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O Cérebro do Psicopata
Renato M.E. Sabbatini, PhD
Introdução
Emocionalmente Insensíveis
O Autor
Introdução
A maioria das pessoas é incapaz de entender como uma personalidade antisocial e
criminosa, tal como a de um "serial killer" (assassino serial), é possível, em um ser
humano como nós.
Não são apenas os assassinos seriais, mas uma grande proporção de criminosos
violentos em nossa sociedade (em torno de 25% dos prisioneiros) mostram muitas
características do que a psiquiatria chama de "sociopatia", um termo melhor e mais
preciso do que psicopatia. A DSM-IV, o importante manual de diagnóstico usado por
psicólogos e psiquiatras, define um distúrbio mais geral, denominado mais
apropriadamente, "distúrbio da personalidade antisocial" (DPA) e lista suas principais
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apropriadamente, "distúrbio da personalidade antisocial" (DPA) e lista suas principais
características, que podem ser facilmente reconhecidas em indivíduos afetados. A
Organização Mundial de Saúde também definiu sociopatia em sua classificação de
doenças CID-10, usando o termo "distúrbio da personalidade dissocial".
Os sociopatas são caracterizados pelo desprezo pelas obrigações sociais e por uma falta
de consideração com os sentimentos dos outros. Eles exibem egocentrismo patológico,
emoções superficiais, falta de auto-percepção, pobre controle da impulsividade
(incluindo baixa tolerância para frustração e limiar baixo para descarga de agressão),
irresponsabilidade, falta de empatia com outros seres humanos e ausência de remorso,
ansiedade e sentimento de culpa em relação ao seu comportamento anti-social. Eles são
geralmente cínicos, manipuladores, incapazes de manter uma relação e de amar. Eles
mentem sem qualquer vergonha, roubam, abusam, trapaceiam, negligenciam suas
famílias e parentes, e colocam em risco suas vidas e a de outras pessoas. O pesquisador
canadense Robert Hare, um dos maiores especialistas do mundo em sociopatia
criminosa, os caracteriza como "predadores intra-espécies que usam charme,
manipulação, intimidação e violência para controlar os outros e para satisfazer suas
próprias necessidades. Em sua falta de consciência e de sentimento pelos outros, eles
tomam friamente aquilo que querem, violando as normas sociais sem o menor senso
de culpa ou arrependimento."
O fato dos sociopatas possuirem pouca empatia para o sofrimento dos outros tem sido
demonstrado experimentalmente em muitos estudos, os quais têm mostrado que eles
exibem um processamento anormal de aspectos emocionais da linguagem, e que
geralmente eles possuem resposta fisiológica fraca (no sistema nervoso autônomo) a
imagens, palavras e situações de alto conteúdo emocional. Como acontece com os
predadores, os sociopatas são capazes de uma atenção extremamente alta em certas
situações.
Além disso, sob situações de stress, tais como em guerras, pobreza geral e quebra da
economia, surtos epidêmicos ou brigas políticas, etc., os sociopatas podem adquirir o
status de líderes regionais ou nacionais e sábios, tais como Adolf Hitler, Stalin, Saddam
Hussein, Idi Amin, etc. Quando eles alcançam posições de poder, eles podem causar
mais danos do que como indivíduos.
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Qual é a causa da sociopatia? Como o cérebro está envolvido? Como isto pode ser
prevenido e tratado?
Estas são questões importantes para a humanidade, para a lei e medicina. A curva
ascendente da violência sem sentido, frequentemente por pessoas jovens (a medida que
o tempo passa, mais e mais jovens...), impõe um senso de urgência em obter respostas
para elas.
Neste artigo exploraremos o que a neurociência sabe sobre este distúrbio misterioso.
O Autor
Renato M.E. Sabbatini, PhD. neurocientista e especialista em Informática
Biomédica, doutor pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado no
Instituto de Psiquiatria Max Planck em Munique, na Alemanha. Atualmente,
é diretor do Núcleo de Informática Bimédica da Unicamp e professor de
Informática Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de
Campinas, (Campinas, Brasil). Email: sabbatin@nib.unicamp.br
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