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1 - INTRODUÇÃO
Sendo o melão uma das espécies olerícolas de maior expressão econômica e social para
a região Nordeste do Brasil. A sua introdução no país se deu através de imigrantes
europeus, tendo se desenvolvido inicialmente no Rio Grande do Sul, que foi o maior
produtor nacional até o final da década de 60. A sua expansão ocorreu somente depois
de 1970, quando emergiram importantes pólos de produção nos Estados de São Paulo,
Pará e na região do Sub-médio do São Francisco, polarizado por Petrolina (PE) e
Juazeiro (BA). Essa expansão tem sido registrada tanto em área cultivada quanto em
produtividade (ALMEIDA, 1992). Em 1992 a região Nordeste era responsável por 84% da
produção total do país (IBGE, 1992; FAO, 1994), sendo o Rio Grande do Norte o maior
produtor.
Esta planta pode apresentar quatro tipos de expressão sexual: andromonóica, monóica,
ginomonóica e hermafrodita (COSTA & PINTO, 1977). O híbrido Gold Pride tem
expressão sexual andromonóica, sendo necessário as visitas das abelhas (Apis mellifera
L.) para que ocorra a polinização.
A apicultura é o ramo da indústria animal que trata da criação da abelha Apis mellifera do
aproveitamento de seus produtos e da polinização.
2 - REVISÃO DE LITERATURA
McGregor (1976) afirma que quase 80% dos vegetais superiores de interesse econômico,
seja pelos seus frutos como pelas sementes, grãos, fibras e demais produtos, dependem
quase que exclusivamente dos insetos para a polinização.
Quando se inicia a floração, por volta dos 30 a 35 dias, a abertura das flores se procede
nas primeiras horas da manhã (VALLESPIR, 1997), todavia, verifica-se que algumas
plantas continuam a antese durante todo o dia, até o final da tarde (PEDROSA, 1995).
Uma vez a flor fecundada o ovário começa a engrossar muito rapidamente. Mas se a
polinização for deficiente, os frutos serão de baixa qualidade, por isso o emprego de
colméias é uma prática necessária neste cultivo (VALLESPIR, 1997).
Pesquisa realizada por LOPES et alli (1990), com a cultivar Valenciano Amarelo,
determinou que da abertura da flor pistilada até a maturação do fruto, decorrem,
aproximadamente, 30 dias. O início da colheita, no Nordeste, ocorre por volta dos 60 a 70
dias, período que o meloeiro permanece produzindo.
O fruto, de acordo com BERNARDI (1974), é uma baga carnuda ou pepônio, que varia em
forma, tamanho e coloração, conforme a variedade. Segundo GOMES (1987), os frutos
são bagas grandes, polimorfas, pubescentes ou glabras, de cores variadas. Geralmente
são amarelos, amarelados e verdes. A polpa é doce, branda, aquosa, bastante saborosa.
Contém de 200 a 600 sementes.
Pelo seu poder aromático e sabor delicado poucas plantas hortícolas se destacam,
organolepticamente como o melão (GARDÉ & GARDÉ, 1981). No seu estado natural o
fruto é excelente alimento, bastante rico em hidratos de carbono e vitamina C, possuindo
quantidade bastante significativa das vitaminas A e B, além dos elementos fósforo e cálcio
(BERNARDI, 1974)
Reino: Animal
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Hymenoptera
Subordem: Apocrita
Superfamília: Apoidea
Nome Científico: Apis mellifera
Nome Comum: Abelha
De acordo com Salvetti De Cicco (1997) a abelha é um inseto que pertence à ordem dos
himenópteros e à família dos apídeos. São conhecidas cerca de vinte mil espécies
diferentes e, são as abelhas do gênero Apis mellifera que mais se prestam para a
polinização, ajudando a agricultura, produção de mel, geléia real, cera, própolis e pólen.
As abelhas são insetos sociais que vivem em colônias. Elas são conhecidas há mais de
40 mil anos. A abelha do mel acha-se espalhada pela Europa, Ásia e África. A apicultura,
a técnica de explorar racionalmente os produtos das abelhas existe desde o ano de 2400
a.C.. E os egípcios e gregos desenvolveram as rudimentares técnicas de manejo que só
foram aperfeiçoadas no final do século XVII por apicultores como Lorenzo Langstroth (ele
desenvolveu as bases da apicultura moderna).
A abelha do mel acha-se espalhada pela Europa, Ásia e África. A sua introdução no Brasil
é atribuída aos jesuítas que estabeleceram suas missões no século XVIII, nos territórios
que hoje fazem fronteira entre o Brasil e o Uruguai, no noroeste do Rio Grande do Sul.
Em 1839, o padre Antonio Carneiro Aureliano mandou vir colméias de Portugal e instalou-
as no Rio de Janeiro. Em 1841 já haviam mais de 200 colméias, instaladas na Quinta
Imperial. Em 1845, colonizadores alemães trouxeram abelhas da Alemanha (Nigra, Apis
mellifera melífera) e iniciaram a apicultura nos Estados do sul. Entre 1870 e 1880,
Frederico Hanemann trouxe abelhas italianas.
A abelha utilizada como agente polinizador é a italiana (Apis mellifera L.), que forma
sociedade onde existe uma só rainha, vários zangões e as operárias. Quando em suas
visitas às flores para coletar alimento a abelha transfere o pólen da antera de uma flor
para o estigma de outra flor, ocorrendo a fecundação cruzada (CAMARGO & STORT,
1973).
A composição social de um enxame se resume em três indivíduos: a rainha, a operária e
o zangão. Só a rainha é uma fêmea normal reprodutora, com seus ovários desenvolvidos.
As operárias são fêmeas estéreis, com ovários não desenvolvidos, por não terem
recebido a mesma dieta especial da rainha em seu estado larval.
No ninho a rainha coloca seus ovos nos alvéolos, que são sempre abertos, e as larvas
são alimentadas pelas operárias. Os zangões se originam de
alvéolos não fecundados, colocados em alvéolos maiores (GALLO, 1988).
O pólen é coletado pelas abelhas nas anteras das flores e transportado para outra flor nas
patas, regiões do abdômen ou do tórax desde manhã até a tarde (SILVA, 1987).
A polinização deficiente das flores originam frutos deformados ou que morrem logo após
iniciado o seu desenvolvimento (FILGUEIRA, 1972). O bom pegamento de frutos com
características comerciais é o resultado da deposição de mitos grãos de pólen sobre os
estigmas. Para que isso ocorra são necessárias de 10 a 15 visitas de abelhas em uma flor
hermafrodita ou feminina (PEDROSA, 1997). Portanto, torna-se necessário que no
período de florescimento haja uma boa população de abelhas no campo.
Outro fator digno de destaque é que quanto mais uma flor for polinizada, menos tempo ela
ficará exposta às pragas das plantas, apresentando assim um melhor rendimento em
economia da trabalho e de aplicação de inseticidas (SCHIRMER, 1986).
3 - MATERIAL E MÉTODOS
As flores que receberam polinização natural foram marcadas no período da manhã do dia
da antese. E as demais flores foram protegidas com gaiolas de tela de arame no período
da amanhã do dia da antese. As gaiolas foram retiradas quatro dias depois e as flores
marcadas para posterior avaliação.
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios dos parâmetros observados (flores fecundadas, flores não fecundadas
e flores fecundadas e abortadas), no período em que as flores ficaram expostas aos
tratamentos ( com gaiola e sem gaiola), entre o período de antese e fechamento das
flores, estão representados no Quadro 1. O elevado número de flores não fecundadas no
tratamento com gaiola demonstra ser a abelha de fundamental importância para a
polinização da cultura do meloeiro. Na Figura 1 pode-se observar a diferença entre os
dois tratamentos em termos de percentagem.
a) da ausência de abelhas;
b) das alterações do ambiente (temperatura, umidade), devido a presença das gaiolas;
c) da ação de genes gametofíticos que impedem que o pólen de uma mesma flor
germinem formando o tubo polínico, consequentemente não ocorre a fecundação.
Segundo BREWBAKER (1969), a incompatibilidade ocorre como resultado da
paralisação do crescimento do tubo polínico haplóide nas células diplóides do pistilo.
Quando um grão de pólen contém um alelo de incompatibilidade que está presente
também no estilo, o crescimento do tubo polínico fica paralisado. Somente quando o
alelo no pólen não está presente no estilo a fertilização pode ocorrer.
Quadro 1. Valores médios observados durante o período em que as flores ficaram expostas aos
tratamentos. Mossoró-RN, 2000.
TESTEMUNHA GAIOLA
0,8
Porc. média (%)
0,6
Testemunha
0,4
Gaiola
0,2
0
FF FFA FNF
Tipos de flores
Figura 1. Número de flores fecundadas (FF), flores fecundadas abortadas (FFA) e flores não fecundadas
(FNF) na cultura do meloeiro na presença (Testemunha) e ausência de abelhas (Apis mellifera
L.) (Gaiola).
Os valores médios de frutos vingados e frutos abortados , obtidos das flores fecundadas,
estão representados no Quadro 2. Observou-se que no tratamento sem gaiola
(testemunha) o número de frutos vingados foi superior ao número de frutos obtidos no
tratamento com gaiola, mesmo aplicando-se o mesmo manejo, o que demonstra ser a
abelha fator limitante na produção do meloeiro. Na Figura 2 pode-se observar, em termos
de percentagem, a diferença na produção de frutos nos dois tratamentos.
Quadro 2. Valores médios de frutos obtidos a partir das flores fecundadas. Mossoró-RN, 2000.
TESTEMUNHA GAIOLA
FRUTOS VINGADOS 13,33 0,66
FRUTOS ABORTADOS 8,66 2,33
0,5
O número de flores fecundadas e de frutos vingados no tratamento com gaiola foi inferior
ao número de flores fecundadas e frutos vingados na testemunha, diferindo
estatisticamente, como está representado na Tabela 1.
TABELA 1. Resumo da análise de variância para número de flores não-abortadas e frutos vingados na
cultura do meloeiro na presença e ausência de abelhas (Apis mellifera L.).
FV GL Qui-quadrado
(χ2)
Flores Frutos
Gaiola 1 241,95**1 74,05**
** p<00,1.
Foi observado durante o desenvolvimento da pesquisa, que as visita das abelhas às flores
é mais freqüente pela manhã, e a medida que a planta fica mais velha o número de visitas
cai, pois diminui a disponibilidade de pólen. Algumas vezes a flor é visitada por duas
abelhas ao mesmo tempo. Algumas visitas são rápidas ( 2-5 segundos ), outras são
demoradas ( em torno de três minutos ). Porém se verificou a presença de outros insetos
visitando as flores do meloeiro no campo experimental : dipteros, borboletas e formigas.
De acordo com MELCHOR (1979), aceita-se normalmente como média de visita às flores
de diversas plantas a seguinte (entendendo-se que se trata de percentagens sobre 100
visitas): abelha melífera, 76,6; zangão, 7,6; mosca, 3,9; formigas, 3,7; coleópteros
(besouros), 3,4; abelhas silvestres, 2,6; vespas e marimbondos, 0,5; outros insetos, 1,7.
Ou seja, de cada 100 visitas feitas a uma flor por inseto polinizador, mais de ¾ são
devidas às abelhas.
5 - CONCLUSÃO
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS