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BIOGRAFIA

• Bartolomeu Lourenço de Gusmão, (1685 - 1724),


padre, cuja alcunha é Voador, é marcado pelo
espírito científico, evidenciado por ignorar os
fanatismos religiosos da época;

• Pelo comportamento anti-canónico, questionando


os dogmas eclesiásticos; e pela modernidade, que
o levou a ter o sonho de criar uma máquina
voadora;

• A concretização deste sonho tornou-se uma


obsessão, cujas investigações científicas levou-o a
viajar primeiro para a Holanda, em busca do
segredo, que veria a ser o éter, que faria a
passarola voar, e depois para Coimbra, onde
doutorou-se;
BIOGRAFIA (CONT.)

• Deste crescente saber adquirido e das suas inabaláveis certezas


científicas emerge um orgulho, uma grande ambição de elevar-se um dia
no ar, onde até agora só subiram Cristo, a Virgem e alguns santos eleitos;

• Esta obsessão também é responsável pela formação de uma Santíssima


Trindade terrena com Baltasar e Blimunda, igualmente transgressores das
regras da Igreja, de modo a usufruir na construção da passarola,
juntamente com os seus conhecimentos científicos .
GIUSEPPE DOMENICO SCARLATTI

• Primeiramente professor do infante D.


António, irmão de D. João V, passando depois
a ser professor da infanta D. Maria Bárbara.
Exerceu assim as funções de mestre-de-capela
e professor da Casa Real de 1720 a 1729,
durante a qual escreveu diversas peças
musicais;

• A convite do padre Bartolomeu, é um


participante do projecto da passarola, embora
indirectamente, como um cúmplice silencioso;
GIUSEPPE DOMENICO SCARLATTI (CONT.)

•Assim, Scarlatti instala secretamente o seu cravo para a Quinta do


Duque de Aveiro, onde toca a sua música e inspira os construtores da
passarola. Mais tarde, quando Blimunda ficou com uma estranha
doença causado pela exaustão da recolha das vontades, o músico
tocava frequentemente para Blimunda até provocar a sua cura
completa;

• Deste modo é revelado que a música, aliada ao sonho, permite a cura


e ajuda a conclusão e o voo da passarola, simbolizando o ultrapassar,
por parte do homem, de uma materialidade excessiva e o atingir da
plenitude da vida;

• Scarlatti é quem transmite a notícia da morte do Padre Bartolomeu,


revelando sentimentos de respeito e de veneração pelo próprio padre e
pelo seu invento.
A PASSAROLA

• A primeira aeronave conhecida no


mundo a efectuar um voo foi baptizada
de Passarola, e antecede 74 anos o
famoso balão dos Montgolfier;

• A Passarola era um aeróstato, cujas


características técnicas não são
actualmente conhecidas na totalidade,
inventado por Bartolomeu de Gusmão;

• Na sequência dos seus estudos em


aerostação, no ano de 1708,
Bartolomeu de Gusmão pede ao Rei de
Portugal, D. João V, uma petição de
privilégio para o que chamou o seu
"instrumento de andar pelo ar” ;
A PASSAROLA (CONT.)
• Em 19 Abril de 1709, por Alvará é-lhe concedido esse privilégio. Além do
privilégio, D. João V decide passar a financiar o projecto de
desenvolvimento e construção do aparelho. Bartolomeu de Gusmão
dedica-se então por inteiro ao projecto, que é desenvolvido na Quinta do
Duque de Aveiro em S. Sebastião da Pedreira (Lisboa);

• Alguns meses depois, em 8 de Agosto de 1709, perante uma importante


assistência presente na Sala dos Embaixadores da Casa da Índia que
incluía o Rei, a Rainha, o Núncio Apostólico (Cardeal Conti, mais tarde
Papa Inocêncio XIII), bem como outros importantes elementos do Corpo
Diplomático e da Corte Portuguesa, Bartolomeu de Gusmão fez voar um
balão aquecido a ar, que subiu até ao tecto da sala;

• Depois da espectacular demonstração, Bartolomeu de Gusmão inicia o


desenvolvimento de uma versão tripulada e maior do seu balão. Esse
desenvolvimento vem culminar num balão de enormes dimensões
baptizado de Passarola. O enorme balão é lançado da Praça de Armas
do Castelo de S. Jorge em Lisboa, tripulado provavelmente pelo seu
próprio inventor, e faz uma viagem de cerca de 1 km, vindo aterrar no
Terreiro do Paço.
SIMBOLOGIA

• Passarola: é tanto o símbolo da concretização do sonho, representando


assim também a libertação do espírito e a passagem a outro estado de
consciência, uma vez que esta é igualmente um símbolo da ligação do céu e
da terra, pois ousa sair do domínio dos homens e entrar no domínio de Deus;

• Por outro lado é um símbolo dual, pois é por sua causa que nasce a
Trindade terrestre, mas também é o motivo de separação desta; O voo da
passarola está associada em comparação com a mitologia grega acerca de
Faetonte, filho de Apolo, que, querendo imitar o pai, conseguiu com que este
o deixa guiar o carro do sol por um dia;

• Porém, Faetonte não conseguiu sustentar o carro no céu, despenhando-se


sobre a Terra e morrendo no incêndio resultante. Da mesma maneira, o padre
Bartolomeu de Gusmão e Baltasar morrerão devido ao seu desejo de voar e
Blimunda tornar-se-á errante;
SIMBOLOGIA (CONT.)

• Vontade: as vontades recolhidas, utilizadas


como combustível para a passarola voar,
representa que, aliadas com a ciência e
arte, o querer do homem faz avançar o
mundo, superando os seus próprios limites;

• Esta junção das vontades humanas que é


aliada com a ciência e que produz mais
força, é comparada com a Primavera mítica
que arranca a Humanidade do dogma da
religião, do terror inquisitorial e da
superstição, livrando assim Portugal da
vontade resignada e do pensamento falso e
passivo que caracterizava a época.

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