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Aprender a Desaprender

Sérgio Biagi Gregório

Aprender a desaprender é uma atividade que merece todo o nosso cuidado.


Com o passar do tempo, percebemos um sem-número de introjeções em nossa
maneira de pensar e de agir. Uma delas pode perfeitamente se referir aos
livros. Dizem-nos: você tem que ler isso, você tem que ler de tudo, você tem
que saber o conteúdo de tais e tais livros. Essa postura do ter de ler leva-nos a
abarrotar a nossa biblioteca e, conseqüente, o nosso cérebro, dificultando a
invenção, a criação.

Desaprender é jogar no lixo o que não nos serve mais. Juntamos um livro aqui,
uma revista ali, um artigo acolá e, pronto, a nossa biblioteca fica repleta.
Olhamos para ela e verificamos que não sobra espaço para mais nada.
Acrescentamos uma nova estante e, em pouco tempo, fica cheia de novo. O
mesmo acontece com o nosso cérebro, que também fica saturado de
informações. Pensamos: preciso eliminar alguma coisa, esvaziá-lo. Aí está o
problema. No momento em que estamos prestes a nos desfazer de algo, surge
a lembrança de quem o deu, e recuamos. Dizemos para conosco: o que essa
pessoa pensaria de mim vendo o seu presente ir para o cesto de lixo?

Desaprender é saber dizer não. Quantas não são as vezes que dizemos "sim"
e nossa vontade era a de dizer "não". Nosso chefe, no escritório, pede para
fazermos isso, depois aquilo e assim por diante. Às vezes somos obrigados a
levar serviço para casa, nos fins de semana, a fim de atender ao seu pedido, o
que nos deixa estressados. Por medo ou covardia, não sabemos dizer a ele
que a quantidade de trabalho extrapola a nossa capacidade física e mental. O
estresse, porém, continua a aumentar. Um "não" muito demorado pode ser
fatal para o nosso equilíbrio físico e espiritual.

Desaprender é fazer as mesmas coisas, mas de modo diferente. Este é um


apelo à criatividade e à liberdade do espírito. Dependendo do método adotado
pelo professor, uma aula pode ser chata ou produtiva. Se o professor, na época
moderna, continuar com o método da Idade Média, em que só ele sabia e os
alunos eram ignorantes, a aula poderá se tornar chata. Contrariamente,
adotando uma postura liberal, poderá torná-la produtiva, com a participação
espontânea dos alunos.

Desaprender é pensar pela própria cabeça. Nesse caso, convém verificarmos


se está havendo equilíbrio entre a nossa produção literária e a informação que
estamos buscando dos outros. É preferível errar pela falta do que pelo excesso
de dados externos. Lembremo-nos de que educar é deseducar no sentido de
eliminar o que de errado se aprendeu em outras épocas. O ser humano culto
não é aquele que sabe o conteúdo de todos os livros, mas aquele que sabe se
situar no meio deles.

Desaprender implica aprender com segurança e produtividade. A verdade é


uma só. Busquemo-la com todas as forças de nossa alma. Somente ela é
capaz de nos libertar, como asseverava Cristo em suas prédicas.
Aprendizagem Contínua

Sérgio Biagi Gregório

Questão: como tornar contínua a nossa aprendizagem?

Sentenças: “Você nunca para de aprender”; “Nunca se é velho demais para


aprender”; “Todos os dias aprendemos algo novo”.
Dificuldade: fomos instruídos a encher o cérebro de informações; o pensar
pela nossa própria cabeça ficou em segundo plano.
Característica da aprendizagem contínua: há liberdade para questionar e
discordar; a experiência deve atender às necessidades individuais; os
instrutores preocupam-se com os alunos; há muita tolerância com relação ao
erro; os aprendizes têm tempo para refletir; estimula-se o ritmo próprio de
aprendizagem; todos são forçados a sair da zona do conforto.
Para aprendermos por toda a vida, devemos sempre nos colocar como
principiantes. O que é que um principiante faz? Ele tem dúvida, ele questiona,
quer saber como as coisas funcionam. Não se contenta com uma única
explicação; busca informações com pessoas experientes, em livros e na
Internet.
O desapego ao cargo é sumamente importante para a aprendizagem continua.
Quando nos valemos do que somos, parece que já dominamos tudo. Não
tendo a muleta da posição, procuramos novas maneiras de fazer as mesmas
coisas.
A aprendizagem contínua diz respeito a uma análise reflexiva de nosso
próprio ser. Para tanto, o ser humano deve estar inteiramente naquilo que
estiver fazendo. Caso contrário, não atinge a plenitude do seu ser, que é a sua
evolução moral e espiritual.
Tiremos proveito das parábolas contadas por Jesus: a cada nova leitura, novas
aprendizagens são percebidas
Apresentações Eletrizantes
Como observou Quintiliano: "Um discurso medíocre
sustentado pelo poder da apresentação será mais eficaz
do que o melhor discurso sem tal poder".

A) LEMBRETES ÚTEIS

1) Nunca faça apresentações diante do espelho;


2) Acredite que sabe mais do que o público;
3) Convença-se de que o público deseja o seu êxito;
4) Converse com o público antes de falar;
5) Mantenha o foco no público, não em você;
6) Livre-se das regras rígidas sobre apresentações;
7) Acredite nos elogios à sua apresentação.
B) COMO COMEÇAR UMA PALESTRA
1) Evite contar piada;
Quando você começa uma palestra ( Apresentação) com uma piada, você gera
descredibilidade e mostra totalmente o despreparo (falta de experiência),
lembre-se você é um pacote
2) Conte uma Parábola;
3) Conte uma história de como você começou a se interessar por um
determinado assunto.
4) Conte uma história a respeito de um filme ou de um programa de televisão
famoso.
5) Faça uma pergunta que leve o público a meditar sobre o objeto de sua
palestra.
C) DECÁLOGO DO ORADOR
1) Respeitarás teu público;
2) Usarás o mínimo possível de transparências e slides;
3) Saberás sempre que horas são;
4) Não falarás do teu nervosismo. Mas deixarás o público saber os teus
sentimentos;
5) Aprenderás com os teus mestres;
6) Não lerás nem decorarás o discurso palavra por palavra;
7) Lembrarás da diferença entre flerte e apresentação;
8) Darás crédito a quem merecer; (fonte de consulta)
9) Transmitirás uma mensagem positiva;
10) Contarás a tua própria história.

Fonte: Harvard Business School Press. Apresentações Eletrizantes. Tradução por


Cássia Maria Nasser. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. (Gestão Orientada para
Resultados).
A Arte da Audição
Sérgio Biagi Gregório

Passamos a maior parte do nosso tempo ouvindo: rádio, televisão, palestras,


aulas etc.; a sós, ouvimos a voz do nosso pensamento; ao falarmos em
público, quem primeiro ouve são os nossos ouvidos. Mas, será que sabemos
ouvir ativamente? Nossa atenção afasta-se, constantemente, do orador?
Temos largos períodos de "sonhos acordados"? Conseguimos nos lembrar de
muitas coisas que nos foram ditas?

Algumas experiências americanas sugerem que a velocidade do pensamento é


quinhentas vezes maior do que a velocidade da fala (125 palavras por minuto).
Como o pensamento é mais rápido do que a fala, surgem os "devaneios", a
"fuga" e os "sonhos", que são o preenchimento do intervalo de tempo entre a
fala e a audição. Para racionalizar esse hiato de tempo, convém reeducar os
nossos hábitos de leitura e de audição. Nesse contexto, a fórmula para ouvir
(S-I-O-A) é bastante pertinaz.

A fórmula (S-I-O-A) significa: Sintoniza – Informa – Ouve – Avalia. Antes de


assistirmos a uma palestra, devemos sintonizar-nos com o título e com o
comprimento de onda do orador. Enquanto o orador estiver falando, convém ir
anotando questões, para serem respondidas durante a exposição. Não
sejamos um "semi-ouvinte", mas um "ouvinte ativo", em que o expositor fala
conosco e não para nós. Por fim, façamos uma avaliação do que foi dito,
analisando os prós e os contras, e formulando publicamente a pergunta que
não foi respondida durante o discurso.

Essa técnica não é novidade uma vez que a fazemos inconscientemente. O


propósito é torná-la consciente em nossos atos do cotidiano. Como acontecem
com a maioria de nossos hábitos, eles vão acomodando-se, caem no
esquecimento e diminuem a nossa produtividade intelectual. Convém estar
sempre lembrando e envidando novos esforços de aprendizagem para que se
fixem indelevelmente em nossos Espíritos.

A audição para ser eficaz tem de ser ativa. Depois de entrarmos em contato
com o padrão vibratório do orador, devemos concentrar-nos exclusivamente no
conteúdo do tema, colocando o nosso pensamento um pouco à frente do que
irá dizer. Estar inteiro naquilo que estiver fazendo, é uma verdade fundamental
que jamais podemos perder de vista. É que espiritualmente ouvimos por todo o
nosso ser e não somente pelos ouvidos materiais. Nesse sentido, muito
auxiliam o desprendimento das preocupações e dos problemas de ordem
material.Tomemos consciência de nossa forma de ouvir. Não admitamos que
os nossos ouvidos estacionem nas coisas negativas. Vejamos sempre o lado
bom do acontecimento.

Fonte de consulta
O'MEARA, P., SHIRLEY, D. e WALSHE, R. D. Como Estudar Melhor. Lisboa,
Editorial Presença, 1988.

A Arte de Argumentar
Sérgio Biagi Gregório

Argumentar é oferecer um conjunto de razões que nos levam a uma


conclusão. O argumento difere da discussão. A discussão pressupõe o uso do
preconceito e da opinião pessoal; o argumento é a tentativa de sustentar certos
pontos de vista com razões. Assim, um bom argumento não se limita a repetir
conclusões. Em vez disso, apresenta dados e razões para que auxilie os outros
a formarem as suas opiniões.

Ao utilizarmos os argumentos, podemos ir da conclusão às premissas ou das


premissas à conclusão. Estabelecer premissas fidedignas, objetivas e
coerentes é o primeiro passo. Isso nos dá condições de bem elaborar o nosso
raciocínio. Ao mesmo tempo, convém rechaçar as sentenças tendenciosas, as
ambigüidades e as teses confusas. Com isso, fortalecemos o pensamento
correto, ou seja, aquele em que há menor uso de palavras e mais consistência
lógica.

Há vários tipos de argumento: argumentos de analogia, argumentos de


autoridade, argumentos com base em exemplos etc. No argumento de
analogia, costuma-se comparar uma situação com outra semelhante. Exemplo:
o vice-presidente de um país deve obedecer ao presidente tal qual os
jogadores de futebol obedecem ao treinador. No argumento de autoridade,
aceita-se uma verdade porque uma pessoa famosa a proferiu. No argumento
com base nos exemplos, generaliza-se pela observação de um exemplo.
Nesse caso, é preciso tomar cuidado para não cometer o erro da generalização
da informação incompleta.

O tema em questão não pode prescindir das falácias. Elas são raciocínios
falsos que se apresentam com aparência de verdadeiros; usadas de má-fé,
transformam-se em sofismas. Entre elas, citamos as falácias ad hominem
(conforme o homem) e ad ignorantiam (apelo à ignorância). Na falácia ad
hominem, confundimos o sujeito com as qualidades do sujeito. Exemplo: em
vez de criticarmos o desempenho de uma função, criticamos o sujeito na
função. Na falácia ad ignorantium, argumentamos que algo é verdadeiro
porque não se provou ser falso, ou que algo é falso porque não se provou ser
verdadeiro.

Depois de entrar em contato com as regras da argumentação, temos de


escrever um ensaio argumentativo. Para fazê-lo com êxito, convém não ter
pressa de colocá-lo no papel. O correto é deixar, por algum tempo, a questão
de molho. Depois, fazer um pequeno esboço, e segui-lo fielmente. Agindo de
outra forma, podemos ficar dando voltas ou andando sobre uma esteira rolante,
sem sairmos do lugar. Há necessidade de sentir que estamos indo de um ponto
ao outro, mas de forma lógica e racional.
Fundamentemos bem as nossas teses. Escolhamos as palavras simples e
objetivas, no sentido de darmos coesão aos nossos raciocínios. A verbosidade
pode criar confusão na cabeça daqueles que nos lêem.

Fonte de Consulta

WESTON, Anthony. A Arte de Argumentar. Tradução de Desidério Murcho. 2.


ed., Lisboa: Gradiva, 2005.

Aula Versus Palestra


Sérgio Biagi Gregório

Distingamos, na comunicação de conhecimentos, a noção de aula da de


palestra. Não sejamos como aquele expositor que, como instrutor, era um
excelente conferencista. Na aula, seguimos uma programação de temas,
conectados uns com os outros. Embora cada tema tenha o seu objetivo
particular, ele não pode se afastar do objetivo do curso como um todo, sob
pena de desfigurar o próprio curso.

Os temas das palestras são propostos aleatoriamente. Na maioria das vezes,


sugeridos pelos próprios expositores. Às vezes, o expositor quer aprofundar
alguma determinada matéria. O que ele faz? Pensa sobre o tema, consulta
livros, navega na Internet, ouve outros conferencistas etc. Depois de absorver
as informações desejadas, sente-se no dever de transmiti-las aos demais seres
humanos. Aqui, não há necessidade de um tema se relacionar com outro.

A didática da aula não pode ser igual à da palestra. Numa aula, podemos
empregar varias técnicas de ensino, tais como, fazer grupos de estudo,
trabalhar o tema em forma de perguntas e repostas, colocar perguntas embaixo
das cadeiras e pedir para o aluno respondê-la ou fazê-la aos outros colegas de
classe. A maiêutica socrática pode ser usada à exaustão, pois com ela faz-se o
aluno pensar e tentar buscar com os demais colegas uma resposta adequada
aos problemas que lhe são apresentados.

Na palestra, o expositor discorre sobre um determinado tema. Tendo em mente


uma ideia central, divide o seu discurso em partes, tais como introdução,
desenvolvimento do tema e conclusão. Ele geralmente fala durante um
determinado tempo, sem que haja perguntas ou interrupções da plateia. No
final de sua oratória, abre espaço para perguntas ou dúvidas dos ouvintes. Na
palestra, o orador transmite uma grande quantidade de informações em pouco
espaço de tempo.

Façamos um resumo comparativo. Na aula, dialoga-se; na palestra, expõe-se.


Na aula, há uma conexão dos temas; na palestra, os temas são variados. Na
aula, procura-se informar menos e discutir mais; na palestra, informa-se mais e
discute-se menos. Na aula, há uma ligação mais estreita entre aluno e
professor; na palestra, a ligação entre o orador e o ouvinte é passageira.
Na qualidade de expositores, reflitamos sobre esses detalhes, porque
transformar uma aula numa palestra pode ser muito enfadonho aos alunos,
sequiosos de conhecimento.

Como Estudar e Como Aprender


Sérgio Biagi Gregório

Rabindranath Tagore, poeta e prosador indiano, incentiva-nos a formular


perguntas-chaves – O quê? Por quê? Como? Onde? Quando? – antes de
iniciarmos um novo empreendimento. O quê? – Refere-se ao objeto
(automóvel, livro, casa) que iremos produzir. Por quê? – Refere-se à finalidade
de tal produção. Quando? – Refere-se ao tempo que o produto irá aparecer no
mercado. Onde? – Refere-se aos lugares que os produtos serão lançados.
Como? – Refere-se à técnica, à maneira como os produtos serão produzidos.
Exemplo: em se tratando de um lava-rápido, podemos optar pela máquina, pela
mão de obra, ou pela união dos dois. Como estudar e como aprender refere-se
às técnicas de estudo, ensino e aprendizagem.

Estudar é aplicar a inteligência para aprender. É concentrar todos os nossos


recursos pessoais na captação e assimilação de dados, relações e técnicas
inerentes ao domínio de um problema. Quando alguém nos faz uma proposta,
dizemos: "Vou estudar o caso", "vou pensar no assunto". Estudar é muito mais
do que ler, pois implica raciocinar sobre o tema em questão. Aprender é o
resultado, a produtividade do estudo. Diz-se, também, que é mudança de
comportamento.

O termo como caracteriza a técnica. Em se tratando de estudar, há quatro


fases, a saber: 1) apreensão e captação dos dados: deve ser feita mediante o
maior número de vias sensoriais possível (visão, audição, tato, paladar e
olfato); 2) retenção e evocação dos dados: não é somente tomar notas e
memorizar, mas classificá-los coerentemente; 3) elaboração e integração dos
conceitos e critérios resultantes: os dados devem ser interligados de forma
racional e objetiva; 4) aplicação do aprendizado em outros campos de
interesse: o aprendizado em matemática deve ser utilizado em Química,
Biologia, Física etc.

No como aprender, tenhamos em mente os princípios fundamentais da


aprendizagem. Eles são: 1) é preciso que a pessoa sinta necessidade de
adquirir conhecimento; 2) que aprenda a fazer as coisas, fazendo também; 3)
parta do conhecido para o desconhecido, do simples para o complexo.
Suponha que queiramos aprender a equação matemática, indo do simples para
o complexo, do conhecido para o desconhecido. Comecemos pela equação: y
= ax (1.º grau); depois, y = ax2+bx+c (2.º grau); posteriormente, y =
ax3+bx2+cx+d (3.º grau). Para chegarmos ao 3.º grau, polinômio, tivemos que
passar pelos graus anteriores, de menos dificuldade de compreensão. O
mesmo aconteceu com o Espiritismo. Allan Kardec, pedagogo que era, dizia
que quando fôssemos falar de Espírito para uma pessoa que nunca ouviu falar
de Espiritismo, deveríamos fazê-lo perceber primeiro a realidade espiritual,
para depois entrar em pormenores sobre os Espíritos propriamente ditos.
A psicologia da cognição fornece-nos subsídios valiosos para uma melhor
compreensão deste tema: 1) Tenhamos em mente que o pensar é uma
questão de associação; 2) Um dos mais notáveis aspectos do comportamento
humano é a sua maleabilidade a uma quase infinita capacidade de adaptação
comportamental do indivíduo em situações diversas; 3) incentiva-nos a
procurar sempre uma nova resposta (melhor que a anterior) a uma
determinada situação estimuladora, no sentido de conservar e desenvolver o
próprio organismo.

Einstein dizia-nos: "Quem lê demais e usa o cérebro de menos adquire a


preguiça de pensar". Nesse mister, estudar e aprender não se resume em ler
muitos livros, especialmente os romances mediúnicos, mas pensar no aspecto
doutrinário do Espiritismo. Um bom método é colocarmos tudo como se
fôssemos os produtores do filme. Montar, primeiro, em nossa cabeça aquilo
que queremos explicar aos outros. Somente depois, procurar em livros e
enciclopédias.

Não tenhamos receio de enfrentar o desconhecido. Ele nada mais é do que a


nossa aspiração por novos conhecimentos.

São Paulo, 18/03/2009

O Orador e a Apresentação em PowerPoint


Tese central: você é o ator principal; todas as atenções devem estar voltadas
para a sua pessoa. É você que tem de levar o script até o fim.

Parta do princípio de que não existe uma apresentação ideal; quando muito,
conseguimos uma adequação ideal à nossa apresentação. Tenha sempre em
mente que o recurso visual é um auxiliar. Faça o seguinte teste: e se meu
tempo de exposição fosse reduzido pela metade, o que eu faria?

Dê preferência aos fundos claros: se fosse para aparecer não seria fundo seria
frente.

Não apague as luzes. Lembre-se de que numa peça teatral o holofote ilumina o
ator.

A fonte do título deve ser tamanho 32; o texto, tamanho 24. Nada de espremer
para que caiba tudo em uma única tela.

Evite textos inteiros com maiúscula.

Tudo o que você fizer tem que ser visto de longe.


Tela não é para ler textos. Elimine sem piedade; as palavras precisam ser
explicadas e não lidas. Escolha tópicos, palavras soltas, figuras e gráficos para
que você possa explicar durante a sua apresentação.

Uma excelente apresentação de meia hora deve conter entre 6 e 10 telas.

Ensaie várias vezes para assimilar o conteúdo de sua exposição.

Para refletir: as pessoas enxergam você e a tela ou somente a tela?

Extraído de

FERNANDES, Álvaro. Quem não tem Problemas de Comunicação? São Paulo:


Idéia e Ação, 2003.

São Paulo, agosto de 2008.

Os Cem Erros Mais Comuns


Erros gramaticais e ortográficos devem, por princípio, ser evitados. Alguns, no
entanto, como ocorrem com maior freqüência, merecem atenção redobrada. O
primeiro capítulo deste manual inclui explicações mais completas a respeito de
cada um deles. Veja os cem mais comuns do idioma e use esta relação como
um roteiro para fugir deles.

1 - "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim:


mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau
humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.

2 - "Fazem" cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz


cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.

3 - "Houveram" muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável:


Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos
iguais.

4 - "Existe" muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem


normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. /
Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam idéias.

5 - Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para
eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.

6 - Entre "eu" e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e
você. / Entre eles e ti.

7 - "Há" dez anos "atrás". Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas
há dez anos ou dez anos atrás.

8 - "Entrar dentro". O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou
para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis,
viúva do falecido.

9 - "Venda à prazo". Não existe crase antes de palavra masculina, a menos


que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos
demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.

10 - "Porque" você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão,
use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele
faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas
respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.

11 - Vai assistir "o" jogo hoje. Assistir como presenciar exige a: Vai assistir
ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A medida não agradou
(desagradou) à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. /
Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. /
Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.

12 - Preferia ir "do que" ficar. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia
ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem
glória.

13 - O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula o sujeito


do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito
prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o
complemento: O prefeito prometeu novas denúncias.

14 - Não há regra sem "excessão". O certo é exceção. Veja outras grafias


erradas e, entre parênteses, a forma correta: "paralizar" (paralisar),
"beneficiente" (beneficente), "xuxu" (chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultuoso"
(vultoso), "cincoenta" (cinqüenta), "zuar" (zoar), "frustado" (frustrado),
"calcáreo" (calcário), "advinhar" (adivinhar), "benvindo" (bem-vindo),
"ascenção" (ascensão), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólucro"
(invólucro).

15 - Quebrou "o" óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da


mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias,
felizes núpcias.

16 - Comprei "ele" para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser
objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-
nos entrar, viu-a, mandou-me.

17 - Nunca "lhe" vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês e por isso não
pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o
deixou. / Ela o ama.

18 - "Aluga-se" casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. /


Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se
terrenos. / Procuram-se empregados.

19 - "Tratam-se" de. O verbo seguido de preposição não varia nesses casos:


Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se
para todos. / Conta-se com os amigos.

20 - Chegou "em" São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e não em:


Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.

21 - Atraso implicará "em" punição. Implicar é direto no sentido de acarretar,


pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.

22 - Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em
via de, e não "em vias de": Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de
conclusão.

23 - Todos somos "cidadões". O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros:


caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.

24 - O ingresso é "gratuíto". A pronúncia correta é gratúito, assim como


circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da
mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.

25 - A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, repartição, e


sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de
Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas,
sessão do Congresso.

26 - Vendeu "uma" grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um


grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a
agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.

27 - "Porisso". Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.

28 - Não viu "qualquer" risco. É nenhum, e não "qualquer", que se emprega


depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. /
Nunca promoveu nenhuma confusão.

29 - A feira "inicia" amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira


inicia-se (inaugura-se) amanhã.

30 - Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o pronome: Soube que


os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as
negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. /
Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como
as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.

31 - O peixe tem muito "espinho". Peixe tem espinha. Veja outras confusões
desse tipo: O "fuzil" (fusível) queimou. / Casa "germinada" (geminada), "ciclo"
(círculo) vicioso, "cabeçário" (cabeçalho).

32 - Não sabiam "aonde" ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava.
Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer
chegar. / Aonde vamos?

33 - "Obrigado", disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa:


"Obrigada", disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.

34 - O governo "interviu". Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo


interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram.
Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse,
predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc.

35 - Ela era "meia" louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio
esperta, meio amiga.

36 - "Fica" você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa,
o certo é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue
aqui.

37 - A questão não tem nada "haver" com você. A questão, na verdade, não
tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.

38 - A corrida custa 5 "real". A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 5


reais.

39 - Vou "emprestar" dele. Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo:


Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão.
Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.

40 - Foi "taxado" de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi tachado de
ladrão. / Foi tachado de leviano.

41 - Ele foi um dos que "chegou" antes. Um dos que faz a concordância no
plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi
um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.

42 - "Cerca de 18" pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e


não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram.

43 - Ministro nega que "é" negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim
como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou
que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente
negar, vai deixar a empresa.

44 - Tinha "chego" atrasado. "Chego" não existe. O certo: Tinha chegado


atrasado.

45 - Tons "pastéis" predominam. Nome de cor, quando expresso por


substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas
creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas,
fitas amarelas.

46 - Lute pelo "meio-ambiente". Meio ambiente não tem hífen, nem hora
extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega, etc. O sinal aparece, porém,
em mão-de-obra, matéria-prima, infra-estrutura, primeira-dama, vale-refeição,
meio-de-campo, etc.

47 - Queria namorar "com" o colega. O com não existe: Queria namorar o


colega.

48 - O processo deu entrada "junto ao" STF. Processo dá entrada no STF.


Igualmente: O jogador foi contratado do (e não "junto ao") Guarani. / Cresceu
muito o prestígio do jornal entre os (e não "junto aos") leitores. / Era grande a
sua dívida com o (e não "junto ao") banco. / A reclamação foi apresentada ao
(e não "junto ao") Procon.

49 - As pessoas "esperavam-o". Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os


pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas
esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.

50 - Vocês "fariam-lhe" um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se,
lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo
condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? /
Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca "imporá-se"). / Os amigos nos
darão (e não "darão-nos") um presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo
"formado-me").

51 - Chegou "a" duas horas e partirá daqui "há" cinco minutos. Há indica
passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não
pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a
(tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de
12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.

52 - Blusa "em" seda. Usa-se de, e não em, para definir o material de que
alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata,
estátua de madeira.

53 - A artista "deu à luz a" gêmeos. A expressão é dar à luz, apenas: A


artista deu à luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu "a luz a" gêmeos.

54 - Estávamos "em" quatro à mesa. O em não existe: Estávamos quatro à


mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.

55 - Sentou "na" mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em


cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à
máquina, ao computador.

56 - Ficou contente "por causa que" ninguém se feriu. Embora popular, a


locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.

57 - O time empatou "em" 2 a 2. A preposição é por: O time empatou por 2 a


2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.

58 - À medida "em" que a epidemia se espalhava... O certo é: À medida que


a epidemia se espalhava... Existe ainda na medida em que (tendo em vista
que): É preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem.

59 - Não queria que "receiassem" a sua companhia. O i não existe: Não


queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos,
enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a
terminação ear: receiem, passeias, enfeiam).

60 - Eles "tem" razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do
singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm;
ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.

61 - A moça estava ali "há" muito tempo. Haver concorda com estava.
Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao
filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses.
(O havia se impõe quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do
indicativo.)

62 - Não "se o" diz. É errado juntar o se com os pronomes o, a, os e as.


Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso), vê-se-a, etc.

63 - Acordos "políticos-partidários". Nos adjetivos compostos, só o último


elemento varia: acordos político-partidários. Outros exemplos: Bandeiras verde-
amarelas, medidas econômico-financeiras, partidos social-democratas.

64 - Fique "tranquilo". O u pronunciável depois de q e g e antes de e e i exige


trema: Tranqüilo, conseqüência, lingüiça, agüentar, Birigüi.

65 - Andou por "todo" país. Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por
todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi
demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem)
é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.

66 - "Todos" amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: Todos os


amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as contradições do texto.

67 - Favoreceu "ao" time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a:


Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores.

68 - Ela "mesmo" arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a próprio, é


variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram
à polícia.

69 - Chamei-o e "o mesmo" não atendeu. Não se pode empregar o mesmo


no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os
funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão
dos servidores (e não "dos mesmos").

70 - Vou sair "essa" noite. É este que desiga o tempo no qual se está ou
objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia,
este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).

71 - A temperatura chegou a 0 "graus". Zero indica singular sempre: Zero


grau, zero-quilômetro, zero hora.

72 - A promoção veio "de encontro aos" seus desejos. Ao encontro de é


que expressa uma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus
desejos. De encontro a significa condição contrária: A queda do nível dos
salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria.

73 - Comeu frango "ao invés de" peixe. Em vez de indica substituição:


Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao
invés de entrar, saiu.

74 - Se eu "ver" você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma


forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser
(de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer),
predissermos.

75 - Ele "intermedia" a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se


como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e
incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem,
incendeio.

76 - Ninguém se "adequa". Não existem as formas "adequa", "adeqüe", etc.,


mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou,
adequasse, etc.

77 - Evite que a bomba "expluda". Explodir só tem as pessoas em que


depois do d vêm e e i: Explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva nem
fale "exploda" ou "expluda", substituindo essas formas por rebente, por
exemplo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim,
não existem as formas "precavejo", "precavês", "precavém", "precavenho",
"precavenha", "precaveja", etc.

78 - Governo "reavê" confiança. Equivalente: Governo recupera confiança.


Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este tem a letra v:
Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem "reavejo",
"reavê", etc.

79 - Disse o que "quiz". Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer
e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram,
puséssemos.

80 - O homem "possue" muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens.


Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é
que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue.

81 - A tese "onde"... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele
mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em
que: A tese em que ele defende essa idéia. / O livro em que... / A faixa em que
ele canta... / Na entrevista em que...

82 - Já "foi comunicado" da decisão. Uma decisão é comunicada, mas


ninguém "é comunicado" de alguma coisa. Assim: Já foi informado
(cientificado, avisado) da decisão. Outra forma errada: A diretoria "comunicou"
os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão
aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados.

83 - Venha "por" a roupa. Pôr, verbo, tem acento diferencial: Venha pôr a
roupa. O mesmo ocorre com pôde (passado): Não pôde vir. Veja outros: fôrma,
pêlo e pêlos (cabelo, cabelos), pára (verbo parar), péla (bola ou verbo pelar),
pélo (verbo pelar), pólo e pólos. Perderam o sinal, no entanto: Ele, toda, ovo,
selo, almoço, etc.

84 - "Inflingiu" o regulamento. Infringir é que significa transgredir: Infringiu o


regulamento. Infligir (e não "inflingir") significa impor: Infligiu séria punição ao
réu.

85 - A modelo "pousou" o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é
ave, avião, viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer)
com eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).

86 - Espero que "viagem" hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha


viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite
também "comprimentar" alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar
cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e
cumprido (concretizado).

87 - O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai
nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem
sequer nos avisar.

88 - Comprou uma TV "a cores". Veja o correto: Comprou uma TV em cores


(não se diz TV "a" preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em cores,
desenho em cores.
89 - "Causou-me" estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me
estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de concordância
quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta
noite as obras (e não "foi iniciado" esta noite as obras).

90 - A realidade das pessoas "podem" mudar. Cuidado: palavra próxima ao


verbo não deve influir na concordância. Por isso : A realidade das pessoas
pode mudar. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não
"foram punidas").

91 - O fato passou "desapercebido". Na verdade, o fato passou


despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.

92 - "Haja visto" seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja
vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.

93 - A moça "que ele gosta". Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele
gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o filme a que assistiu (e não que
assistiu), a prova de que participou, o amigo a que se referiu, etc.

94 - É hora "dele" chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com


artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar. /
Apesar de o amigo tê-lo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido...

95 - Vou "consigo". Consigo só tem valor reflexivo (pensou consigo mesmo)


e não pode substituir com você, com o senhor. Portanto: Vou com você, vou
com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor (e não "para si").

96 - Já "é" 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já


são 8 horas. / Já é (e não "são") 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.

97 - A festa começa às 8 "hrs.". As abreviaturas do sistema métrico decimal


não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não "kms."), 5 m, 10 kg.

98 - "Dado" os índices das pesquisas... A concordância é normal: Dados os


índices das pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as suas idéias...

99 - Ficou "sobre" a mira do assaltante. Sob é que significa debaixo de:


Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a
em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação.
E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma,
alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás.

100 - "Ao meu ver". Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu
ver, a nosso ver.

Fonte: Manual de Redação e Estilo, Agência Estado


Como Introduzir um Tema
Sérgio Biagi Gregório

1. A introdução deve, antes de tudo, brilhar pela sua sobriedade e sua


brevidade.

2. Como indica a etimologia da palavra ("conduzir dentro"), a introdução


destina-se a fazer o tema entrar no ouvinte e o ouvinte penetrar no tema, isto é,
no problema a ser discutido.

3. Na introdução, anuncia-se as linhas mestras do problema e da interrogação


induzida pelo tema.

4. A introdução deve ser atraente, intelectualmente excitante (é preciso abrir o


apetite do ouvinte), brilhante e determinada, decisiva na exposição da "razão"
do tema.

5. Uma introdução compreende três momentos:

5.1. A introdução do tema propriamente dita, em que se designa o campo da


interrogação e o cuidado de se anunciar o tema com as letras garrafais. Se a
traição começar já na introdução, não se pára mais de escorregar. 5.2.
Problematização do tema, sob uma forma dramática, ou seja, mostrar a tensão
que o habita: mostrar que ele não é claro, que não é nada evidente e que exige
uma explicação. 5.3. A formulação da interrogação: as questões existem para
decompor o problema.

6. Evitar afirmações que se apóiam em falsas universalidades e banalidades do


gênero: "Em todos os tempos, os homens..."; "Sempre e em toda a parte
indagou-se sobre...", "O problema que vamos tratar é um dos mais importantes,
dos mais interessantes..."

7. Lutar contra a "introdução lacônica", em que nada é anunciado, e a


"introdução prolixa" que quer dizer tudo, queimando os cartuchos logo de início.

Resumindo

- A introdução serve primeiramente para introduzir


o tema, depois para apresentar o problema, e por
fim para formular as questões; - Ela anuncia, sob
a forma de interrogação, o que será feito a seguir,
no desenvolvimento do tema propriamente dito.
Fonte:FOLSCHEID, Dominique e WUNENBURGER, Jean-Jacques.
Metodologia Filosófica. Tradução de Paulo Neves. 2. ed., São Paulo: Martins
Fontes, 2002. (Ferramentas), p. 218-222.

São Paulo, setembro de 2006

Como Preparar um Tema


Sérgio Biagi Gregório

Em qualquer atividade humana, há algumas perguntas fundamentais: O que?


Como? Por que? Quando? Onde? A resposta a cada uma dessas questões
depende do que se pretende fazer. Se quisermos montar um lava-rápido, as
respostas serão umas; construir um prédio, outras. Contudo, a resposta à
pergunta como se assemelha em quaisquer dos casos, porque representa a
técnica a ser utilizada para a concretização dos fins estabelecidos. O preparo
de um tema não foge à regra.

A palavra tema – do francês sujet, "sujeito" – indica que estamos diante de


uma situação que nos impõe uma sujeição. É ele quem determina o que se
deve fazer. Ele é o senhor, o ordenador. Temos total liberdade em escolher um
título, mas não em desenvolvê-lo, porque devemos ficar presos a ele. Ele dita
as normas. Assemelha-se a um campo de futebol, em que as quatro linhas
orientam as ações dos jogadores. Se tanto o jogador quanto a bola
ultrapassarem uma das linhas, o jogo será impugnado.

O fluxo livre de idéias é uma técnica bastante interessante. Como funciona?


Dado um tema, qualquer que seja, podemos simplesmente começar a escrever
tudo o que nos vem à mente, sem qualquer preocupação com o conteúdo, o
sentido das frases e mesmo a gramática. Escrevamos simplesmente o máximo
que pudermos. Esse exercício obriga-nos a pensar no assunto e, com isso,
vasculhar o nosso subconsciente, para dele extrair os talentos escondidos.
Depois, se possível no dia seguinte, façamos as devidas correções e
guardemo-lo em forma de escrita.

A preparação do tema tem algumas exigências: 1) saber dar tempo ao tempo,


2) convencer-se de que o tema é inteligível, 3) desconfiar da memória, 4)
permanecer fiel ao tema, 5) estudar com cuidado os termos do tema e 6) evitar
toda a transformação do tema. A memória faz-nos escrever demasiadamente,
transformando-se na política de encher páginas. Do mesmo modo é o vasto
conhecimento que temos a respeito de um assunto, pois queremos interpolar,
forçar para que as informações adquiridas façam nexo com aquilo que estamos
desenvolvendo. Cumpre, portanto, considerar apenas o tema proposto, nada a
não ser o tema, mas todo o tema.

O tema deve basear-se numa introdução, no desenvolvimento e na conclusão.


O objetivo do tema é buscar uma conclusão. De nada adianta falarmos,
escrevermos e não chegarmos a nada. Não façamos como aquele caso em
que o ouvinte se ausentou da palestra, voltou tempo depois e perguntou para
um dos colegas se orador ainda não tinha terminado o seu discurso. O colega
responde que ele já tinha terminado há muito tempo, mas não parava de falar.
Por isso, a importância do roteiro e das folhas de anotações. Sem um norte,
todos os caminhos são possíveis.

Um tema deve ser pensado, anotado e transformado num roteiro. Qualquer


idéia deve ser sempre bem-vinda, desde que atenda aos objetivos do tema em
questão.

Comunicação Genuína
Sérgio Biagi Gregório

O princípio básico, inerente à comunicação genuína, é a procura do outro, sem


quaisquer tendências que visem ao interesse próprio. Quando o procuramos
para proveito próprio, como, por exemplo, para pedir favores escusos, a
comunicação deixa de ser genuína, pois foi introduzido um viés no
relacionamento interpessoal. Pergunta-se: como estamos nos relacionando
com o nosso próximo? Estamos sendo autênticos? Estamos procurando tirar
proveito dele? Estamos o usando para o nosso benefício pessoal? Façamos
uma pequena reflexão em torno do tema.

O mito, no seu sentido pejorativo, é um dos entraves à boa comunicação.


Como isso se dá? Em muitos mitos, há a criação de heróis, de salvadores da
pátria. Consciente ou inconscientemente, transferimos a esses heróis a
realização de nossos desejos, de nossas aspirações. Damos-lhes uma
demasiada importância, fora da realidade. Observe o mito do "cowboy"
americano. Ele chega não se sabe de onde, com a finalidade precípua de
debelar o mal, de fazer justiça. O casamento não está em seus planos, pois,
mesmo com o assédio das mulheres, ele permanece só. Depois de ter
estabelecido a paz e a harmonia, despede-se e dirige-se a outra região, para
dar continuidade ao seu trabalho.

Vejamos, também, o mito do Narciso. Conta-se que Narciso se debruça sobre


um poço e se apaixona pela sua imagem que vê espelhada na água. Nesse
mito, o que muitas vezes se esquece, é que Narciso realmente acredita que
ama uma outra pessoa. Esse é o ponto essencial do mito; se não prestarmos
atenção nele, perderemos a verdadeira mensagem. O que é terrível, é que
Narciso não sabe que a imagem no poço é a sua própria imagem e não a de
uma outra pessoa. Ao tentar abraçar essa outra pessoa – a sua própria
imagem refletida no poço – a fim de sentir o outro, Narciso é amaldiçoado pelos
deuses e o objeto de seu amor desaparece.

O celibato é uma forma de comunicação, geralmente caracterizada por mal-


entendidos, em virtude dos estereótipos lingüísticos ao seu derredor. Pensa-se,
de forma geral, que o celibatário é contra o casamento. Esquece-se de que a
palavra celibato, cuja origem alemã é ehelos, significa "não-casamento", estado
de não ser casado. Muitos espíritos escolhem esta difícil prova, não para o
prazer da liberdade, mas para se dedicarem mais inteiramente ao seu próximo.
À semelhança de Jesus, essas pessoas estão sempre repletas do amor ágape,
do amor transcendental.

Para ilustrar o tema, lembremo-nos das palavras magnanimidade e


magnificência, tão bem explicadas por Santo Tomás de Aquino. A
magnanimidade é a "grandeza de alma", é o indivíduo que se projeta no tempo
e no espaço para adquirir os conhecimentos superiores do espírito. A
magnificência é "grandeza no fazer", é a pessoa que sai de si mesmo para
auxiliar o seu próximo, através da caridade material e espiritual.

Sair de si implica risco. Saibamos ir ao encontro das necessidades alheias


sem, contudo, esforçarmo-nos demasiadamente. Lembremo-nos do adágio dos
antigos: "A corrupção do melhor é o pior".

Fonte de Consulta

CURRAN, Charles A. A Dinâmica Psicológica da Vida Religiosa. Tradução de


Margarida M. C. Oliva. São Paulo: Loyola, 1978.

Comunicação Interpessoal
Sérgio Biagi Gregório

1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é refletir sobre o processo básico da comunicação*, a fim de
que haja maior exatidão na expressão e na compreensão do significado daquilo que se
quer transmitir.

2. CONCEITO

COMUM - Diz-se que é comum o que pertence a todos ou a muitos igualmente. Vem
do latim cum e munus, que significa cargo, ofício, função, dever, propriedade. Assim, o
centro de um círculo é comum a seus raios, pois todos os raios têm o mesmo centro. A
atração é comum a todos os corpos, porque todos dela sofrem. (Santos, 1965)

COMUNICAÇÃO - Do lat. communicatio de communis = comum significa a ação de


tornar algo comum a muitos. É o estabelecimento de uma corrente de pensamento ou
mensagem, dirigida de um indivíduo a outro, com o fim de informar, persuadir, ou
divertir. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo). Significa, também, a troca de
informações entre um transmissor e um receptor, e a inferência (percepção) do
significado entre os indivíduos envolvidos.

COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL é essencialmente um processo interativo e


didático (de pessoa a pessoa) em que o emissor constrói significados e desenvolve
expectativas na mente do receptor.
3. PROCESSO BÁSICO DE COMUNICAÇÃO

Uma mensagem pode ser transmitida de modo:

1. VERBAL A comunicação verbal é o modo de comunicação mais familiar e mais


freqüentemente usado. Divide-se em:

A) VERBAL-ORAL Refere-se a esforços de comunicação tais como dar instruções a


um colega, entrevistar um candidato a um emprego, informar alguma coisa a alguém, e
assim por diante.).

B) VERBAL-ESCRITA Refere-se a memorandos, relatórios por escrito, normas e


procedimentos.

2. SIMBÓLICA As pessoas cercam-se de vários símbolos, os quais podem comunicar


muito a outras pessoas. O lugar que moramos, as roupas que usamos, o carro que
dirigimos, a decoração do escritório e outras coisas mais expressam parte da nossa
personalidade.

3. NÃO-VERBAL A comunicação não-verbal, que se refere à transmissão de uma


mensagem por algum meio diverso da fala e da escrita, é uma das facetas mais
interessantes da comunicação. Incorpora coisas como o modo com que usamos o nosso
corpo, os nossos gestos e nossa voz para transmitir certas mensagens.

Disso resulta que há maior ou menor exatidão daquilo que se quer transmitir.

A exatidão na comunicação, por outro lado, se refere ao ponto até onde o sinal básico
transmitido pelo emissor é recebido, sem distorções pelo receptor.

Este processo se reflete no modelo de Shannon-Weaver, ilustrado na fig. 1.

4. MODELO SHANNON-WEAVER
Figura 1. O modelo de Shannon-Weaver do processo de comunicação. Fonte: Adaptado de C. F. Shannon-Weaver,
The Mathematical Theory of Communication (Urbana: University of Illinois Press, 1949), pp. 5 e 98.

4.1. EXPLICAÇÃO DO MODELO

Do lado do emissor há um processo de codificação; do lado do receptor, a


decodificação. Entre a mensagem enviada e a recebida há um hiato, em que diversos
ruídos podem aparecer, afetando a mensagem.

Assim, a comunicação não estará completa enquanto o receptor não tiver interpretado
(percebido) a mensagem. Se o ruído for demasiadamente forte em relação ao sinal, a
mensagem não chegará ao seu destino, ou chegará distorcida.

Por ruído, entende-se tudo o que interfere na comunicação, prejudicando-a. Pode ser
um som sem harmonia, um emissor ou receptor fora de sintonia, falta de empatia ou
habilidade para colocar-se no lugar de terceiros, falta de atenção do receptor etc.

Os recursos usados para anular ruídos são:

a) redundância: é todo o elemento da mensagem que não traz nenhuma informação


nova. É um recurso utilizado para chamar à atenção e eliminar possíveis ruídos. Nesse
sentido, deve-se repetir frases e informações julgadas essenciais à compreensão do
receptor;

b) feedback*: conjunto de sinais perceptíveis que permitem conhecer o resultado


da mensagem; é o processo de se dizer a uma pessoa como você se sente em função do
que ela fez ou disse. Para isso, fazer perguntas e obter as respostas, a fim de verificar se
a mensagem foi recebida ou não.

4.2. FATORES CONSIDERADOS

Como o simples ato de receber a mensagem não garante que o receptor vá interpretá-la
corretamente (ou seja, como se pretendia), convém considerar:

1. quem está comunicando a quem, em termos de papéis que essas pessoas


desempenham (por exemplo, administração e operariado, gerente e subordinado).

2. a linguagem ou o(s) símbolo(s) usados para a comunicação, e a respectiva


capacidade de levar a informação e esta ser entendida por ambas as partes.

3. o canal de comunicação, ou o meio empregado e como as informações são recebidas


através dos diversos canais (tais como comunicação falada ou escrita).

4. o conteúdo da comunicação (boas ou más notícias, relevantes ou irrelevantes,


familiares ou estranhas)

5. as características interpessoais do transmissor e as relações interpessoais entre


transmissor e o receptor (em termos de confiança, influência etc.).
6. o contexto no qual o comunicação ocorre, em termos de estrutura organizacional (por
exemplo, dentre de ou entre departamentos, níveis e assim por diante).

5. BARREIRAS À COMUNICAÇÃO EFICAZ

1. Sobrecarga de Informações: quando temos mais informações do que somos capazes


de ordenar e utilizar.

2. Tipos de informações: as informações que se encaixarem com o nosso autoconceito


tendem a ser recebidas e aceitas muito mais prontamente do que dados que venham a
contradizer o que já sabemos. Em muitos casos negamos aquelas que contrariam nossas
crenças e valores.

3. Fonte de informações: como algumas pessoas contam com mais credibilidade do que
outras (status), temos tendência a acreditar nessas pessoas e descontar de informações
recebidas de outras.

4. Localização física: a localização física e a proximidade entre transmissor e receptor


também influenciam a eficácia da comunicação. Resultados de pesquisas têm sugerido
que a probabilidade de duas pessoas se comunicarem decresce proporcionalmente ao
quadrado da distância entre elas.

5. Defensidade*: uma das principais causas de muitas falhas de comunicação ocorre


quando um ou mais dos participantes assume a defensiva. Indivíduos que se sintam
ameaçados ou sob ataque tenderão a reagir de maneiras que diminuem a probabilidade
de entendimento mútuo.

6. COMO MELHORAR A COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL

A) HABILIDADES DE TRANSMISSÃO

1. Usar linguagem apropriada e direta (evitando o uso de jargão e termos eruditos


quando palavras simples forem suficientes).

2. Fornecer informações tão claras e completas quanto for possível.

3. Usar canais múltiplos para estimular vários sentidos do receptor (audição, visão etc.).

4. Usar comunicação face a face sempre que for possível.

B) HABILIDADES AUDITIVAS

1. Escuta ativa. A chave para essa escuta ativa ou eficaz é a vontade e a capacidade de
escutar a mensagem inteira (verbal, simbólica e não-verbal), e responder
apropriadamente ao conteúdo e à intenção (sentimentos, emoções etc.) da mensagem.
Como administrador, é importante criar situações que ajudem as pessoas a falarem o
que realmente querem dizer.
2. Empatia. A escuta ativa exige uma certa sensibilidade às pessoas com quem estamos
tentando nos comunicar. Em sua essência, empatia significa colocar-se na posição ou
situação da outra pessoa, num esforço para entendê-la.

3. Reflexão. Uma das formas de se aplicar a escuta ativa é reformular sempre a


mensagem que tenha recebido. A chave é refletir sobre o que foi dito sem incluir um
julgamento, apenas para testar o seu entendimento da mensagem.

4. Feedback. Como a comunicação eficaz é um processo de troca bidirecional, o uso de


feedback é mais uma maneira de se reduzir falhas de comunicação e distorções.

C) HABILIDADES DE FEEDBACK

1. Assegurar-se de que quer ajudar (e não se mostrar superior).

2. No caso de feedback negativo, vá direto ao assunto; começar uma discussão com


questões periféricas e rodeios geralmente cria ansiedades ao invés de minimizá-las.

3. Descreva a situação de modo claro, evitando juízos de valor.

4. Concentre-se no problema (evite sobrecarregar o receptor com excesso de


informações ou críticas).

5. Esteja preparado para receber feedback, visto que o seu comportamento pode estar
contribuindo para o comportamento do receptor.

6. Ao encerrar o feedback, faça um resumo e reflita sobre a sessão, para que tanto você
como o receptor estejam deixando a reunião com o mesmo entendimento sobre o que foi
decidido.

7. CONCLUSÃO

Esperamos que a discussão sobre os diversos tipos de comunicação e as várias técnicas


para diminuir o ruído (interferência no significado do que se quer transmitir) possa
capacitar-nos a transmitir as nossas idéias, sentimentos e emoções, com mais clareza e
determinação.

8. FONTE DE CONSULTA

ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro, M.E.C., 1967.

BATISTA, A. Tempo, Comunicação e Liberdade. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1971.

BOWDITCH, J. L. e BUONO, A. F. Elementos de Comportamento Organizacional. São Paulo, Pioneira,


1992.

SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.

Confiança e Determinação
Sérgio Biagi Gregório

Malogros. Quem não os sofre? Estímulo. Se nós não nos ampararmos, quem
nos amparará?

Deve aquele que fala possuir temperamento expansivo para comunicar por
meio da palavra, as idéias e os fatos; manter o máximo a serenidade de
espírito e o domínio de si mesmo; possuir sensibilidade apurada, que o faça
capaz de perceber rapidamente o efeito de suas palavras no espírito dos
ouvintes; ter firmeza nas convicções e expô-las de modo veemente; conhecer
amplamente o assunto de que vai tratar e ter suficiente cultura geral para
eventuais digressões, ou para reforçar a sua exposição; possuir certo
magnetismo pessoal e usar de atenciosa amabilidade para com os que o
escutam.

Você não é a única pessoa que tem medo de falar em público. Pesquisas
universitárias norte-americanas comprovaram que 80% ou 90% das pessoas
temem falar em público. Acredite no que vai dizer. A dúvida deita raios de
morte. Fale ao cérebro e ao coração. Enriqueça seu vocabulário, lendo com
dicionário. O conhecimento vocabular é fundamental.

O público aprecia os homens de atitude serena e corajosa, os que sabem falar


com bom timbre e com triunfante galhardia, pois se convence tanto pelas
maneiras do orador quanto pela exposição de suas idéias. Sendo assim, para
dominar o auditório, o tribuno deve ter o espírito de autoconfiança, com o que
poderá vencer a timidez natural, evitar o excesso de reflexão, não sentir a
dificuldade de concentração, manter afastadas de si a suscetibilidade e a
impulsividade.

Antes de subir ao tablado, respirar lenta e profundamente, relaxar os músculos,


manter-se altivo, curvando-se um pouco; em seguida, subir ao tablado
rapidamente e começar a falar, fixando o pensamento apenas no assunto do
discurso. Após as primeiras frases, o receio desaparecerá por completo. Para
isto, o principiante deve tomar algumas precauções, tais sejam, não falar de
estômago vazio, o que tende a aumentar a intensidade das reações
psicológicas; enfrentar, primeiramente, um auditório que possa ser favorável ao
seu sucesso para que adquira energia e confiança, com os quais se
apresentará em futuras oportunidades.

São Paulo, 06/09/2009


Organizado por Sérgio Biagi Gregório, em
dezembro de 2000.

* Na sua maior parte, cópia de trechos do


capítulo 5.º do livro Elementos de
Comportamento Organizacional, de BOWDICHT.

* Feedback é um termo emprestado da eletrônica


( parte da física dedicada ao estudo do
comportamento de circuitos elétricos que
contenham válvulas, semicondutores,
transdutores etc.), e significa:

1) transferência de parte do produto de um


circuito ativo ou esquema de volta ao fator, como
um efeito desnecessário ou de uso intencional,
como por exemplo, reduzir distorção;

2) processo pelo qual os fatores que produzem o


resultado são por eles mesmos modificados,
corrigidos, fortalecidos etc, pelo próprio resultado.
*

Entre as inúmeras causas da defesa na comunicação, citamos:

a) timidez - os tímidos e aqueles que se sentem rejeitados têm


tendência para se retraírem diante dos outros, criando uma
barreira para a comunicação. Muitos escritores, cientistas,
estadistas e pregadores religiosos foram levemente tímidos, sem
que isso prejudique na tarefa de servir ao bem comum. É o
excesso de timidez que dificulta a autenticidade de uma boa
comunicação, pois colocando-nos na defensiva, perdemos a
essência da comunicação verbal.

b) egoísmo - é o principal responsável pela estrutura de defesa


de uma personalidade. Querendo nos defender para não cairmos
no ridículo, acabamos nos isolando dos nossos instrutores.

c) insegurança - é um ruído nem sempre perceptível à primeira


vista. Uma pessoa que está desempregada, por exemplo, pode
sentir-se inútil e, por isso, fugir ao contato humano ou quando
em sociedade, dificulta a autenticidade da comunicação. (Batista,
1971)

São Paulo, dezembro de 2000


*

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