Boletim Operário é uma publicação semanal de caráter histórico que objetiva resgatar fragmentos de fatos relacionados ao Movimento Operário Brasileiro, notadamente antes de 1930.
Boletim Operário é uma publicação semanal de caráter histórico que objetiva resgatar fragmentos de fatos relacionados ao Movimento Operário Brasileiro, notadamente antes de 1930.
Boletim Operário é uma publicação semanal de caráter histórico que objetiva resgatar fragmentos de fatos relacionados ao Movimento Operário Brasileiro, notadamente antes de 1930.
O Paiz Rio de Janeiro 20 de agosto de 1889. Greve em Cachamby Os condutores e cocheiros da Companhia Ferro-Carril de Cachamby estavam j com trs meses de atraso no pagamento de seus vencimentos, quando viram agravar-se a sua situao, sabendo que havia sido multada a Companhia em 1:000$ pelo Senhor Engenheiro Fiscal das linhas do carris, por faltas acumuladas e todas relativas aos servio do trfego. No ltimo sbado constou que havia sido intimada a Diretoria da Companhia a entrar ontem para o tesouro com a importncia da multa cominada; e tanto bastou para se julgarem ameaados nos seu direito, ou feridos em seus interesses, os condutores e cocheiros das trs linhas servidas pelos seus carros. Reuniram-se, pois, no sbado mesmo, e resolveram ir no dia seguinte (anteontem) entender-se com o Senhor Doutor Neves Pinto, Presidente da Companhia, e reclamar dele o pagamento de seus salrios ou garantindo ao menos de que seriam pagos. De acordo com esta resoluo foram, com efeito, incorporados, no domingo noite a casa daquele cavalheiro, e a apresentaram as reclamaes, sem ter havido perturbao da ordem. Parece, porm, que poucas esperanas resultaram para eles da conferncia com o Senhor Presidente da Companhia, visto que se declararam todos em greve ontem de manh, cessando completamente o servio em todas as linhas. O Senhor Gerente da Companhia vendo a atitude exaltada dos reclamantes, receoso de que tantos homens justamente indignados no se entregassem a algum desforo violento, foi participar a ocorrncia ao Senhor Doutor Maia, subdelegado do 2 Distrito do Engenho Novo. s 11 horas da manh chegou a autoridade acompanhada de oito praas de polcia a cocheira da Companhia, onde se achavam os grevistas. Procedeu por meios suasrios, prometendo que se responsabilizaria pelo pagamento reclamado, e fez-se respeitar ameaando prender os que perturbassem a ordem pblica; e assim consegui que os grevistas voltassem ao trabalho, comeando o servio ao meio dia.
O Paiz Rio de Janeiro 06 de outubro de 1888. OPERRIO EM GREVE Ontem logo pela manh cerca de 100 operrios da Companhia Construtora, a Rua do Conde dEu n 100, vieram ao nosso escritrio pedir, com arrependimento, a nossa interveno, para que eles e outros seus companheiros fossem tirados da posio dificultosa em que se encontram, vendo suas famlias com fome e sem recursos. Confessaram-nos que esto em greve desde anteontem, porque a Companhia Construtora deve-lhes os salrios dos meses de Agosto e Setembro, e a despeito dos seus rogos e pedidos, no lhes tem querido pagar. Em vo, disseram-nos ter procurado que se lhes marcasse um dia para ser organizado o pagamento atrasado, certos de que continuariam a trabalhar, mas sendo-lhes respondido pelo gerente, que pagaria quando quisesse, viram-se por isso forados a abandonar as oficinas. O nmero de operrios em greve elevasse a 200, alguns dos quais afirmaram-nos ter direito a importncia superior a 500$000. Ainda segundo eles ascende a cerca de 30$000 a importncia das duas frias em dvida. Foi em nome de suas famlias sem po e sem recursos que os operrios da Companhia pediram a nossa interveno junto da respectiva Diretoria, e ns lhes prometemos servi-los. Mourejando dia a dia o alimento que os sustenta e aos seus, sem outros rendimentos que no sejam os tirados ao suor que lhes goteja da fronte, nada mais justo de que o pedido feito e que certamente ser tomado em boa considerao.
O Paiz Rio de Janeiro 27 de fevereiro de 1888. Conflitos no Rio Tinto A propsito dos conflitos no Rio Tinto, de que nos deu notcia o telegrafo, encontramos o seguinte em correspondncia de Madrid. Os trabalhadores em nmero de cerca de seis mil, das Minas do Rio Tinto, na Provncia de Huelva, declararam-se h dias em greve, exigindo a suspenso das calcinaes, indo em massa a municipalidade de Salamanca pedir a ordem proibitiva. A sua atitude tornou-se mais ameaadora ao saber que a empresa lhes tinha deduzido dos jornais as horas em que eles no podiam trabalhar por ser grande a intensidade do fumo, que os obrigou abandonar os fornos e ir para as montanhas respirar ar puro. Com isto, coincidiu ao que parece, terem morrido dois ou trs operrios vitimas de intoxicao. As autoridades, vendo a atitude ameaadora da multido, requisitaram infantaria e cavalaria, o que produziu maior alvoroo entre os grevistas. O combate no se fez esperar. Dentre a multido foram disparados alguns tiros, que feriram um soldado e um guarda civil. A tropa respondeu, dando uma descarga que matou 10 operrios, feriu outros e ps em fuga os restantes. A agitao continuava e chegavam ali mais reforos de tropa.