Você está na página 1de 100

Direito Constitucional I

Aula 1 - Introdução

Profa. Maria Rosaria M.S. Magalhães


AULA 1 DIREITO CONSTITUCIONAL

Leitura da constituição – ler incessantemente,


com cuidado cada um dos dispositivo,
principalmente os primeiros 6 artigos da CF
Nada melhor que iniciar o estudo de direito
constitucional pelo seu conceito, qual seja, de
ramo ou ciência do direito publico, que tem
como finalidade a analise da constituição, da
organização jurídica fundamental do Estado,
da parte mais superior do ordenamento
jurídico, das normas contidas no ápice de sua
pirâmide, ainda preliminarmente faz-se
necessário dividi-lo e classificá-lo a fim de que
possamos delimitar o nosso campo de estudo
evitando posteriores confusões entre as
diversas disciplinas que o compõe.
Direito constitucional positivo – visa o
estudo das normas constitucionais vigentes e
eficazes em determinado lugar, como o da
atual constituição argentina ou brasileira,
considerando todas as modificações formais ou
operadas a até o momento.

No caso do Brasil até a ultima emenda


constitucional desprezando o texto já
revogado, quer original quer não.
Assim se o art. 39 em sua redação primitiva
previu o regime jurídico único aos servidores
públicos e este não mais existe, esqueçam-no,
pois tal dispositivo não é mais redigido desta
forma.
Ex. Redação original
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de
carreira para os servidores da administração
pública direta, das autarquias e das fundações
públicas.
Ex. 2 ª redação, também modificada

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal


e os Municípios instituirão conselho de política
de administração e remuneração de pessoal,
integrado por servidores designados pelos
respectivos Poderes.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)
(Vide ADIN nº 2.135-4)
Ex. redação atual, vigente e eficaz

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal


e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de
carreira para os servidores da administração
pública direta, das autarquias e das fundações
públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)
Direito constitucional comparado: é mais
um método que propriamente que um ramo ou
disciplina, buscando pontos comuns entre
constituições diferentes, não necessariamente
em vigor mas englobando estados diversos
como a constituição brasileira atual e as
portuguesas desde a época do reino.
Quando analisa textos vigentes é
importantíssimo, para aquilo que denominamos
de teoria geral da constituição que veremos
mais adiante.
Direito Constitucional Geral Ou Teoria Geral
Da Constituição: Parte das conclusões do
direito constitucional comparado para
estabelecer pontos comuns entre as diversas
cartas ou entre grupos delas, como o composto
pelos países ocidentais ou de língua
portuguesa, visando generalizar princípios
teóricos. Sistematizando-os numa visão
unitária e a sua importância também
interpretativa é de fácil percepção.
Vejamos o principio da igualdade.
Nos fomos os criadores?

Só nos integramos a lei maior?

Obviamente que não, razão pela qual para


interpretá-lo nada melhor do que utilizarmos
das conclusões e sistematizações originadas
da comparação. O mesmo ocorrendo como
exemplo a supremacia da constituição ao
estado democrático e a limitação do poder.
Constitucionalismo e a Constituição: Como
já dito, em um primeiro momento devemos nos
ater a teoria geral da constituição naquilo que é
comum nos estado democráticos de direito,
dessa forma passemos ao aprofundamento do
constitucionalismo e de constituição.
Constitucionalismo – na época antiga passou
a determinar o movimento para limitar o poder
arbitrário e em segunda acepção para fomentar
cartas constitucionais escritas.
No século V ac as cidades Estado gregas
concretizaram a origem da democracia
constitucional, racionalizando o poder através
de diferentes funções publicas a distintos
detentores de cargos escolhidos por sorteio e
para mandato temporário.
É Verdade tratar-se de democracia incipiente,
visto que nem todos eram cidadãos e portanto
parcela significativa da sociedade não
participava do processo de escolha, porém,
este será bem melhor do que outros que
existiram em momentos históricos posteriores,
como por exemplo na alta idade média, ai se
demonstra não ter sido movimento sempre
vitorioso, vista a ocorrência por diversas vezes
de sufrágio por regimes ditatoriais.
Na Inglaterra em 1215, portanto bem antes do
restante da Europa, foi outorgada a carta
magna pela qual o baronato conseguiu da
coroa a limitação do próprio poder e mais ainda
que garantisse direitos individuais mínimos,
tornando-os inatingíveis até mesmo pelo rei.

Filme: Robim Wood, do Diretor: Ridley Scott e


Ator Russell Crowe.
Tal documento de fato não outorgado pelo rei,
mas imposto pelas classes aristocráticas
convenientemente aburguesadas, foi seguido
por outros em especial no século XVII, como o
Petition of Rights (direito de petição) de 1628 e
o Bill of Rights (declaração de direitos) de
1689, estes sim os verdadeiros precursores
imediatos o verdadeiro constitucionalismo
contemporâneo.
Na Europa continental, por outro lado, se o movimento
histórico não era propicio ao mesmo curso seguido
pela Inglaterra, documentos esparsos demonstram
que o poder real também foi paulatinamente limitado,
de fato se na Inglaterra tiveram verdadeiros parts
instalaram-se no velho continente forais ou cartas de
franquias, instrumentos utilizados não para criar mais
para declarar direitos fundamentais, que sempre
teriam existido e portanto que deveriam ser
respeitados, por quem quer que fosse. O problema foi
que foram apenas poucos privilegiados que tiveram
reconhecidos tais direitos.
Valiam para todos, no entanto apenas alguns
poderiam exercê-lo, na mesma toada na França do
Sec.XVIII já dominada por ideais iluministas, defendia-
se a idéia de leis fundamentais do reino, em
contraposição as leis do rei. Estas poderiam ser
livremente alteradas, enquanto aquelas identificáveis
pela matéria, autoridade e estabilidade não poderiam
sofrer mutação, visto que originavam do direito
natural.
Ex. Não poderia o monarca modificar a linha
sucessória, mesmo que assim quisesse, eventual
amante jamais poderia alcançar o trono ocupado pelo
amado.
De outro lado a colonização inglesa nas
colônias que formaram os Estados Unidos da
América, de inicio primou pela desorganização,
exigindo que os pioneiros realizassem o que se
denominou “Contratos de colonização”
verdadeiros pactos que determinavam a sua
forma e os direitos de cada um dos que
desembarcavam.
O primeiro deu-se em 1620 com a chegada do
navio May Flower, gerando a Fundamental
Orden of Connecticut (1639), confirmada por
Carlos II.

Em anglo diverso o iluminismo pregava o


governo das idéias, não dos homens,
incentivando a busca da razão e identificando
valores individuais e objetivos, assim como
justificar as monarquias absolutistas.
No Sec. XVII teremos os primeiros pensadores
a pregar a nova cultura:
Primeiramente com hobbes, em seu escrito
Leviatâ, e Locke no “Segundo Tratado do
Governo Civil”, ambos pregavam a idéia de
que a sociedade teria como fundamento um
acordo, mesmo que tácito, entre os seus
integrantes, para Hobbes o homem seria
alguém intrinsecamente mal e o pacto serviria
para aplacá-lo mantendo a sociedade unida e
evitando que funcionasse como lobo do próprio
homem.
Locke diferentemente, partiu de idéia oposta
para chegar a mesma necessidade de
existência do estado, qual seja, de que o
homem ameaçado deveria agregar-se para
manter o bom estado de natureza e seguido no
Sec. XVIII por Rosseau em seu “Contrato
Social” e Montesquieu com o “”spírito das Leis”
(1749).
concluindo, pronto estava o terreno para as
revoluções americana e francesa, esta
precedida pela declaração dos direitos do
homem e do cidadão do 1789. Momento em
que se passou a pregar não apenas o
constitucionalismo a moda antiga, regrando
atividade estatal e os direitos fundamentais,
mas necessariamente escrito, evitando-se o
desconhecimento por parte do povo e do que
exercitassem o poder.
É com esse argumento que se exigirá que
uma constituição verdadeira, ao menos
teoricamente.
concluindo, estava pronto o terreno para as
revoluções americana e francesa, esta
precedida pela declaração dos direitos do
homem e do cidadão do 1789. Momento em
que se passou a pregar não apenas o
constitucionalismo a moda antiga, regrando
atividade estatal e os direitos fundamentais,
mas necessariamente escrito, evitando-se o
desconhecimento por parte do povo e de que
exercitasse o poder.
É com esse argumento que se exigirá que uma
verdadeira constituição, ao menos
teoricamente.
Conceito de constituição: há um certo
consenso na doutrina que a palavra
constituição seria equivoca, por comportar
diversos sentidos, dessa forma podemos dizer
da constituição de uma cadeira ou de outro
objeto inanimado, ou mesmo de uma pessoa,
Na seara jurídica, parte da doutrina vai dar um
conceito estrito vislumbrando como sistema de
normas jurídicas que se sobrepõe as demais,
organizando os elementos constitutivos do
estado e declarando direitos fundamentais.

Este conteúdo, não é novo e não foi aqui


criado, mas mundial oriundo da declaração dos
direitos do homem e do cidadão de 1989, que
dispunha:
“Art. 16 A sociedade em que não esteja
assegurada a garantia dos direitos nem
estabelecida a separação dos poderes não
tem Constituição”.
A partir desta declaração, firmou no direito
constitucional geral o mínimo que deve
conter um texto pra ser chamado de
constituição.
1. Organização dos poderes do Estado.
2. Proteção de direitos fundamentais,
Porém este conceito não é unanime, pois
doutores, estrangeiros, inserem neste conceito
aspectos sociológicos ou políticos, mas pela
sua irrelevância, não vamos nos aprofundar
neste tema.
Classificação das Constituições: Não há
divergências doutrinarias acerca dos critérios
utilizados para a classificação das diversas
constituições existentes; é costume analisá-las
de acordo com o conteúdo, a forma, o modo de
elaboração, a origem e a estabilidade.
É importante frisar, que nenhuma das
classificações que descreveremos é mais
importante, mais valida ou exclui as demais.
Apenas enxergam o objeto de analise sob
ângulo diferente, mais ou menos útil para o
nosso estudo.
Para o nosso estudo é importante saber como
manejá-las.
CONTEUDO
Quanto ao conteúdo as constituições podem
ser materiais ou formais.
São materiais as que se detenha regular a
estrutura do estado, os poderes constituídos e
os direitos fundamentais, somente. Apenas os
dispositivos vitais para a criação e conservação
do Estado.
Seguindo a teoria da Pirâmide de Kelsen.
São formais as constituições que, escritas
estejam contidas em documentos solenes,
estabelecidas pelo poder constituinte e
modificável por procedimentos especiais,
independentemente do conteúdo.
Quanto a CF de 88 ela é material ou formal?
Para responder vejamos o parágrafo 2º, art.
242:
“o colégio Pedro II localizado na cidade do Rio
de Janeiro, será mantido na órbita federal”.

O dispositivo assegura direitos fundamentais


ou diz respeito a estrutura estatal.
Ao texto maior não cabe esgotar o
ordenamento jurídico, mas iniciar, dentro dos
primeiros parâmetros.
Aos olhos de um estranho se não existisse
este dispositivo seria um estado diferente.
Penso que não.
Concluindo, vivemos sob uma carta formal, não
material, na qual tudo o que esta inserido tem a
mesma força, encontrando-se em idêntico pé
de hierarquia, quer organize o estado, quer
declare direitos fundamentais ou se refira a
outra matéria julgada importante pelo poder
constituinte.
Em relação a forma, as constituições podem
ser escritas ou não escritas.
As constituições não escritas, não são
necessariamente costumeiras, mas as que não
são codificadas, como por exemplo a
constituição inglesa em que coexistem textos
escritos, alguns remontando ao Sec. XIII e
tradições arraigadas pelo tempo.
As constituições escritas ao contrario, são
codificadas em um só documento, como
exemplificam todas as constituições brasileiras
e as proveniente dos demais países
romanisticos, portanto, escrito não é a carta
manuscrita, digitada, mas a sistematizada em
documento único, codificado.
Quanto à origem, podem ser dogmáticas ou
históricas.
As históricas são as que não foram
precedidas de um poder constituinte efêmero,
passageiro, mas fruto de trabalho que não
acaba. Como a Inglesa.
Já as constituições dogmáticas são
elaboradas por um órgão constituinte que
terminado o trabalho tem a função extinta, não
cabendo mais o seu pronunciamento. Ex. A
atual CF brasileira, cujo o poder constituinte
atuou de 1986 ate 05/10/1988. Não mais
existindo.
Tendo em vista a origem, podem ser
classificadas em promulgadas quando advêm
de assembléia popular eleita para exercer
atividade constituinte e outorgadas quando
positivadas por individuo único.
Tendo a constituição precedida a assembléia
nacional constituinte dela resultara carta
promulgada?

Não necessariamente, existe a possibilidade


de tal órgão não ter sido escolhido pelo povo,
como ocorreu com a constituição do império de
1824, oriunda de trabalho de assembléia
nacional constituinte nomeada por D. Pedro I.
Quanto a estabilidade, podemos classificar as
constituições em rígidas, semi-rígidas e
flexíveis.
São Rígidas as constituições que somente
podem ser alteradas por meios diferentes e
mais dificultosos que os previstos para a
modificação da legislação infraconstitucional.

São Flexíveis as que não exigem um


procedimento especial
Semi-rigidas as que contem parte alterável
por procedimentos legislativos diversos e parte
modificável pelos modos convencionais
previstos para as normas infraconstitucionais.
Vejamos um exemplo:
O Art. 47, da CF que prevê o quórum para
aprovação de lei ordinária. A maioria relativa
dos membros do congresso nacional em
votação separada de cada uma das casas e o
parágrafo 2º do art. 60. Para aprovação de
emenda constitucional: 3/5 dos votos dos
respectivos membros em dois turnos.
Para alteração do Código Penal bastaria o voto da
maioria dos presentes – Se presente a maioria
absoluta, isto é como são 81 senadores, estão no
plenário 41 a aprovação dependeria apenas de 21
votos, porém, é necessário frisar que tal número
não é absoluto mas relativo a presença, isto é se
48 senadores estiverem presente 25 deverão ser o
votos necessários para a aprovação. E na Câmara
o procedimento é o mesmo, se os 513 deputados
estiverem presentes, serão necessários 257 votos
favoráveis para aprovação. Quantia imediatamente
superior a metade.
Quanto a projeto de emenda constitucional.
Para que seja aprovado, 3/5 dos senadores,
não dos presentes, mas da totalidade deve
aprovar, o mesmo ocorrendo com os
deputados. Por dois turnos em cada uma das
casas.
1 É mais fácil alterar projeto de lei ordinária ou
mudar a constituição?

2. Com base na resposta anterior, a nossa


carta é rígida ou flexível?
R1. A lei ordinária.

R2. Nosso texto é rígido.


PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
É idéia muito recente a distinção do poder que
cria a constituição, dos criados pela
constituição.

Um é o poder constituinte os outros são


constituídos, ou melhor, só um é o criador: O
poder constituinte, os demais são criaturas.
Tal diferenciação devemos a revolução
francesa, notadamente ao Abade Siex, que
editando livros sobre o terceiro estado,
apresentou a existência de um poder superior
aos constituídos, esse poder é o poder
constituinte, isto é, aquele que elabora a
constituição, criando, determinando que o faça,
ou permitindo a instituição de órgãos para o
exercício do poder nos limites que ele mesmo
estabeleceu.
O Supremo Tribunal Federal, por exemplo, não
é constituinte, é criatura, foi estabelecido pelo
poder constituinte com a competência, que
este julgou conveniente lhe dar.
Conforme previsto no art. 101.

Art.101 O Supremo Tribunal Federal compõe-


se de onze ministros, escolhidos dentre
cidadãos com mais de trinta e cinco e menos
de sessenta e cinco anos de idade, de notável
saber jurídico e reputação ilibada.
O mesmo ocorre com as casas do Congresso
Nacional, o Senado e a Câmara dos
Deputados, só existem pois instituídos pelo
órgão originário, portanto órgãos constituídos,
não constituintes.
Cabe esclarecer que o titular do poder
constituinte nem sempre é o povo, mas sim
aquele que de fato tem o poder estatal. Nesses
termos se um ditador toma o poder em nome
da aristocracia, será esta a titular do poder
constituinte, se o ditador passa a exercê-lo em
nome das forças armadas, esta também o
será.
Agora se estamos diante de uma democracia o
titular do poder constituinte será sempre o
povo.
São raras as democracias denominadas de
diretas, em que o povo exerce o poder sem
intermediários, nas representativas, como a
nossa, elegemos uma assembléia nacional
constituinte, que em nosso nome tem
atribuição de elaborar o texto constitucional,
esta exerce o poder constituinte que continua
na titularidade do povo.

Para melhor compreenção vejamos o


perambulo da atual carta.
Nos, representantes do povo brasileiro, reunidos
em Assembléia Nacional constituinte para instituir
um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a
liberdade, a segurança, o bem estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como
valores supremos de uma sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica
das controvérsias, promulgamos, sob a proteção
de Deus, a seguinte Constituição da Republica
Federativa do Brasil
Da analise do preâmbulo concluímos que o
mesmo informa de forma clara, que a
Assembléia Nacional Constituinte apenas
exerceu o poder, porem não em nome próprio,
mas em nome do povo, o único admissível em
um Estado Democrático de Direito. Assim resta
ressaltar que a doutrina nele percebe as
características de inicial, autônomo, e
incondicionado.
Analisemos as razões deste poder inicial, uma
vez que ele inaugurar um novo ordenamento
jurídico e com ele um novo Estado.

Assim vejamos a Constituição de 1824, ou


melhor, antes dela a de 1822, até então não
existia estado brasileiro, mas sim Portugal, do
qual fazíamos parte como colônia. E a de 1891
que criou um Estado Republicano e Federal,
muito diferente do império regulado pelo texto
anterior.
Ainda comparamos as cartas de 37 e 46, a
primeira centralizadora, intervencionista digna
de um Estado Social, na qual o poder central
em tudo poderia intervir, até mesmo nos
sindicatos e no parlamento; com senadores
biônicos, a segunda liberal protetora mor dos
direitos e garantias individuais, portanto o
poder constituinte é inicial, isto é, dele
resulta um novo Estado e Ordenamento
Jurídico bem diferente dos anteriores.
Mas como ficam as normas jurídicas inferiores
e anteriores estarão todas revogadas?
Aqui vamos analisar e fixar conceitos,
Revogação: é decorrência da conveniência e
oportunidade as normas inferiores que
estiverem incompatíveis com a constituição, a
elas não se fala em revogação, mas sim em
não recepção, ao contrario daquelas que
compatíveis são recepcionadas, valendo até a
eventual revogação pelo poder legislativo.
Analisemos parágrafo 2º do art. 1º, da LICC,
que ainda consta nas edições de hoje.

§ 2º. A vigência das leis, que os governos


estaduais elaborem por autorização do
Governo Federal, depende da aprovação deste
e começará no prazo que a legislação estadual
fixar.
Esta norma está em consonância com a
constituição de 1937, não tendo sequer sido
recepcionada pela de 46, que restabeleceu a
forma federativa de estado, portanto não existe
não integrando o ordenamento jurídico atual,
tem ainda autonomia, visto tudo poder fazer,
optando livremente entre as diversas formas de
governo ou de estado, ou até inventando novas
formas, desenhar o perfil dos direitos e
garantias fundamentais e cuidando de todos os
demais assuntos que julgar convenientes.
Poderia o constituinte optar pela forma de
governo monárquica?

Certamente, sim, pois autônomo e isso quase


fez, determinando a realização de plebiscito
para tal escolha como se percebe no art. 2º ao
Ato das Disposições constitucionais
Transitórias – ADCT.
“No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado
definirá, através de plebiscito, a forma
(republica ou monarquia constitucional) e o
sistema de governo (parlamentarismo ou
presidencialismo) que devem vigorar no País”.
Em síntese podemos afirmar que é deus no céu e o
constituinte na terra, isto é a autonomia.

Se todos nos fossemos eleitos para uma assembléia


nacional constituinte qual seria o nosso primeiro ato?

Primeiramente devemos aprovar o regimento, por ser


o constituinte incondicionado, desvinculado de
quaisquer normas procedimentais anteriores, tal
regimento haverá de solucionar todas as duvidas (ex.
quanto a horário das seções ou formas de
apresentação dos trabalhos), a todos vinculando e
permitindo a realização dos necessários trabalhos.
@@@@@@@@@@Poder Constituinte
Derivado
No Brasil pode ser visto sob dois ângulos
diferentes.
1. Como competência atribuída pelo poder
constituinte originário, para a alteração do texto
constitucional.

2. Como competência para a criação dos


limites estabelecidos das constituições dos
estados federados.
A nomenclatura sem duvida encerra um
paradoxo, visto a impossibilidade de algo ser
constituinte e ao mesmo tempo derivado.

Criador e criatura.
Sob o ponto de vista lógico é expressão
absolutamente errada, isto porque se o poder
constituinte é o deus na terra, é o criador,
enquanto poder constituinte derivado foi criado
pelo originário.
vale dizer: o melhor seria usar competência
reformadora e decorrente, já que previstos na
carta magna, porém esta terminologia embora
considerada errônea, por alguns doutrinadores,
esta em consonância com o exame da OAB e
outros concursos públicos, que a utiliza.
O poder constituinte derivado reformador:
Não seria razoável constituição imutável, pois
do contrario quanto tempo sobreviveria: 1 ano,
5 anos. Não sei. Certamente por pequeno
lapso temporal.

As constituições em tese nascem para a


eternidade e muitas vigem por um longo
período, como a norte americana, promulgada
em 1797 continua em vigor até hoje.
Se fosse imutável estaria em descompasso
com a atual sociedade norte americana e
certamente teria sido substituída, desta forma
tanto lá quanto cá há previsão de mutação, via
processo de emenda constitucional, cuja
competência aqui é atribuída ao congresso
nacional.

Também chamado de poder constituinte


derivado reformador.
Observe: É o poder constituinte o criador do
poder constituinte derivado, aquele
estabeleceu limites a atuação deste, que
ressalto, não é inicial por não criar nenhum
novo estado, não é autônomo mas, limitado
pelo poder constituinte originário, ou
incondicionado, por isto deve respeitar o
procedimento previsto na constituição federal.
Apenas pode mudar a redação da constituição,
conforme os limites e a forma previstos
anteriormente.

Nesse sentido dividem os doutrinadores as


limitações: temporais, circunstanciais, materiais
e formais ou procedimentais.
As Limitações Temporais: Que não existem na
atual constituição, são vedações passageiras à
alteração das normas inseridas no texto, como
ocorreu na constituição do império de 1824 em
que se proibiu que qualquer modificação antes
de completado o 4º ano de sua vigência.
Quanto as limitações circunstanciais as
quais a maior parte da doutrina difere das
temporais, são também passageiras
decorrentes de situações transitórias que
seriam empecilhos ao trabalho do congresso
nacional. O poder constituinte derivado
reformador. São impedimentos objetivos á
mutação, como estarmos em guerra, em
estado de sitio ou em momento de intervenção
em algum estado da federação. Situações que
serão analisadas oportunamente.
As limitações formais estabelecem
procedimentos legislativos mais dificultosos em
relação à alteração das demais as normas que
compõem o ordenamento jurídico, exigem
quorum qualificado para a votação. Todos
variados e restrito rol de legitimados para
proposta de alteração. Conforme já falado
quando tratamos das contituições rigicas
Temos as limitações materiais: implícitas ou
explícitas que obstam pelo poder reformador
em alguns assuntos tratados pelo poder
constituinte originário, como a federação e os
direitos fundamentais, entendendo a proibição
como tão ampla e capaz de proibir qualquer
emenda cuja a tendência seja de extinguir os
direitos ali tratados.
Há que se afirmar estarmos diante de
clausulas pétreas (de pedra), mandamentos
constitucionais que o poder constituinte
originário arrolou como de impossível
alteração, estão elencados no rol de artigo 60,
§ 4º que não veda apenas a emenda, mas
mais do que isto qualquer deliberação das
casas do congresso nacional e projeto
tendente a aboli-las.
Desta forma, proposta de emenda visando
estabelecer a tortura como método de
persecução penal, investigação policial sequer
poderia ser votado, diriam não suprimiria o
disposto no art. 5º, inciso III, garantia
individual, mas apenas o limitaria, no entanto
seria tendente a aboli-la, tais limitações
materiais podem também ser implícitas,
excepcionalmente, pois a regra é interpretar
“não permitir a constituição hipóteses
implícitas”.
E as limitações implícitas aceitas pela doutrina,
mormente o são, tendo em vista a manutenção
da própria vontade do poder constituinte
originário, que certamente não permitiria a
alteração de normas que modificassem o titular
do poder constituinte ou do reformador e as
relativas ao processo de alteração do texto
constitucional.
Ex. Não é possivel pensar na possibilidade do
congresso nacional aprovar emenda
estabelecendo a competência reformadora ao
presidente da republica ou então revogando os
próprios dispositivos que estabeleceram os
limites da referida competência. Do contrario
de nada valeriam.
Ainda nos resta tratar do também
erroneamente designado poder constituinte
derivado decorrente, visto que constituído,
portanto limitado e condicionado pelo poder
constituinte originário.
Mas Decorrente de que?

Decorrente de termos optados pela forma


federal de estado, escolha que determina a
autonomia das vontades parciais dos estados
federados em relação a união.
O Art. 25 – Capacitou as unidades da
federação, de competência para auto
organização,através da constituição e das leis
que adotarem, dando-lhes tal definição deferiu
o exercício as assembléias legislativas, como
se percebe no art. 11, do ADCT , mas quais os
limites.

Vejamos:
Art. 25 , caput. A necessidade dos entes
menores respeitarem os princípios das CF
disso se conclui que não devem ser cópia da
principal mas sim que levem em conta
peculiaridades, geográficas, sociológicas,
econômicas e culturais de cada uma das
unidades..

Não obstante devem respeitar os princípios da


carta magna.
Mas quais princípios?
Questão a primeira vista difícil de responder.
A doutrina resolve em interpretação
sistemática, afirmando a vinculação aos
princípios estabelecidos aos sensíveis e aos
extensíveis.

Princípios constitucionais estabelecidos são


aqueles direcionados, diretamente aos estados
federados, estão presentes em grande parte do
texto constitucional.
Ex. Vide autonomia das Assembléias
Legislativas previstas no § 3º do Art. 27, com
os direcionados a administração pública do
art. 37 estes referidos a todos os membros da
federação.
Quanto aos sensíveis estão arrolados no Art
34, VII, e são classificados dessa forma pois,
se tocados, violados, tem o poder de gerar a
pior sansão da federação.
A perda Temporária da autonomia através da
intervenção federal.
Art. 34. A união não intervirá nos Estados nem
no Distrito Federal, exceto para:
VII – assegurar observância dos seguintes
princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e
regime democrático;

b) Direitos da pessoa humana;

c) Autonomia municipal;
d) Prestação de contas da administração
pública, direta e indireta.
e) Aplicação do mínimo exigido da receita
resultante de impostos estaduais ...
compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e
serviços públicos de saúde.
Os extensíveis: assim nomeados pois não
expressamente interessados aos estados
federais, mas a união, porem sob o aspecto
eminentemente lógico, também os alcançando,
Com o objetivo de explicá-los passamos a
seguinte indagação:

Se houver intenção de criar 500 novos cargos


de auditor fiscal do tesouro nacional quem
deverá iniciar o projeto de lei.
A resposta vem da consulta ao art. 61§1º II, a.
Deve partir do presidente da republica.
resposta vem da consulta ao art. 61§1º II, a.
Deve partir do presidente da republica.
“§ 1º. São de iniciativa privativa do Presidente
da Republica as leis que:
II – disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos
públicos na administração direta, autárquica ou
aumento de sua remuneração”.
Em outra ponta se a intenção for a criação de agente
fiscal de rendas do tesouro de algum estado, quem
poderá iniciar o projeto de lei a ser votado na
respectiva assembléia legislativa.

Resposta: Não se encontrará esta resposta na CF.

A resposta deve se pautar na lógica. Se a regra para a


união, objetivando a independência, a autonomia do
executivo é essencial para a obediência ao principio
da separação das funções do poder, que também
vigora para os entes federados menores com razão,
para que esses também não a apliquem.
O projeto de lei visualizando novos cargos de
agente fiscal estadual deve ser iniciado pelo
governador do estado, proibindo-se as
constituições estaduais a disposição em
sentido diverso.

Você também pode gostar