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SHERLOCK HOLMES E O RACIOCÍNIO DEDUTIVO

Você já ouviu falar num detetive chamado Sherlock Holmes? Na realidade, tal pessoa nunca
existiu; Ela é apenas uma personagem criada no final do século XIX por um escritor inglês chamado Sir
Arthur Conan Doyle.
Ainda hoje, Sherlock encanta os leitores pela forma com que soluciona aparentes mistérios,
empregando uma linha de raciocínio que chamamos método dedutivo. Leia atentamente o texto
seguinte, no qual o famoso detetive deixa perplexo seu inseparável amigo Watson, ao “adivinhar” seus
pensamentos.
“Fazia algum tempo que Holmes estava sentado, em silêncio, debruçado sobre um tubo de
ensaio, onde lidava com um produto malcheiroso. Assim, com a cabeça caída sobre o peito, e ele
lembrava um pássaro estranho, magro, de apagada plumagem cinza e penacho negro.
- Então Watson, não vai comprar as ações sul-africanas? – perguntou ele.
Tive um sobressalto. Por mais habituado que estivesse com as estranhas faculdades de
Holmes, aquela súbita intrusão nos meus íntimos pensamentos era inexplicável.
-Como é que sabe disto? – perguntei.
Ele deu uma reviravolta na banqueta, com um tubo espumante na mão em um brilho divertido
no olhar.
-Confesse Watson, que está admirado – disse ele.
- Estou mesmo.
- Eu devia fazer você assinar uma declaração a esse respeito.
- Por quê?
- Porque daqui a cinco minutos vai dizer que é absurdamente simples.
-Tenho certeza que não direi nada, nesse estilo.
Largando o tudo de ensaio e com um ar de professor que se dirige à classe, ele começou.
- Sabe, carão Watson, não é difícil fazer uma série de deduções, cada qual dependendo de sua
antecedente e cada qual simples em si mesma. Feito isso, se a gente omitir as deduções centrais e
apresentar à audiência o ponto de partida e a conclusão, pode-se produzir um efeito assustador,
embora, possivelmente falso.
Agora: não foi difícil, olhando o vão entre seu indicador e o polegar da mão esquerda, perceber que
você não pretende empregar seu pequeno capital em ações de mina de ouro.
-Não vejo relação – Respondi.
- provavelmente não vê mesmo, mas posso mostrar-lhe uma íntima ligação. Aqui estão os elos
que faltam à simples cadeia:
1º) Você tinha giz entre o indicador e o polegar da mão esquerda, a noite passada, quando
voltou do clube.
2º) Você costuma por giz ali, quando joga bilhar, para firmar o taco.
3º) Você nunca joga bilhar a não ser com Thurston.
4º) Você me contou, há quatro semanas, que Thurston, tinha opção por um mês, de uma
propriedade na África do Sul e que queria comprá-la em sociedade com você.
5º) Seu talão de cheques está fechado na minha gaveta e você não me pediu a chave.
6º) Logo você não tem intenção de aplicar nesse negócio o seu dinheiro.
-Absurdamente Simples! – Exclamei.
-De fato! – disse Holmes um tanto enfastiado. Todos os problemas se tornam infantis depois de
explicados...”
(Texto extraído da história “Os dançarinos”, do livro. A volta de Sherlock
Holmes – 8ª edição, São Paulo, Melhoramentos)

Como você pode perceber, partindo de uma série de fatos conhecidos, Sherlock Holmes
deduz, isto é, descobre um fato novo. No caso, o detetive deduziu que Watson não aplicaria seu
dinheiro em negócios da África de Sul. O modo com que Holmes raciocina para deduzir algo novo é
chamado de Método Dedutivo, que é o método aplicado para descobrir e provar determinadas
propriedades das figuras geométricas em Geometria Euclidiana ( Plana).

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