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me dizendo que precisava falar comigo com urgência, perguntei do que se tratava e ela disse
que só era um assunto a ser tratado pessoalmente. Marcamos de nos encontrar no dia
seguinte, as 18, na praça de alimentação do shopping.
Chegando lá, pra minha surpresa encontrei uma Robertha nervosa e séria, o oposto de uma
garota alegre e sorridente que ela era, e, só aí, tomei conta que se tratava de coisa séria. Nos
cumprimentamos e ela foi direta:
- se isso for verdade, preciso te contar algo, e quero que você me ajude.
- é ele mesmo, nós fomos pro oktober, aí depois deixamos o clima subir e transamos lá
mesmo.
- eu sei que foi maluquice, mas agente não planejou nada, simplesmente aconteceu...
- já...
- meu Deus...
- e eu não sei o que fazer, não consegui pensar em nada, preciso fazer alguma coisa...
- bem, você só tem duas coisas a fazer: a primeira, que você nem deve considerar é, o aborto,
mas que isso nem passe pela sua cabeça! A segunda é você assumir tudo isso...
- mas como posso assumir, se o André disse que não nada a ver com isso?
- vamos pensar em algo, e só vamos sair daqui com uma decisão... você já experimentou
conversar com sua mãe?
- que abortar, Robertha? Esquece isso, eu tava me referindo em assumir essa “culpa”..
- mas...
- é o seguinte, vamos ter que bolar uma historia pra justificar essa gravidez...
- eu não consigo pensar em nada, é muita coisa pra minha cabeça, só tenho 16 anos, não sei se
vou suportar esse fardo...
- calma, deixa comigo. É o seguinte: nós estamos namorando a 2 meses, e durante o oktober,
decidimos ir pra um lugar reservado e ....
- e aconteceu? É isso?
- huuum, então é isso, temos que contar para seus pais... mas, antes, temos que contar pra
minha mãe, porque se seus pais reagirem mal, ela será nosso porto seguro...
- mas vc vai contar tudo a ela?
- não, não, essa historia é nossa, só nossa... ninguém além de nós dois pode saber disso! Nem
sua melhor amiga, nem as paredes, ninguém...
- e como vc pode ter certeza de que sua mãe será nosso porto seguro?
- betha, temos que adiantar, quanto antes agente abrir o jogo, melhor
- ta bom, vamos lá! séu, muito obrigado por tudo, vc ta sendo um amigo e tanto...
- estou fazendo isso por você, porque vc não merece passar por isso sozinha, agora vc tem que
esquecer aquele idiota, espero que vc já tenha feito isso.
- pronto...
- alo, mãe?
- oi, séu
- mas o que tem de tão urgente assim que não pode esperar?
- ta bom
- mainha, essa aqui é Robertha, minha namorada, betha essa é minha mãe
- prazer
- prazer
- eu sei mainha.
-sérgio, vc tem noção do problema que isso pode te causar, vc é maior de idade...
Depois de alguns minutos de conversa, minha mãe se acalmou e aceitou o fato, então fomos
ate a casa da Robertha para conversarmos com dona Marisa e seu João, pais dela.
Chegando lá todos ficaram surpresos com a minha presença, e eu fui direto ao assunto:
- bem seu João e dona Marisa nós vinhemos aqui não só para que vcs me conhecessem, mas
também pra contar uma coisa a vcs.
- bom, não tem outra maneira de contar isso, é que a Robertha esta grávida!
Nesse momento vi a feição de seu João e de dona Marisa mudarem, raiva e decepção era o
que seus rostos demonstravam, nesse momento tive medo da reação de seu João que
levantou irado e aos berros disparou:
- calma João, ele não é o único culpado, Robertha também tem sua parcela de culpa...
- mas ele é mais velho que ela, deveria ter mais consciência...
- eu sei que eu errei, seu João, mas esse é um momento de sentarmos e conversarmos afim de
solucionar esse problema
- isso mesmo, temos que tirar esse menino logo antes que fique tarde
- NÃO MESMO, eu não falei disso, não passa nem vai passar pela minha cabeça fazer um
aborto, nós erramos e vamos arcar com as conseqüências do nosso ato!
A partir daí tudo ficou mais fácil, depois de esfriarmos a cabeça decidimos unir forças e pensar
numa saída, porém seu João só queria uma coisa: que eu casasse com a filha dele, só aí tomei
conta da atitude que eu tomei, estava prestes a me prender uma pessoa eternamente, e, por
incrível que pareça, isso me agradava.
Em 3 meses nós já estávamos subindo ao altar, a família toda reunida uma festança da boa
quando, de repente aparece o André, procurando por betha. Logo que o vi fui em direção dele
e tentei colocá-lo para fora, mas ele estava decidido a falar com ela, notando uma
movimentação estranha, meu primo veio saber de que se tratava, com medo de que Andre
contasse a historia disse que não era nada e tratei de ficar sozinho com ele. Perguntei o que
ele queria com Robertha e ele respondeu:
- o que vc quer falar com ela? Vc não acha que já estragou a vida Dela o suficiente?
- quem sou eu? Eu sou o cara que ta consertando a cagada que vc fez!
- pois é, eu estou assumindo a criança, e hoje é o dia do nosso casamento, e vc não vai estragar
esse dia!
Percebi que essas palavras pesaram na feição dele, nesse momento vi que ele se arrependeu
do que fizera, mas já era um pouco tarde.
Depois desse dia cheio de emoções, fomos ao hotel em que ganhamos, papo vai papo vem
contei da ida de Andre ate a festa, ela ficou surpresa e quis saber o porquê da ida dele,
Depois desse papo ela foi tomar banho, e deixou a porta entreaberta e ao sair do Box para se
enxugar, não tive como não ver aquela bela silhueta, e, só ali, me dei conta da bela mulher que
ela era. Durante a noite, nós não conseguimos dormir, papo vai papo vem, decidir contar a ela
sobre a minha virgindade
- Robertha, tem uma coisa sobre mim que você precisa saber.
- o que é?
- mesmo assim,...
- vc fala isso pq pra mulher é sempre mais fácil, é sempre o homem que vai a “caça”...
E como num rompante, ela começou a me beijar, jogou seu corpo por cima do meu, bom,
nesse dia tive minha primeira e inesquecível vez.
Exatamente um mês depois, fomos fazer a ultrassonografia que revelaria o sexo do bebe, na
noite anterior não conseguir dormir tamanha ansiedade, na manha seguinte fomos ao
consultório e aqueles 20 minutos de espera pareciam que eram 20 horas.
Chegou a nossa vez, a médica começou os procedimentos, e fez uma pergunta tão idiota
quanto perguntar se macaco que banana:
Eu estava tão nervoso que mal consegui abrir a boca, então balançamos apenas a cabeça.
A partir daí só me recordo de ter acordado e ver no teto um serie de luzes brancas...
Durante o resto do dia, não consegui pensar em outra coisa, uma filha, mesmo que não fosse
do meu sangue, seria eu que iria criá-la, e ela seria minha filha.
Saí da clinica e fui trabalhar, no fim do expediente, no caminho de volta para casa, passei na
banca de revistas, e comprei um livro com nomes , não iria agüentar esperar mais para decidir
o nome.
Cheguei em casa, chamei Robertha, e fomos discutir nomes...
Depois de muito conversarmos, chegamos a conclusão de que ela deveria se chamar Glenda.
Compramos todo o enxoval, fizemos um quarto para ela na casa de minha mãe, decoramos
todo ao estilo de meninas
Pouco mais de cinco meses depois, eu estava no trabalho quando o telefone toca, era minha
mãe
nesse momento senti uma coisa de tal força e intensidade que nem saberia como descrever...
Juntei minhas coisas e saí escarrerado pela cidade, devo ter tomado algumas multas, cheguei
na maternidade a tempo de acompanhar o parto.
Me preparei, dei um beijo na Robertha, e desejei boa Sorte e bom trabalho a todos na sala do
parto, minhas pernas tremiam, eu suava frio e quando ouvi aquele choro fino e alto, a emoção
foi tão forte que desmaiei...
Ela era a coisa mais linda do mundo, nos primeiros dias de vida não conseguia fazer mais nada
além de agradecer a Deus pela bela recompensa que ele me deu e de ficar babando por tal
beleza...
Alguns anos passaram e, durante a festa de debutantes da Glenda, notei um rosto conhecido,
era o André, quando ele percebeu que eu o tinha visto, ele saiu correndo, fingi que não tinha
visto, e tratei de dar continuidade a festa, aproveitei para exigir mais rigor para os seguranças
A relação entre eu e Robertha, a cada ano que passava ficava mais firme, o que nos unia não
era apenas o segredo, era também um amor simples e sincero, daqueles que se tem por
apenas uma pessoa. E esse sentimento foi sendo nutrido com muita sinceridade e
companheirismo.
A cada dia que passava, nós reafirmávamos nossos votos, e o que começou como uma
demonstração de amizade se tornou uma paixão imensurável.
A cada dificuldade do dia-a-dia, nós lembrávamos de que nada é tão grave quanto aparenta, e
que tudo tem solução, desde que houvesse dialogo.
Mas, antes de acontecer, tudo o que aconteceu em nossas vidas, eu e Robertha tínhamos uma
amizade fraca, sem muita intensidade, porém nutríamos, um pelo outro, um carinho muito
grande, mas nada que justificasse a confiança que ela depositou em mim. Talvez o que explica
isso sejam as ações do destino, que trata de cruzar caminhos, mesmo que sejam eles
totalmente divergentes.
Eu já tinha alcançado um nível de realização na minha vida profissional que me deixava muito
feliz, na vida pessoal eu já tinha quase tudo, faltava apenas um filho, então comecei a debater
esse assunto com Robertha, depois dessa conversa, decidimos que era chegada a hora de
darmos a Glenda, um irmãozinho.
Após muitas tentativas frustradas, decidimos procurar um medico, marcamos a consulta com
um ginecologista e um urologista, fomos atendidos e eles nos passaram uma serie de exames.
Para mim foi solicitado um exame chamado espermograma, que faz a contagem de
espermatozóide e atesta a fertilidade do homem, fiz a coleta dos espermatozóides e foi
constatado que eu não era fértil, que não poderia ter filhos, essa noticia caiu sobre nós como
uma bomba...
Assim que recebi o resultado, liguei para Robertha e marcamos de nos encontrarmos no
shopping. Chegando lá contei a ela a noticia que havia recebido ela, assim como eu, ficou
atônita, como iríamos contar para todo mundo que tínhamos desistido de ter mais um filho?
Seria, no mínimo, estranho. Resolvemos tentar deixar o assunto esfriar, para ver se todos
esqueciam, mas não deu certo e logo nossos amigos e parentes estavam querendo saber do
nosso filho.
Foi aí que ela chegou a conclusão de que era melhor contar toda a verdade, no inicio relutei,
mas logo vi que era a melhor saída. Desde então eu não pensava em outra coisa não ser
quando e onde seria o melhor de falar toda a verdade. Meu rendimento no trabalho já não era
mais o mesmo não me concentrava direito nas coisas, foi quando decidi que seria já...
Liguei para Robertha e marcamos de nos encontrar mais tarde. Chegando ao local e hora
marcada, decidimos que iríamos contar a todos de uma vez, a Glenda já tinha idade, e
maturidade, suficiente para absorver a historia da melhor maneira possível, no encontro
decidimos que marcaríamos uma reunião com todos, para o dia seguinte, e abriríamos o jogo.
Saímos do restaurante, cheguei ao escritório e pedi para que minha secretaria marcasse uma
reunião com todas as pessoas próximas, parentes e amigos, meus e da Robertha, incluindo a
Glenda.
No dia e hora marcados, o murmurinho era grande, todos queriam saber do que se tratava a
reunião, no nosso quarto, eu e robertha orávamos, pedindo a Deus que nos desse a sabedoria
das palavras, para que ninguém se magoasse, e que a Glenda nos perdoasse. Terminamos de
nos arrumar, nos beijamos, e descemos.
- vocês já vão descobrir, reúnam-se todos aqui, o que temos que falar é sério, e precisamos da
atenção de todos – disse a Robertha
- Glenda, filha, fique aqui do nosso lado – disse eu, e continuei – o que vamos contar a vocês
hoje diz respeito a uma vida de mentiras, que os afetou direta ou indiretamente.
- vamos gente, conta logo o que vocês querem contar, ainda hoje tenho que ir para igreja –
disse Léia, minha mãe
- pessoal, eu quero que vocês nos ouçam com muita atenção, e espero que vocês,
principalmente você Glenda, nos entendam, a 18 anos atrás a robertha me procurou para eu
ajudá-la a resolver um problema, ela disse que transou com um rapaz que ela estava ficando, e
que estava grávida, e não sabia o que fazer, e ele disse que não tinha nada a ver com a
historia, e a única solução que encontrei foi a de assumir a criança, você, Glenda.
Nesse momento vi os rostos das pessoas presentes mudarem, a Glenda começou a chorar e
perguntou:
- mas.. como?
- porque nós não estavamos conseguindo dormir. Não estavamos mais agüentando carregar
esse peso.
- você é filha dele sim! Foi ele que te criou, que perdeu noites de sono para te fazer parar de
chorar, deixou de viajar pra poder estar do seu lado, deixou de escolher uma vida pra ele pra
te proteger, te dar um nome!
- deixa ela não Sérgio, o que você fez ninguém mais faria, se tem alguem nesse mundo que é
pai dela, esse alguém é você, você que foi homem, amigo, solidário, justo... – disse minha mãe
- Márcia tem razão, glenda, Sergio teve muita coragem e hombridade para fazer o que fez,
ninguém, absolutamente ninguém que eu conheça faria isso, e você sabe disso! – disse dona
Marisa
Nesse momento, glenda enxugou as lagrimas, virou as costas e saiu. Um silencio pairou na
sala, eu, cabisbaixo e envergonhado, me dirigi até a escada quando seu João, que ate então
permanecera calado, disse:
- Sergio, eu realmente estou muito surpreso com essa historia toda, nunca passou por minha
cabeça, nem na de ninguém aqui nessa sala, que você seria capaz de algo desse tipo, só tenho
uma coisa pra te falar: sou e serei eternamente grato pelo o que você fez por minha filha!
Seu João, que durante todos esses anos, sempre me tratara com frieza deixou a emoção
aflorar, e, num rompante de gratidão, me deu um abraço. Aquela reação, inesperada, de seu
João me fez ver que, todas as mentiras que foram contadas foram por um motivo nobre e que
tinha valido a pena, passava um filme com cada momento especial da vida da glenda, a
emoção foi tão forte que não consegui conter a emoção e cai no choro, a robertha veio até
mim e me consolou. Como eu estava muito emocionado, me deram um calmante e consegui
dormir, na manhã seguinte quando acordei, ainda desnorteado por conta das fortes emoções
e do remédio, desci as escadas e me deparo com glenda, sentada no sofá, quis ir ate ela, mas
não tive coragem, tinha medo da reação dela, então virei as costas, com a intenção de voltar
ao quarto, quando ouço uma palavra, a qual acei que nunca mais escutaria:
Nesse momento, eu sentia um misto de sentimentos, a emoção por ouvi-la me chamar de pai,
medo do assunto a qual ela queria tratar comigo, minhas pernas bambeavam, desci a escada
que mais parecia uma escadaria, sentei-me ao lado dela e disse:
- ontem depois que sai daqui, fui até a praia, para pensar um pouco, e vi que o que o Sr fez,
realmente, foi de uma hombridade sem tamanho, e, vendo isso, não tenho como sentir outra
coisa pelo Sr, que não for gratidão, amor e respeito. Muito obrigado pelo o que o Sr fez por
mim, todas as reuniões canceladas porque eu estava doente, ou porque eu tinha apresentação
na escola, obrigado pelas horas dedicadas a brincar comigo, a me levar aos lugares, por me
pegar nas festas, obrigado por ser meu amigo!
Eu só conseguia chorar, a única reação que tive foi a de abraça-la, nesse momento, chegou a
robertha, e a glenda a chamou para o abraço, nunca havia me sentido tão bem.
Alguns dias se passaram, as coisas se acalmaram e a glenda, durante o café da manhã, nos
perguntou:
- pai, mãe eu preciso saber quem é o homem que fez isso com a sra, quero saber quem é meu
pai.
- seu pai é Sergio, filha, ele e só ele tem o direito de ser chamado de pai por você.
- façam o que vocês quiserem fazer, mas eu não quero mais olhar na cara daquele homem!
- na sua festa de debutantes, ele apareceu lá, eu pedi que os seguranças tirasse ele de lá.