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GE250208

Frente: 02 Aula: 03

PROFº: WELLIGTON
BRASIL – Formação Territorial
A Certeza de Vencer

A CONQUISTA DA AMAZÔNIA (SÉC. XVI-XVII)


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O controle da
navegação nos cursos
dos rios significava
garantir a exploração
do rico “negócio” da
borracha

AS DROGAS DO SERTÃO
A região do vale do rio Amazonas teria passado ao largo dos
interesses dos colonizadores se a coroa portuguesa não tivesse perdido Para montar engenhos, além das terras para o plantio, era
suas feitorias orientais, fornecedoras de especiarias valorizadas no necessário contar com escravos, adquirir bois, cavalos, barcos, ferro e
mercado europeu — a canela, o cravo e o gengibre. cobre etc. Em suma, o engenho exigia muitos investimentos, sendo,
As primeiras tentativas de ocupação do vale do rio portanto, uma atividade que não era para qualquer um.
Amazonas foram empreendidas por expedições militares, que Os colonos que não podiam arcar com os gastos da
estabeleceram postos de defesa para impedir a penetração de preparação do açúcar tornavam-se fornecedores de cana aos
estrangeiros (ingleses, franceses, holandeses) na região. senhores de engenho. Assim, os senhores de engenho trabalhavam
Seguiram-se novas expedições para a conquista do território. A com a cana de suas próprias plantações e com aquela fornecida por
descoberta de especiarias, chamadas de drogas do sertão, animaram os colonos de menores posses.
colonizadores a ocupar o vale do Amazonas. Nos engenhos existiam as áreas de cultivo, divididas em
A imensa rede de rios navegáveis formada, pelo Amazonas partidos, que eram as faixas lineares onde se plantava
e seus afluentes transformou-se em verdadeiras “estradas naturais” cana. Em alguns casos os grandes senhores de engenho preferiam
para a penetração. Utilizando as vias fluviais, os colonizadores alugar os partidos para a exploração dos colonos plantadores de
imprimiram sua marca por onde passaram, erguendo acampamentos cana.
e pequenos povoados ribeirinhos —seguiam as pistas dos primeiros Parte da fazenda era destinada a criação do gado
colonizadores, os missionários. necessário ao transporte da cana dos partidos até a casa do engenho,
Para colonizar as terras e extrair a riqueza da floresta, era necessário e do açúcar até o porto de embarque. Os carros de boi foram muito
colonizar os indígenas. De um lado apareceram os que submetiam os utilizados como meio de transporte, principalmente quando não havia
indígenas através da espada e do arcabuz; de outro, os que trechos navegáveis dos rios.
subjugavam os indígenas através da religião. Completando a paisagem geográfica e social, havia a casa
Os primeiros faziam parte das tropas de resgate, grande (moradia dos senhores), a casa do engenho (conjunto de
colonizadores interessados na escravização dos índios para utilizá-los construções destinadas a fabricação do açúcar) e a senzala (onde os
na coleta de especiarias e nas lavouras em torno dos povoados. Os escravos viviam amontoados).
outros, os missionários, mantinham os indígenas sob o seu controle A ECONOMIA NO SÉCULO XVI E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO
com a prática da catequese. GEOGRÁFICO
A expansão dos missionários foi, sem nenhuma dúvida, de
importância especial para a dominação colonial na Amazônia.
Jesuítas, franciscanos e carmelitas promoveram expedições,
penetrando nas matas e organizando diversas missões.
Entretanto, a colonização através da catequese não estava
separada dos interesses econômicos. Os indígenas catequizados e
reunidos nas missões trabalhavam na lavoura, produzindo alimentos
para o sustento das atividades missionárias. Além do trabalho nas
lavouras, os indígenas coletavam na floresta a canela, a castanha-do-
pará, o cacau, a salsaparrilha e as essências para perfume. As drogas
do sertão eram um negocio lucrativo e enriqueceram as ordens
religiosas, especialmente a dos jesuítas.
O ciclo das drogas do sertão nos século s XVI e XVII inicia
um capítulo dramático e brutal na história da Amazônia, onde a
exploração e a destruição das tribos indígenas se fez com Fonte: Folha de S. Paulo, 21 abr. 1996, cad. 5. P 16
Muitas fazendas, com seus engenhos, pomares e criação de
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indisfarçável violência.
gado, eram praticamente auto-suficientes. A exploração do trabalho
A PRODUÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR (SÉC. XVI-XVII) escravo permitia aos senhores de engenho contratar homens com
"O Ser Senhor de Engenho é título a que muitos aspiram, algum conhecimento técnico para tarefas especializadas, como os
porque traz consigo o Ser Servido, obedecido e espreitado de muitos." mestres de açúcar, os purgadores e os caldeireiros.
(Antonil). O trabalho dos escravos fornecia a cana e o açúcar, permitia
o assalariamento de trabalhadores especializados e, também, a

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compra de novos escravos para a expansão da lavoura. De fato, a usina sofria dos mesmos males dos antigos engenhos: a oscilação
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exploração dos escravos fazia do senhor de engenho "Ser Servido, dos preços do açúcar no mercado externo.
obedecido e respeitado de muitos." Além disso, o poder dos latifundiários da cana já não era o
mesmo na segunda metade do século XIX, pois o café se desenvolvia
COMO SOBREVIVIA A AGROINDUSTRIA CANAVIEIRA no Sudeste brasileiro, e o Brasil se destacava como o mais importante
O objetivo da. produção açucareira era o mercado externo. produtor mundial. Sem falar que, mesmo na região Nordeste, o século
Seu funcionamento envolvia muita gente. Por isso, no interior da XIX verá o prestígio econômico e político comoçar a deslocar-se da
agricultura colonial-escravista tínhamos dois setores: Zona da Mata para o sertão. Com o, algodão.

• setor de exportação; A ATIVIDADE PECUARISTA: O GADO (SÉC. XVI-XVII)


• o setor de produção de alimentos; Uma atividade que Viveu para outras
O setor exportador era a atividade principal, ocupava os Nem só de açúcar vivia o Nordeste. A pecuária, desde o
melhores solos dos imensos latifúndios, empregava o trabalho início, esteve vinculada a lavoura canavieira. Nos engenhos
escravo e avançava sempre sobre as terras férteis da floresta nordestinos o gado era necessário para o transporte da cana no
(plantation). interior das fazendas e à geração da força motriz nas moendas de
A margem da atividade principal aparecia o setor de cana. Sem falar do consumo de sua carne e de seu couro.
subsistência. Assim, os escravos cuidavam de sua própria Os donos de engenho costumavam destinar as áreas mais
alimentação diminuindo os gastos dos senhores com importação de distantes a criação de animais, evitando ocupar as terras das
gêneros alimentícios. plantações.
A ECONOMIA COLÔNIAL NO SÉCULO XVII Criados soltos em parcelas dos imensos latifúndios, os
rebanhos se multiplicavam acompanhando às necessidades da
lavoura canavieira.
Mas o gado exigia cada vez mais pastos e começou a
disputar terras com a lavoura canavieira. Ora, essa lavoura era a
atividade lucrativa mais importante da colônia no seu início, e a coroa
portuguesa não tardou a agir. Em 1701 a metrópole proibiu a prática
da pecuária no litoral nordestino. Entre a cana-de-açúcar e o gado, a
preferência só podia ser da primeira. Como se vê, decisões políticas
acabam definindo o uso e a organização do espaço geográfico
(Geopolítica – Estratégicas).
Assim, o gado teve que pastar em outro lugar, indo ocupar
as terras menos úmidas e menos férteis do agreste e do sertão
nordestino.
INTERIORIZAÇÃO DO GADO A PARTIR DO NORDESTE
Fonte: MAGNOLI, Demétrio, A Nova Geografia.
A produção de alimentos era subordinada a atividade
principal do latifúndio e variava de acordo com os preços do açúcar no
mercado mundial. Quando os preços do açúcar subiam no mercado,
todas as terras e os escravos eram utilizados para expandir a
produção, sobrando pouca terra para a agricultura de subsistência.
A queda dos preços do açúcar implicava a redução das
rendas, obrigando os senhores a reduzirem as despesas com a
manutenção dos escravos.
Quanto mais "doce" (de cana-de-açúcar) a paisagem, mais
amarga era a vida dos escravos.
A alta dos preços do açúcar era acompanhada da expansão
dos canaviais, que invadiam não só as áreas da mata, mas também A EXPANSÃO DA PECUÁRIA
as terras dos lavradores, restringindo a produção de alimentos. O agreste, com seu relevo suavemente ondulado, oferecia
Quando os preços entravam em declínio, os latifundiários alugavam amplas extensões facilmente aproveitáveis como pastos. A vegetação
pedaços de terra aos lavradores que podiam aumentar o cultivo para natural, por sua vez, não exigia outro cuidado, além da queimada dos
abastecimento de suas famílias, dos próprios latifúndios, das vilas e arbustos de maior porte, fornecendo diferentes tipos de forragens para
das cidades próximas. o gado.
Como se vê, o poder dos senhores de engenho repousava, no Nas manchas úmidas do agreste, os chamados brejos,
fundo, nas imensas terras que possuíam. A vida dos demais habitantes praticava-se uma agricultura de subsistência para o abastecimento
ficava à mercê dos interesses desses grandes latifundiários e dos preços das fazendas. Assim, foi-se formando a paisagem do agreste.
do açúcar no mercado mundial. O gado, no entanto, expandiu-se pelo sertão. A escassez de
Na segunda metade do século XIX, com a diminuição da água é um problema nesta área — daí as fazendas de gado terem-se
importação de escravos, a Zona da Mata nordestina sofreu uma estabelecido junto aos rios. Não é a toa que o rio São Francisco era
modernização nas suas técnicas com a introdução das usinas no lugar conhecido como rio dos Currais.
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dos engenhos e da ferrovia no lugar dos carros de bois. A caatinga (vegetação do nordeste) nem sempre garantia a
A organização do espaço geográfico modificou-se, pois subsistência dos rebanhos. O gado resistia as difíceis condições do
aqueles que se transformavam em usineiros aumentavam seu poder clima e da vegetação, tendo de ocupar grandes extensões de terras
de influência por poderem transformar mais cana que os antigos para conseguir a alimentação necessária. O gado pastava solto — as
engenhos. Estes se transformaram em fornecedores de cana das cercas eram raras — e vivia sob a vigilância dos vaqueiros.
usinas, e muitos deles entraram em decadência. No entanto, a grande Do rio São Francisco até o rio Parnaíba, a criação de gado
foi ocupando as chapadas cobertas pela caatinga.
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