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V - proposta-pergunta de projeto arquitetônico: um espaço de (re)união

V - proposta-pergunta de projeto
arquitetônico: um espaço de (re)união
“Para o marxismo, a arte e o trabalho são a
mesma coisa, e é com a abolição da odiosa
divisão do trabalho, conseqüentemente
embrutecedora, que haverá fusão entre poesia,
ciência e trabalho físico”
(Dangeville:20)

seria para que os edifícios ou planos urbanos


saiam com cara de feitos.
não de re-feitos por outrem
que nem sabe cor dos olhos da gente
que quis que assim fosse.

seria para que se construíssem coisas palpáveis de fazer.


lógico, se for querer do homem que vai erguer,
sem pesos nas alturas, de absurdas bordas e ranhuras.

seria para contribuir para tirar-nos a máscara.


gerando trabalhos sem mais valia,
pulsante dos corações empresariais
da construção civil empregadora do brasil.

seria para possibilitar a organicidade na obra.


feita por conhecedores do todo atuantes em partes.
construtores - projetistas em coletivo debate.

seria para que os projetos fossem risco dos construtores,


e as construções obra dos projetistas.
coisa nada mais comum em vida de um artista.

seria mesmo para criar cooperados,


homens da construção civil,
com um pouco de uma coisa,
já vista antes no brasil.

como os ñandeva ou kaiowá:


sem mandar fazer, mandar cortar,
pensa-se bem e já se vê no quê que dá.

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V - proposta-pergunta de projeto arquitetônico: um espaço de (re)união

espaço síntese, nascido na e fruto da Quantos projetos, desenhos, imagens, formas vistes no céu e na desenho, num movimento, num desejo que poderia ser de alter-
terra e vem dizer que é tua! E ainda vai querer ser notificado pelo ação, trans-form-ação, inter-ação!
contradição
proprietário se alguém for mudar um pilarzinho de lugar? Por
causa do direito autoral, e tudo mais do crea, basta! Por último, aos que se sentiram atacados, o primeiro quem ataco
“o diálogo não pode excluir o conflito, a dizer certas coisas, sou eu mesmo. E tudo que foi dito aqui
sob pena de ser um diálogo ingênuo”
No mais, não pretendemos também fazer aqui uma revolução no contra a fau, não é contra ela, mas contra coisas que se
(Gadotti,prefácio em Freire,1979).
papel e nem nos colocarmos como fazedores de traços que apoderam dela, idéias, e daí, não pessoas, idéias não são
sabem fazer com as mãos. Não, não sou formado nos espaços pessoas, isso é bem diferente. E ainda, apenas a fau que permitiu
de (re)união, sou da Fau, maneta, desenhista tacanho de chegarmos a essas coisas, daí gratidão a ela, é por ela que
atirem pedras, mas cuidado, isso ás vezes gera revolta. prancheta (vejam o tamanho do vão do edifício: 100m), que estamos aqui, a criticá-la, a querer melhorá-la, caso contrário o
busca apenas ser menos maneta a cada dia, mas ainda com tfg seria sobre outra coisa.
muito do traço leve a voar, que sempre nos coloca em ciladas. É
Primeiro, vale colocar algumas coisas, qual já iniciei a pouco a
assumido e sabido. Sabendo e se reconhecendo fruto desta Favor não confundir as coisas, pois é fácil desqualificar atitudes,
dizer. Mas é melhor ser claro, sem meias palavras.
contradição, não poderia esperar outra coisa, alguém poderia? de modo simplista, é um risco que se corre?
Então, calma lá. Aqui é apenas uma tentativa de debater saídas
Não se trata de crer aqui panacéia, é apenas uma proposta, uma
possíveis para o estado da (não) arte. Sim.
pergunta, uma dúvida para debate com os interessados, um
E estamos apenas dando continuidade a isso (há milênios isso é
desenho que merece e quer sim acertos de todo lado,
debate, vide a epígrafe, da seção ‘cardápio’ 4, que data do séc Viver é um risco.
principalmente do povo que entende das artes mecânicas. Se for
III). A diferença é que vivemos sob um novo paradigma, o que
algum dia edificada, não será esta a maquete, nem a forma, e
também é obvio. Daí precisamos debater novas saídas. Vamos ao que interessa.
nunca imaginou pretender ser. É aberta, é pergunta, debate,
desde o início. É uma síntese, até donde pude ir. Se for para
Para o debate ocorrer, ajuda se alguns rabiscos primeiros forem
contribuir e ficar melhor, pedras!
feitos, a fim de avançar um pouco, para daí receber críticas de
todo lado, para quem sabe, algum dia, coisa nesse sentido possa
Apenas como exemplo, a curva é proposta que vem através de
ser edificada na terra. Não importa sua forma, o que vai importar
Júlia Saragoça, a dupla curvatura através de William Eiji, milhares
é o processo, que vai resultar na coisa, e deve ser processo que
de outras coisas do Reginaldo Ronconi. Permeabilidade diante
busque o máximo da democracia possível de se realizar entre os
da coisa! Temos de nos despir do lado mesquinho da
homens e mulheres que terão alguma relação com a coisa,
propriedade intelectual! Imaginem se um músico acha ruim que
naquele momento histórico.
alguém assobie sua música, alterando, acrescentando alguma
coisa... O músico vai mais é adorar ver a música em
Por exemplo, a altura da cobertura não pode ser mais alta “que
transformação pelos lábios de outro! Agora os arquitetos...
as mãos das pessoas” (ou a técnica) permitir para a construção
da coisa, e se, primeiro, as pessoas vão querer construir a coisa!
Trata-se de uma postura diante do traço, que não pode ser
confundido com descompromisso. É tênue, mas radicalmente
Os desenhos adiante são apenas um meio encontrado para dar
diferente.
vida, visibilidade plástica do que estamos falando, comunicar,
dialogar. O peso da imagem, da matéria é muitas vezes
Sei que a primeira vista parece absurda a atitude de me por a
comunicativo (não melhor que outros meios, mas diferente).
desenhar, ao fazer críticas tão duras ao atual estado do desenho
Materialização, em papel, apenas. Para virar matéria real vai
de arquitetura. Autoritário, mesquinho, alienado... sem dosar o
depender de uma articulação de um cemnúmero de pessoas, e
peso do grafite no mundo, não querendo ser mudado. Confesso
todas as envolvidas devem sim se sentir parte da coisa que as
que no início foi dúvida cruel, mas simplista. Graças a um
move, movendo-se.
orientador que orienta, esta aí.
Além disso, ao ‘fechar’ o desenho, e começar a inseri-lo nestas
A postura diante do traço pode sim ser outra, e o desenho
bases gráficas, já percebi a necessidade de alteração de algumas
continuar a existir, como mediador, como comunicação, algo já
coisas, e pensei, agora não dá mais... Isso é que penso que deve
dito antes por Artigas, apesar dele ter feito o contrário.
ser minorada, a dificuldade de mudança nas coisas. O traço deve
ser livre e solto, não na mão do arquiteto, mas nas mãos de cada
Uma das coisas piores que tem é quando o arquiteto é chamado
um, a fim de poder mudar, a cada momento, segundo as
a alterar sua idéia por qualquer coisa que seja. E ele fala ah...
vontades dos envolvidos. Vive-se com o projeto algo parecido
não, a minha idéia descaracterizou-se...
com nossas leis que são difíceis de mudar, ou aos edifícios que
são ruínas... sem uso. Os projetos não pode ser ruína antes
Larga mão!
mesmo de serem construídos. Devemos criar mecanismos que
permitam a alteração de coisas em seu máximo grau (lógico, sem
Deverias ter vergonha de dizer que é tua a idéia!
ferir estruturas ou acordos maiores), e sempre buscar mudar o

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espaço de (re)união
da construção e do desenho do ambiente

espaço de (re)união
de idéias e fazeres dos espaços de viver.

ou seja,

um espaço de construção,
que não fique apenas em belos desenhos.
um espaço de desenho,
que não edifique apenas construções.

enfim,

um espaço de crítica, debate, reflexão,


donde brote o discenso, a criar o consenso,
via de um crescimento.

um espaço de observação, compreensão,


que permita a leitura da história nos livros e nas vielas.

um espaço de documentação,
para que não esqueçamos de mais nada
do que já foi e será feito.

pretende-se um lugar de encontro,


de duas coisas que andam distantes, cindidas, separadas.

duas mãos, hoje cada qual em seu canto.

uma, de gente, de homem que escreve,


pinta rabisca com lápis, pensa alegre e,
devaneia como bonitos, fortes e bacanas serão: seria um edifício público
o futuro. donde por uma porta entrariam jovens de espírito
e de outra sairiam com um “algo antes perdido”.
a outra, de gente, de homem que corta,
aperta e bate-carrega com colher de pá e carrinho, suas entranhas se organizariam de modo a proporcionar o
de erguer parede e teto, bonitos, fortes e bacanas como são: aprendizado constante desse “algo antes perdido”.
o presente.
lá poderiam exercitar o riscar no papel - tijolo,
com lápis - colher e fazer, erguer em matéria,
seus sonhos e devaneios próprios,
que bonitos, fortes e bacanas serão - são.

aprenderiam coisas que a FAU nos apresenta.


aprenderiam coisas que o Senai nos apresenta,
ou as obras gerais, belas artes e liceus de outrora.

um lugar de germinar a liberdade,


de pensar e, simplesmente, fazer:

o amanhã, hoje.

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Vejamos agora, com outro cuidado, em outras palavras: Seria um espaço voltado para a formação de homens, comuns,
do povo, não para deuses controladores e conhecedores de
Trata-se de um espaço que busca contribuir para que as pessoas tudo a intervir nas vidas de outrem sem perguntar nem para quê.
que irão dele usufruir possam agir autonomamente segundo um
como reflexivo, que determinará o quê vão fazer, a partir de onde Seria um espaço público, financiado com recursos públicos,
sem encontrem, debatendo o para quê, observando os por quês não permitindo relações de compra e venda do conhecimento. O
das diferentes situações que vão se deparar, através do diálogo acesso é livre, e gratuito, segundo inscrições por proximidade do
coletivo, formado por pessoas complementares e diferentes. local, por raios de distância do espaço. Primeiro os mais
próximos, seguindo de raio em raio.
Seria um espaço de fomentação da práxis, união da ação e da
ao ar livre, fotografia, marcenaria, xilogravura, tipografia,
reflexão. Trata-se, portanto de um edifício que seria erguido para Seria um espaço que causasse interferências no atual sistema de
desenho eletrônico, lito... em seus estúdioficinas abertas.
hoje, não é utópico, é proposta real. construção civil, construindo edifícios pela cidade, para o poder
público, mas de modo cooperado, envergonhando os
Seria um espaço construído com materiais que permitissem o
Seria um espaço de abordagem das contradições da profissão empresários, desvelando sua prática exploratória diante dos
máximo de economia e respeito ao meio ambiente. Mas
da construção e do desenho de modo dialético, não de seu olhos do povo. Interferiria na produção da cidade. No
principalmente, com materiais que ao serem produzidos,
velamento, mas de seu enfrentamento, sua constante revelação. mecanismo que sustenta e reproduz as contradições. Poderia ser
respeitassem as relações humanas no trabalho. Não
Não se pretende transformar arquitetos em operários, ou um órgão, autarquia municipal, ligado à Emurb e Edif.
alimentando a exploração do homem pelo homem. Daí, como se
operários em arquitetos, mas de destruir ambos, sacrificá-los de
vive sob barbárie, buscar-se-ia produzir esses materiais no
modo binário, a fim de criar uma síntese, que compreenda a Seria um espaço que produzisse pequenos equipamentos,
próprio local, ao limite da razoabilidade.
contradição em si mesmo, mas de forma não antagônica. esculturas, monumentos, de uso geral, pelas imediações do
local. Interferindo nos rumos das obras do entorno, propondo
Seria um espaço construído através de processos construtivos
Seria um espaço de formação para o trabalho, através do melhores soluções, e possivelmente realizando essas melhores
que seguissem os mesmos princípios, de economia, respeito ao
trabalho, mas com o cuidado da mediação, do balançar soluções.
meio ambiente e principalmente, às relações entre os
problematizador.
trabalhadores, já poderia ser em forma de cooperativa de
Aqui compreendendo trabalho como caracterizado por Célestin Seria um espaço onde as relações de poder internas seriam
construção e desenho do ambiente.
Freinêt: trabalho com sabor de descoberta, de conquista, de democráticas, se possível através da democracia direta, cada
satisfação de realizar algo novo, a transposição de mais um limite. cabeça um voto. Se mostrar–se inviável, deveria ser minimamente
Seria um espaço onde a comunidade interviesse em seu rumo,
Por exemplo, o trabalho realizado por um piá que sobe em sua parietária entre professores e alunos. Ambos se educam
permeável a visitas constantes, com um espaço reservado à
primeira árvore e olha lá bem de cima, satisfeito! mutuamente e dividem a responsabilidade por isso. Os
assembléia (vai depender do povo querer usar, mas não vai
funcionários não existem. Ninguém seria ‘funcional’, apenas.
poder reclamar de não ter lugar).
Seria um espaço que permitisse a unificação dos fazeres, onde Em outros países isso funciona (Holanda, por exemplo), por quê
seja possível apreender a desenhar e construir, junto (quando aqui não?
Seria um espaço que abrigasse em seu entorno um equipamento
desejado) e separado (quando desejado).
de dabate sobre a cidade: uma maquete, bem grande, que
Seria um espaço sem janelas, como a fau, mas inteiramente
permitisse o diálogo através do apontar o dedo sobre as coisas.
Seria um espaço de fomentação da pesquisa de base e aplicada, aberto e permeável às crises e contradições da cidade, que
Como vimos existir em Havana.
crítica e não domesticadora de corpos e mentes, não seriam como um pano de fundo, sempre presente, a
pretendendo obediência diante da ciência. complementar a lousa ou a projeção dos desenhos. Da cidade se
Seria um espaço que se encontraria por toda a cidade, como
veria as aulas, das aulas se veria a cidade.
uma rede a cada três subprefeituras, por exemplo, mas sempre
Seria um espaço que buscasse primeiramente unificar os fazeres
em locais que possa interferir nos rumos de desenvolvimento.
do desenho e da construção no mesmo espaço, mas em Seria um espaço que tivesse um equipamento, uma máquina do
Mais precisamente na periferia.
tempos diferentes: um momento eu projeto, outro faço, eu tempo, que permitisse a inserção do sujeito em seu momento
projeto, outro faço, no mesmo lugar. Com a experiência isso histórico, convidando-o a intervir no futuro da construção da
Haveria um primeiro espaço, qual estamos aqui propondo, ainda
pode se dar ao mesmo tempo também. Projetar e realizar, como cidade.
com desenho e obra resultante do atual momento vivido, por
um escultor. Atualmente funciona assim: coisas em espaços
profissionais manetas, como nós e os companheiros da obra.
diferentes e em tempos diferentes. Enquanto desenho aqui no Seria um espaço que permitisse daí que seus integrantes
Esse primeiro espaço em alguns anos formaria diversos
escritório de arquitetura, hoje, o peão irá sei lá quando fazer lá na aprendessem a construir obras de arte coletivas, algo como
profissionais, e como trabalho de conclusão de curso se
obra. Ruskin afirmava sobre as catedrais góticas, como vimos. Seus
colocariam a criticar os problemas vivenciados em seu espaço
edifícios seriam embelezados com ornamentos revolucionários.
inicial de formação e eles mesmos realizariam a obra. Proporiam
Seria um espaço que permitisse a pesquisa da organicidade (de A arte voltaria às cidades, produziriam arte contra a barbárie.
daí um mais ‘avançado’. De tempos em tempos seriam erguidos
Gramsci), onde temos pessoas atuando em suas especialidades, Sua plástica seria outra, talvez uma nova, mais livre, menos
novos espaços de (re)união, cada um segundo um processo de
mas sempre conscientes do todo, e influentes nos destinos do mimética, sem os neos ou pós, arte situacionista!
análise crítica do anterior. Cada um seria resultado de seu
todo. Por exemplo: o encanador sabe do projeto todo, projetou
momento histórico e as contradições ali reveladas, a preencher
o todo, e atua em sua especificidade, com consciência de por Seria um espaço que nos fins de semana a comunidade
todo a cidade, como uma rede, a transformar, a revolucionar a
que o cano está ali, por que foi ele mesmo que interferiu nesta ocupasse como um todo, em cursos diversos, apresentações,
cada novo debate de projeto, e a cada nova obra a construção e
decisão. produções coletivas de artes diversas, música, teatro, cinema
o desenho da cidade.

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Mais especifica e organizadamente, o curso dos que adentrarem


o espaço poderia seguir três caminhos, cada qual voltado para
um peregrino diferente:

reconhecimento e desvelamento da contradição: encontro na contradição: criação de um novo fazer:


atividades de revelação curso de (re)união curso de união

Voltado para a população em geral, ocorreria aos finais de Voltado para arquitetos que gostariam de conhecer mais sobre o Voltado para pessoas sem formação profissional, que gostariam
semana, ocupando as dependências do espaço. Seriam mundo da construção, bem como para construtores que de se graduarem em cooperação em construção e desenho do
seminários, exposições, peças, cenas de teatro, de música, gostariam de conhecer mais sobre o mundo do desenho. ambiente, com direito a crea e tudo. A duração do curso é de no
oficinas e experimentação com temas voltados às separações da Ocorreria com a inserção destes indivíduos nas células mínimo sete anos. Cinco anos em atividades ‘semi-internas’ e
cidade, na cidade. Como atividades de agitação e propaganda, cooperativas de construção e desenho, em cursos de dois anos finais em atividades ‘semi-externas’, ou ‘residência em
de modo a instigar e recriar a percepção imersa na realidade. especialização, com duração de seis meses, meio período. Se construção e desenho do ambiente’ na Usina de fabricação e
Momento de reconhecimento da separação. realizado pelo período de um ano, recebem diploma de técnico montagem de elementos, com possível especialização, de modo
Possível tema de seminário: “Quanto lucra um especulador em sua especialidade. Se cursarem por dois anos, são a serem incubados em cooperativas de construção e desenho do
imobiliário num empreendimento?”, “Taxas de extração de renda especialistas na matéria. ambiente.
dos trabalhadores devido a eficiência dos projetos de arquitetura
repetitivos”...

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No período semi-interno, ou os cinco anos iniciais, as atividades


de formação serão organizadas por células cooperativas de
construção e desenho compostas por trinta estudantes,
formadas por cinco núcleos temáticos e um grupo
interdisciplinar.

os núcleos temáticos serão de organização visual, instalações


confortáveis, estrutura, paisagem urbana e sistemas de
produção. Cada núcleo e grupo será composto por quatro
alunos do curso de unificação e um de (re)unificação.

grupo interdisciplinar com variação profissional segundo o tema


do exercício, composto por estudantes das universidades
vizinhas.

O currículo é montado pelos próprios estudantes, construindo


cada um daí, sua própria seqüência de especialidades.
Trabalhariam desta forma a misturar diferentes graus ou níveis de
experiência.

O primeiro semestre do curso será totalmente voltado para


atividades externas. Visitas a canteiros de obra, escritórios de
arquitetura e engenharia, oficinas e ateliês de artes plásticas,
fábricas de produção de materiais de construção, bem como
edifícios diversos, estruturas urbanas, exposições, museus,
escolas tradicionais de arquitetura e urbanismo, de artes
plásticas, de engenharia, de artes e ofícios, técnicas em
edificações, sindicatos patronais e de trabalhadores assalariados.

De modo a lhes formar um repertório acerca do atual modelo de


produção e formação, intermediados por palestras diversas de
críticos e mantenedores do sistema. Assim poderão optar em
cursar as atividades do espaço, ou se inserir em algumas das
peças da engrenagem.

O corpo docente será formado 50% por desenhistas e 50% por


construtores do ambiente, ambos experientes em seus campos
de atuação.
Durante os dois anos mínimos de residência na Usina, estarão
trabalhando em pesquisas aplicadas de produção e montagem Os semestres letivos para os professores serão intercalados. Hora
de elementos construtivos para edifícios de uso público, como lecionarão em núcleos temáticos de sua espacialidade, hora em
habitações, escolas, creches, teatros, abrigos de ônibus, núcleos que não tem experiência específica, de modo a também
passarelas, unidades básicas de saúde e etc. se formarem em outras áreas e a contribuir com olhares diversos
sobre as áreas do conhecimento.
Lá os estudantes serão incubados em cooperativas de
construção de desenho do ambiente. Os professores lecionarão em corpos temáticos compostos por
45 estudantes, formados por nove núcleos temáticos. Cada
No total serão sessenta alunos por ano, mas com ingresso corpo temático será assistido por quatro professores, dois do
semestral, daí trinta alunos por semestre, a cada semestre, ou desenho, dois do canteiro. Sendo dois destes especialistas, e
uma célula cooperativa de construção e desenho. dois destes transversais.

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Creio que agora, criada uma imagem do que, como e para quê
seria construído física e socialmente este espaço, peço que
imaginem em suas cabeças, imaginem como seria? Redondo?
Curvo? Pequeno? No plano? No reto? Onde? A circulação? As
instalações? A implantação?

Sem mais mistérios, pois o cachê já foi pago pelo povo paulista,
quantia aproximada de R$ 108.000,00. Vejamos então:

proposta de projeto do espaço de (re)união


Cidade Tiradentes
Desde o início das buscas pela localização do espaço que
abrigaria nossa proposta-pergunta, tínhamos como premissa a
compreensão de que sua inseção urbana, implantação e edifício
deveriam possuir estreitas relações com os objetivos da proposta:
trabalhar com e nas contradições da cidade, para daí extrair
subsídio para sua existência crítica.

Procurávamos um sítio que minimamente permitisse a


visualização da cidade, ao mesmo tempo que se discutisse breve programa
coletivamente projeto, como um pano de fundo, presente, à
lembrar o desenho, de onde ele se encontra. Para tanto, declives “Um espaço que desenhe e construa
potencializariam essa ‘necessidade’. para destruir os muros das prisões e das mansões”

Mas como não tratava-se de ‘qualquer cidade’, pusemo-nos Nossa proposta acontece em proeminente talude aplainado por
então a vagar por alguns cantos da periferia paulistana, locais obras anteriores da Cohab.
onde o espaço de (re)união bem poderia germinar, pois é onde
há ainda fôlego para novas construções, transformações. Realiza importante conexão escalonada, entre as cidades de cima
e de baixo, sob uma cobertura em forma catenária, em arcos
Estivemos em Sapopemba, àos pés da base da Cantareira, e treliçados de madeira laminada, que permite a crição de
Represas do sul. Percebemos que todos “mereceriam” a ambientoso espaço para trabalhos de formação de desenho e
construção de um espaço de (re)união local. Mas precisávamos construção.
escolher um.
nas páginas seguintes, vê-se o projeto. desenhos diversos falam
Dentre estes, o que melhor (ou pior) nos impressionou foi Cidade mais que tortos versos.
Tiradentes. Lá pareciam escancarados os conflitos urbanos, na
tentativa de sobrevivência da população local: enormes
conjuntos-pencas habitacionais, cheios de controle,
homogeneização de projeto racionalizantes e ‘eficientes’, ao lado
de enormes favelas, erguidas pelo extremo oposto: ação
individual, dotada de certa autonomia construtiva, normalemente
sem planejamento, ou sistema vertical de poder.

Um ótimo ‘quadro negro’ para as salas abertas de aula !

É a partir daí que tudo acontece.

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V - proposta-pergunta de projeto arquitetônico: um espaço de (re)união

esses outros lugares periféricos


nas bordas do aglomerado insano:
proximidades da cantareira,
margens dos lagos do sul,
beiras de eixos urbanos.
espaços cindidos, erguidos sem razão autônoma,
em forma de prisão anônima:
caldos humanos que bem receberiam ‘filiais’ dessa proposta,
erguidas segundo o zelo do debate público comunitário.

propomos que esses mesmos/outros ‘espaço de (re)união’,


sejam debatidos
e erguidos pelos recém formados
em Cidade Tiradentes,
alunos de nossa “matriz”,
a partir de uma crítica do edifício agora em proposição.

cada novo ‘espaço de (re)união’


estaria colocado acima/abaixo,
além/aquém da matriz inicial,
a partir de um repensar/refazer da situação no momento vivida,
qual não nos cabe agora propor,
mas sim querer e apenas dizer:

que de um se façam mais,


segundo as necessidades comuns ao todo da cidade
e o autônomo fazer de cada ser, vivo.

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templo. Um templo sem religião. E o operário disse: Não!
Como tampouco sabia que a casa que ele fazia, sendo a sua E o operário fez-se forte na sua resolução. Como era de
liberdade, era a sua escravidão. esperar, as bocas da delação
De fato, como podia um operário em construção começaram a dizer coisas aos ouvidos do patrão. Mas o
compreender por que um tijolo valia mais do que um pão? patrão não queria nenhuma preocupação.
Tijolos ele empilhava, com pá, cimento e esquadria. Quanto - “Convençam-no do contrário” – disse ele sobre o operário.
ao pão, ele o comia... Mas fosse comer tijolo! E ao dizer isso sorria.
E assim o operário ia, com suor e com cimento, erguendo Dia seguinte, o operário, ao sair da construção, viu-se súbito
uma casa aqui, cercado dos homens da delação
adiante um apartamento, além uma igreja, à frente um E sofreu, por destinado, sua primeira agressão. Teve seu
quartel e uma prisão: rosto cuspido, teve seu braço quebrado
prisão de que sofreria não fosse, eventualmente, um operário Mas quando foi perguntado o operário disse: Não!
em construção. Em vão sofrera o operário sua primeira agressão. Muitas
Mas ele desconhecia esse fato extraordinário: que o operário outras se seguiram, muitas outras seguirão.
faz a coisa e a coisa faz o operário Porém, por imprescindível ao edifício em construção, seu
De forma que, certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário trabalho prosseguia.
foi tomado de uma súbita emoção E todo o seu sofrimento misturava-se ao cimento da
Ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, construção quem crescia.
prato, facão - era ele quem os fazia. Sentindo que a violência não dobraria o operário, um dia
Ele, um humilde operário, um operário em construção. Olhou tentou o patrão dobrá-lo de modo vário.
em torno: gamela, banco, enxerga, caldeirão. De sorte que o foi levando ao alto da construção e num
Vidro, parede, janela, casa, cidade, nação! Tudo, tudo o que momento de tempo mostrou-lhe toda a região
existia era ele quem o fazia! E apontando-a ao operário fez-lhe esta declaração: - “Dar-te-
Ele, um humilde operário, um operário que sabia exercer a ei todo este poder e a sua satisfação,
profissão. porque a mim me foi entregue e dou-a a quem bem quiser.
Ah, homens de pensamento, não sabereis nunca o quanto Dou-te tempo de lazer, dou-te tempo de mulher. Portanto,
aquele humilde operário soube naquele momento! tudo que vês será teu, se me adorares. E, ainda mais, se
Naquela casa vazia, que ele mesmo levantara, um mundo abandonares o que te fez dizer não”.
novo nascia de que sequer suspeitava. Disse, e fitou o operário que olhava e refletia. Mas o que via o
O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude operário o patrão nunca veria.
mão de operário, de operário em construção. O operário via as casas e dentro das estruturas via coisas,
E olhando bem para ela teve num segundo a impressão: de objetos, produtos, manufaturas,
que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. via tudo o que fazia o lucro do seu patrão. E em cada coisa
Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal que via misteriosamente havia a marca da sua mão. E o
sua construção, cresceu também o operário operário disse: NÃO! - Loucura! – gritou o patrão – não vês o
Cresceu em alto e profundo, em largo e no coração. E como que te dou eu?
tudo que cresce, ele não cresceu em vão - Mentira! – disse o operário – não podes dar-me o que é
Pois além do que sabia – exercer a profissão – o operário meu.
adquiriu uma nova dimensão: A dimensão da poesia. E um grande silêncio fez-se dentro do seu coração. Um
E um fato novo se viu, que a todos admirava: o que o silêncio de martírios, um silêncio de prisão
operário dizia, outro operário escutava. Um silêncio povoado de pedidos de perdão. Um silêncio
E foi assim que o operário do edifício em construção, que apavorado como medo em solidão
sempre dizia sim, começou a dizer não. Um silêncio de torturas e gritos de maldição. Um silêncio de
OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO E aprendeu a notar coisas a que não dava atenção: notou fraturas a se arrastarem no chão.
(Vinícius de Morais) que sua marmita era o prato do patrão E o operário ouviu a voz de todos os seus irmãos. Os seus
Que sua cerveja preta era o uísque do patrão. Que seu irmãos que morreram por outros que viverão.
Era ele que erguia as casas onde antes só havia chão. macacão de zuarte era o terno do patrão Uma esperança sincera cresceu no seu coração.
Como um pássaro sem asas, ele subia com as casas que lhe Que o casebre onde morava era a mansão do patrão. Que E dentro da tarde mansa, agigantou-se a razão de um
brotavam da mão. seus dois pés andarilhos eram as rodas do patrão homem pobre e esquecido.
Mas tudo desconhecia de sua grande missão: Que a dureza do seu dia era a noite do patrão. Que sua Razão, porém, que fizera em operário construído, o operário
Não sabia, por exemplo, que a casa de um homem é um imensa fadiga era amiga do patrão. em construção.

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