquema simplificado de um AO com três estágios de


amplificação. Nos circuitos reais existem muito menos resistências, pois elas ocupam muito
espaço no silício. No lugar das resistências utilizam-se cargas ativas e espelhos de corrente
produzidos com transistores. O esquema da Figura 1.1 utiliza transistores bipolares de junção
(TBJ) mas também existem circuitos construídos com transistores de efeito de campo (FET).

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+VCC

v–
vo

v+

–VCC

Figura 1.1: Esquema simplificado de um AO 741, um AO de três estágios

Cada um dos três estágios do amplificador da Figura 1.1 confere ao AO características


especiais:

1°estágio: par diferencial

• apresenta alta impedância de entrada

• responsável pelo elevado ganho diferencial

• apresenta alta rejeição a tensões de modo comum

2°estágio: emissor comum

• correção no nível DC para a saída

• apresenta ganho de tensão elevado

3°estágio: seguidor de emissor (push-pull, classe B)

• responsável pela baixa impedância de saída

• apresenta alto ganho de corrente

• responsável pela corrente de saída

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1.2 Principais características do AO ideal

As principais características dos AOs ideais são:

Característica Símbolo Valor Significado

Ganho diferencial Ad ∞

Ganho de modo comum Acm 0 mesma tensão nas duas entradas

Rejeição de modo comum CMRR ∞ sinal comum as duas entradas

Impedâncias diferencial Rid ∞

Impedância de modo comum Ricm ∞

Impedância de saída Ro 0

slew-rate SR ∞ velocidade com que a saída pode variar

Setlling Time ST 0 tempo de estabilização

Largura de banda BW ∞ amplifica igualmente todas as


freqüências

Corrente polarização Ib 0 para o par de transistores do primeiro


estágio

Corrente de offset Ios 0 desigualdade entre as correntes I

Tensão de offset Vos 0 diferença de tensão na entrada,


necessária para que a saída seja nula
quando as entradas forem nulas

Ruído elétrico VN e IN 0

Variação de fase φ 0

As características ideais de um AO nunca são alcançadas na prática, mas os erros


decorrentes de assumirmos estes valores ideais é pequeno. Desta forma é comum utilizarmos
estas características para simplificar a análise de circuitos com AO, como será mostrado nas
seções subseqüentes.

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1.3 Símbolo:

O símbolo mais comumente utilizado para representar um AO é apresentado na Figura


1.2.

Figura 1.2: Símbolos do AO, com e sem alimentação

1.4 Equação/Modelo:

Conforme descrito no início deste capítulo o modelo do AO pode ser visto na Figura
1.3. Duas entradas de alta impedância comandando uma fonte de tensão controlada.

Figura 1.3: Modelo do AO ideal

A tensão na saída da fonte é dada pela equação 1.1 e corresponde a amplificação da


diferença entre as tensões das do AO (entrada v+ e v-)

v O =Ad⋅v + −v −  ( 1.1 )

onde: Ad é o ganho diferencial do AO; v + e v − são as entradas do AO.

Se o ganho diferencial, Ad, é infinito, significa que v + =v − . Esta relação é válida


sempre que o AO está trabalhando na região linear. Trabalhar na região linear significa que
existe realimentação negativa sendo utilizada no AO, ou a diferença entre as tensões de
entrada é tão pequena que, mesmo com um elevado ganho diferencial, não ocorre a saturação

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do AO. Se considerarmos o ganho Ad infinito (condição ideal) então para a saída ser um valor
finito é necessário que a diferença entre as entradas seja nula (condição ideal).

Sempre que o AO estiver saturado (saída igual a tensão de alimentação), então esta
regra não pode mais ser aplicada pois a equação 1.1 não é mais válida, ou seja, o operacional
não está trabalhando em uma região linear.

1.5 Configurações mais comuns:

1.5.1 Amplificador inversor:

A Figura 1.4 mostra o circuito básico de um amplificador inversor a base de AO.

Figura 1.4: Desenho básico de um amplificador inversor.

Se considerarmos o AO como ideal, o equacionamento do ganho fica muito facilitado


pelo uso de duas considerações:

1. Equacionar uma única corrente fluindo através de R1 e R2 e

2. Levar em conta que o potencial na entrada negativa é igual ao potencial na


entrada positiva (neste caso igual a zero).

A solução para o problema é a equação 1.2.

vi v0
Como i 1 = e i 1 =− , então
R1 R2

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R2
v 0 =− v ( 1.2 )
R1 i

Por outro lado, se levarmos em conta que o ganho do AO não é infinito, devemos
substituir o desenho do AO pelo seu modelo ideal e isto nos leva a solução mostrada na
equação 1.3.


v i⋅R2 + v 0⋅R1
v =
R1 + R 2

v0
 v +−v − = =−v − (pois a entrada positiva tem potencial zero)
Ad

v 0 v i⋅R 2 + v0⋅R1
− =
Ad R1 + R 2

v0
v i⋅R2 + v 0⋅R1 =− ⋅ R1 +R 2 
Ad

R2
V 0 =− ⋅v
R1 +R 2 i ( 1.3 )
R1
Ad

Obs.: quando se considera Ad→∞ considera-se, implicitamente, que v+= v– pois esta é
a única forma de obter um vO finito.

A equação 1.2 mostra o resultado final do equacionamento, para ganho infinito.


Resultado idêntico pode ser obtido a partir da equação 1.3. Estas equações mostram que a rede
de realimentação determina o ganho do circuito amplificador, mesmo quando o ganho do AO
não é infinito. Convém notar, também, que a influência do ganho diferencial não infinito, é
tanto menor quanto menor for o ganho dado ao amplificador inversor.

Note, também, que apesar de a entrada inversora estar a um potencial igual zero, ela
não esta diretamente conectada a terra e não há circulação de corrente entre terra e este
terminal. Por este motivo, o terminal inversor, nesta configuração, é chamado de terra virtual.

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1.5.2 Amplificador não-inversor:

A Figura 1.5 mostra o desenho básico de um amplificador não inversor formado por
AO.

Figura 1.5: Desenho de um amplificador não inversor básico.

Supondo que o AO seja ideal, a solução do problema é encontrada fazendo-se a tensão


na entrada negativa (divisor de tensão formado por R1 e R2) igual a tensão de entrada. Neste
caso a equação 1.4 é a solução do problema.

R1
⋅v = v
R1 + R 2 0 i

R1 +R2 R
v 0= ⋅v i=1 2 ⋅vi
R1 R1

v o R 1R2 R
= =1 2 ( 1.4 )
vi R1 R1

Se considerarmos que o ganho do AO. não é infinito, devemos substituir o desenho do


AO pelo seu modelo ideal e isto nos leva a solução mostrada na equação 1.5. Note que este
circuito tem realimentação negativa.

v + =v i

R1
v −= ⋅v
R1 +R2 0

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v0
v −v−=
Ad

R1 v
vi − ⋅v 0 = 0
R1 +R 2 Ad

vo  R1R 2⋅Ad
=
v i R 1R2R1⋅Ad

R 1 + R2
v 0= ⋅v
R 1 + R2 i ( 1.5 )
R1 
Ad

Podemos notar, nesta configuração, que se R1 =∞ ou R2 =0 então v 0 = v i . Neste


caso o circuito do amplificador não inversor é designado por buffer. O buffer possui ganho
unitário e pode ser utilizado para isolar estágios amplificadores, pois apresenta impedância de
entrada infinita e impedância de saída nula. Nota-se também que em ambos os casos, se o
ganho Ad for considerado infinito a solução para o problema é idêntica a obtida pela equação
1.4.

1.5.3 Amplificador somador:

A Figura 1.6 mostra a topologia do amplificador somador inversor básico


implementado com AO.

Figura 1.6: Circuito do amplificador somador inversor básico.

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Como podemos observar, o amplificador somador consistir de uma série de
amplificadores inversores ligados em paralelo. Isto nos leva a aplicar a técnica de
superposição de fontes, para equacionar a tensão de saída deste circuito. Aqui também
levamos em conta que o AO possui características ideais de funcionamento, assim, a saída
será dada pela equação 1.6 ou, no caso particular de todas as resistências serem iguais, pela
equação 1.7.

Supondo Ad → ∞ então v+= v–

v1 v2 v3 v0
i1= , i2= , i3 = , i 4=−
R1 R2 R4 R4

i1 + i2 + i3 = i 4

v 0 =- R4
 v1
R1

v2
R2

v3
R3  ( 1.6 )

se R1=R2=R3=R, então a equação 1.6 pode ser reescrita conforme a equação 1.7.

−R4
vO= ⋅ v1 v 2v 3  ( 1.7 )
R

1.5.4 Amplificador subtrator

A Figura 1.7 mostra a topologia do amplificador subtrador básico implementado com


AO.

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Figura 1.7: Circuito do amplificador subtrator básico.

O cálculo torna-se mais cômodo se feito por superposição, utilizando-se o que já foi
calculado para o amplificador inversor e não inversor, aliado a consideração de que o AO é
ideal. A equação 1.8 mostra equação da tensão de saída deste circuito.

R2
v 0=  v −v  ( 1.8 )
R1 2 1

1.6 Conclusão

Em um circuito com A.O. ideal, o ganho (ou função transferência) é dado


“exclusivamente” pela malha de realimentação.

1.7 Problemas resolvidos

Exercício 1: Dado o circuito abaixo, calcule sua função de transferência i L= f vi .


Considere os AOs ideais.

a) Estabeleça valores para os resistores R, R 3 e R4 de forma que o circuito forneça uma

corrente máxima i Lmáx =1 mA para uma carga 0 ≤R L ≤10 K  quando v i =−10 V .

Considere R1 =R 2 =100 K  e V CC =±12 V .

b) Considere v i =0V . Calcule i L levando em conta a existência de uma fonte de tensão


conectada a entrada positiva de A1 e uma fonte de corrente conectada a entrada positiva
de A2.

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Solução:

Análise do circuito: A 2 : forma um amplificador de ganho unitário (buffer); A3 :

forma um subtrator junto com R3 ,R4 ; A1 : fornece a corrente de saída e é realimentado pelo
subtrator através de R1 ,R 2 .

Análise das realimentações de A1 : A1 recebe realimentação negativa (RN) através


da entrada não inversora de A3 e realimentação positiva (RP) através de A 2 e da entrada
inversora de A3 . Como o ganho dos dois caminhos do subtrator (entradas inversora e
não-inversora) são iguais em módulo, a RN é mais forte, porque a RP ainda passa pelo divisor
resistivo R-RL. Como resultado disto, o circuito possui realimentação negativa, o que permite
o uso das técnicas estudadas.

Função de transferência:

R4
v i⋅R2 +R 1 R⋅i L
R3 , logo
v −A = =0
1 R1 +R 2

R2⋅R3
i L=− ⋅v
R1⋅R 4⋅R i

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a)

Sendo i Lmáx =1 mA e R Lmáx =10K então v L Imáx =10 V (tensão máxima na carga)

v Omáx −v L Imáx
R= , onde V Omáx é a máxima tensão de saída do AO.
i Lmáx

Como V CC =±12 V, podemos limitar, co segurança, V Omáx =11V .

11 V −10 V
R= =1K 
1 mA

R2⋅R3
Como i L=− ⋅v
R1⋅R 4⋅R i

R4 R ⋅v 100 K −10 
então =− 2 i =− =10
R3 Ri⋅R⋅i 0 100 K⋅1K⋅1m

assim podemos escolher, por exemplo, R 4=100K  e R3 =10K 

b)

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O problema pode ser calculado por superposição:

Efeito de VOS1:

R1 R4
v os1 = ⋅ ⋅R⋅i L
R1 +R2 R3

 R 1 +R 2 ⋅R3
i L  v os1 = v os1
R1⋅R4⋅R

Efeito de IB2:

i L =i R −i b2 

R4
R1
R⋅i R

R3
vA = =0
1 R1 +R 2

i R=0

i L i b2 =−i b2

 R1 +R 2 ⋅R3
Portanto: i Ltot = v os1−i b2
R1⋅R 4⋅R

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1.8 Exercícios - AO ideal.

1)

v0
a) Calcule: A v= ;
vi

b) Para que serve esta configuração?

Respostas:

R 3 R4 R2 R3R 2 R4
a) v 0 =− vi
R1 . R 4

b) Esta configuração é empregada quando queremos um alto ganho e não temos resistores de
alto valor disponíveis para Req.

2)

v0
a) Calcule: A v= , supondo R3=R 2 ;
vi

b) Para que serve esta configuração?

2R 2 R 2
Resposta: a) Se R3=R2 então v 0 = ⋅ 1 ⋅ v 2 −v 1 
R1 R

b) amplificador subtrator com ganho ajustável por um elemento (R).

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3)

v0
a) Calcule: A v=
vi

b) Os operacionais estão sob realimentação negativa?

4)

v0
a) Calcule: A v=
vi

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5)

v0
a) Calcule: A v=
vi

6)

v0
a) Calcule: A v=
vi

7)

Mostre que para o amplificador inversor e não inversor, o ganho pode ser escrito da seguinte
v o Ganho Ideal
= R1
forma: v i 1 onde β=
1 R1 +R 2
β⋅Ad

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8)

Ache a expressão de vo para o circuito abaixo em função de V1, V2 e Vcm.

9)

Para o circuito em ponte mostrado abaixo, determine o valor da tensão de saída.

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2 Características CC do amplificador operacional real

2.1 Corrente de polarização IB

Essas são as correntes CC, necessárias em cada entrada do AO, para produzir zero
Volts de saída quando não há sinal em suas entradas. A corrente IB é a corrente de base dos
transistores TBJ, ou a corrente de fuga na porta dos FETs, utilizados no primeiro estágio de
um AO. Para medir estas correntes utiliza-se um circuito simples conforme mostrado na
Figura 2.1. Nesse circuito as correntes de polarização são obrigadas a fluir sobre resistores de
valor muito elevado (10MΩ ou mais) produzindo uma tensão de saída mensurável. Os
capacitores servem apenas como um filtro passa baixas (0,01µF). As chaves S1 e S2 são
abertas uma de cada vez para permitir a medida de IB1 e IB2.

Figura 2.1: Circuito para medida das correntes de polarização e offset

Essas corrente são da ordem de [µA] ou [nA] mas podem ser menores em AO com
par diferencial composto por uma configuração Darlington ou transistores FET. Nestes casos
é possível encontrar AO com IB da ordem de [fA].

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2.1.1 Modelo para representar a corrente de polarização

A Figura 2.2 mostra o equivalente elétrico de um AO sujeito a influência de correntes


de polarização. Note que este esquema utiliza correntes diferentes para a entrada inversora e
não inversora.

Figura 2.2: Modelo equivalente para um AO em função de IB

2.2 Corrente de offset IOS

Essa é a diferença entre as correntes de polarização das entradas positiva e negativa de


um AO. Como os componentes do amplificador de entrada não são exatamente iguais há uma
pequena diferença entre as correntes de polarização. Para medir esta corrente utiliza-se o
circuito da figura Figura 2.1 (página 19)com as duas chaves abertas. Como as correntes de
polarização são muito semelhantes e as resistências muito elevadas é necessário que as
resistências sejam casadas com tolerância da ordem 0,1% ou menos.

2.2.1 Modelo para representar a corrente de offset

O modelo para representação de IOS é o mesmo utilizado para IB (Figura 2.2, página
20). Em alguns casos, quando temos apenas um valor para IB e outra para IOS, podemos
calcular cada IB como apresentado pela equação 2.1

IB = IB ± (IOS/2) ( 2.1 )

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2.3 Tensão de offset VOS

Esta é a diferença de tensão CC, necessária na entrada de um AO, para produzir zero
Volts de saída quando não há sinal em suas entradas. A tensão de offset é causada pelo
desbalanço do par diferencial e pela desigualdade dos transistores do 2° estágio. Normalmente
o valor da tensão de offset é fornecido em módulo pois a tensão de saída pode ser afetada
positiva ou negativamente. Para facilitar a medida deste parâmetro utiliza-se um amplificador
não inversor com entrada aterrada e resistores de valores elevados, conforme mostrado na
Figura 2.3.

Figura 2.3: Circuito para medida da tensão de offset

2.3.1 Modelo para representar Vos

A Figura 2.4 mostra dois equivalentes elétricos de um AO com V OS. A fonte pode ser
colocada na entrada não inversora. A polaridade da fonte V OS não é definida pois a tensão de
offset é dada em módulo e sua polaridade pode mudar de operacional para operacional.

Figura 2.4: Modelos equivalentes para um AO em função de Vos

2.4 drift de IB, IOS e VOS

Os drifts de IB, IOS e VOS correspondem as variações destes parâmetros com a


temperatura, tensão de alimentação, ou tempo. Estas variações ocorrem porque os

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componentes do circuito são afetados de forma diferente por essas influências externas.
Normalmente os valores de drift correspondem a valores médios para um intervalo
especificado de temperatura, tensão de alimentação ou tempo.

2.4.1 Tensão de offset

As variações da tensão de offset com relação a temperatura, podem ser calculadas pela
equação 2.2.

dV OS
V OS =V OS  25 ° C   T ( 2.2 )
dT

dV OS
onde é a deriva térmica.
dT

Alguns amplificadores operacionais apresentam pinos externos que possibilitam o


balanceamento do par diferencial e, por conseqüência, o zeramento da tensão de offset (Figura
2.5). Apesar deste recurso facilitar a compensação da tensão de offset ela causa um aumento
na deriva térmica de Vos.

Figura 2.5: Compensação da tensão de offset

2.4.2 Correntes de polarização

As variações das correntes de polarização com relação a temperatura, podem ser


calculadas pela equação 2.3.

dI B
I B= I B  25o C  T ( 2.3 )
dT

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dI B
Onde é a deriva térmica.
dT

Alguns manuais não citam a deriva térmica, para a corrente de polarização, mas
indicam o  T necessário para dobrar o valor de IB, o que já é o suficiente para utilizar a
equação 2.3, supondo que esta variação seja constante com a temperatura.

Tabela 2.1: Comparação entre drift de alguns AOs

Amp. Op. 741C CA3140 OP07C AD5476 Unid.

Tipo TJB FET TJB alto desempenho FET alto desempenho –

Fabricante SID RCA Analog Devices Analog Devices –

Vos 1 8 0,06 0,25(Máx) mV

drift/Vos 0,5 1,0(Máx) µV/°C

IB 80 0,01 ±1,8 0,01 nA

Ios 20 0,0005 0,8 0,002 nA

drift/Ios 0,018 nA/°C

2.5 Ganho de malha aberta

Da mesma forma que a impedância de entrada, o ganho de um AO pode ser dividido


em dois: Ganho diferencial (Ad) e de Modo Comum (ACM). Desta forma, o AO é classificado
quanto a sua habilidade de amplificar a diferença entre os sinais aplicados a suas entradas, e
rejeitar a parcela de sinal comum as duas entradas.

Além destas distinções feitas ao ganho dos AO, vale a pena ressaltar que os ganhos
mudam em função de uma série de itens como: a carga; a tensão de alimentação; a
temperatura; outros operacionais do mesmo tipo;....

2.5.1 Ganho Diferencial

Este ganho é influenciado pelas características dos transistores do par diferencial de


entrada e sua carga. Se a fonte de corrente que alimenta o par diferencial apresentasse

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resistência infinita, as variações de corrente em um ramo do amplificador diferencial seriam
compensadas no outro ramo. Esse comportamento manteria constante a tensão de emissor,
que no modelo de pequenos sinais poderia ser considerado como aterrado. Desta forma o
ganho de pequenos sinais do primeiro estágio seria equivalente ao de um amplificador em
emissor comum com emissor aterrado.

Normalmente o ganho diferencial dos AOs é da ordem de 105 a 106 vezes.

2.5.2 Ganho de modo comum

Como a fonte de corrente que alimenta o par diferencial de entrada não apresenta
resistência infinita, mesmo aplicando sinais de mesma amplitude nas duas entradas do
amplificador, as correntes de coletor se alteram modificando a tensão de emissor. O modelo
de pequenos sinais para amplificador se torna um emissor comum com resistência de emissor.
Por esta razão, o ganho para sinais iguais nas duas entradas do amplificador é pequeno mas
não nulo.

Nos manuais, uma informação importante é o fator de rejeição de modo comum, que é
definido como mostrado nas equações 2.4, 2.5 e 2.7.

Ad
CMRR= (em valor absoluto) ( 2.4 )
ACM

CMRR=20⋅log
 
Ad
ACM
(em dB) ( 2.5 )

Vo V
Ad = = o ( 2.6 )
V + −V - V id

Vo
ACM = ( 2.7 )
V iCM

V +V -
V iCM = ( 2.8 )
2

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A Figura 2.6 mostra o circuito utilizado para medir o ganho de modo comum dos AOs.
Nesse circuito um mesmo sinal é aplicado as duas entradas do AO sem realimentação. Com
estas informações, utiliza-se as equações 2.7, 2.4 e 2.5 para conhecermos a taxa de rejeição de
modo comum (CMRR).

Figura 2.6: Circuito para medida do ACM dos AOs

2.5.3 Modelo para ganho de modo comum

A Figura 2.7 representa o equivalente elétrico de um AO quando levamos em conta o


ganho de modo comum.

Figura 2.7: Modelo equivalente para um AO em função de ACM

2.6 Impedância de entrada

O primeiro estágio do AO é constituído de um amplificador diferencial cuja


impedância de entrada, apesar de ser muito elevada, não chega a ser infinita. Isto pode ser
constatado pela simples observação de que existem correntes de polarização fluindo para
dentro do AO.

A impedância de entrada de um AO pode ser separada em duas outras impedâncias


com características bem distintas. Uma delas é a chamada impedância de modo comum (R CM),

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cujo efeito é igual para as entradas inversora e não inversora. A outra impedância é chamada
de diferencial (RID) e deve-se a características exclusivas de cada entrada.

A impedância diferencial é função das características da junção base-emissor dos


transistores de entrada e da corrente de polarização destes. Sua influência pode ser quantizada
por meio da equação 2.9

2V T
R ID ≈2⋅hie≈ ( 2.9 )
IB

A impedância de modo comum é função da impedância de entrada da fonte de


corrente, que polariza o par diferencial, e do ganho de corrente deste. Esta impedância pode
ser aproximada pela equação 2.10.

hfe
Rcm = ( 2.10 )
hoe

Pela relação entre as equações 2.9 e 2.10 fica claro que Rcm >> Rid .

2.7 Impedância de saída

Esta impedância se deve principalmente às impedâncias de saída do 2°estágio (hoe–1),


refletidas para a saída do AO, e pode ser representada por um resistor série, colocado na saída
dos AO.

A resistência de saída (Ro) influencia no cálculo do amplificador realimentado porque


o ganho do amplificador em laço aberto não é infinito. Assim, a realimentação não consegue
corrigir totalmente a queda de tensão na resistência de saída Ro. Tipicamente a resistência de
saída é da ordem de 50  e em aplicações de precisão não devemos drenar mais do que 2 ou
3 mA da saída do AO.

A Figura 2.8 mostra um amplificador inversor completo, onde a resistência de saída


(Ro) do AO é levada em conta. Note que a tensão de saída passa por um divisor de tensão
formado por Ro e RL e que Ro também influencia na malha de realimentação.

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Figura 2.8: Amplificador não inversor com Ro não nula

Considerando Ro na topologia do amplificador não inversor, a tensão de saída fica


modificada de acordo com a equação 2.11.

RL //  RRf 
vo= ⋅vo ' ( 2.11 )
RoRL //  R+Rf 

Comparando o ganho desse circuito com o ganho ideal da configuração não inversora
nota-se que o ganho da configuração ficou reduzido de:

1
Ro Ro
1 
RL RRf

2.8 Limitação da tensão de saída

Com exceção aos amplificadores chamados rail to rail a tensão de saída dos AOs
nunca alcança a tensão de alimentação. Isso se deve a quedas de tensão sobre os transistores
do 2° e 3° estágios de amplificação.

2.9 Rejeição a fonte de alimentação

A polarização dos transistores é dependente da tensão de alimentação utilizada e isso


faz com que o AO não seja imune às variações de tensão na alimentação. O fator que
caracteriza esta imunidade é chamado de rejeição a fonte de alimentação (Power Supply
Rejection) e pode ser calculado pelas equações 2.12 ou 2.13.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 26


V O
PSRR= (em valor absoluto) ( 2.12 )
V CC

PSRR=20⋅log
 
V O
 V CC
(em dB) ( 2.13 ).

Valores típicos para PSRR dependem da qualidade do AO: para o 741 a PSRR é de
±30mv/v enquanto que para o OP27A a PSRR é de 0,2mv/v.

2.10 Modelo para Corrente Contínua:

Os modelos apresentados individualmente para representar IB, IOS, VOS, A, Rid, RCM, RO
e outros podem ser agrupados em um só modelo como mostra a Figura 2.9.

Figura 2.9: Modelo equivalente para um AO em função de: IB, Ios, Vos, A, Rid, Rcm, Ro

2.11 Problemas resolvidos

Para o circuito da Figura 2.10, considerando VOS1 e VOS2 diferentes de zero e Ad1 e Ad2
finitos:

a) Calcular Vo em função destes parâmetros e dos resistores.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 27


b) O manual da Analog Device, que apresenta este problema, informa que A2 deve
ter baixo VOS para o bom funcionamento do circuito. A influência de VOS2 é realmente
significativa? Precisamos realmente ter um A2 de boa qualidade?

Figura 2.10: Circuito para o Error: Reference source not found

Solução

a)

Figura 2.11: Adaptação do circuito da Figura 2.10 levando em conta os efeitos de Vos

Para A1 :

V O1 =Ad1⋅V d1

V d1=V X −V OS1

V O1 =Ad1⋅V X −V OS1 

Para A2

V O =Ad2⋅V d2

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 28


V d2V O1V OS 2 =0

V d2=−V OS2−V O1

V O =−Ad2⋅ V OS2  Ad1 V X −V OS1 

Pela malha de realimentação podemos dizer que

R1
V X= ⋅V
R1 R2 O

Assim


VO
Ad2
=V OS2 Ad1⋅

R1
⋅V −V OS1
R1R 2 O 
Isolando VO, temos:

V OS2
V OS1−
Ad1
V O=
R1 1

R1 R2 Ad1⋅Ad2

Nota-se na expressão de VO, que a influência de VOS2 é muito menor que a de VOS1,
pois a primeira aparece dividida por Ad1, que tem um valor muito elevado. Assim, conclui-se
que A2 não precisa ser tão bom quanto indicava o artigo da Analog Devices.

2.12 Circuitos para compensação de I B e VOS:

2.12.1 Compensação de IB no amplificador inversor

O modelo que representa os efeitos das correntes de polarização sobre um


amplificador inversor é apresentado na Figura 2.12. Por esta figura fica claro que a corrente IB-
circula pela malha de resistores ao passo que a corrente IB+ é curto circuitada. Este circuito
pode ser calculado por superposição.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 29


Figura 2.12: Modelo de amplificador inversor sob influência das IBs

Para Vin=0 (as duas extremidades do resistor R1 estão conectados a potencial zero)

V O1 =R2⋅I B −

Para IB– = 0

−R2
V O2= ⋅V in
R1

Logo

−R2
V 0= ⋅V inR 2⋅I B −
R1

Parte da tensão de saída é função da corrente de polarização. Este erro introduzido na


tensão de saída pode ser reduzido pela inclusão de um resistor, R 3, entre a entrada não
inversora e o terra.

Para IB+ = 0 e IB– = 0

−R 2
V 01 = V
R1 in

Para IB+ = 0 e Vin = 0

V O2=R 2⋅I B −

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 30


Para IB– = 0 e Vin = 0

R1R2
V O3= ⋅R3⋅I B 
R1

Logo

−R 2 −R3
V0= ⋅V i R2⋅I B −  ⋅ R1 R 2 ⋅I B
R1 R1

Supondo I B + = I B − =I B

R2 R3
V 0 =- V i I B  R2 −  R1 R2 
R1 R1

Para que o segundo termo da equação seja nulo

R3
R2 − ⋅ R1R 2 =0
R1

 R1 R2 
R3⋅ = R2
R1

R 2 R1
R3 =
R1R 2

A diminuição dos efeitos de IB podem ser compensadas com a inclusão de um resistor


conectado entre a entrada positiva e o terra, R3, de valor R1 // R2. Quando isto acontece a saída
depende apenas da entrada e da rede de realimentação R1 e R2.

2.12.1.1 Caso do amplificador inversor.

Observa-se pela Figura 2.13, independente do modelo utilizado, que a tensão VOS afeta
a saída como se fosse aplicada sobre um amplificador não inversor.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 31


Figura 2.13: Dois modelos para o amplificador inversor sob influência das Vos

Resolvendo por superposição temos

−R2  R R 2
V O= ⋅V in  1 ⋅V OS
R1 R1

Sendo assim, é possível somar ou subtrair tensões para remover a parcela da saída
dependente de VOS. Um dos circuitos para remover este offset é apresentado na Figura 2.14.

Figura 2.14: Amplificador inversor com correção da tensão de offset

No circuito da Figura 2.14 foram adicionadas resistências a entrada positiva do AO.


Estas resistências alteram o circuito transformando o amplificador inversor em um subtrator.
A tensão Vin continua sendo amplificada como em um amplificador inversor, porém soma-se
(ou subtrai-se) a esta, uma parcela obtida pela tensão Vx aplicada ao amplificador não

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 32


inversor. Se P1 for ajustado para fazer Vx igual a VOS a tensão de offset é compensada.
Valores de referência positivos e negativos são utilizados nos extremos de P1 para permitir a
compensação de tensões de ambos os sinais.

Para ajudar na compensação de IB, as resistências podem ser escolhidas de tal forma
que

*
R1 // R2=R3 R4 //  R5P 1 

A resistência de P1, vista pelo circuito, varia com o ajuste do potenciometro e isto
altera a impedância total da malha vista pelo AO. Para minimizar estes efeitos utiliza-se
R5>>R4.

2.12.2 Compensação de VOS no amplificador não inversor.

Uma alternativa para corrigir o efeito da V OS na configuração não inversora, sem


reduzir a impedância de entrada da configuração, é apresentada na Figura 2.15.

Figura 2.15: Amplificador não inversor com circuito para compensação de offset

Este circuito, muito semelhante ao utilizado na configuração inversora, modifica o


ganho do amplificador pois uma resistência variável R3+P1 é colocada em paralelo com R1.
Para minimizar estes efeitos utiliza-se valores de R3 e P1 tais que as alterações em P1
modifiquem minimamente o valor da resistência equivalente

*
R1≈R1 //  R3P 1.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 33


2.13 Exercícios - AO Real.

1)

No circuito abaixo:

a) Calcule R1 para que a saída fique centrada em 0V.

b) Qual o valor de R2 para que o amplificador tenha mínimo erro devido a IOS.

2)

No circuito abaixo determine VO em função de Vi, considerando também VOS, IOS e Ad

Para este amplificador considere: VOS =2mV; IB =100nA; IOS =20nA; Ad =10.000;

3)

Para a configuração amplificador subtrator:

a) Calcule VO levando em conta VOS, IB+, IB-, e Rid.

b) Calcule Vo considerando Ad e CMRR finitos.

c) Verifique qual o CMRR do circuito em função do CMRR do amplificador operacional.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 34


4)

O circuito abaixo foi testado sob três condições diferentes.

Testes:

1 – Vi=0; R1=10K; R2=390K; R3=0; VO = 497,5mV

2 – Vi=0; R1=10K; R2=390K; R3=33K; VO = 299,5mV

3 – Vi=0; R1=39K; R2=390K; R3=0; VO = 207,5mV

Perguntas:

a) Calcule VOS, IB+, IB– e IOS.

b) Calcule VO para o teste “2” mas com Vi = 10mA

5)

Para um AO com resistência de entrada diferencial (Rid) finita, com resistência de saída (RO)
maior que zero e com ganho (A d) finito, calcule Av, Ri e Ro para a configuração não
inversora.

6)

Para um buffer e um amplificador inversor de ganho unitário: verifique a influência do ganho


de modo comum e do CMRR em cada uma das configurações.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 35


7)

No circuito a seguir os amplificadores operacionais são reais e absolutamente iguais. Foram


feitos os seguintes testes com o circuito:

a) Com as chaves Ch1, Ch2 e Ch3 fechadas e Vi = 0: VO = -2mV.

b) Com a chave Ch3 fechada, as chaves Ch1 e Ch2 abertas e Vi = 100mV: VO = -4.89V

c) Com as chaves Ch2 e Ch3 abertas, Ch1 fechada e Vi = 0: VO = 0;

Pergunta:

Calcular IB, VOS e CMRR com as respectivas polaridades. Considere as outras características
do amplificador operacional se aproximando do ideal. Fazer os cálculos com precisão de 1mV
para tensão e de 1nA para corrente. Suponha chaves ideais.

8)

Calcule a impedância de entrada do circuito abaixo. Utilizando apenas resistências e/ou


capacitâncias para Z1, Z2, ..., Z5, como poderíamos simular um indutor?

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 36


9)

Equacione o circuito abaixo e explique por que esta configuração possibilita um aumento na
impedância de entrada da configuração não inversora. Considere os amplificadores
operacionais com comportamento real e constituídos na mesma pastilha (AOs idênticos). Use
o ganho tendendo a infinito e as correntes de polarizações iguais.

OBS.: A impedância de entrada é dada por Zin = Vin/Iin. Compare este circuito com o não
inversor.

10)

Supondo ganho finito para o amplificador operacional, calcule a impedância de saída da


seguinte configuração.

11)

Qual o ganho real na configuração inversora se o resistor de realimentação é 5MΩ, o resistor


de entrada é 10KΩ, o ganho diferencial é 80dB, a impedância de entrada do operacional é
300KΩ e a resistência de saída do operacional é 100Ω. Calcule também a impedância de
entrada e de saída do circuito completo.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 37


12)

No circuito abaixo foram realizadas as seguintes medidas:

a) S1 e S2 fechadas: VO = 0,04V

b) S1 aberta e S2 fechada: VO = 0,1V

c) S2 aberta e S1 fechada: VO = -0,06V

Calcule IB+, IB– e IOS.

13)

Admitindo que o AO do circuito abaixo seja um 741 típico (V os(típico) = 2mV; IB(típico) =
80nA; Ios(típico) = 20nA; Ad(típico) = 200.000):

a) determine a resistência de entrada do circuito.

b) determine a expressão de VO levando em conta VOS, IOS, Ad. Compare com o AO real.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 38


14)

Nos circuitos abaixo calcule VO/(V2-V1) supondo que os AOs são idênticos. Determine
também uma expressão para o ganho de modo comum, supondo V1=V2=VCM em função do
CMRR dos AOs.

15)

Calcular a função de transferência supondo a existência de IB+, IB– e VOS para os seguintes
amplificadores:

a) inversor (com um resistor R3 ligado entre a entrada V+ do AO e terra):

b) não-inversor (com um resistor R3 ligado entre Vi e a entrada V+ do AO):

16)

Calcular a função transferência supondo a existência de CMRR para os seguintes


amplificadores:

a) inversor:

b) não-inversor:

c) buffer:CMRR= 90dB, Ad = 200.000

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 39


3 Características em freqüência do amplificador operacional real

3.1 Resposta em Freqüência e Estabilidade

Em um amplificador realimentado, como no caso dos circuitos com AO, tanto o


amplificador quanto a malha de realimentação costumam ser modelados por ganhos,
conforme indicado na Figura 3.1. O ganho do elemento amplificador é chamado de ganho em
laço aberto – no AO este ganho corresponde ao Ad(S). O ganho da malha de realimentação é
chamado de β(S).

Vi Vo
Ad(S)
+ _

β(S)

Figura 3.1: Diagrama em blocos de um amplificador realimentado

Pelo diagrama em blocos deve ser claro que

V O S = Ad  S ⋅ V i  S  – V O S ⋅S  

e, portanto que a equação 3.1, representa o ganho do amplificador realimentado ou o


ganho de malha fechada.

V O S  Ad S 
=AV S = ( 3.1 )
V i S  1 Ad S ⋅S 

O ganho Ad(S) é constante para CC mas a partir de uma determinada freqüência


começa a decair. O ganho β(S) pode ser constante ou apresentar comportamento variável com
a freqüência.

Em baixas freqüências, normalmente, os dois ganhos são constantes e o denominador


da equação 3.1 é positivo e maior do que 1. Isto garante a estabilidade da função de

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 40


transferência. Se o ganho Ad(S) for muito elevado, como nos casos do AO, o ganho da malha
de realimentação, β(S), é responsável pelo ganho do amplificador realimentado (equação 3.2).

V O S  1
= ( 3.2 )
V i S  

Em altas freqüências a estabilidade depende do comportamento de A d(S) e β(S). Por


esta razão é comum estudar separadamente o comportamento do chamado ganho de malha, ou
seja do produto L S = Ad S ⋅S  .

Se, em alguma freqüência, a fase do ganho de malha for 180º, então o ganho de malha
será negativo. Se, cumulativamente, o módulo do ganho de malha for unitário, o ganho do
amplificador torna-se infinito ( 1 Ad S ⋅S =0 ). Esta é uma situação limite de
estabilidade que corresponde a colocar os pólos do amplificador realimentado sobre o eixo jω.
Se o módulo do ganho de malha aumentar (mantendo a fase em 180º), os pólos do
amplificador realimentado deslocam-se para a direita do eixo jω ( 1 Ad S ⋅S 0 ). Em
síntese: se o ganho de malha for ∣1∣∢180o o circuito torna-se um oscilador e se o ganho de
malha for maior do que ∣1∣∢180 o o circuito torna-se instável.

Uma análise preliminar indica que não existe problema de instabilidade para
amplificadores realimentado com 1 ou 2 pólos, pois a fase do ganho de malha nunca será
180º. Para amplificadores realimentados com 3 ou mais pólos, o problema da instabilidade
não pode ser esquecido.

O diagrama de Bode do ganho de malha, Figura 3.2, pode ser utilizado para simplificar
a análise da estabilidade dos amplificadores realimentados. Neste diagrama de Bode, são
desenhados os gráficos de módulo e fase do ganho de malha, representado conforme equação
3.3. O gráfico, apesar de simples, utiliza escala logarítmica de freqüência e ganho em dB.
Ganho em dB corresponde a 20⋅log∣Ganho Linear∣ . Ganho unitário corresponde a 0dB.
Ganho em dB negativo equivale a ganho linear com módulo entre 0 e 1. Ganhos de
20⋅log  X  correspondem a −20⋅log1/ X 

j⋅ 
Ad  j ⋅ j =∣Ad  j ⋅ j ∣⋅e ( 3.3 )

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 41


Figura 3.2: Diagrama de Bode do ganho de malha de um amplificador realimentado

A estabilidade está garantida se, no diagrama de Bode do ganho de malha, para a


freqüência onde a fase é 180º, o módulo do ganho for menor do que 1 (valor menor do que
0dB). Da mesma forma, se para a freqüência de ganho unitário, a fase de Ad S ⋅S  for
maior do que –180º (–150º, –120º... ), o amplificador também é estável.

Neste diagrama de Bode é possível identificar duas figuras de mérito importantes: a


margem de ganho e a margem de fase. A diferença entre o valor do ganho para a fase de –180º
e o ganho unitário é chamado de margem de ganho (equação 3.4). A diferença entre a fase
para ganho unitário e –180º é chamado de margem de fase (equação 3.5).

MG[dB ]=−∣Ad  S ⋅ S ∣=−180 o ( 3.4 )

o
MF [graus]=180 −∣∣∣Ad  S ⋅ S ∣=0dB ( 3.5 )

Partindo-se desta análise é possível concluir que o amplificador realimentado


representado pela figura Figura 3.2 é estável. Observa-se que para ganho unitário (0dB), a fase
é menor do que –180º (–150º). De outra maneira, quando a fase é –180º o módulo do ganho de
malha é menor do que um (menor do que 0dB).

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 42


Quando o ganho dos AOs não pode ser alterado só resta alterar a rede de realimentação
para garantir a estabilidade do amplificador em malha fechada. A determinação de um ganho
de realimentação que deixe estável o circuito pode ser obtida da seguinte forma: 1) desenha-se
o diagrama de Bode para Ad(S) (Figura 3.3), 2) determina-se uma margem de fase considerada
aceitável, 3) determina-se o ganho do AO para a freqüência onde a margem de fase é atendida.
4) determina-se o ganho de realimentação de tal forma que β–1 = Ad. Este valor de Ad
corresponde ao menor ganho da configuração realimentada e que atende ao requisito de
mínima margem de fase, pois ∣Ad S ⋅S ∣=1 .

No exemplo da Figura 3.3, para que a margem de fase do amplificador realimentado


seja da +45º, ajusta-se o ganho de realimentação de tal forma que ∣AS ⋅ S ∣=1 , para a
freqüência onde a fase do AO corresponde a –135º. Como, neste ponto, o ganho do AO
corresponde a 60dB, o ganho β corresponde a –60 dB (no gráfico isto corresponde a reta
denominada 20⋅log 1/=60dB ). Se for escolhido um ganho β maior, –30dB, por exemplo,
o ganho de malha será ∣1∣∢−180o .

Figura 3.3: Diagrama de Bode do ganho de malha de um amplificador realimentado

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 43


3.1.1 Resposta em freqüência não compensada

Cada estágio do amplificador operacional é composto por transistores que definem


diferentes pólos. Na maioria das vezes estes pólos estão distantes, de modo que alguns se
tornam dominantes. Estes pólos dominantes limitam a resposta em freqüência dos estágios, e
por conseguinte, do amplificador operacional como um todo. Para CC e baixas freqüências o
ganho é praticamente constante, para altas freqüências o ganho diminui com a freqüência. A
Figura 3.4 mostra a influência de três pólos dominantes, um de cada estágio de um AO típico.

Figura 3.4: Resposta em freqüência de cada estágio de um típico AO não compensado

A equação 3.6 corresponde ao ganho do sistema não compensado, mostrado na Figura


3.4.

p 1⋅p 2⋅p 3
Ad S = Ad0⋅ ( 3.6 )
 S p1 ⋅ S p 2⋅S  p 3

onde Ad0 é o ganho em baixas freqüências, Ad(S) é o ganho de tensão em laço aberto,
p1, p2, e p3 são os pólos.

Os efeitos individuais dos pólos de cada estágio do AO foram somados para montar o
gráfico da Figura 3.5. Observa-se que o AO tem ganho de 29dB na freqüência onde a fase é

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 44


– 180º. Sendo assim este AO será estável em todas as configurações com ganho maior do
29dB, caso contrário o circuito se torna um oscilador.

Figura 3.5: Resposta em freqüência de um típico AO não compensado

Por esta razão alguns AOs de banda larga (amplificadores desenvolvidos para operar
em freqüências elevadas) só podem ser utilizados em configurações com ganho mínimo
estabelecido pelo fabricante. Muitas vezes estes operacionais não são estáveis para ganho
unitário. Como exemplo disto temos o LF357, que é estável em configurações com ganho
maior do que 5.

3.1.2 Resposta em freqüência com compensação

Para corrigir a resposta em freqüência de um AO (instabilidade ou resposta a


transitórios) emprega-se algum tipo de compensação. Esta pode ser externa (AO de banda
larga e alto desempenho – LM301, LM308, LM318...) ou interna (AO de propósito geral -
LM741, LF351...) ao AO.

Uma forma de compensar o AO, para permitir a sua estabilidade em um determinado


ganho de malha fechada consiste em introduzir um pólo de baixas freqüências, de modo que a
a nova resposta em freqüência do AO intercepte a curva 20⋅log 1/ com inclinação de

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 45


-20dB/déc (curva Ad(S) compensada Figura 3.6). Este comportamento, infelizmente, introduz
um pólo adicional em freqüência muito baixa o que diminui sensivelmente o ganho do AO em
todas as freqüências. Isto é prejudicial ao desempenho global do AO pois seu comportamento
ideal apresenta ganho elevado para todas as freqüências.

Figura 3.6: Compensação de um AO com um pólo dominante

A diminuição no valor do primeiro pólo do AO também pode ser utilizado para


estabilizar o amplificador realimentado sem introduzir um pólo adicional (o primeiro pólo
pode ser desviado para o ponto de interseção da linha tracejada com a resposta Ad(S) – curva
verde). Como vantagem o método permite ganhos maiores para todas as freqüências. Como
desvantagens é necessário capacitores de valor elevado dentro do AO.

No LM741 é utilizada uma técnica alternativa e muito comum para compensação. É


incluído um pequeno capacitor (≈30pF) entre a base e o coletor de algum transistor do 2°
estágio. O efeito deste capacitor é multiplicado pelo ganho do 2° estágio (efeito Miller) e
refletido para a saída do 1° estágio. Isto faz com que seja criado, no 1° estágio, um pólo em
uma freqüência muito baixa (≈10Hz), um zero na freqüência de p2 e outro pólo em uma
freqüência bastante elevada (≈1MHZ). Em suma, p2 é cancelado, e p1 é deslocado para direita.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 46


O resultado final é de um amplificador com comportamento de um único pólo em quase toda
a faixa de freqüência.

No caso do LM741 é possível considerá-lo como um circuito de um único pólo até a


freqüência de 1MHz (p3), conforme indicado na equação 3.7. Acima desta freqüência o ganho
em malha aberta é menor do que 1 (0dB), e isto garante a estabilidade do AO até mesmo para
ganho unitário. O custo desta estabilização foi a redução da largura de banda do AO (largura
da faixa de passagem).

A0⋅p1 A0⋅p 1 GBW


AV  S = ≃ = ( 3.7 )
S  p1 S S

onde GBW é o produto ganho-faixa do AO

Nesta aproximação o GBW é constante, ou seja, se o ganho de malha fechada for


diminuído há um aumento proporcional na faixa de freqüências que pode ser amplificada por
este ganho.

3.2 Características de desempenho em freqüência

Além do ganho do amplificador em malha aberta e do produto ganho faixa existem


outras características que determinam o desempenho dos AOs com relação a freqüência.

3.1.3 slew-rate

O slew-rate (SR) representa a máxima variação de tensão (  V O ) que um


amplificador operacional pode apresentar, na saída, em um dado intervalo de tempo  T . A
principal causa de limitação do slew-rate é a resposta em freqüência do AO e, principalmente,
o pólo dominante. Valores típicos para o slew-rate vão de 1V/µs, em amplificadores de uso
geral, à 2000V/µs em amplificadores rápidos. O valor típico de SR para um LM741 é de
0,5V/µs e para o LM748 é de 40V/µs.

Para medir o slew-rate utiliza-se um buffer (amplificador não inversor de ganho 1) e


um gerador de funções. O gerador aplica uma onda quadrada na entrada do buffer. O sinal de

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 47


saída é medido conforme o indicado na Figura 3.7. Para o cálculo do SR utiliza-se o menor
valor obtido pelas equações 3.8 e 3.9.

Figura 3.7: Resposta do AO para uma entrada em degrau. Medidas para determinação do
SR

90 %⋅Vmáx −10 %⋅Vmáx


SRS = ( 3.8 )
ts

90 %⋅Vmáx−10 %⋅Vmáx
SRD = ( 3.9 )
td

onde SRS é o slew-rate de subida, SRD é o slew-rate de descida,

3.2.1 Settling time

É o tempo necessário para que a resposta do AO, a uma entrada em degrau, estabilize
dentro de uma faixa de valores considerada aceitável. Esta faixa de valores normalmente
corresponde a 0,1 ou 0,01% um porcento do valor final.

Dependendo das características do amplificador operacional, da rede de realimentação


e da compensação, o circuito apresentará um determinado grau de amortecimento (ζ → zeta:
constante de amortecimento), podendo ser considerado sobre, sub ou criticamente amortecido.
Assim a saída levará algum tempo para se acomodar no valor de regime estacionário, devido
ao transitório. Este intervalo de tempo é definido como tempo de acomodação ou settling
time. A Figura 3.8 mostra como identificar o tempo de acomodação de um sistema a partir de
uma excitação em degrau.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 48


Figura 3.8: Tempo de acomodação da saída de um AO após uma entrada em degrau

3.1.4 Exemplo: Resposta em freqüência

Para o circuito:

Considere que os dois AOs têm características dinâmica do tipo pólo dominante.

Deseja-se que o circuito apresente um pólo em 100kHz (devido a A1) e outro em


1MHz (devido a A2). Determine o produto ganho-faixa (GBW) de cada um dos AOs para que
esta especificação seja atendida.

O circuito deve fornecer uma saída VO senoidal de até 100kHz e com 10Vp sem
distorcê-la. Calcule o slew–rate (SR) mínimo de cada AO para atender a esta especificação.

Considere o modelo CC dado abaixo. Calcule a tensão de saída V O para Vi=0, em


função de VOS1, Ad1, VOS2, Ad2 e dos resistores. Um dos AOs tem mais influência sobre este
valor de VO? Qual?

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 49


Solução.

Os dois AOs estão funcionando com realimentação negativa portanto estão em uma
região linear.

a) Em um amplificador realimentado, com pólo dominante, o diagrama de Bode de um


amplificador corresponde a uma reta com inclinação –20dB/década. O ponto de
funcionamento do circuito realimentado corresponde a interseção deste gráfico com a reta
20⋅log 1/ . Desta maneira só precisamos igualar as duas funções:

O ganho de malha aberta de A2 é

GBW 2 GBW 2
A 2  S = ≃
S  p2 S

O ganho em malha fechada de A2 deve ser

GBW 2
∣ ∣
1
 f 
=
f

Determinação do ganho da rede de realimentação.

Considerando Ad não infinito, a configuração inversora apresenta ganho igual a

R4 v o Ganho Ideal
v 0 =− ⋅v i = R3
R3 +R 4 , ou v i 1 onde β=
R 3 1 R3+R4
Ad β⋅Ad

Reescrevendo as equações temos

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 50


Ad⋅⋅R4
vo R3
=
v i 1β⋅Ad

Ad⋅R4
vo R R 4
= 3
v i 1 β⋅Ad

logo o fator β corresponde ao ganho de realimentação.

Assim

1 R3  R4
=
 R3

R3 R4 10 k 100 k
GBW 2 = ⋅ f 2= ⋅1 MHz=11 MHz
R3 10 k

O ganho de malha aberta de A1 é

GBW 1 GBW 1
A1  s = ≃
S  p1 S

e o ganho em malha fechada de A1 deve ser

GBW 1
∣ ∣
1
 f 
=
f

Assim

1 R 1R 2 1 1 k 100 k 1
= ⋅ = ⋅ =10 ,1
 R1 AV2 1k 10

1
GBW 1= ⋅f 1=10 ,1⋅100 kHz=1, 01 MHz

b) Para A2:

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 51


SR2 ≥  dV O
dt máx
=
d
dt
 10⋅sen  2π f ⋅t ∣t=0

SR2 ≥10⋅2⋅⋅ f ⋅cos 2π f ⋅t∣t =0=10⋅2π⋅100. 000

SR2 ≥ 6,283V/µs

Para A1:

Devido ao ganho de A2, a saída de A1 necessita ter apenas 1/10 da amplitude de VO,
SR1 ≥ 0,6283V/µs

c)


v O1= Ad 1⋅ V OS1
R1
⋅v
R1 R2 O 
v O v O1⋅R4 vO⋅R3
V OS2 − =
Ad 2 R3R 4

Substituindo uma equação na outra

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 52


R3 R 4 V OS2
⋅ −V OS1
R4 Ad 1
vO =
R3 1 R R 4 1 R1
⋅  3 ⋅ 
R 4 Ad 1 R4 Ad 1⋅Ad 2 R1 R2

Levando-se em conta que os ganhos diferencias Ad são elevados,

R1 R2
v O ≃− ⋅V OS1
R1

Observa-se que VOS1 é predominante.

3.3 Cargas Capacitivas:

Em um AO, uma carga capacitiva pode alterar a impedância de saída equivalente e


introduzir mais um pólo, no ganho de tensão de malha aberta. Como resultado é possível que
o circuito torne-se instável. O pólo induzido é representado pela equação 3.10

1
p= ( 3.10 )
Z O⋅C L

mas sua determinação não é fácil, pois ZO é função da freqüência. Normalmente,


cargas capacitivas aparecem em malhas de compensação externa, na excitação de algum
transdutor ou quando a carga está conectado ao AO por fios muito longos, como uma linha de
transmissão. Neste último caso, a carga capacitiva limita a transmissão de dados em
velocidades elevadas.

Via de regra AOs de uso geral toleram cargas capacitivas de até 1000pF enquanto que
para AO de alta freqüência a carga capacitiva deve ser limitada a uns 25pF. Quando se
trabalhar como cargas deste tipo se deve utilizar amplificadores com baixa impedância de
saída em malha aberta ou prover uma redução desta impedância utilizando um amplificador
de reforço de corrente. Para o caso da linha de transmissão o reforço de corrente pode ser
muito importante pois em freqüências elevadas a carga pode drenar correntes elevadas.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 53


A título de curiosidade, um AO deve ser capaz de suprir 63mA para uma carga

capacitiva de 10000pF excitada por um sinal de 10V e 100kHz: i Lmáx =C L⋅  


dV O
dt máx

Circuitos de compensação podem ser criados para evitar instabilidade. No circuito


mostrado na Figura 3.9 foi implementado uma compensação externa utilizando-se técnicas de
controle. Normalmente se utiliza atraso de fase mas qualquer outra técnica de controle pode
ser implementada.

Figura 3.9: Compensador para cargas capacitivas

Para o circuito da Figura 3.9 vale a regra apresentada na equação 3.11.

1 1
≫ ( 3.11 )
ROR3 C 1⋅ R1 // R 2

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 54


3.2 Ruído elétrico em circuitos com amplificador operacional

Ruído elétrico é todo o tipo de interferência que se sobrepõe a uma informação


elétrica. Para evitar confusão, a partir deste momento, a palavra “sinal” passa a representar a
informação útil ao passo que a palavra “ruído” será utilizada para referenciar qualquer tipo de
interferência elétrica sobre um determinado sinal. O ruído elétrico nos operacionais se deve ao
ruído inerente a cada dispositivos que o compõe (transistores, resistores, etc....).

Existem várias formas de ruído elétrico sendo que cada uma destas formas está
associada a algum evento físico ou a alguma características de confecção do componente. A
seguir, são listados os principais tipos de ruído, suas fontes e seus efeitos na saída dos AOs.

3.3.1 Ruído Térmico:

Este ruído é causado pela agitação térmica dos elétrons em uma resistência. O ruído
térmico é constante ao longo de todo o espectro de freqüências, e por isso é chamado de
“ruído branco”. A tensão eficaz gerada pelo ruído térmico pode ser calculada com a equação
3.12.

V T  RMS = 4 kTBR [ V /  Hz ] ( 3.12 )

onde: k é a constante de Boltzman (1,38⋅1023J/K); T é a temperatura [K]; B é a banda


passante [Hz]; R é a resistência [Ω].

No osciloscópio o ruído térmico aparece como o desenho da Figura 3.10.

Figura 3.10: Aparência do ruído térmico


.

3.3.2 Shot Noise

Este ruído está associado com uma corrente fluindo através de uma barreira de
potencial. Isto significa que ele é formado pela flutuação instantânea de corrente elétrica,

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 55


causada pela emissão aleatória de elétrons e lacunas. Schottky, em 1918, mostrou que este
ruído gera uma corrente eficaz, que pode ser quantizada de acordo com equação 3.13.

I SN  RMS = 2 qI DC B [ A/  Hz ] ( 3.13 )

onde: q é a carga do elétron (1,6⋅1019C); IDC é a corrente média [A]; B é a banda


passante [Hz].

Quanto ao espectro de freqüências o shot noise é similar ao ruído térmico, pois a


densidade de potência é constante com a freqüência.

3.3.3 Ruído de Contato:

Também conhecido por Excess Noise, Flicker Noise, ruído 1/f e ruído de baixa
freqüência, é causado pela variação da condutividade devido ao contato imperfeito entre dois
materiais (por exemplo, silício e alumínio). Este tipo de ruído aparece sempre que existe
junções entre materiais de qualquer tipo, como nas chaves, pontos de solda etc.. A equação
3.14 mostra a intensidade da corrente pela qual pode ser modelado este ruído.

KI DC  B
I f RMS = [ A/  Hz ] ( 3.14 )
f

onde: K é uma constante que depende do material; IDC é a corrente média [A]; B é
banda passante [Hz]; F é a freqüência [Hz].

Note que o ruído de contato If aumenta com a diminuição da freqüência. Esta é a maior
fonte de ruído em componentes à baixas freqüência.

Para dois resistores de 1KΩ , um de carbono e outro de fio, o ruído térmico é o mesmo
e proporcional a resistência. Porém, com a passagem de corrente elétrica o resistor de carbono
apresenta mais ruído que o resistor de fio devido a variação de condutividade no contato
imperfeito do resistor.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 56


3.3.4 Popcorn Noise:

Este ruído é responsável pelo conhecido “estalo” que aparece, por exemplo, em
aparelhos de som. É causado por defeitos de manufatura da junção (tal como uma impureza)
de componentes semicondutores. Este tipo de ruído depende do processo de fabricação dos
semicondutores. O popcorn tem a aparência de um degrau de tensão de duração aproximada
de 10 ms e que aparece esporadicamente nos aparelhos. A Figura 3.11 mostra a aparência
destes ruído quando visto em osciloscópio.

Figura 3.11: Aparência do ruído popcorn

3.3.5 Soma de Ruídos:

Várias são as fontes de ruído e todas podem estar presentes ao mesmo tempo em um
mesmo circuito. Quando isto ocorre e os ruídos não são correlacionados, ou seja, são
independentes, a soma das fontes de ruído produz uma potência total que é igual a soma da
potência de cada fonte, de acordo com a equação 3.15. O resultado também pode ser expresso
em termos de uma fonte de tensão como na equação 3.16.

P T =P1 P 2...P n ( 3.15 )


V T = V 12V 22 . . .. .V 2n ( 3.16 )

O ruído RMS total é como se fosse o desvio padrão de uma distribuição de


probabilidade normal com média zero. Sendo assim, para obter os valores máximos e
mínimos desta distribuição, com erro menor do que 0,1%, basta multiplicar o desvio padrão
por 3,3. É comum multiplicar o ruído RMS por 6,6 para se obter uma informação pico a pico
de corrente ou tensão.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 57


3.3.6 Espectro de ruído

Um gráfico de ruído equivalente é construído com auxílio de filtros passa faixa


sintonizados ou de processamento digital de sinais. A representação do ruído sempre é feita no
domínio da freqüência.

Em transistores, por exemplo, uma polarização simples para a configuração emissor


comum é montada. Como carga deste circuito adiciona-se um filtro passa faixa variável que
sintoniza a freqüência onde se deseja medir o ruído. Um milivoltímetro RMS é utilizado para
as medidas. A curva resultante destas medidas é mostrada na Figura 3.12.

Figura 3.12: Espectro de ruído para um amplificador

Analisando o gráfico da Figura 3.12 podemos perceber que o nível de ruído na saída
de um circuito a base de transistores depende da faixa de freqüência em que se está
trabalhando:

• de 0 até F1 temos: ruído térmico + contato + shot noise

• de F1 até F2 temos: ruído térmico + shot noise

• acima de F2 temos: ruído da junção do coletor associado à diminuição do


ganho do transistor + shot noise.

Por esta razão, em circuitos de instrumentação, especificamente abaixo de 100Hz, é


recomendado evitar ou diminuir correntes CC fluindo pelos sensores. Isto pode ser obtido
minimizando a corrente de polarização dos amplificadores.

Em amplificadores operacionais o ruído elétrico normalmente é maior do que o ruído


de um amplificador construído com transistores discretos, pois o circuito de entrada do

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 58


operacional tem dois transistores (no mínimo) na configuração diferencial. Isto implica num
aumento de  2 no ruído. Outro fator importante é que alguns transistores integrados tem
ganho menor que os transistores discretos.

A curva de tensão e corrente de ruído para um AO típico é mostrada na Figura 3.13.


Note as unidades nV /  Hz e pA/  Hz para cada freqüência específica. Se desejarmos
conhecer o ruído para uma faixa de freqüências basta multiplicar pela raiz quadrada da faixa
de freqüências que desejamos. Nestes casos as unidades podem mudar para µV e nA.

Figura 3.13: Corrente e tensão de ruído para um AO típico

3.2.1 Equivalente Elétrico

Fontes de tensão e corrente podem ser aplicadas para modelar a influência do ruído em
um AO. Conforme apresentado na Figura 3.14 estas fontes são aplicadas da mesma forma que
para modelar VOS e IB.

Figura 3.14: Modelo do AO com fontes de ruído

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 59


3.2.2 Relação sinal ruído

Para avaliação de amplificadores também se utiliza a chamada relação sinal ruído


(SNR), definida conforme 3.17. Quanto maior a relação SNR melhor o amplificador.

SNR=20⋅log
 Vsinal RMS
Vruído RMS  ( 3.17 )

3.2.3 Figura de ruído

A figura de ruído corresponde a razão entre as SNR da entrada do amplificador (como


se ele não existisse) e da saída do amplificador. Note que para esta medida é importante que
os valores da impedância da fonte de entrada (o gerador de sinais) sejam consideradas.

NF =10⋅log
 SNRin
SNR out 
NF =10⋅log
 Sinal in⋅Ruído out
Sinal out⋅Ruídoin 
 
2
Sinal in⋅Av⋅V TNin
NF =10⋅log ,
Sinal in⋅Av⋅V 2T

onde Av é o ganho de tensão do amplificador, VTNin é a tensão de ruído total na entrada


do amplificador, VT é a tensão de ruído térmico na resistência da fonte.

NF =10⋅log
  V 2TNin
V 2T

NF =10⋅log
 V 2nV 2T  I 2n⋅R 2gerador
V 2T 
Supondo que o único ruído do gerador seja o ruído térmico, quando conectarmos este
gerador ao amplificador a tensão de ruído se soma a tensão do gerador e a corrente de ruído,
passando pela resistência do gerador produz outra tensão de ruído que depende da impedância

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 60


de entrada do gerador. Por esta razão, para pequenos valores de impedância do gerador a
tensão de ruído tem importância maior que a corrente. Se a resistência do gerador é grande a
corrente de ruído é mais importante. Uma clara vantagem do amplificador com entrada FET,
pois assim como as correntes de polarização a corrente de ruído destes amplificadores é muito
menor que nos TBJ.

3.2.4 Exemplo: Ruído

Para o amplificador cuja tensão e corrente de ruído são apresentadas na figura Figura
3.13, supondo que ele está conectado a um gerador com impedância de 2kΩ.

a) Calcular o ruído equivalente total na entrada do amplificador operando a 1kHz (por


unidade de freqüência).

No resistor da fonte (para 1Hz): V T = 4⋅k⋅T⋅R⋅B=5,7 nV /  Hz

Da figura Figura 3.13 vem que

V n |1kHz =9,5 nV /  Hz

I n |1kHz =0,68 pA/  Hz

Total: V TN =  V 2nV T2  I 2n⋅R 2gerador =11,16 nV /  Hz

b) Calcular o ruído equivalente total na entrada do amplificador operando entre 1kHz e


10kHz.

V TN =11,16 nV /  Hz⋅ 10kHz – 1kHz=1,1 V RMS

c) Calcular a relação sinal ruído na entrada do amplificador, supondo que o sinal do


gerador possui apenas 4mV.

SNR=20⋅log
 V TN 
V gerador
=71dB

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 61


3.2.5 Algumas dicas para minimizar os efeitos de ruído interno e externos ao AO

• Minimizar a introdução de ruído determinístico no sistema (cuidados


mecânicos, blindagem, cabos, invólucro, ponto de alimentação). Usar cabos
coaxiais, par trançado UTP, par trançado STP, fibras ópticas.... Aterrar cabo
coaxial. Diminuir a área formada por laços de corrente.

• Sempre que possível devemos limitar ao máximo a banda de passagem (atuar


na resposta em freqüência de amplificadores, colocar armadilhas para RF,
filtros de rede...). Usar anéis de ferrite ou de condutor em pontos de conexão
com fios. Usar trilhas de circuito impresso arrendondadas.

• Utilizar amplificadores mais insensíveis ao ruído como CAZ (commutating


auto zero), ou amplificadores sintonizados como o LOCK-IN.

• Atentar para a disposição dos circuitos na placa. Identificar fontes de ruído e


agrupar estes circuitos, longe das etapas não ruidosas. Agrupar transistores de
chaveamento, transformadores, diodos, ... Isolar etapas de alta potência das de
baixa potência.

• Filtro de linha próximo da entrada da fonte. Usar capacitores de


desacoplamentos para as fontes. Adicionar a cada placa capacitores de 2,2µF
até 100µF (os grandes capacitores barram alta freqüência) nos fios de
alimentação. Junto a circuitos integrados usar capacitores de 10nF até 100nF.

• Capacitores e indutores (idealmente) não possuem ruídos associados mas


possuem atuação limitada em frequência conforme apresentado na Tabela 3.1.

Tabela 3.1: Máxima freqüência de utilização de diversos tipos de capacitores

Capacitores Freqüência

Eletrolítico de alumínio 100kHz

Eletrolítico de tântalo 1MHz

Papel 5MHz

Mylar 10MHz

Poliestireno/Mica 500MHz

Cerâmico 1GHz

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 62


4 Tipos de Amplificadores Operacionais

Atualmente uma variedade de circuitos para amplificadores operacionais está


disponível no mercado. Seguindo o conceito básico de amplificadores operacionais (ser capaz
de amplificar a diferença entre dois sinais), estes amplificadores trabalham com correntes,
tensões, transcondutância entre outros. A seguir estudaremos alguns tipos de amplificadores
operacionais integrados e disponíveis no comércio.

4.1 Amplificador operacional típico

Este circuito consiste do amplificador operacional tal como o conhecemos até agora.
Este é o tipo mais comum de amplificador e com o maior número de aplicações. A equação
4.1 descreve o amplificador enquanto que seu símbolo é apresentado na Figura 4.1.

V 0 = A v−v−  ( 4.1 )

Figura 4.1: Símbolo do amplificador operacional típico

A Tabela 4.1 mostra uma lista de 8 amplificadores operacionais e suas principais


características DC e AC, todas elas já estudadas anteriormente.

Tabela 4.1: Principais características de alguns operacionais

LM LF LM CA LM LF OP OPi Unid.
741 351 308 3140 318 357 43G 77G
VOS 2 5 2 5 4 3 0,5 0,020 mV

∆VOS 15 10 6 8 x 5 7,5 0,7 µV/°C

IB 80 0,050 1,5 0,010 150 0,030 0,0035 1,2 nA

IOS 20 0,025 0,2 0,5pA 30 0,003 0,058 0,3 nA

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 63


LM LF LM CA LM LF OP OPi Unid.
741 351 308 3140 318 357 43G 77G
CMR 90 100 100 90 100 100 110 140 dB

PSR 96 100 96 80 80 100 100 120 dB

GBW 1 4 ~1-3 4,5 15 20 2,4 0,6 MHz

SR 0,5 13 ~0,5 9 70 50 6 0,3 V/µs

Fabrica National National National RCA National National PMI PMI

Obs.: Uso geral Entrada Comp. Entrada Comp. Entrada Entrada Precisão
Externa
JFET Mosfet Externa/ JFET JFET
Interna

Onde: VOS é a tensão de offset; IOS é acorrente de offset; PSR é a rejeição a variações na tensão
de alimentação; ∆VOS é o drift de VOS; GBW é o produto ganho largura de faixa; IB é a corrente
de polarização; CMR é a rejeição de modo comum; SR é o slew-rate;

4.2 Amplificador operacional de transcondutância (OTA)

Este amplificador é muito comum em microeletrônica mas existem poucos integrados


discretos disponibilizando funções de OTA. Como o próprio nome sugere este amplificador
transforma a diferença entre as tensões de entrada em uma corrente de saída. Isto confere
características bastante interessantes a este operacional que, por exemplo, pode ter sua saída
ligada a saída de outro operacional do mesmo tipo sem problema de curto circuito.

Em microeletrônica o OTA é utilizado para produzir filtros e acionar cargas


capacitivas. Os modelos discretos apresentam uma terceira entrada, chamada de corrente de
polarização, capaz de ajustar o ganho do amplificador. A função der transferência deste
operacional é dado pela equação 4.2, alguns de seus símbolos são apresentados na Figura 4.2 e
o circuito interno do CA3080 é apresentado na Figura 4.3.

i o = Ag  v + −v –  ( 4.2 )

Ag =gm=K⋅I B ( 4.3 )

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 64


onde Ag ou gm é o ganho do OTA, K é uma constante que depende do modelo e IB é a
corrente de polarização).

Figura 4.2: Símbolo do amplificador de transcondutância (OTA)

Figura 4.3: Circuito interno do CA3080

As principais aplicações para este tipo de amplificador são o controle automático de


ganho, os multiplicadores e divisores de tensão, circuitos moduladores e filtros. Apesar disto
este tipo de amplificador pode ser utilizado em praticamente todos os casos onde um
operacional comum também é utilizado. Isto, entretanto, não consiste em nenhuma vantagem
pois as características do OTA não o auxiliam nestas tarefas mais comuns. Como exemplos de
OTAs podemos citar o clássico CA3080, o LM13600 e o mais recente CA3280.

Os OTAs práticos, inclusive os listados, sofrem limitações e problemas de polarização


que dificultam seu uso, sendo importante a inclusão de componentes que teoricamente não
seriam necessários. Os fabricantes explicam quais cuidados devem ser tomados com cada
circuito. Normalmente os problemas dizem respeito a não linearidades do par diferencial de
entrada. Como os OTAs não precisam trabalhar realimentados a diferença entre as tensões de

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 65


entrada não são zero e, infelizmente, o par diferencial só tem comportamento linear para
valores de tensão de alguns milivolts. Circuitos com diodos e resistores são utilizados para
expandir a linearidade dos componentes.

4.3 Amplificador Norton

O amplificador Norton é um tipo especial de operacional que ao invés de amplificar a


diferença entre duas tensões de entrada ele amplifica a diferença entre duas correntes de
entrada. A saída entretanto continua sendo um sinal de tensão. Sua função de transferência é
dada pela equação 4.4, seu símbolo pode ser visto na Figura 4.4 e o circuito interno do
LM3900 pode ser visto na Figura 4.5.

V 0 = Ai −i −  ( 4.4 )

Figura 4.4: Símbolo de um amplificador Norton

Figura 4.5: Circuito interno do LM3900

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 66


Como exemplos de circuitos integrados destes componentes podemos citar o LM2900,
o LM3900 e o LM359. Os amplificadores tipo Norton apresentam limitações práticas,
principalmente no que diz respeito aos valores de corrente de entrada. Os fabricantes explicam
quais cuidados devem ser tomados com cada circuito. Dentre as aplicações para estes
componentes estão os filtros ativos, os geradores de funções, amplificadores para fotodiodos...

4.4 Amplificador Chopper

Este tipo de amplificador foi desenvolvido a muito tempo (no fim dos anos 40 início
dos anos 50), e antes de ser um tipo de amplificador ele é mais uma técnica cujo objetivo é
minimizar tensão e drift de offset. O amplificador Chopper utiliza técnicas de AC para
desacoplar as baixas freqüências devido a VOS e IB. A melhora mais notável é com relação ao
drift com a temperatura de VOS e IOS. O amplificador Chopper pode introduzir um fator de
redução de 50 vezes nestes drift.

Assim, as principais características do amplificador Chopper são o baixíssimo VOS a


alta estabilidade térmica e o baixo ruído. Estes amplificadores são estabilizados internamente
por um sistema de chaves e integradores de erro porém seu uso fica limitado a sinais de baixa
freqüência. A Figura 4.6 mostra um esquema simplificado de um amplificador Chopper.

Figura 4.6: Diagrama esquemático de um amplificador Chopper

Na Figura 4.6, as chaves Ch1 e Ch2 são fechadas quando Ch3 e Ch4 são abertas. A
Figura 4.7 mostra a seqüência correta para o acionamento de cada uma destas chaves. Neste
diagrama, o sinal em nível alto corresponde a chave fechada. As chaves Ch2 e Ch4 são
fechadas após Ch1 e Ch3 serem fechadas, e abertas antes que Ch1 e Ch3 sejam abertas.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 67


Assim, os transitórios causados pelo chaveamento não são integrados pelo filtro passa-baixas
da saída (R4-C4).

Figura 4.7: Seqüência de acionamento das chaves do amplificador Chopper da Figura 4.6

Na Figura 4.8 vemos um diagrama de tempo dos sinais presentes no amplificador


Chopper. Nestes gráficos é apresentada uma onda de entrada constante (Vi), o mesmo sinal
após recortado pela chave Ch1 (VA), e após o filtro passa altas (VB), onde é retirada a
componente DC deste sinal. A informação presente no nó VB é amplificada pelo AO
produzindo uma onda quadrada não centrada, devido aos erros de offset e drift, somada ao
ruído de alta e baixa freqüência (VC). Os erros devido ao offset, drift e ruído de baixa
freqüência são retirados após o filtro passa alta (VD). O o ruído de alta freqüência (e o sinal
de alta freqüência) é retirado pelo filtro passa baixa de saída.

Neste exemplo, a tensão de entrada é constante, e portanto, após o sinal ser recortado
ganha a aparência de uma onda quadrada. Se uma senóide fosse amplificada por este tipo de
amplificador iria produzir pulsos de amplitudes diferentes a cada recorte do sinal de entrada,
mas na saída obteríamos a mesma senóide de entrada..

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 68


Figura 4.8: Formas de onda dos nós do amplificador Chopper da Figura 4.6

Como exemplo de amplificador Chopper podemos citar o LMC668 com VOS < 5 µV e

dV os
=50 nV /°C .
dT

Estes amplificadores, na forma como apresentado, estão em desuso e sua produção tem
sido descontinuada. Novos amplificadores chamados de auto zero (CAZ) estão em produção.
Semelhantes ao Chopper, no tratamento AC do sinal, incorporam controles automáticas de
ganho para melhorar o desempenho do circuito estendendo sua aplicação as altas freqüências.
Exemplos de modernos amplificadores de auto zero são o AD8571, o LM2652 e o LM2654
(estes últimos chamados de Chopper pelo fabricante).

4.5 Amplificador Isolador

Em muitos sistemas o ponto de medida deve ser isolado do restante do circuito


amplificador. Nestes casos devemos utilizar técnicas de isolação entre a etapa de potência (e
condicionamento de sinais) e a etapa de medição. Esta isolação pode ser obtida por intermédio

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 69


de amplificadores isoladores. Existem três tipos básicos de isolação que podem ser
conseguidas nestes circuitos: com transformadores, com capacitores ou com opto acopladores.
A relação de ganho varia de amplificador para amplificador mas o símbolo é comum a todos e
pode ser visto na Figura 4.9.

Figura 4.9: Símbolo do amplificador isolador

As principais aplicações para este tipo de amplificador encontram-se na área médica,


na quebra de laços de terra e na diminuição dos efeitos causados por elevadas tensões de
modo comum. Exemplos de amplificadores isoladores são AD215 da Analog Devices, o
IS0103, e o ISO100 da Burr-Brown. Os diagramas de blocos para estes amplificadores são
apresentados nas figuras 4.10, 4.11 e 4.12 e respectivamente.

Os fabricantes fornecem duas tensões de isolação, uma para tensões continuamente


aplicadas e outra a máxima tensão de isolação. A primeira tensão é menor do que a segunda e
ambas podem variar em função da freqüência e temperatura. Estes amplificadores, entretanto,
são capazes de garantir isolações entre 750V e 2500V aplicados continuamente e até 6000V
por um curto espaço de tempo. A impedância de barreira situa-se em torno de 1012Ω.

Figura 4.10: Diagrama de blocos do AD215

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 70


Figura 4.11: Diagrama de blocos do amplificador ISO103

Figura 4.12: Diagrama de blocos do amplificador ISO100

Note que alguns destes amplificadores apresentam transformadores e portanto não são
um simples circuito integrado. Muitas vezes estes circuitos são modelos híbridos ou

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 71


construídos como componentes discretos e encapsulados em um único invólucro. Observe
também que os amplificadores isoladores necessitam de fontes de alimentação independentes
para “lado” do amplificador. Isto significa, inclusive, dois terras diferentes e não conectados.

4.6 buffer

Este é um amplificador com características bastante interessantes em qualquer tipo de


circuito, pois ele é capaz de fornecer uma isolação entre diferentes estágios de um
condicionador de sinais. Diferente do amplificador isolador este amplificador não fornece
isolação galvânica mas uma elevada impedância de entrada (o que não carrega etapas
anteriores de amplificação ou filtragem) e uma baixa impedância de saída (o que não afeta os
estágios subseqüentes de amplificação). Por estas características de impedância este
amplificador, normalmente, possui elevado ganho de corrente e ganho unitário de tensão. Seu
símbolo pode ser visto na Figura 4.12. A Figura 4.13 mostra a resposta em freqüência do
buffer AD8074 (Analog Devices), com diferentes cargas capacitivas.

Figura 4.13: Símbolo do buffer

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 72


Figura 4.14: Resposta em freqüência do buffer AD8074 com carga capacitiva

4.7 Amplificadores de Instrumentação:

Os amplificadores de instrumentação são circuitos que amplificam a diferença entre


duas tensões, mantendo uma elevada impedância de entrada, uma elevada rejeição a sinais de
modo comum e um ganho diferencial ajustável (preferencialmente), funcionando de forma
similar ao próprio AO, porém com ganhos menores.

O amplificador subtrator (diferencial) básico é apresentados na Figura 4.15. A


configuração permite alterar o ganho do amplificador mas a impedância de entrada é baixa.

Figura 4.15: Amplificador diferencial básico

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 73


Por superposição:

Para a entrada vcm e v2

R4 R  R1
v O = v CM v 2  ⋅ 2
R3 R4 R1

Para a entrada formada por vcm e v1

R2
v O =− ⋅ v v 
R1 CM 1

Somando as duas equações, e após algum algebrismo

v 0=
[ R 1⋅R 4−R 2⋅R3
R1⋅ R3 R 4  ] R2 R4 1 R2 / R1
⋅v CM − ⋅v 1  ⋅
R1
⋅v
R3 1R 4 / R 3 2

Se

R2 R3
=
R1 R4

então

R2
v 0=  v −v  .
R1 2 1

Observe que a influência de vcm é nula, se a razão entre as resistências R 2 e R1 for


exatamente igual a razão entre as resistências R 3 e R4. Via de regra o CMRR de um circuito
pode ser calculado como apresentado na equação 4.5.

Ad
CMRR=
Acm

CMRRsubtrator⋅CMRRintrinceco
CMRRcircuito= ( 4.5 )
CMRRsubtrator CMRR intrinceco

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 74


A Tabela 4.2 mostra como o CMRR do circuito pode mudar com relação a tolerância
dos resistores.

Tabela 4.2: CMRR do subtrator em função da tolerância dos resistores

Tolerância dos Resistores (%) 5 2 1 0,1

Acm subtrator (ganho 1) 0,1 0,04 0,02 0,002

CMRR subtrator (ganho 1) 10 25 50 500

Obs.: CMRR = 500 = 53dB

Observe que a própria impedância da fonte pode causar um desbalanço nos resistores e
diminuir o CMRR da configuração. Por esta razão é desejável uma topologia onde a
impedância de entrada seja extremamente elevada. A construção integrada deste amplificador
minimiza os erros entre as resistências e propicia um CMRR maior, isto entretanto impede o
ajuste do ganho.

Um segundo tipo de amplificador diferencial pode ser visto na Figura 4.16. O ganho
desta configuração pode ser ajustado por apenas um resistor, sem comprometer a precisa
relação entre as demais resistências.

Figura 4.16: Amplificador diferencial com ganho selecionável com um único resistor

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 75


e1 −v
i1=
R1

v 1 =v−i 1⋅R 2 =v 1
 
R2
R1
−e 1
R2
R1

e 2 −v
i2=
R1

v 2 =v−i 2⋅R 2=v 1


 
R2
R1
−e 2
R2
R1

v 1−e0
i3=
R2

Substituindo a expressão de v 1 na equação de i 3 temos

e e
i 3 =v
 1

1
R 2 R1 
− 1− 0
R 1 R2

v2
i 4=
R2

Substituindo a expressão de v 2 na equação de i 4 temos

e
i 4=v
 1

1
R2 R1 
− 2
R1

Como

i=i 1−i 3

então

e 1 −v e e
i=
R1
−v
1


1
R1 R 2 
 1 0
R1 R2

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 76


e0 e
primeira equação para i : i=
R2
2 1 −
R1
2


1
R1 R2
⋅v

Como

i=i 4−i 2

então

e 2 e 2−v
i=v
 1

1
R1 R2
− −
R1 R1

e2
segunda expressão para i : i=−2
R1


2

1
R1 R2
v

então a expressão

e2
 2

1
R1 R2
v=i2
R1

pode ser substituída na primeira expressão para i

e0 e
i=
R2
2 1 −
R1
2


1
R1 R2
⋅v

1 e
assim, a terceira expressão para i é: i= e1 −e 2   0
R1 2R 2

Como

v 1−v 2
i=
R

[ 
i= V 1
R2
R1
R
R1  
R
R1
R 1
−e 1 2 −v 1 2 e 2 2
R1 R ]
Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 77
R2
quarta expressão para i : i= e 2−e1 
R1⋅R

Combinando a terceira e a quarta expressão para i temos

1 e0 R2
 e1 −e 2   = e 2 −e 1 
R1 2R 2 R1⋅R

logo

e 0 =2R 2
[ R2

1
R1⋅R R1 ]
 e 2−e1 

rearranjando os termos da equação temos

e 0=
R1 [ ]
2R 2 R2
R
1  e 2 −e 1 

ou seja o ganho do amplificador pode ser controlado por um única resistência.

Uma outra solução pode ser obtida redesenhando o circuito conforme indicado na
Figura 4.17:

v 1 =i 3⋅R2=
 e1 v eO
−  −i ⋅R2
R1 R 1 R2 
v 2 =i 4⋅R2=
 e2
R1

v
R1 
i ⋅R2

v 1 −v 2
i=
R

i= ⋅

1 e1 v e 0 e2 v
−  −i−  −i ⋅R 2
R R1 R1 R 2 R1 R1 

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 78


i= ⋅

R2 e 1 e 2 e0
−  −2⋅i
R R1 R1 R2 
R2
 e1 −e 2 ⋅e
R1 0
i=
2⋅R2 R

Figura 4.17: Modelo do amplificador da Figura 4.16

Reescrevendo novamente as equações

v 1 =v−i 1⋅R 2=v−


 e1 v

R1 R 1
⋅R2

v 2 =v−i 2⋅R2 =v−
 e2
R1

v
R1⋅R 2

v 1 −v 2
i=
R

1
i= ⋅ v−
R [ 
e1 v

R1 R1
⋅R 2 −v
e2 v

R1 R1
⋅R 2
  ]
Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 79
R2
i= ⋅ e −e 
R⋅R1 2 1

igualando as duas correntes i

R2
 e 1−e 2 ⋅ e
R1 0 R
= 2 ⋅ e 2 −e 1 
2⋅R 2 R R⋅R 1

e 0=
[ R2
R⋅R1
⋅ 2⋅R2 R 
R2
R1 ]
⋅ e 2 −e1 

e 0=
2⋅R 2 R2
R1

R 
1 ⋅ e 2−e1 

Nesta configuração ainda existe o problema da baixa impedância de entrada.

O circuito clássico para amplificador de instrumentação, e que resolve todos os


problemas apresentados pelas outras configurações, é apresentado na Figura 4.18.

Figura 4.18: Amplificador de instrumentação com três operacionais

O circuito pode ser resolvido por superposição:

Supondo v2 aterrada, o potencial na entrada negativa do AO de baixo é zero, logo

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 80


RR3
v O1=v 1⋅
R

R3
v O2=−v 1⋅
R

Supondo v1 aterrada, o potencial na entrada negativa do AO de cima é zero, logo

RR3
v O2 =v 2⋅
R

R3
v O1=−v 2⋅
R

Como a saída do segundo estágio já foi calculada anteriormente e vale

R2
v 0=  v −v 
R1 2 1

então

R 2 R2⋅R3
vO = ⋅ ⋅ v 2−v 1
R1 R

v 0=
R2
R1  1
2R 3
R   e 2 −e 1 

Esta topologia apresenta alta rejeição a tensões de modo comum (se os R3 são
diferentes, há um erro no ganho mas não no CMRR), ganho elevado, ganho ajustável apenas
com um resistor, impedância de entrada (diferencial e de modo comum) elevada em ambas as
entradas. Além disto se o amplificador tiver ganho unitário, somente o offset dos
amplificadores de entrada vão ser significativos na determinação do offset de saída. Se os
amplificadores de entrada forem iguais o drift na saída do amplificador fica reduzido. Nesta
configuração o primeiro estágio é responsável pelo ganho e o segundo estágio é responsável
pelo CMRR e para que este valor seja elevado o amplificador de instrumentação é
comercializado em um único integrado.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 81


O CMRR do circuito pode ser calculado como

CMRR=CMRR 1 estagio⋅CMRR subtrator


o

Circuitos integrados com amplificadores de instrumentação alcançam CMRR maiores


do que 100 dB ( CMRR > 10 5), mas este valor costuma decair com a freqüência. Um exemplo
clássico de amplificador de instrumentação integrado é o AD522.

4.7.1 Exemplos

1) Calcular o CMRR para um amplificador diferencial cujas relações de resistências


são: R2=100·R1, e R4=101·R3.

v 0=
[ R 1⋅R 4−R 2⋅R3
]
R1⋅ R3 R 4 
R2 R4 1 R2 / R1
⋅v CM − ⋅v 1  ⋅
R1
⋅v
R3 1R 4 / R 3 2

101⋅R1⋅R3 −100⋅R1⋅R3 1100


v 0= ⋅v CM −100⋅v 1101⋅ ⋅v
R1⋅ R3 101⋅R3  1101 2

1
v 0= ⋅v −100⋅v 1 100 ,0098⋅v 2
102 CM

observe que este erro resulta em

Ad 100
CMRR= = =10200≈80 dB
ACM 1/102

2) Calcular a função de transferência da topologia abaixo

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 82


Considerando que a tensão na saída do amplificador de realimentação é v G , então

RK
v G =− ⋅v O
RG

O problema pode ser resolvido por superposição:

com a entrada v 2 aterrada, a corrente pelos dois resistores da entrada positiva de A1


devem ser iguais, e v + deve ser zero, então

v1 v
=− G
R R

substituido a equação de v G temos

RK
− ⋅v
v1 RG O
=−
R R

logo

RG
v O= ⋅v
RK 1

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 83


com a entrada v 1 aterrada, o potencial em v – é metade do valor de v 2 , e v + é
metade da tensão v G

RK
− ⋅v
v2 vG RG O
= =
2 2 2

então

RG
v O=− v2
RK

logo

RG
v O=  v −v 
RK 1 2

O ganho é diretamente proporcional à RG, mas a impedância de entrada fica


diminuída.

4.8 Exercícios

1) Mostrar que os dois circuitos abaixo apresentam impedância de entrada gm –1. Supor
que todos os OTAs tem o mesmo ganho gm.

2) Mostrar que os dois circuitos abaixo apresentam impedância de entrada


(gm1·gm2·ZL) –1. Supor que todos os OTAs tem o mesmo ganho gm.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 84


3) Mostrar que os circuitos abaixo correspondem a dois amplificadores diferenciais e
um somador (de diferenças de tensão). Supor que todos os OTAs tem o mesmo ganho gm.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 85


3) Mostrar que o circuito abaixo é um amplificador diferencial se R1/R2 = R4/R3


v O =v 2 – v 1⋅ 1
R4 2⋅R 4
R3

RG 
 
v O =v 2 – v 1⋅ 1
R4
R3
(sem o resistor RG)

As desvantagens deste amplificador sobre aquele com três AOs é que um dos
amplificadores esta trabalhando com ganho menor do que 1 o tempo de propagação do sinal
no circuito é diferente para as duas entradas (o sinal v2 passa por U1 e U2 antes de chegar na
saída, enquanto que o sinal v1 passa apenas por U2).

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 86


5 Circuitos Especiais

5.1 Circuitos de medida em ponte

Em instrumentação é comum encontrar sensores (transdutores) interconectados em um


circuito comumente designado de “ponte” (Figura 5.1). Na ponte, uma ou mais impedâncias
mudam seu valor proporcionalmente a grandeza que se deseja medir. Isto provoca um
desequilíbrio nas tensões da ponte que pode ser detectado por um amplificador.
Eventualmente este amplificador deve ser responsável por linearizar ou filtrar o sinal captado
da ponte. Os sensores são colocados nos braços da ponte, que pode ser alimentada com fonte
de tensão ou corrente.

5.1.1 Ponte de resistores alimentada com fonte de tensão

A Figura 5.1 mostra uma ponte de resistores alimentada com fonte de tensão
constante. Nos braços da ponte são colocadas resistências fixas e variáveis (os sensores). Estas
resistências variáveis irão produzir uma tensão de saída que depende da variação desta
resistência com a grandeza que se deseja medir. A equação 5.1 relaciona as variações de
tensão de saída da ponte com as variações de resistência dos elementos sensores.

Figura 5.1: Ponte de resistores alimentada por tensão

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 87


v O =Av⋅Vcc⋅
 R2

R3
R1 R2 R 3R 4  ( 5.1 )

onde Av é o ganho do amplificador e Vcc é o valor da fonte de alimentação.

5.1.1.1 Ponte com um transdutor

Supondo que R1 = R2 = R3 = R, e R4 = R + ∆R.

Substituindo estes valores na equação 5.1 obtemos

v O =Av⋅Vcc
 1

R
2 2⋅R R 
2⋅R R−2⋅R
v O =Av⋅Vcc⋅
4⋅R2⋅ R

Vcc
v O =Av⋅ ⋅
 R/ R

4 1 R/ 2R  ( 5.2 )

Como podemos observar pela equação 5.2, a relação entre a tensão de saída e a
variação da resistência da ponte não é linear. Normalmente é feita uma aproximação para o
caso onde ∆R é muito menor do que R. A solução do problema para o caso aproximado é

Vcc  R
v O =Av⋅ ⋅
4 R  
5.1.1.2 Ponte com um transdutor por braço

Supondo que R1 = R3 = R, e R2 = R4 = R + ∆R.

Substituindo estes valores na equação 5.1 obtemos

v O =Av⋅Vcc⋅  R R

R
2⋅R R R R 

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 88


v O =Av⋅Vcc⋅  R
2⋅R R 
v O =Av⋅
Vcc


 R/ R
2 1 R/ 2R  ( 5.3 )

E mais uma vez, não há relação linear entre a variação das resistências da ponte e a
tensão de saída do amplificador.

5.1.1.3 Ponte com dois transdutores em um braço

Supondo R1 = R4 = R, R2 = R + ∆R, e R3 = R – ∆R.

Substituindo estes valores na equação 5.1 obtemos

v O =Av⋅Vcc
 R R

R− R
2⋅R R 2⋅R− R 
Vcc
v O =Av⋅ ⋅

 R/ R
2 1−  R/2R 2  ( 5.4 )

Que é muito melhor que o anterior, porém não apresenta relação linear entre as
variações de resistência e tensão.

5.1.1.4 Ponte com quatro transdutores

Supondo R1 = R3 = R - ∆R, e R2 = R4 = R + ∆R.

Substituindo estes valores na equação 5.1 obtemos

v O =Av⋅Vcc⋅
 R R R− R
2⋅R

2⋅R 
R
v O =Av⋅Vcc⋅ ( 5.5 )
R

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 89


Que, finalmente, resulta em uma relação verdadeiramente linear entre variação de
resistência e tensão.

5.1.2 Ponte alimentada com fonte de corrente

Uma alternativa para o uso de pontes de resistores é a alimentação com fonte de


corrente. Afora a diferença na fonte de alimentação o circuito permanece o mesmo, como
pode ser visto pela Figura 5.2.

Figura 5.2: Ponte de resistores alimentada por corrente

Para este circuito a tensão de saída é dada pela equação 5.6:


v O =Av⋅I⋅ R2⋅
R3 R4
R 1R 2R 3R 4
−R3⋅
R1 R 2
R1 R2 R3 R 4  ( 5.6 )

onde Av é o ganho do amplificador e I é o valor da fonte de alimentação.

5.1.2.1 Ponte com um transdutor

Supondo R1 = R2 = R3 = R, e R4 = R + ∆R.

Substituindo estes valores na equação 5.6 obtemos

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 90


v O =Av⋅I  2⋅R R

2⋅R
4⋅R R 4⋅R− R 
I
v O =Av⋅ ⋅
R

4 1 R/ 4 R  ( 5.7 )

Esta relação entre variação de resistência e tensão também não é linear mas se
aproximarmos a solução para o caso onde ∆R é muito menor do que R, então teremos

I
v O =Av⋅ ⋅  R 
4

A sensibilidade da ponte com um elemento sensor alimentada por corrente é maior do


que para a ponte alimentada por tensão.

5.1.2.2 Ponte com dois transdutores no mesmo braço

Supondo R1 = R3 = R, e R2 = R4 = R + ∆R.

Substituindo estes valores na equação 5.6 obtemos


v O =Av⋅I⋅  R R ⋅
 2⋅R R
4⋅R2⋅ R
−R
 2⋅R R 
4⋅R2⋅ R 
v O =Av⋅I⋅
  R R− R⋅ 2⋅R R 
4⋅R2⋅ R 
I
v O =Av⋅ ⋅ R ( 5.8 )
2

E desta vez percebemos que a relação entre a variação das resistências dos sensores e a
variação da tensão de saída já é linear mesmo com apenas dois sensores. Este circuito de
ponte, alimentada com fonte de corrente, pode ser implementado na prática como mostrado na
Figura 5.3.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 91


Figura 5.3: Ponte de resistores alimentado com fonte de corrente

Neste circuito prático, a corrente que através de RI corresponde ao valor da fonte de


corrente

V REF
I=
RI

5.1.3 Outras implementações lineares

Os AOs podem ser utilizados nos circuitos em ponte para minimizar a necessidade de
elementos sensores necessários para se obter uma relação linear entre variação de resistência e
tensão de saída. Dois exemplos destes circuitos são mostrados nas figuras 5.4 5.5.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 92


Figura 5.4: Circuito em ponte com saída proporcional a variação de R3. Um segundo AO
pode ser adicionado na saída do circuito. Todas as resistências iguais.

Vcc
v 0= ⋅ R
R

Figura 5.5: Circuito em ponte com saída proporcional a variação de R1

Av⋅R 5 Vcc  R
Se R6 = então v O =Av⋅ ⋅
2 4 R

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 93


5.2 Reforço de corrente

Muitas vezes necessita-se de um amplificador operacional capaz de trabalhar com


circuitos potentes. A capacidade de fornecer ou absorver corrente passa a ser um fator muito
importante e muitas vezes encarece o projeto final. Para passar por cima destes problemas
podemos comprar amplificadores operacionais de potência, normalmente utilizados para
aplicações em áudio, ou utilizar circuitos transistorizados nas etapas finais de amplificação.

5.2.1 Reforço de corrente com saída assimétrica

O circuito mostrado na Figura 5.6 mostra como podemos suprir correntes elevadas
utilizando um único transistor na saída do amplificador operacional. Note que neste circuito, o
transistor foi colocado dentro do elo de realimentação, isto faz com que o AO compense a
queda de tensão entre base e emissor do transistor.

Figura 5.6: Reforço de corrente assimétrico

Este circuito apresenta a vantagem de trabalhar com correntes elevadas de saída (está
configurado em coletor comum) mas possui em contra partida o inconveniente de ter sua saída
assimétrica, ou seja, não permite variações na tensão positiva e negativamente.

5.2.2 Reforço de corrente com saída simétrica

Uma alternativa, obviamente, é o circuito de saída simétrica mostrado na Figura 5.7.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 94


Figura 5.7: Reforço de corrente com saída simétrica

Este circuito, possui uma grande vantagem com relação ao anterior, que é a saída
simétrica, porém, possui uma grande desvantagem: ele distorce a onda de saída do operacional
nos pontos de tensão baixa, onde os transistores não estão polarizados. Esta distorção é
conhecida como cross over. Quando os transistores não estão polarizados, tensão de saída é
nula, o operacional fica sem realimentação. Neste caso a saída do operacional se eleva em 0,7
para fazer com que um dos transistores conduza, fechando a malha de realimentação.

Na Figura 5.8 são apresentadas as formas na saída do AO e na saída do circuito de


reforço de corrente simétrico com cross over. Observe que o a saída do AO compensa a queda
de tensão sobre VBE dos transistores.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 95


Figura 5.8: Simulação de reforço de corrente simétrico com cross over

O problema do cross over é que a saída do operacional não pode acompanhar


instantaneamente o degrau de tensão que ocorre próximo do zero volts devido ao limitado
slew-rate do operacional. Isto aumenta a distorção harmônica do sinal de saída. Num 741, por
exemplo, com SR=0,5V/µs, há um atraso de

ΔV 1,4 V
Δt = =
SR 0,5

∆t=2,8µs.

Além disso a máxima tensão de saída fica diminuída. Para solucionar o problema basta
fazer uma pré polarização dos transistores com resistores e diodos. O circuito com estas
correções é mostrado na Figura 5.9. Note que da mesma forma que no circuito mostrado na
Figura 5.7 os dois transistores desta configuração de saída simétrica estão em coletor comum,
o que garante um elevado ganho de corrente.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 96


Figura 5.9: Reforço de corrente simétrico com pré polarização dos transistores saída

5.3 Reforço de Tensão:

Algumas vezes o acionamento de circuitos não depende apenas de uma corrente


elevada mas também de uma tensão elevada na saída. Esta é uma característica que também
requer AO especiais ou um circuito adicional com transistores. Quando se fala em tensão
elevada de saída, estamos falando de tensões maiores que as tensões de alimentação do AO.
Normalmente os AOs são alimentados com tensões da ordem de 12 a 15V e estes reforços de
tensão são projetados para ampliar estes limites para valores além de 100V.

5.3.1 Reforço de tensão com etapa de saída alimentada pela saída do operacional

Um circuito simples que propicia um aumento na tensão de saída, utilizando o AO


como um pré amplificador é mostrado na Figura 5.10.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 97


Neste circuito, convém notar que há dois transistores ligados em emissor comum (para
evitar um defasamento entre o sinal de saída do operacional e o sinal de saída do circuito),
fornecendo sinal para um estágio reforçador de corrente em saída simétrica. As tensões de
alimentação dos transistores, ±Vcc, são diferentes das tensões utilizadas para a alimentação do
AO. Observe que o ganho global do amplificador continua sendo determinado pela malha de
realimentação externa.

Figura 5.10: Circuito de reforço de tensão

5.3.2 Reforço de tensão com etapa de saída alimentada pela alimentação do


operacional

Outra técnica muito utilizada para propiciar amplificadores com elevada tensão de
saída, usando AOs, consiste em ligar elementos sensores de corrente na alimentação do

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 98


operacional. A corrente de alimentação é usada para polarizar o circuito interno do AO e para
alimentar a carga ligada ao operacional. Com isto é possível saber quando está sendo exigido
mais corrente na saída do AO e, se a carga for constante, tensões de saída mais elevadas. O
circuito da Figura 5.11 mostra um amplificador deste tipo. Os transistores ligados diretamente
a alimentação do operacional, encontram-se em base comum ao passo que os demais
transistores estão em emissor comum.

Figura 5.11: Reforço de tensão com utilização da corrente de alimentação do AO

Para o projeto deste circuito é importante alimentar corretamente o amplificador


operacional de forma que

R4
V CCOperacional =V CC⋅ −0,7
R3 R4

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 99


I S⋅R5=0,6 V

onde IS é a corrente de alimentação do AO (descontada a corrente que passa por RL').

Uma característica interessante deste circuito é que a saída do operacional não esta
conectada ao amplificador transistorizado. Isto pode ser utilizado para minimizar os efeitos do
slew-rate do AO diminuindo a variação de tensão sobre RL'.

5.4 Proteção contra sobre - corrente:

Nestes circuitos onde são inseridos amplificadores a base de transistores, perde-se a


capacidade de manter o circuito imune a curto circuito, sobre corrente, variação de
temperatura, e uma série de características que são inerentes ao AO e que agora não estão
sendo utilizadas, pois trata-se um circuito discreto. O AO utilizado como acionador para estes
circuitos continua com toda a sua proteção e qualidades garantidas e funcionando, porém as
etapas discretas do projeto passam a não ter nenhum tipo de proteção.

De todos estes problemas o que pode trazer piores conseqüências são aqueles oriundos
de sobre correntes. Isto porém é facilmente contornado com pequenos circuitos de proteção,
similares aqueles utilizados em fontes de alimentação.

O circuito mostrado na Figura 5.12 mostra um exemplo de proteção sendo empregada


no estágio de saída de um reforço de corrente em saída simétrica.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 100


Figura 5.12: Reforçador de corrente com proteção contra curto circuito

Os resistores R5 e R6, ligado em série com a saída do amplificador, devem ser


calculados de tal forma que disparem os transistores Q3 e Q4 respectivamente quando a
corrente de saída estiver além do limite permitido, assim

0,7 V
R5 =
I OMáx

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 101


6 COMPARADORES

Comparadores são usados para discriminar se um determinado sinal analógico é maior


ou menor que um sinal de referência. A saída do comparador é, portanto, digital. Eles podem
ser construídos com AOs ou com integrados específicos conhecidos como comparadores de
tensão.

Os comparadores são construídos especialmente para realizar esta função gerando em


sua saída um sinal com características digitais. Eles não possuem compensação de freqüência,
não apresentam boas características de offset, drift, ruído, enfim, eles não são feitos para
funcionar como amplificador.

6.1 Símbolo

O símbolo mais comumente utilizado para representar um comparador é apresentado


na Figura 6.1.

Figura 6.1: Símbolo do comparador

6.2 Características

Apesar de possuir o mesmo símbolo do amplificador operacional, e ser tratado da


mesma forma, para cálculo, os comparadores possuem uma série de características práticas
que visam a melhora no desempenho do AO como comparador. Em contrapartida, muitos dos
circuitos internos presentes nos AOs são retirados para baratear o custo de produção. A
principio, este procedimento não afetaria o desempenho do comparador, mas o impede de
funcionar como um bom amplificador operacional.

Normalmente os comparadores possuem ganho menor que o do amplificador


operacional e a sua linearidade não é garantida. Os comparadores não possuem compensação

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 102


em freqüência, podendo se tornar instáveis se usados como amplificador. A corrente de
polarização IB é menos preocupante que no amplificador operacional, ou seja, pode assumir
valores bem maiores.

Sua saída muitas vezes se apresenta em coletor aberto (open collector), o que permite
que seja calculado o resistor de pull-up de acordo com as características do circuito que se
deseja montar (velocidade, consumo, capacidade de fornecer corrente...). Os projetistas,
entretanto implementam melhoras na características de slew-rate e de settling time.

Nos circuitos comparadores, normalmente não se utiliza realimentação negativa. Esta


característica torna a máxima tensão diferencial de entrada (V d) um parâmetro importante no
projeto. Para evitar problemas por excesso de tensão diferencial, o circuito de proteção
apresentado na Figura 6.2 pode ser adotado. Em alguns comparadores, entretanto, a entrada
pode chegar até a tensão de alimentação.

Figura 6.2: Circuito de proteção contra excessiva tensão diferencial

Alguns comparadores possuem tensões de alimentação diferentes para as etapas de


entrada e saída, como no caso do LM311 que possui estágio de entrada alimentado com ±15V
e saída alimentada por +5V. Isto permite compatibilizar a saída do comparador com circuitos
digitais TTL, facilitando a interface entre circuitos analógicos e digitais.

Quando um comparador está funcionando em malha aberta ou com realimentação


positiva, a sua saída sempre estará em ±Vcc. A única forma de evitar que a tensão de saída em
um circuito comparador não seja ±Vcc é estabelecer uma malha de realimentação negativa
que leve o comparador para a região linear. Algumas vezes isto é conseguido em circuitos
mistos onde a realimentação negativa só é obtida a partir de um determinado valor de tensão
na saída do comparador.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 103


Figura 6.3: Alimentações do LM311

A Tabela 6.1 mostra uma comparação entre as características de amplificadores


operacionais e de circuitos comparadores de tesão. Repare nas diferenças elevadas entre os
valores encontrados para cada um dos componentes.

Tabela 6.1: Comparação entre características de AOs e comparadores

741 LM339 LM311 LM319 LM710 LM361 MAX9685

Av
200 200 200 40 1,5 3 -
(V/mV)

IB (mA) 80 25 100 250 16000 10000 10000

VOS (mV) 2 2 2 2 1,6 1 5

SR (V/µs) 0,5 60 150 80 - - -

ST (ns) - 1300 200 80 40 14 1,3

IS (mA) - 2 7,5 12,5 - 25 -

Is é corrente de alimentação.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 104


6.3 Configurações Típicas

6.3.1 Detetor por cruzamento de zero

A configuração mais simples de um comparador consiste em utilizar uma tensão de


comparação em uma de suas entradas e a tensão a ser comparada na outra. Conforme pode ser
visto na Figura 6.4.

Figura 6.4: Comparador simples

O circuito da Figura 6.4 consiste de um comparador em malha aberta. portanto


funcionando em função do elevado ganho do integrado. Desta forma, uma pequena diferença
de tensão entre as entradas já é suficiente para saturar o comparador com a tensão positiva ou
negativa de alimentação. Este tipo de comparador pode ser utilizado para detectar a passagem
de um sinal por qualquer valor de tensão basta alterar a fonte usada para a comparação. Nestes
casos o gráfico de saída, apresentado na Figura 6.5, desloca-se para a direita ou esquerda de
acordo com a tensão aplicada. Note que para representar o funcionamento do circuito é
utilizado um gráfico onde é desenha a saída em função da entrada.

O gráfico da Figura 6.5, representa uma simulação com uma entrada senoidal de
freqüência igual a 10Hz no circuito comparador de tensão do tipo detetor de passagem por
zero. Observe que, como o slew-rate do comparador não é infinito, a curva real apresenta
atrasos para que a saída do comparador troque. Se a derivada da tensão de entrada diminuir o
comportamento do comparador se aproxima do ideal. Isto pode ser um problema quando se
trabalha com freqüências elevadas.

Se este circuito estiver sendo implementado com um AO também devemos tomar


cuidado com os seguintes problemas: VOS, IB e Ad finito. Por exemplo, se Ad=80dB (10.000)

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 105


então para obtermos Vo=+15V precisamos de uma tensão diferencial na entrada do AO de no
mínimo 1,5mV.

Figura 6.5: Simulação com zero volts

6.3.2 Limitação de Vo

Outras aplicações para os comparadores consistem em circuitos de limitação da tensão


de saída. Nestes casos, um pouco mais complexos que o anterior, o comparador passa a ter
realimentação negativa em algumas situações. Como se este fator complicador da análise não
fosse suficiente, a realimentação normalmente não é implementada com componentes lineares
tendo sua parcela modificada como uma chave (existe ou não existe realimentação) e/ou
progressivamente de forma a manter constante certos parâmetros (como se fosse um regulador
de tensão). Este é o caso típico do circuito mostrado na figura 6.4.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 106


Figura 6.6: Comparador com limitador de amplitude

Figura 6.7: Simulação: Vz=4,7V, R2=1k

Como podemos ver, este circuito é um detector de passagem por zero (a fonte ligada
na entrada não inversora é zero) com uma realimentação negativa formada por um diodo
zener. Ora, sempre que o zener estiver conduzindo mudará sua resistência interna para que a
tensão sobre ele fique constante (polarizado direta ou reversamente). Isto faz com que a tensão
na entrada negativa fique igual a tensão na entrada positiva (realimentação negativa). Como a
tensão na entrada positiva é zero, então a tensão de saída corresponde a tensão sobre o zener.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 107


6.3.3 Detetor de nível com limitação de tensão de saída.

O detector de nível com limitação de tensão não pode ser implementado modificando-
se a fonte do comparador por zero, pois se isto fosse feito perderíamos a referência de tensão
sobre a entrada positiva. Isto iria modificar a tensão de saída. Uma alternativa para este
circuito passa a ser a implantação de um somador com resistores na entrada negativa. Desta
forma conseguimos mudar o valor da tensão de comparação sem alterar a tensão da saída. Esta
topologia esta mostrada na figura 6.5

Figura 6.8: Comparador de nível com limitador de saída

Figura 6.9: Simulação: Vz=4,7V, R2=R3=1k, Vref=2V

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 108


Este detector funciona basicamente como o anterior (item 6.3.2) porém, agora, a
tensão de comparação se deve não apenas a uma tensão mas a um somatório de tensões. O
resultado deste somatório é que irá mudar a saída do comparador.

6.3.4 Comparador de janela

e a sua saída muitas vezes é um transistor com coletor em aberto. Portanto, requerem
um resistor de “pull-up” na saída que excursiona de +Vcc a -Vcc.

Um exemplo bastante interessante do uso de comparadores com saída em coletor


aberto é mostrado na figura 6.6. Aqui pode ser visto um comparador em janela ou seja um
comparador que cria uma janela de tensão onde a saída do comparador assume um
determinado valor. Agora, a comparação não é feita com apenas um nível lógico mas com
dois. Se a entrada estiver entre estes dois níveis lógicos, então a saída será a tensão de
alimentação positiva. Note que a saída de ambos os comparadores são ligadas a um só ponto,
isto se deve justamente ao fato da saída de cada comparador estar a coletor aberto.

Com este tipo de saída, o comparador só pode fornecer a tensão de alimentação


negativa pois não possui o circuito que o liga com alimentação positiva. Isto deve ser feito
externamente. Então se um comparador deve fornecer um valor positivo de tensão de saída,
isto só ocorre através do resistor externo (o transistor de saída do comparador está cortado). O
outro comparador pode estar com sua saída em nível baixo que não haverá problemas de curto
circuito por causa do resistor externo que limita a corrente pelo comparador. Como podemos
ver esta configuração com as saídas dos comparadores ligadas juntas funciona como uma
porta lógica OR e por tanto esta configuração é conhecida como “WIRED OR”.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 109


Figura 6.10: Comparador de janela

Figura 6.6: Comparador em janela e um gráfico demonstrando seu funcionamento.

6.3.5 Comparador de Declividade:

Aqui pode ser visto um circuito bem interessante com comparadores. Diferente dos
demais circuitos vistos até agora, o comparador de declividade não compara níveis de tensão
mas sim a derivada do sinal de entrada ou seja a sua declividade. O circuito é apresentado na
Figura 6.11.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 110


Figura 6.11: Comparador de declividade

Sendo i1 e i2 definidas como:

V REF dv
i1= , i2 =C i
R dt

O circuito é um comparador quando não há corrente polarizando o zener

i1 = i2

V REF dV i
=C
R dt

dV i V REF
=
dt RC

Se a corrente i2 > i1 o diodo zener está polarizado diretamente, neste caso a tensão de
saída é aproximadamente igual 0,7V. Se i 2 < i1 então o zener está polarizado reversamente e a
tensão de saída corresponde a tensão de zener.

Este circuito pode ser utilizado como o trigger em um osciloscópio.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 111


Figura 6.12: Simulação com Vz=4,7V, Vref=2V, C=47nF, R2=1k, Freq=1000.

Figura 6.13: Resultado da simulação mostrado na Figura 6.12

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 112


6.3.6 Comparador com Histerese

O detector de passagem por zero, ou comparador simples, mostrado no início deste


capítulo, pode oscilar quando o sinal está próximo do nível de comparação. Isto ocorre porque
o ruído adicionado ao sinal faz com que o comparador seja acionado várias vezes.

Para evitar este tipo de problema foram criados os circuitos comparadores com
histerese. A histerese nada mais é do que a mudança automática do nível de comparação logo
após uma comparação bem sucedida. Ela cria uma região ao redor do ponto de comparação,
onde o ruído existente sobre o sinal não consegue afetar a saída do comparador. Na verdade
são criados dois níveis de comparação modificados comutados entre si automáticamente para
que o ruído não interfira na comparação. Quando o nível mais baixo do limiar de comparação
está ativo o nível mais alto esta desligado. Se um sinal vencer este nível mais baixo de
comparação, então o nível de comparação é modificado para o nível mais alto. Normalmente
este comportamento de histerese é mostrado com um gráfico que relaciona tensão de saída
com tensão de entrada do comparador, como o gráfico da Figura 6.14.

Figura 6.14: Simulação: R1=3·R2

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 113


O detector de passagem por zero, agora imune a ruído, fornece informação de com
uma pequena defasagem com relação ao sinal real, mas com muito menos problemas de ruído.
A Figura 6.15 mostra o circuito de um comparador com histerese cujo comportamento pode
ser visto na Figura 6.16.

Figura 6.15: Comparador com histerese

Figura 6.16: Simulação com ruído: v(o1) é a saída do comparador com histerese com
R1=3·R2, e v(o2) é a saída do comparador simples.

Para que o nível de comparação seja alterado automaticamente ele é escolhido em


função da tensão de saída. Para o circuito apresentado os níveis de comparação são

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 114


R2 R2
P 1=Vcc⋅ , e P 2=−Vcc⋅
 R1R2   R1 R2 

6.3.7 Comparador com histerese e limitador:

O comparador com histerese e limitação de tensão é uma mistura dos circuitos dos
anteriores e pode ser visto na Figura 6.17. Seu comportamento é apresentado na Figura 6.18.

Figura 6.17: Comparador com histerese e limitador

Figura 6.18: Simulação: Vz=4,7V, Vref=2V, R=1k, R1=3·R2

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 115


Se o zener estiver conduzindo a tensão do zener está sobre o resistor R 1 (existe
realimentação negativa) e o valor da entrada positiva é igual ao valor da entrada negativa.
Apesar de ser realimentação negativa, e do AO estar na região linear, a saída não se modifica
porque a resistência de realimentação muda para manter a tensão de saída constante.

Quando o zener conduz no sentido direto:

V Z =0,7

VZ
i 1=−
R1

v O1= R1R2 ⋅i 1

R1 R2
v O1=− ⋅0,7
R1

Quando o zener conduz no sentido inverso:

V Z =V Z

VZ
i 1=−
R1

v O2= R1R2 ⋅i 1

R1 R2
v O2=− ⋅V Z
R1

Os patamares de comparação podem ser estimados calculando a tensão nas entradas


negativa e positiva do AO.

R
v –=V REF  ⋅ v −V REF 
2⋅R i

V REF v i
v –= 
2 2

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 116


e

R2
v += v
R1 R2 O

onde

R1 R2
v O1=− ⋅0,7
R1

R1 R 2
v O2 = ⋅V Z
R1

Como podemos ver, a tensão de saída pode apresentar dois valores, um quando o zener
esta polarizado diretamente e outro quando o zener esta polarizado reversamente e, portanto,
há duas tensões de comparação diferentes. Para calcular cada uma destas tensões de
comparação, igualamos a tensão na entrada negativa e positiva do comparador.

Quando o zener conduz no sentido direto

+ –
v =v

R2 R R 2 V v
⋅– 1 ⋅0,7= REF  i
R1R2 R1 2 2

R2
− ⋅0,7⋅2=V REF v i
R1R 2

R2
v i=−2⋅0,7⋅ −V REF , [tensão de comparação baixa]
R1

Quando o zener conduz no sentido direto

+ –
v =v

R2 R R2 V v
⋅ 1 ⋅V Z = REF  i
R1R2 R1 2 2

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 117


R
2⋅ 2⋅V Z =V REF v i
R1

R
v i=2⋅ 2⋅V Z −V REF , [tensão de comparação alta]
R1

Note que VREF desloca a curva de histerese para direita ou esquerda.

6.4 Problemas resolvidos

1) Desenhar a curva da tensão de saída contra tensão de entrada para o circuito abaixo.
Calcular e indicar todos os pontos de quebra e de cruzamento dos eixos. Considere o AO
ideal, vi entre ±15V, vo entre ±15V, VD=0,6V.

Se vi é muito negativo então vo é positivo e diodo conduz. Neste caso temos dois tipos
de realimentação ocorrendo ao mesmo tempo: realimentação negativa (RN) e realimentação
positiva (RP).

Analisando os ganhos da malha de realimentação (capítulo 3), temos para RN

10 K
 RN =
10 K 1,5 K

e para RP

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 118


10 K
 RP =
10 K0,17 K

Como βRP > βRN a realimentação positiva é predominante sobre a realimentação


negativa. Nesta condição o circuito comporta-se como um comparador com histerese.

v O =E OMáx

A tensão de quebra ocorre quando

+ –
v =v

R3 10 K
v += v O−V D ⋅ =15−0,6 ⋅ =13,75V
R 3R 4 10 K0,47 K

v i R 2vO R1
v – =v +=
R1R 2

 +
v i =V H = v −v O⋅
R1
R1 R2 

R1 R2
R2
=+5,44 V

Se vi é muito positivo então vo é negativo e o diodo esta cortado. Neste caso também
temos dois tipos de realimentação e temos que estudar cada caso para determinar o
comportamento do circuito.

10 K
 RN =
10 K 1,5 K

10 K
 RP =
10 K0, 47 K 3,3 K

Como βRN > βRP a realimentação negativa predomina sobre a positiva. Neste caso o
circuito funciona como um amplificador, portanto v +=v –

Cálculo de ganho

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 119


R3
v +=v O⋅
R 3R 4 R5

v i⋅R2 v O⋅R1
v –=
R1 R2

v +=v –

vO
[ R3

R1
R 3R 4 R5 R1 R2 ]
=v i
R2
R1 R2

vO
=−0,91
vi

Cálculo do ponto de quebra (quando diodo entra em condução)

Início da condução do diodo:

V D=0,6V , I D=0

R5
V D= ⋅v
R3 R 4 R5 O

logo

10 K 0, 47 K 3,3 K
v O =0,6⋅ =2, 504 V
3,3 K

Como

vO
vi= =−2, 751V
−0, 91

Então

v i =−2, 751V

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 120


e

v O =2, 504V

2) Desenhar a curva da tensão de saída contra tensão de entreada para o circuito


abaixo. Calcular e indicar todos os pontos de quebra e de cruzamento dos eixos. Considere o
AO ideal, vi entre ±15V, vo entre ±15V, VD=0,7V.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 121


Neste circuito há dois laços de realimentação. Um negativo e outro positivo.
Dependendo do tipo de realimentação predominante o circuito se comporta como comparador
ou amplificador.

Quando o diodo está cortado só há realimentação negativa e o circuito se comporta


como amplificador não inversor.

Quando o diodo está conduzindo temos

R1
 RP =
R1 R2

R3
 RN =
R3 R4

Como βRP > βRN a realimentação positiva é predominante o circuito se comporta como
um comparador.

Se vi é muito negativo então vo é negativo. Nesta condição o diodo está cortado e o


circuito é um amplificador não inversor

v +=v –

R3
v –= v =0,6⋅v O
R3 R4 O

como o diodo está cortado a corrente sobre R1 é zero e como v +=v – então temos que

v O =1,6667⋅v i

Esta relação é valida até que o diodo entre em condução, quando a RP passa a
predominar.

O diodo conduz quando

v O −v + =0,7 V

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 122


v O −0,6⋅vO =0,7 V

v O =1,75V

v i=1,05 V

Assim, o circuito se comporta como comparador quando v i ≥1, 05V .

Se vi é muito positiva então vo é positiva e o diodo conduz. Nesta condição de


compararação a tensão de saída é

v O =+ E OMáx

O ponto de quebra ocorre quando

v +=v –

v – =0,6⋅v O

R2⋅v i  v O −V D ⋅R1
v +=
R1R 2

onde v O =+ E OMáx =+ 15 V

Igualando as expressões

9=0, 282⋅v i 10 , 267

v i =V L=−4, 49V

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 123


3) Desenhar a curva da tensão de saída contra tensão de entreada para o circuito
abaixo. Calcular e indicar todos os pontos de quebra e de cruzamento dos eixos. Considere o
AO ideal, vi entre ±15V, vo entre ±15V, VD=0,6V.

Neste circuito existem dois tipos de realimentação, precisamos determinar qual a


predominante para conhecer o comportamento do circuito.

Quando o diodo está conduzindo temos a seguinte condição para as realimentações.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 124


5,6 // 27
 RP = =0, 632
5,6 // 272,7

10
 RN RN = =0,5
1010

Como βRP > βRN a realimentação positiva predomina e o circuito funciona como um
comparador com histerese.

Quando o diodo está cortado temos apenas realimentação negativa e o circuito se


comporta como um amplificador.

Se vi é muito negativo então vo é negativo e o diodo esta cortado. Nesta situação

v O R4 R5
= =2
vi R4

v O =2⋅v i

Quando o diodo inicia sua condução

V D=0,6V e I D=0

+ –
se I D =0 então v i=v =v e v O =2⋅v i

6,6V⋅R3 v O⋅R2 6,6 V⋅R 32⋅v i⋅R 2


vX= =
R2 R3 R2 R3

v X −v +=0,6 V

6,6V⋅R3 2⋅v i⋅R 2


−v i =0,6
R2 R3

0,6⋅ R2 R3 −R3⋅6,6 V


v i =V H = =0V
2R 2−1

V H =0

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 125


Se vi é muito positivo então vo é positivo e o diodo conduz. Nesta condição o circuito
se comporta como um comparador com histerese.

v O =+ V CC

A transição ocorre quando

v +=v –

considerando

Req =R2 // R3

6,6V⋅R3vO⋅R2
V eq =
R 2R3

v i⋅Req V eq −0,6 ⋅R 1


v +=
R1 Req

R4 v
v –= ⋅v O = O
R4R5 2

vO
⋅ R1 R 2 // R3 −V eq−0,6 ⋅R1
2
v i =V L=
R2 // R 3

V L =−6,5 V

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 126


6.5 Exercícios

1) Analisar os dois problemas resolvidos com o diodo invertido.

2) Analisar o circuito abaixo

R1 R
V H= ⋅ V CC −V D −V ref , V L = 1 −V CC V D −V ref
R2 R2

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 127


3) Desenhara a curva Vo x Vi, calculando todos os pontos de quebra. Considere a
tensão de alimentação como sendo ±15V e a queda no diodo igual a 0,7V.

OBS.: Note que o circuito comporta-se como um amplificador (realimentação negativa)


sempre que houver um diodo conduzindo.

4) Desenhar a forma de onda Vo no circuito abaixo. Considerar o AO como ideal.


Supor que Vi seja uma onda triangular de amplitude 1V e período de 2s.

5) Desenhar a curva Vo x Vi para os seguintes comparadores.

Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 128


Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2010/2 129

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