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Identidade Individual e

Socialização

Jorge Barbosa, 2010


•  A imagem que, permanentemente, vai
construindo de si próprio, as suas crenças e
representações de si mesmo constituem uma
estrutura psicológica que lhe permite seleccionar
as suas acções e as suas relações sociais.
Dimensões da Identidade
Pessoal

•  O primeiro aspecto é constituído pelo desejo de


continuidade do sujeito.
Dimensões da Identidade
Pessoal

•  O segundo aspecto manifesta-se através de um


processo de separação/integração social.
Dimensões da Identidade
Pessoal

•  A identidade só existe em actos, em acções .

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Dimensões da Identidade
Pessoal

•  A construção da identidade constitui para os


indivíduos um quadro psicológico (esquema mental,
sistema de representações e filtro de informações).

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Construção da Identidade

•  O corpo constitui, para o bebé, a base da sua


identificação.

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Construção da Identidade

•  Descobre-se a si mesmo através das


•  suas percepções,
•  das suas acções, mas também
•  na sua relação com os outros e
•  no olhar dos outros.

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Construção da Identidade

•  Dos 12 aos 24 meses de idade, o bebé começa a


construir uma imagem de si, elemento essencial da
construção da identidade:

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Construção da Identidade

•  começa por ser capaz de se reconhecer na imagem


de um espelho.

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Construção da Identidade

•  a “imagem do corpo”, base da imagem de si, é


diferente da realidade anatómica:
•  é fortemente marcada pela dinâmica afectiva, isto é, a
identidade corporal é também uma identidade sexual.
Construção da Identidade

•  A partir do momento em que tem acesso à fala (por


volta dos 12 meses), o bebé começa a reconhecer-se
como rapaz ou rapariga.
Construção da Identidade

•  A identidade sexual, nesta altura, não resulta


somente do sexo anatómico;
•  resulta também das identificações com as diferenças de
género com que a criança convive.

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Construção da Identidade

•  Mais tarde (a partir dos 3 anos), a identidade sexual


apoia-se sobretudo nos modelos de feminilidade e de
masculinidade propostos pela cultura de que faz
parte.

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Relações com os Outros e
Modelos Sociais

•  Antes de tudo o mais, é na relação afectiva entre a


mãe e o bebé que este vai construir progressivamente
uma consciência estável de si mesmo.

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Relações com os Outros e
Modelos Sociais

Através da relação corporal –


numa comunicação feita de
cuidados, de alimentação, de
carícias, de canções de embalar e
de palavras – o bebé desenvolve a
percepção do seu corpo, ao
mesmo tempo dependente e
autónomo do da mãe.
Relações com os Outros e
Modelos Sociais

•  O olhar da mãe
desempenha o
papel do espelho
que permite que o
bebé se perceba a
si mesmo como
objecto de afectos.
Organizadores da Identidade –
R. Spitz
•  O primeiro é o sorriso, que é, ao mesmo tempo, sinal
de tranquilidade e serenidade interna e resposta aos
estímulos do meio; “constitui o protótipo de todas as
relações sociais posteriores” (Spitz, 1968).
Organizadores da Identidade –
R. Spitz
•  O segundo é a angústia dos oito meses face a uma
pessoa estranha;
•  esta angústia (fonte de um verdadeiro e sentido
sofrimento para a criança) põe em evidência o facto de
o bebé ser capaz de reconhecer a mãe e distingui-la das
pessoas desconhecidas.
Organizadores da Identidade –
R. Spitz
•  O terceiro organizador é o “não”, cujo uso (e até
abuso) se inicia por volta do 2º ano de vida e que
permite à criança opor-se e portanto diferenciar-se
do seu ambiente;
•  constitui uma nova etapa na afirmação e na percepção
de si como sujeito autónomo.
Identificação, Modelos e
Papeis
•  A identificação sexual, que se desenvolve de forma
particularmente evidente entre os 3 e os 6 anos de
idade, é um dos mecanismos fundamentais da
dinâmica identitária.
Identificação, Modelos e
Papeis
Identificação, Modelos e
Papeis

a aptidão para a descentração relativamente ao


seu meio próximo, graças à qual a criança passa a
conseguir pôr-se no lugar dos outros e, assim, ver
as coisas e ver-se a si mesmo como os outros a
vêem.
Identificação, Modelos e
Papeis
•  A criança interioriza progressivamente os seus grupos
de pertença, os “nós” em que participa.
Identificação, Modelos e
Papeis
Estes “nós” têm as suas raízes numa
estratificação social, em que as
crianças se situam umas relativamente
às outras, por relações
•  de poder,
•  de prestígio e
•  de dinheiro,

numa história que deposita na


memória dos grupos um conjunto de
acontecimentos, de experiências, de
modelos e de representações.
Identificação, Modelos e
Papeis
•  As identificações não se originam só nos grupos de
pertença, mas também nos grupos de referência, nos
quais o sujeito encontra os seus modelos e nos quais
procura integrar-se.
Identificação, Modelos e
Papeis

•  traduzem também as
suas antecipações e
as suas aspirações.
Perspectivas Teóricas sobre
Socialização
•  A identidade pessoal é o que cada um tem de mais
precioso:
•  a perda de identidade é sinónimo de alienação, de
sofrimento, de angústia e de morte.
Perspectivas Teóricas sobre
Socialização - Piaget

“uma passagem perpétua


de um estádio de menor
Estruturas e
equilíbrio para um
Funcionamento
estádio de equilíbrio
superior” (Piaget, 1964).
Perspectivas Teóricas sobre
Socialização - Piaget
•  Estruturas:
•  variáveis, definidas como “formas de organização da
actividade mental”, na sua dupla dimensão cognitiva e
afectiva;
Perspectivas Teóricas sobre
Socialização - Piaget
•  Funcionamento:
•  constante que provoca a passagem de uma forma para
outra, através de um movimento de desequilíbrio,
seguido por um restabelecimento do equilíbrio, através
da passagem a uma forma nova (estrutura nova).
Perspectivas Teóricas sobre
Socialização - Piaget
Este desenvolvimento mental tem sempre
uma dupla dimensão individual e social:

As estruturas por que passam normalmente


todas as crianças são sempre, ao mesmo tempo:

afectivas, isto é relacionais


cognitivas (internas ao
(orientadas para o
organismo).
exterior).
Perspectivas Teóricas sobre
Socialização - Piaget
A adaptação é descrita por Piaget, em cada
estádio, como a resultante e a articulação
de dois movimentos complementares,
embora de natureza diferente:

Assimilação Acomodação
Perspectivas Teóricas sobre
Socialização - Piaget
•  A assimilação - consiste em “incorporar as coisas e
as pessoas externas” nas estruturas já construídas.

•  Deste modo, a sucção é antes de mais, para o recém-


nascido, um reflexo de incorporação bocal do mundo
(vivido como “realidade a chupar” de acordo com as
palavras de Piaget) que o conduz a generalizar essa
conduta (chupa o polegar, os dedos dos outros, os
objectos, etc.) a tudo o que lhe dá prazer, depois de ter
discriminado praticamente aquilo que correspondia à
sua necessidade vital (o seio da mãe, o biberão...).
Perspectivas Teóricas sobre
Socialização - Piaget
•  A acomodação – consiste em “reajustar as estruturas
em função das transformações exteriores”.
•  Por esta via, as mudanças no meio envolvente são
fontes perpétuas de ajustamentos: quando o bebé passa
do seio para o biberão, o reflexo de sucção tem de se
modificar; os sorrisos mudam consoante as pessoas que
se debruçam sobre o bebé... Estas variações contribuem
para aquilo a que Piaget chamou a “construção do
esquema prático do Objecto”
Perspectivas Teóricas sobre
Socialização - Piaget

Depois imita as pessoas próximas, diferenciando


nitidamente o pólo interno (o Eu) e o pólo externo (o
Objecto),
Perspectivas Teóricas sobre
Socialização - Piaget

Enfim, passa do constrangimento à cooperação, graças à gestão conjunta


da “reflexão como discussão interiorizada consigo mesmo” e a discussão
como “reflexão socializada com outrem”, o que desenvolverá no
adolescente o sentido da justificação lógica e a autonomia moral.
Estádios de Estádios de Dimensão Social:
Dimensão Individual:
Desenvolvimento Desenvolvimento Formas de
Estruturas Mentais
(versão mais comum) (versão de 1964) Socialização

Tendências
Estádio dos Reflexos Egocentrismo inicial
Instintintivas

Estádio de Inteligência Estádio dos Primeiros Percepções Primeiros sentimentos


Sensório-Motora Hábitos Motores Organizadas diferenciados

Regulações Imitação como


Estádio de Inteligência
elementares de ordem primeira “socialização
Sensório-Motora
prática da acção”
Imagens e intuições
Submissão aos
Estádio de Inteligência Estádio de Inteligência representativas,
constrangimentos dos
Pré-Operatória Intuitiva “génese do
adultos
pensamento”
Estádio de Inteligência Passagem às
Estádio de Inteligência Sentimentos e práticas
de Operações operações: explicações
Concreta de cooperação
Concretas atomistas
Construção de teorias;
Estádio de Inteligência Estádio de Inteligência Pensamento Inserção social e
de Operações Formais Formal - Abstracta hipotético-dedutivo; profissional
Categoria do possível
Perspectivas Teóricas sobre
Socialização - Piaget

Passagem do respeito absoluto pelos pais ao respeito mútuo (crianças/adulto e


crianças entre si);

Passagem da obediência personalizada ao sentimento da regra: esta torna-se,


no último estádio, a expressão de um acordo mútuo, um verdadeiro
“contrato”;
Passagem da heteronomia total à autonomia recíproca implicando, no último
estádio, a adopção de novos sentimentos como “a honestidade, a
camaradagem, o fair-play, a justiça”;

Passagem da energia à vontade que constitui uma “regulação activa da


energia”, que supõe uma hierarquização entre dever e prazer.
Identidade e Socialização
Não se esqueçam dos
exercícios no “moodle”.

Jorge Barbosa, 2010

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