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Turma: 801
Aluno(a): _____________________________________________________________________________________________
Mês: Março
Profª.: Thaís Sant’Anna Marcondes
Os romances de Conan Doyle me deram o desejo de empreender alguma façanha no gênero das de Sherlock
Holmes. Pareceu-me que deles se concluía que tudo estava em prestar atenção aos fatos mínimos. Destes, por uma
série de raciocínios lógicos, era sempre possível subir até o autor do crime.
Quando acabara a leitura do último dos livros do Conan Doyle, meu amigo Alves Calado teve a oportuna
nomeação de delegado auxiliar. Íntimos, como éramos, vivendo juntos, como vivíamos na mesma pensão, tendo até
escritório comum de advocacia, eu lhe tinha várias vezes exposto minhas ideias de “detetive”. Assim, no próprio dia
de sua nomeação ele me disse:
— Eras tu que devias ser nomeado!
Mas acrescentou, desdenhoso das minhas habilidades:
— Não apanhavas nem o ladrão que roubasse o obelisco da avenida!
Fi-lo, porém, prometer que, quando houvesse algum crime, eu o acompanharia a todas as diligências. Por outro
lado levei-o a chamar a atenção do seu pessoal para que, tendo notícia de qualquer roubo ou assassinato, não invadisse
nem deixasse ninguém invadir o lugar do crime.
— Alta polícia científica – disse ele, gracejando.
Passei dias esperando por algum acontecimento trágico, em que pudesse revelar minha sagacidade. Creio que
fiz mais do que esperar: cheguei a desejar.
Uma noite, fui convidado por Madame Guimarães para uma pequena reunião familiar. Em geral, o que ela
chamava “pequenas reuniões” eram reuniões de vinte a trinta pessoas, da melhor sociedade. Dançava-se, ouvia-se boa
música e quase sempre ela exibia algum “número” curioso: artistas de teatro, de music-hall ou de circo, que contratava
para esse fim. O melhor, porém, era talvez a palestra que então se fazia, porque era mulher muito inteligente e só
convidava gente de espírito. Fazia disso questão.
A noite em que lá estive entrou bem nessa regra.
Em certo momento, quando ela estava cercada por uma boa roda, apareceu Sinhazinha Ramos. Sinhazinha era
sobrinha de Madame Guimarães; casara-se pouco antes com um médico de grande clínica. Vindo só, todos lhe
perguntaram:
— Como vai seu marido?
— Tem trabalhado por toda a noite, com uma cliente. [...]
A casa era de dois andares e Madame Guimarães, nos dias de festas, tomava a si arrumar capas e chapéus
femininos no seu quarto:
— Serviço de vestiário é exclusivamente comigo. Não quero confusões. [...]
Nisto, uma das senhoras presentes veio despedir-se de Madame Guimarães. Precisava de seu chapéu. A dona
da casa, que, para evitar trocas e desarrumações, era a única a penetrar no quarto que transformara em vestiário,
levantou-se e subiu para ir buscar o chapéu da visita, que desejava partir.
Não se demorou muito tempo. Voltou com a fisionomia transtornada:
— Roubaram-me. Roubaram o meu anel de brilhantes…
Continua...
1. Faça uma breve pesquisa. Quem foi Conan Doyle? E quem era Sherlock Holmes?
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2. O narrador do conto é personagem (ele narra e participa da história) ou observador (apenas narra,
não participa da história)? Justifique.
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“Os romances de Conan Doyle me deram o desejo de empreender alguma façanha no gênero das de Sherlock
Holmes. Pareceu-me que deles se concluía que tudo estava em prestar atenção aos fatos mínimos. Destes, por uma
série de raciocínios lógicos, era sempre possível subir até o autor do crime.”
Que palavra indica o tipo de narrador que você respondeu na questão anterior?
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5. Essa característica é decisiva do narrador é decisiva para a sua atitude diante do caso do roubo da
joia? Justifique.
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7. É possível afirmar que Alves Calado levava o narrador a sério? Selecione outro trecho do conto que
confirme sua resposta.
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8. Que situação fez Madame Guimarães perceber que seu anel havia sido furtado?
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Um conto de enigma é uma narrativa e, assim, desenvolve uma sequência de ações que formam um enredo. Em
geral, ele se inicia depois da ocorrência de um mistério que precisa ser desvendado (um crime, por exemplo).
Apresenta-se, então, um detetive, que, por meio de pistas, deve solucionar o caso. A resolução do enigma costuma
ser inesperada e surpreender o leitor.
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Atividade do dia 04/03 – Assunto: Conto de enigma (mistério, pistas e resolução do enigma)
Sugeri logo que ninguém entrasse no quarto. Ninguém! Era preciso que a Polícia pudesse tomar as marcas
digitais que por acaso houvesse na mesa de cabeceira de Madame Guimarães. Porque era lá que tinha estado a joia.
Saltei ao telefone, toquei para o Alves Calado, que se achava de serviço nessa noite, e preveni-o do que havia,
recomendando-lhe que trouxesse alguém, perito em datiloscopia.
Ele respondeu de lá com a sua troça habitual:
— Vais afinal entrar em cena com a tua alta polícia científica?
Objetou-me, porém, que a essa hora não podia achar nenhum perito. Aprovou, entretanto, que eu não
consentisse ninguém entrar no quarto. Subi então com todo o grupo para fecharmos a porta a chave. Antes de se fechar,
era, porém, necessário que Madame Guimarães tirasse as capas que estavam no seu leito. Todos ficaram no corredor,
mirando, comentando. Eu fui o único que entrei, mas com cuidado extremo, um cuidado um tanto cômico de não tocar
em coisa alguma.[...]
Retiradas as capas, o zunzum das conversas continuava. Ninguém tinha entrado no quarto fatídico. Todos o
diziam e repetiam.
Foi no meio dessas conversas que Sherlock Holmes cresceu dentro de mim. Anunciei:
— Já sei quem furtou o anel.
De todos os lados surgiam exclamações. Algumas pessoas se limitavam a interjeições: “Ah!”, “Oh!”. Outras
perguntavam quem tinha sido.
Sherlock Holmes disse o que ia fazer, indicando um gabinete próximo:
— Eu vou para aquele gabinete. Cada uma das senhoras aqui presentes fecha-se ali em minha companhia por
cinco minutos.
— Por cinco minutos? ‒ indagou dr. Caldas.
— Porque eu quero estar o mesmo tempo com cada uma, para não se poder concluir da maior demora com
qualquer delas que essa foi a culpada. Serão para cada uma cinco minutos cronométricos. [...]
Houve uma hesitação. Algumas diziam estar acima de qualquer suspeita, outras que não se submetiam a
nenhum inquérito policial. Venceu, porém, o partido das que diziam “quem não deve não teme”. Eu esperava, paciente.
Por fim, quando vi que todas estavam resolvidas, lembrei que seria melhor quem fosse saindo despedir-se e partir.
E a cerimônia começou. Cada uma das senhoras esteve trancada comigo justamente os cinco minutos que eu
marcara.
Quando a última partiu, saiu do gabinete, achei à porta ansiosa, Madame Guimarães:
— Venha comigo ‒ disse-lhe eu.
5. Que medidas foram tomadas para descobrir quem havia furtado o anel?
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10. Por que o narrador disse: “Não foi um fiasco, mas foi pior.”?
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11. Faça uma lista com palavras do texto que você não conhece e busque os significados.
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1) Câmara aprova plano de R$ 3 bilhões para socorro à cultura durante a pandemia. (Gazeta do Povo,
26/05/2020)
Sujeito é o termo com o qual o verbo concorda; é sobre quem se fala. Predicado é o que se diz sobre o sujeito, é o
termo da oração em que está o verbo.
Ainda não entendeu o que é sujeito e predicado? Não tem problema, eu te ajudo. Sujeito é quem está agindo
nas frases. Por exemplo, quando eu digo “Rafael leu o livro.”, quem está agindo, quem leu algo foi Rafael. Isto é,
Rafael é o sujeito da frase.
Para facilitar sua vida, vou te dar uma super dica! Para encontrar o sujeito de uma oração, basta perguntar ao
verbo “Quem é que + verbo?”. A resposta de sua pergunta será o sujeito. Tudo o que sobrar da oração é o predicado.
Neste caso, o verbo, a ação da frase, é “comeu”. Perguntaremos então: Quem é que comeu?
Bem, a resposta de nossa pergunta é: “Rafael”. Sendo assim, Rafael é o sujeito da frase. Logo, o predicado é tudo o
que sobrou, depois de termos tirado o sujeito: “comeu bolo de chocolate.”
sujeito predicado
CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO:
a) SUJEITO SIMPLES: é aquele que possui apenas um núcleo, ou seja, quando o verbo se refere a uma só palavra.
(Miguel viajou. / Nós aprendemos a música.)
b) SUJEITO COMPOSTO: é aquele que possui mais de um núcleo. (Pai e filho estudam juntos em casa. / Aprendem
mais os otimistas e os esforçados.)
c) SUJEITO OCULTO: é aquele que não está explícito na oração, mas pode ser determinado pela flexão número-
pessoa do verbo, ou por sua presença em alguma oração antecedente. (Gosto de viajar todos os anos. [Quem é que
gosto? Só pode ser eu] / Caímos de bicicleta. [Quem é que caímos? Só pode ser nós])
Exercícios:
Sujeito: ________________________________________
Predicado: ________________________________________
Sujeito: ________________________________________
Predicado: ________________________________________
Sujeito: ________________________________________
Predicado: ________________________________________
3. Complete as orações a seguir com os tipos de sujeitos indicados entre parênteses, para que fiquem coerentes com os
predicados.
Além dos tipos de sujeito que estudamos anteriormente, há um que ainda falta e é bem interessante. Ele se chama
sujeito indeterminado. Você se lembra do sujeito oculto? Ele não está claro na oração, mas era possível identificar.
Um exemplo de sujeito oculto é “Caímos de bicicleta.”. Quem caímos? Só pode ser “nós”.
O sujeito indeterminado funciona um pouquinho diferente. O sujeito indeterminado também não aparece claramente
na oração. A diferença é que não é possível determiná-lo, identificá-lo. Veja um exemplo:
Quem é que falam? As pessoas? Eles? Quem são as pessoas? Quem são eles?
Viu?! Não é possível identificar!
Atenção! Tenho duas dicas para você! O sujeito indeterminado só aparece quando o verbo está de duas formas:
1) Quando o sujeito não está na frase e o verbo está flexionado na 3ª pessoa do plural (como no exemplo anterior):
Ex.: Fizeram o trabalho.
2) Quando o sujeito não está na frase e o verbo está na 3ª pessoa do singular acompanhado da partícula -SE:
Ex.: Precisa-se de gente especializada.
Exercícios
A “Morte Rubra” há muito tempo devastava o país. Jamais se viu peste tão fatal ou tão hedionda. O sangue era
sua revelação e sua marca. A cor vermelha e o horror do sangue. Surgia com dores agudas e súbita tontura, seguidas
de profuso sangramento pelos poros, e então a morte. As manchas rubras no corpo e principalmente no rosto da vítima
eram o estigma da peste que a privava da ajuda e compaixão dos semelhantes. E entre o aparecimento, a evolução e o
fim da doença não se passava mais de meia hora.
Mas o príncipe Próspero era feliz, destemido e astuto. Quando a população de seus domínios se reduziu à
metade, mandou vir à sua presença um milhar de amigos sadios e divertidos dentre os cavalheiros e damas da corte e
com eles retirou-se, em total reclusão, para um dos seus mosteiros encastelados. Era uma construção imensa e
magnífica, criação do gosto excêntrico, mas grandioso do próprio príncipe. Circundava-a a muralha forte e muito alta,
com portas de ferro. Depois de entrarem, os cortesãos trouxeram fornalhas e grandes martelos para soldar os ferrolhos.
Resolveram não permitir qualquer meio de entrada ou saída aos súbitos impulsos de desespero dos que estavam fora
ou aos furores do que estavam dentro. O mosteiro dispunha de amplas provisões. Com essas precauções, os cortesãos
podiam desafiar o contágio. O mundo externo que cuidasse de si mesmo. Nesse meio-tempo era tolice atormentar-se
ou pensar nisso. O príncipe havia providenciado toda a espécie de divertimentos. Havia bufões, improvisadores,
dançarinos, músicos, beleza, vinho. Lá dentro, tudo isso mais segurança. Lá fora, a “Morte Rubra”.
Lá pelo final do quinto ou sexto mês de reclusão, enquanto a peste grassava mais furiosamente lá fora, o
príncipe Próspero brindou os mil amigos com um magnífico baile de máscaras.
Que voluptuosa cena a daquela mascarada! Mas antes descrevamos os salões em que ela se desenrolava. Era
uma série imperial de sete salões.[...] O sétimo salão estava todo coberto por tapeçarias de veludo negro, que pendiam
1. Leia estas características usuais às pestes. Marque aquela que não se aplica à do conto:
2. O estado de espírito do Príncipe muda radicalmente ao longo da narrativa. Relacione o nome dessa
personagem às suas características.
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6. Por que o trecho “até que finalmente começaram a soar as doze badaladas da meia noite no relógio
de ébano” acentua o efeito do mistério do conto?
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7. Contos de terror costumam apresentar elementos sobrenaturais, ou seja, situações que a ciência não
explica. O que há de sobrenatural na narrativa lida?
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O objetivo dos contos de terror é despertar no leitor sensações de medo e horror. Para atingir esse objetivo,
algumas narrativas apresentam elementos sobrenaturais. Em outras, o horror é produzido pela vivência da própria
condição humana. Nos contos de terror, tempo e espaço são recursos essenciais na criação do suspense.
“[...] O sétimo compartimento era totalmente amortalhado por pálios de veludo negro que não somente pendiam das
paredes, como recobriam-lhe todo o teto e tombavam em dobras pesadas sobre um tapete do mesmo material e da
mesma cor. [...] Nos vitrais desta sala, predominava escarlate, ou antes, um tom profundo de vermelho sangue. [...]”
Com a finalidade de criar suspense em contos de terror, na narrativa podem ser apresentados indícios que sugerem
um perigo iminente ou a presença de um mal que ronda as personagens.
Como vimos, o texto “Se eu fosse Sherlock Holmes” é um conto de enigma. Enquanto “Morte rubra” é um conto de
terror. No de enigma, o suspense torna o leitor curioso sobre a revelação dos aspectos do crime narrado. Além disso,
ele termina com o crime solucionado. Já no conto de terror, ele cria uma atmosfera assustadora, propícia a elementos
sobrenaturais e costuma ter um desfecho negativo.
Intertextualidade (inter = dentro, entre) é o diálogo entre textos, é a referência que um texto faz a outro mais
antigo. Ficou confuso? Pode deixar que eu vou te ajudar! Observe o poema do autor Manuel Bandeira:
O rapper paulista Criolo fez uma alusão, mais de 20 anos depois, ao poema de Bandeira em sua música
Bogotá, de 2011, lançada no álbum Nó na orelha.
Bogotá
Criolo (2011)
Repare que, ao colocarmos o poema de Bandeira e a música do Criolo, fica clara a intertextualidade, mas, se
um leitor não conhecesse a poesia original, não conseguiria perceber a relação entre os dois textos.
Exercícios
Se essa rua, se essa rua fosse minha, Se esta rua fosse minha,
Eu mandava, eu mandava ladrilhar, eu mandava ladrilhar,
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante, não para automóveis matar gente,
Só pra ver, só pra ver meu bem passar. mas para criança brincar.
Nessa rua, nessa rua tem um bosque, Se esta mata fosse minha,
Que se chama, que se chama solidão, eu não deixava derrubar.
Dentro dele, dentro dele mora um anjo, Se cortarem todas as árvores,
Que roubou, que roubou meu coração. onde é que os pássaros vão morar?
Se eu roubei, se eu roubei teu coração, Se este rio fosse meu,
Tu roubaste, tu roubaste o meu também, eu não deixava poluir.
Se eu roubei, se eu roubei teu coração, Joguem esgotos noutra parte,
Foi porque, só porque te quero bem. que os peixes moram aqui.
Se este mundo fosse meu,
In AGUIAR, Vera (Coord.). ASSUMPÇÃO, Simone. JACOBY, Eu fazia tantas mudanças
Sissa. Poesia fora da estante. Porto Alegra: Projeto, 1996. Que ele seria um paraíso
De bichos, plantas e crianças.
PAES, José Paulo. Poemas para brincar. São Paul: Ática, 1990.
5. No texto 1, a que se refere o elemento grifado no verso: “Dentro dele, dentro dele mora um anjo.”
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Na aula sobre sujeito, você aprendeu a identificar o sujeito (perguntando “quem é que +verbo”?) e aprendeu também
a identificar o predicado (tudo o que sobrou da frase depois que você encontrou o sujeito). Se você não lembra como
se faz isso, volte na aula de sujeitos. Agora, veremos os tipos de predicado que existem:
Predicado nominal:
Toda vez que uma oração apresentar um verbo de ligação (ser, estar, parecer, permanecer, ficar, continuar),
o predicado será nominal.
Ex.: Érica está feliz. (estar é verbo de ligação, portanto o predicado “está feliz” é um predicado nominal)
Predicado verbal:
Toda vez que uma oração apresentar um verbo de ação (qualquer outro que não esteja na lista anterior), o
predicado será verbal.
Ex.: Karoline cantou sua canção preferida. (cantar é verbo de ação, portanto o predicado “cantou sua canção preferida”
é um predicado verbal)
O predicado verbo nominal é aquele que apresenta um verbo de ação na oração. Porém, é possível encontrar
um verbo de ligação escondido. Vou te mostrar no exemplo a seguir como encontramos:
Ex.: Os jogadores andam pelo gramado cansados. (andar é um verbo de ação, mas entre as palavras “gramado” e
“cansados” há um verbo de ligação escondido, que é “estão”: Os jogadores andam pelo gramado E ESTÃO cansados.
Portanto, o predicado “andam pelo gramado cansados” é um predicado verbo-nominal)
Exercícios
Exercícios
O Texto Teatral, também conhecido como Texto Dramático, assemelha-se ao narrativo quanto às
características, uma vez que se constitui de fatos, personagens e história (o enredo representado), que sempre ocorre
em um determinado lugar, dispostos em uma sequência linear representada pela introdução (ou apresentação),
complicação, clímax e desfecho. A história em si é retratada pelos atores por meio do diálogo, no qual o objetivo maior
pauta-se por promover uma efetiva interação com o público expectador, em que razão e emoção se fundem a todo
momento, proporcionando prazer e entretenimento. Pelo fato de o texto teatral ser representado e não contado, ele
dispensa a presença do narrador, pois, como anteriormente mencionado, os atores assumem um papel de destaque no
trabalho realizado por meio de um discurso direto em consonância com outros recursos que tendem a valorizar ainda
mais a modalidade em questão, como pausas, mímica, sonoplastia, gestos e outros elementos ligados à postura corporal.
A questão do tempo difere-se daquele constituído pelo narrativo, pois o tempo da ficção, ligado à duração do
espetáculo, coincide com o tempo da representação.
Finalidade do texto: servir à apresentação teatral; expressar sentimentos, emocionar, entreter o leitor.
Destinatário: público em geral.
Tema: assuntos variados.
Linguagem: adequada ao contexto e às personagens.
Estrutura: o texto teatral (ou texto dramático) é organizado em atos e cenas. Costuma caracterizar o cenário em que
ocorre a ação das personagens. Utiliza o discurso direto como base da construção do texto e do desenvolvimento das
ações. Identifica a personagem antes de sua fala. Apresenta rubricas de interpretação e de movimento.
* Rubricas são informações que aparecem entre parênteses (com letra diferente; em itálico, por exemplo) e indicam
como as personagens devem falar ou se movimentar em cena.
Exercícios
O texto a seguir é um fragmento do "Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, uma peça teatral de fundo popular
e religioso. O trecho faz parte da cena do julgamento, na qual as personagens, após a morte, aguardam uma decisão
quanto a seu futuro. O Encourado, que as recebe, manda o Demônio levá-las para o inferno. As personagens, aos gritos,
resistem. Repentinamente, João Grilo, falando bem alto, diz que tem direito a um julgamento. As outras personagens
o apoiam. Nesse momento, pancadas de sino começam a soar. O Encourado fica agitado.
"JOÃO GRILO - Ah! pancadinhas benditas! Oi, está tremendo? Que vergonha, tão corajoso antes, tão covarde agora!
Que agitação é essa?
ENCOURADO - Quem está agitado? É somente uma questão de inimizade. Tenho o direito de me sentir mal com
aquilo que me desagrada.
JOÃO GRILO - Eu, pelo contrário, estou me sentindo muito bem. Sinto-me como se minha alma quisesse cantar.
Esconde o rosto entre as mãos. As pancadas do sino continuam e toca uma música de aleluia. De repente, João
ajoelha-se, como que levado por uma força irresistível e fica com os olhos fixos fora. Todos vão-se ajoelhando
vagarosamente. O Encourado volta rapidamente as costas, para não ver o Cristo que vem entrando. É um preto
retinto, com uma bondade simples e digna nos gestos e nos modos. A cena ganha uma intensa suavidade de Iluminura.
Todos estão de joelhos, com o rosto entre as mãos.
ENCOURADO, de costas, grande grito, com o braço ocultando os olhos - Quem é? É Manuel?
MANUEL - Sim, é Manuel, o Leão de Judá, o Filho de Davi. Levantem-se todos, pois vão ser julgados.
JOÃO GRILO - Apesar de ser um sertanejo pobre e amarelo, sinto perfeitamente que estou diante de uma grande
figura. Não quero faltar com o respeito a uma pessoa tão importante, mas se não me engano aquele sujeito acaba de
chamar o senhor de Manuel.
MANUEL - Foi isso mesmo, João. Esse é um de meus nomes, mas você pode me chamar também de Jesus, de Senhor,
de Deus... Ele gosta de me chamar Manuel ou Emanuel, porque pensa que assim pode se persuadir de que sou somente
homem. Mas você, se quiser, pode me chamar de Jesus.
JOÃO GRILO - Jesus?
MANUEL - Sim.
JOÃO GRILO - Mas, espere, o senhor é que é Jesus?
MANUEL - Sou.
JOÃO GRILO - Aquele Jesus a quem chamavam Cristo?
JESUS - A quem chamavam, não, que era Cristo. Sou, por quê?
JOÃO GRILO - Porque... não é lhe faltando com o respeito não, mas eu pensava que o senhor era muito menos
queimado.
BISPO - Cale-se, atrevido.
MANUEL - Cale-se você. Com que autoridade está repreendendo os outros? Você foi um bispo indigno de minha
Igreja, mundano, autoritário, soberbo. Seu tempo já passou. Muita oportunidade teve de exercer sua autoridade,
santificando-se através dela. Sua obrigação era ser humilde porque quanto mais alta é a função, mais generosidade e
virtude requer. Que direito tem você de repreender João porque falou comigo com certa intimidade? João foi um pobre
em vida e provou sua sinceridade exibindo seu pensamento. Você estava mais espantado do que ele e escondeu essa
admiração por prudência mundana. O tempo da mentira já passou.
JOÃO GRILO - Muito bem. Falou pouco mas falou bonito. A cor pode não ser das melhores, mas o senhor fala bem
que faz gosto.
MANUEL - Muito obrigado, João, mas agora é sua vez. Você é cheio de preconceitos de raça. Vim hoje assim de
propósito, porque sabia que isso ia despertar comentários. Que vergonha! Eu Jesus, nasci branco e quis nascer judeu,
como podia ter nascido preto. Para mim, tanto faz um branco como um preto. Você pensa que eu sou americano para
ter preconceito de raça?
PADRE - Eu, por mim, nunca soube o que era preconceito de raça.
ENCOURADO, sempre de costas para Manuel - É mentira. Só batizava os meninos pretos depois dos brancos.
PADRE - Mentira! Eu muitas vezes batizei os pretos na frente.
ENCOURADO - Muitas vezes, não, poucas vezes, e mesmo essas poucas quando os pretos eram ricos.
PADRE - Prova de que eu não me importava com cor, de que o que me interessava...
MANUEL - Era a posição social e o dinheiro, não é, Padre João? Mas deixemos isso, sua vez há de chegar. Pela ordem,
cabe a vez ao bispo. (Ao Encourado.) Deixe de preconceitos e fique de frente.
ENCOURADO, sombrio - Aqui estou bem.
MANUEL - Como queira. Faça seu relatório
JOÃO GRILO - Foi gente que eu nunca suportei: promotor, sacristão, cachorro e soldado de polícia. Esse aí é uma
mistura disso tudo.
MANUEL - Silêncio, João, não perturbe. (Ao Encourado.) Faça a acusação do bispo. (Aqui, por sugestão de Clênio
Wanderley, o Demônio traz um grande livro que o Encourado vai lendo.)"
2. Nesse texto, o narrador está ausente. Apesar disso, conseguimos ter uma visão ampla acerca das personagens.
3. No texto teatral, as falas das personagens assumem um papel de destaque na construção da história. Como é
reproduzida a fala das personagens: pelo discurso direto e indireto?
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4. Há, no texto teatral, alguns trechos em letra do tipo diferente, ou seja, itálico, como, por exemplo:
5. O texto teatral é escrito para ser representado. Nessa cena, que tipo de variedade linguística predomina: