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História da semiótica e de suas teorias


1. História terminológica

2. História epistemológica
1. História terminológica

Sema = sinal, signo


Semeîon (sing.) = signo; semeia (pl.) = signos
Semeîo- = radical de semeiotica e semeiologia
Semeiotics (semeiötiké) = ciência das relações das funções dos
signos: significação e geração de interpretantes.
Semio- de semiótica e de semiologia é transliteração latinizada
de semeîo
Semiotics e Semiology = derivações terminológicas da
analogia com outras denominações científicas na língua
inglesa: Linguistics, Mathematics, Physics.
Semaîno: verbo utilizado pelo grego para significar a
revelação dos deuses no tempo e no espaço.

No Timaeus de Platão, trata-se de um semeîon que


refere-se à coisa dita e à visão que ela provoca na
mente.
2. História epistemológica

Antigüidade

Idade Média e Renascimento

Empirismo (sécs. XVII e XVIII)

Século XX: Semiótica lingüística, lógica, biológica,


cognitiva e desdobramentos.
Antigüidade (Grécia e Mesopotâmia)

Advinhação – Revelação – Medicina: Platão e Aristóteles –


Estóicos – Epicuristas – Agostinho

► concepção de semiótica como processo cognitivo para a


interpretação dos signos enviados por deuses.
► signo (semeîon) como instrumento de mediação entre o
conhecimento ilimitado dos deuses e o conhecimento
limitado dos homens
► os deuses não falam a mesma linguagem que os homens;
os sons das palavras podem ser humanos mas os
significados situam-se em esferas divinas
► invenção da escrita

► prática da medicina a partir do modelo semiótico de


conhecimento

►Platão: distingue entre teoria dos signos (percepção) e teoria


da linguagem (nomeação)

►Aristóteles: a teoria da linguagem refere-se ao mundo verbal


em sua expressão lingüística; a teoria dos signos foi
desenvolvida pelos silogismos de caráter lógico e
epistemológico. A noção de semeîon pertence a uma esfera
diferente de teoria.
►Estoicos (300 aC – 200 dC): desenvolvem a noção do
triângulo semiótico examinando a relação entre a
linguagem, o pensamento e o objeto exterior.
Enunciação

semaînon: o que se percebe como signo (significante)
semainomenon: refere-se à significação (significado)
semeîon: elemento a que o signo se refere sem
coincidir com ele

Contra este modelo triádico se opõe o modelo diádico dos epicuristas


que não reconhecem o significado material do signo.
Agostinho (Aurelio – 354-430)

Considerado o fundador da semiótica com suas obras: De Magisto (389),


De Doctrina Christiana (397), Principia Dialecticae (384).

Semiótica teológica.

Signa: signo verbal, gestos, insígnias militares, fala.

Fusão entre teoria dos signos e teoria da linguagem.

Enunciação: expressão lingüística = verbum (palavra) onde: significante


e significado operam juntamente.
Definições de signo em Agostinho:

O signo é, portanto, uma coisa que, além da impressão que produz nos
sentidos, faz com que outra coisa venha à mente como conseqüência
de si mesmo (De Doctrina Christiana).

Todo signo é, ao mesmo tempo, alguma coisa, visto que se não fosse
alguma coisa não existiria. Porém, não são todas as coisas signos ao
mesmo tempo (ibidem).

Em De Magistro afirma a linguagem como sistema de representação


mediada pela mente a partir da qual uma diversidade de sistemas de
signos podem ser gerados. A linguagem desempenha uma função
informativa uma vez que o signo, em si, não é capaz de produzir a
informação.
Idade Média e Renascimento

Semiótica é uma das três ciências escolásticas: Philosophia Naturalis,


Philosophia Moralis e Scientia de Signis.

Jean Poinsot (1589-1644)


► signo como instrumento cognitivo e de comunicação

► Roger Bacon (1215-1294): tratado De Signis.


Empirismo inglês (sécs. XVII e XVIII)

John Locke (1632-1704): formulou a doutrina dos signos como


Semeiotiké (An Essay on Human Understanding, 1690) em que os
signos são focalizados como instrumentos cognitivos e os divide em
duas classes: palavras e idéias.

Com palavras e idéias acreditava ser possível um outro tipo de lógica.


Século XX

►Semiologia: Ferdinand Saussure (1857-1913).

Ciência para o estudo da vida dos signos na vida social da qual a


Lingüística seria apenas uma parte.
Semiologia tem por objeto o signo verbal – aquele que é dotado
capacidade de se referir a signos de outra natureza num processo a
que damos o nome de significação.
O signo lingüístico é a palavra que, por natureza, possui dois códigos
diferentes: oral e escrito. A palavra é um signo que articula duas
esferas independentes: o significante e o significado.
Signo lingüístico = significante + significado
Signo = palavra falada ou escrita
Significante = imagem sensorial ou conjunto de sons
Significado = imagem mental ou conceito
A relação entre significante e significado é arbitrária.
►Semeiotics: Charles Sanders Peirce (1839-1914)

Objeto de estudo: signo e semiose

Signo (ou representamen): qualquer coisa que está para


quem quer que seja no lugar de qualquer coisa em certas
circunstâncias.
Ou seja: o signo diz respeito a associações e representações
de algo para alguém, sob certos aspectos e em certa medida.
Nesse sentido, o signo é um primeiro que se relaciona com
um segundo – seu objeto – e que gera um terceiro, o
interpretante.
Semiose: atividade (ação do signo) no processo de geração
de interpretantes e Semiótica a ciência para seu estudo.
Doutrina dos signos:

Signo como relação triádica: signo, objeto, interpretante.

Classes de signos e geração de interpretantes: tricotomias

Categorias universais para o estudo da lógica das relações


triádicas: primeiridade, secundidade, terceiridade

Pragmaticismo: variedades de semioses emergentes do


processamento da inteligência ou da inteligência capaz de
aprender com a experiência.
►Semiótica discursiva: Algirdas Julien Greimas
(1917-1992) e a Escola de Paris.

Semiótica como teoria da significação a partir do estudo da dinâmica da


geração de sentido em planos de expressão e de conteúdo; da relação
opositiva elementar entre termos semânticos; da figurativização;
relações lógicas de complementaridade e contrariedade (quadrado
semiótico); das isotopias

Estudo do discurso com base no estudo da estrutura narrativa que se


manifesta em qualquer texto.

Semiótica narrativa e modalização.


►Semiótica da cultura: Escola de Tártu-Moscou

• Estudo das relações entre sistemas de signos da cultura em sua


capacidade de comunicação.
• Sistema de signos como construção de linguagem desenvolvido por
códigos.
• Relações entre os sistemas de signos da cultura se dá por processos de
modelização.
• Cultura e sistemas de signos constituem textos.
• Cultura se desenvolve com a diversificação de suas linguagens.
► Semiótica cognitiva: Jakob von Uexküll (1899-
1940)

Estudo da semiose como processo de significação em diferentes esferas


da vida, do bios.

Categoria central: Umwelt – estrutura de experiência em termos de


subjetivação que é comum a seres vivos.
História textual da semiótica

Objeto da indagação: textos culturais ou sistemas


semióticos.

Construção de metalinguagens científicas a partir da


experiência: os sistemas semióticos não são dados mas
construídos.

Problematização de conceitos (em autores e teorias) na


perspectiva da Poética Sincrônica segundo Roman Jakobson
e Haroldo de Campos.

Observação da evolução das formas nas dimensões de


temporalidades.
Observação da evolução das formas em encontros
dialógicos de diferentes temporalidades.
História textual: textos culturais em sistemas
semióticos organizados segundo a lógica interna
da cultura:

1. transformação da informação em texto
2. desenvolvimento de memória
3. produção de inteligência

Códigos
Programas de ação
Emergência da Informação nova
Transformação da informação em texto:

Codificação = Transdução ( transformação de energia)

transmissão no espaço (físico)

transformação no tempo (ambiente)

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