Você está na página 1de 2

Sextina do amor

Eis o amor, aquele que não mente,


Mas sempre se revela como chama,
Águas derramadas, frias, soltas,
Dos vértices cerúleos, das alturas,
Em torno dos amantes, como à volta
Do que se imobiliza, pedra e planta.

Ó casto vegetal, amarga planta,


Cujo vinho puríssimo não mente,
E multiplica a sede como chama
Lançado ao vento qual pantera solta
A escalar a face das alturas
Numa espiral que sobre sempre em, volta.

Feminina figura que não volta,


Faz-se de pura geometria, planta
Desenhada nos páramos da mente,
Espiral que se consome em chamas
Lançada ao vento qual pantera solta
A galgar a vertigem das alturas.

O vento violento das alturas


Leva nuvens e tudo à sua volta,
Vai arrastando o coração, a planta,
Vai carregando o coração, a mente,
Daquele que, perdido, grita e chama,
À gôndola se agarra, não se solta.

Pois se o amor se entrega à vela solta,


Qual pássaro perdido nas alturas,
Resvalando na nuvem mais revolta,
O corpo se projeta como planta,
Na verdade do lábio que não mente,
Mas se acende na luz da sua chama.

Todos nós buscamos essa chama,


Essa adaga de luz na treva solta,
Como a língua de fogo das alturas
Que o vento vem soprando à nossa volta,
Esse fogo que dentro em nós se planta
E queima nosso peito e nossa mente.

Um pássaro se solta em nossa mente,


Como nuvem revolta de uma chama,
Atira-se às alturas, lá se planta.

Carlos Roberto Santos Araujo

Você também pode gostar