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Processo: 2007.82.00.005711-7
Natureza: Ação penal pública
Autor: MPF
Réus: Roosevelt Cavalcante Cesar e Fernando Antônio Ferreira Veras
S E N T E N Ç A1
RELATÓRIO
1
Sentença tipo D, cf. Res. CJF n. 535/2006.
próprio INSS para emissão imediata da CND. O réu questiona a lógica de assinar uma
declaração falsa e solicitar ao INSS a realização de fiscalização na empresa.
e) Esclarece que se alguns pagamentos não foram feitos, tal se deu por
desconhecimento, não por dolo. Com a multa aplicada pela fiscalização, o réu teve que
fechar as portas de seu negócio, vindo inclusive a questionar judicialmente o resultado
da mencionada fiscalização.
Em alegações finais:
É o breve relatório.
DECIDO.
FUNDAMENTAÇÃO
disso, uma vez que a empresa em questão não estava com os lançamentos contábeis
em atraso, consistiu nesse ponto a declaração de regularidade por si subscrita, objeto
da presente ação penal; em momento algum quis declarar inverdades quanto a
débitos tributários; a declaração, contudo, envolvia informações sobre a regularidade
dos pagamentos; não tem conhecimento se o acusado ROOSEVELT pagou valores
inferiores aos declarados.
Para praticar falsidade ideológica é preciso agir com dolo, o que significa
ter a exata consciência da falsidade da informação declarada em documento, bem
como a vontade de registrar informação falsa em documento. O atributo de falsidade
que qualifica a informação declarada tem que fazer parte da consciência e da vontade
do autor de um crime de falsidade ideológica. Se o agente acredita na veracidade da
informação que declara, não estamos diante de mero erro de proibição, que preserva
a tipicidade do fato, mas de erro que tipo que, afastando o dolo, torna atípica a
conduta e leva a um quadro de inadequação típica absoluta.
Penso que não seja esse o lugar apropriado para discutir a legitimidade
da interpretação, para fins tributários, de que seja possível presumir a existência de
vigilantes, auxiliares de escritório e secretárias em empresas da construção civil apenas
por ser “comum” que as empresas desse ramo disponham desse material humano. A
partir dessa presunção, como se viu, o fisco considerou que as informações sobre
esses “empregados” foram omitidas, arbitrando suas remunerações para lavratura de
auto de infração e imputação de débito.
Por outro lado, a propositura de ação judicial pode ser levada em conta
como prova da crença dos acusados de que referido valor não era devido. Não estou
dizendo que tenham razão no mérito da questão tributária, mas admitindo que, se
realmente acreditavam ter razão, então é forçoso concluir que não tinham consciência
e vontade de que declaravam uma inverdade perante o fisco, afastando-se dessa
forma o elemento subjetivo do tipo do crime de falsidade ideológica.
Pois bem. Quando afirmo que nos autos não encontro provas de que os
acusados tenham agido com dolo, não quero dizer que estaria a exigir do MPF a prova
do dolo. Na verdade, penso que a compreensão da existência do dolo na conduta dos
agentes ficou prejudicada pela coexistência de provas em conflito, umas a afirmar e
outras a infirmar a alegação de a conduta teria sido dolosa. Como falei acima, o fato de
que a fiscalização foi solicitada pela empresa e a circunstância de que várias
irregularidades apontadas pelo fisco decorreram de mera presunção são elementos
Em razão disso, para que a conduta seja típica, o agente terá de ter
dolosamente sonegado informações ou as prestado falsamente para fins de supressão
ou redução dos valores a serem recolhidos a título de contribuição previdenciária. A
compreensão da existência do dolo dependerá, pois, de uma consciência real sobre a
DISPOSITIVO
Custas ex lege.