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LICENCIATURA EM PSICOLOGIA

Desenvolvimento de Competências Académicas


ANO LETIVO 2022-2023

TRABALHO INDIVIDUAL
Criatividade

Beatriz Mori, Nº 30603

TURMA: 1T4LP

Docentes:
Professor Carlos Lopes

Data: 27 de novembro de 2022


O livro "De Clone a Clown" (2012), escrito por Vítor Briga, aborda sobretudo a arte
da criatividade. Explica como podemos trabalhar de modo a alcançarmos ideias mais
criativas, tanto na nossa vida pessoal como no trabalho em equipa.
Ao longo de seus capítulos, encontramos o tópico do improviso, definido como a
reação ao inesperado, que é um grande impulso para a criatividade. Para o ato de improvisar é
preciso ter coragem e acreditar, estando atento ao momento presente. O autor enfatiza que,
para solucionar um problema, basta a sua inteligência e a imaginação, num estado de atenção
plena, conhecido como mindfulness. Briga afirma que improvisar implica ser autêntico,
aceitar o nosso clown e deixá-lo falar.
Explicando que é fundamental aprender a tirar proveito do acaso, o autor aborda o
conceito de "serendipity" (Walpole,1754). Os comportamentos que favorecem a ocorrência
de serendipidade são: interesse, conhecimento e permitir o inesperado (Briga, 2012).
Normalmente, não queremos aproveitar algo do qual pouco esperamos, que não temos altas
expectativas, mas isso consequentemente nos faz perder incontáveis oportunidades.
A chave para o processo criativo é a simplicidade. Briga afirma que a base para
simplificar é ter o essencial para ser e funcionar, focando-nos em servir o objetivo, mantendo
uma identidade própria. Hábitos que ajudam a ter ideias mais simples são, por exemplo,
estudar, para então saber reduzir, priorizando o necessário; fundir elementos, maximizando as
funções; organizar, simplificando os processos e tornando funcional; não fazer além do
necessário; focar-se na experiência e perspectiva do consumidor; e por fim, a comunicação
clara e essencial (Briga, 2012).
Sobre a intuição, conclui-se que se encaixa como a manifestação da nossa
aprendizagem implícita. Sob pressão, o melhor a se fazer é não pensar demais, pois isso
bloqueia essa manifestação. É importante confiar, deixando a resposta fluir. "A memória
substitui o raciocínio,(...)" (Briga, 2012, p.98). Refere, num modo geral, que pessoas que
assumem o domínio de algo, demonstram logo seu modo clown, enquanto aquelas que
possuem comportamentos mais defensivos, o seu modo clone. Juntando conceitos chave, a
ação da intuição acaba por ser a improvisação falada anteriormente.
O autor menciona as fases do processo mental criativo, dentre elas, a apreensão
(detectar o problema) e preparação (estudo e treino), ambas exigindo um esforço consciente
do pensamento; depois, a fase da incubação, que deixa apenas o inconsciente trabalhar e ir
buscar uma resposta; e, por fim, o momento da iluminação, o resultado do trabalho feito na
fase anterior, o "insight criativo". De acordo com Seymour Epstein (2010, citado por Briga,

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2012) em situações envolvendo relações humanas, nas quais a experiência é mais importante
do que a lógica, acaba por ser mais eficaz a resposta da intuição.
Segundo a conclusão de um estudo de Jeffrey H. Dyer et al (2009, citado por Briga,
2012), aqueles que são mais inovadores demonstram hábitos de observação da realidade,
busca de novas experiências e grande curiosidade, bloqueando pré-julgamentos. Tendo uma
atenção intencional, com o objetivo criativo em mente, você acaba por filtrar o que vê, e nota
aquilo que mais ninguém vê. Ter uma sincera vontade de saber e questionar são fatores
importantes a considerar (Briga, 2012, p.105).
Como falado na simplicidade sobre a fusão de elementos, o autor ressalta um ponto
semelhante: a importância de relacionar ideias diferentes. Atribuir um novo significado
àquilo que já existe, através da interseção. Diz que o nosso cérebro não abraça isso com
facilidade, criando barreiras associativas. Contudo, uma maneira de ultrapassar esse
obstáculo, é aprender de tal maneira que estimule a liberdade na criação, através da
motivação pelo prazer da descoberta, e não pela obrigação. Um inovador acaba por ser um
autodidata que aprende o que gosta em diversas áreas, livre de uma forma única de pensar
(Briga, 2012). No que urge a diversidade de áreas, é importante referir a ideia do autor de que
estabelecer relações entre o problema e a observação gera uma nova combinação e, quanto
mais diversos forem os elementos, mais criativa será a solução.
Segundo Briga (2012), um bom líder para criatividade permite que seus liderados
sejam quem são, entende que é necessário e positivo trabalhar com pessoas autênticas e com
opiniões diferentes. Aceita que nem tudo está sob seu controle e confia em sua equipa para
correr riscos. Principalmente, certifica-se que todos aprendem com os erros. Suas
funções-chave são: a composição da equipa, tendo em conta que para cada fase do processo
criativo são necessários diferentes tipos de pensamento que se complementam; a provocação
e facilitação, deixando a dinâmica fluir livremente, mas ser provocador quando necessário,
relembrando o objetivo; e, por último, a validação dos resultados, verificando se as ideias
estão de acordo com a visão assumindo as consequências em equipa (Briga, 2012). O
feedback, tanto positivo quanto negativo, também foi apontado como essencial.
Briga refere também a existência de uma cultura cooperativa, a qual ajuda a
desenvolver um clima organizacional criativo e leva a que as pessoas sintam que suas
expressões de ideias são valorizadas. Selecionou pontos importantes a serem destacados num
ambiente que promove a criatividade, como por exemplo: as relações estabelecidas entre as
pessoas que influenciam em suas expressões; a partilha de valores e um mesmo objetivo; a
credibilidade e coragem; a comunicação aberta; ser honesto, transparente e cumprir a palavra;

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confiança na competência da equipa; ajuda mútua, uma rede de apoio para crescer e evoluir
em conjunto; e por fim, a diversidade na equipa, que força uma abordagem mais criativa
(Briga, 2012).
Encontrar as pessoas certas é um outro fator para a contribuição no trabalho em
equipa. Vítor foca na questão da diversidade, principalmente, pela importância de ter sempre
alguém complementar, para que todos os estilos sejam representados dentro de uma equipa,
sendo fundamental reunir pessoas com características diferentes, até mesmo opostas.
Acrescenta, ainda, que o poder das ligações fracas e conexões superficiais com muitas
pessoas representa uma maior fonte de poder social e apoio (Briga, 2012, p.137).
No último tópico considerado na leitura, é abordado os cinco aspetos que, na opinião
de John Cleese (citado por Briga, 2012), o ajudam a ser criativo. O espaço e o tempo se
sobressaem, Briga diz sobre a necessidade de um ambiente de trabalho familiar, livre para a
decoração pessoal, que apresente um toque de natureza e, sobretudo, alguma desarrumação
saudável para a criatividade. É recomendada pelo Vítor a criação de um tempo limitado para
a criatividade, de no máximo noventa minutos (com pausa), o qual ativa a concentração para
estarmos focados no problema por mais tempo e, assim, solucioná-lo melhor. O autor termina
dizendo que para além dessas ferramentas, a vontade, a paixão e o entusiasmo são as peças
chave para a criatividade.

Reflexão crítica
Pessoalmente, eu sempre me considerei uma pessoa criativa. Cresci no mundo da arte
e sempre tive uma visão fora da caixa, mas por muitas vezes não sabia como processar a
bagunça que a minha mente criava, ou até mesmo como lidar com os momentos em que havia
apenas um vácuo.
Ao ler alguns capítulos desse livro, refleti e relacionei com um dos aspectos mais
importantes na minha vida, a dança. O improviso na dança é muito aclamado, o que sempre
me gerou grande pressão em busca da perfeição. Demorei a entender que o improviso só seria
"perfeito" se eu permitisse que o meu corpo falasse mais alto, deixando a memória muscular
fluir e se conectar com o meu sentimento. Sobretudo, a fusão das minhas experiências
corporais com aquilo que me torna única, assim como o autor referiu o improviso com a
intuição.

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Esta leitura trouxe-me ainda uma nova perspectiva: a questão técnica da criatividade.
Nunca consegui visualizar o processo mental da criatividade, até agora. Pensava que era um
processo natural, mas afinal descobri que pode ser manipulado, e aprender os estímulos
necessários e todas as coisas que atuam em conjunto me trouxe mais confiança e segurança
para lidar com os problemas. Agora, ao me sentir perdida em uma situação, já sei como
trabalhar em cima desses pontos que foram abordados e ultrapassar as barreiras.
Colocando em prática, cada um terá um resultado diferente de acordo com as suas
próprias experiências, apesar das instruções serem as mesmas, daí a relevante relação entre o
trabalho em equipa e a diversidade de pessoas. No entanto, saber que a minha criatividade
pode ser trabalhada e aprimorada, aumentando o meu desempenho e lidando melhor com os
imprevistos diários, faz-me crer que existe um super poder alcançável, e quanto mais criativa
for, mais super poderes encontrarei.

Referências
Briga, V. (2012). De clone a clown. Vida Económica.
https://ecampus.ispa.pt/moodle/pluginfile.php/228088/mod_folder/content/0/Textos%
20I/TEXTO%2027.pdf?forcedownload=1

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