Você está na página 1de 6

O Islamismo

O islamismo, religião seguida pelos muçulmanos, impõe algumas restrições em relação à


alimentação de seus adeptos. A doutrina divide os alimentos em três grupos distintos: os alimentos
Halal, ou seja, permitidos; os Makruh, alimentos que podem ser consumidos, mas que não são
encorajados a fazê-lo; e os alimentos proibidos, denominados Haram. Para os muçulmanos não é
permitido comer carne suína e de animais carnívoros ou qualquer forma de sangue. Assim, o abate de
frangos deve seguir rigorosamente os preceitos da religião islâmica.

"A religião islâmica é muito abrangente e, como não poderia deixar de ser, fala muito sobre a
alimentação, especialmente sobre os alimentos de origem animal", explica Ali Ahmad Saifi, diretor do
Centro de Divulgação do Islã na América Latina e presidente do Grupo de Abate Halal. "Para se
tornarem alimentos lícitos, ou seja, permitidos, o frango e outros animais devem ser abatidos de
acordo com as diretrizes do islamismo".

Veja na próxima edição da revista Avicultura Industrial (no. 1099) todas as exigências do mercado
islâmico para a produção e abate de frangos e as empresas brasileiras que se adequaram aos requisitos e
hoje exportam toneladas de carne de frango ao Oriente Médio.

Perdigão recebe embaixadores do Oriente Médio

A Perdigão recebe hoje (1), na unidade de Rio Verde (GO), uma comitiva formada pelos embaixadores
da Arábia Saudita, Anwar Abdulfattah Abd Rabbuh; do Kuwait, Hammod Al Roudhan; e dos Emirados
Árabes Unidos, Saeed Hamad Aljunaibi. A empresa vai apresentar às autoridades o complexo
agroindustrial que é considerado um dos maiores e mais modernos do mundo, e que, recentemente,
iniciou o processo de abate Halal (que obedece às regras da religião muçulmana) e as exportações para o
Oriente Médio.

No primeiro trimestre deste ano, mais de 23% do volume total das exportações da companhia seguiu
para a região, que é o segundo maior mercado da Perdigão. O principal produto vendido é o frango
inteiro tipo "griller", produzido pelas unidades de Rio Verde, Videira (SC), Capinzal (SC), Carambeí
(PR) e Serafina Corrêa (RS).

O abate Halal é realizado nessas cinco plantas da companhia, com o acompanhado de um inspetor
muçulmano praticante, que garante que o processo seja realizado de acordo com o que estabelece o
Alcorão. Neste tipo de abate, o peito do frango deve estar voltado para a Meca e o corte, em formato de
meia lua, feito por um instrumento afiado. Essa operação serve para provar que o abate é feito em
obediência a Deus, o que periodicamente é conferido por um supervisor, também muçulmano, que visita
todas as unidades habilitadas.

A Perdigão foi uma das pioneiras na exportação de frango para o Oriente Médio, com a primeira venda
realizada para o Iraque, em 1975. Atualmente, as marcas da Empresa – Halal, Borella, Unef e Alnoor -
tem forte participação na região. As operações para esse mercado são realizadas através de um escritório
em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, inaugurado em abril de 2002.

Cruel ou crucial?

O governo inglês rejeitou o apelo para a proibição do abate de animais segundo os métodos halal e
kosher, obrigatórios para os muçulmanos e para os judeus, respectivamente. Enquanto os activistas dos
direitos dos animais consideram o processo cruel, as comunidades muçulmana e judaica contrapõem que
regras ditadas pelos seus textos religiosos antigos não podem ser alteradas.

No ano passado, a Farm Animal Welfare Council (FAWC) referiu que o abate de animais sem os
atordoar era causador de terríveis sofrimentos, mas as regras para a obtenção de carne halal e kosher
dizem que os animais devem ser mortos com um único corte no pescoço e nada mais. O animal tem que
estar vivo e de boa saúde antes do abate, segundo a Tora judaica e o Corão muçulmano.

A presidente da organização dos direitos dos animais, Judy MacCarthy-Clark, considera importante que
o seu trabalho tenha, pelo menos, algumas alterações no tratamento dos animais, antes e durante o abate.

Apesar do governo ter excluído a possibilidade de proibir totalmente o corte da garganta sem
atordoamento prévio, está ainda a analisar a possibilidade de atordoar os animais imediatamente após o
golpe, colocando-os inconscientes. Já é significativo que o governo considere que existe dor e
sofrimento, conclui.

Este aspecto da questão irritou a comunidade judaica. A Shechita UK tem tentado despertar a
comunidade para o método humano e religioso judaico de abater animais para comida, conhecido por
"shechita".

O seu presidente Henry Grunwald, considera que o governo não forneceu todos os dados ao público,
mas a sua organização tenciona provar que esse tipo de abate é humano e não deve ser impedido. Os que
se opõem ao método apenas o fazem devido a ignorância ou por má vontade para com os judeus,
conclui.

O presidente da Halal Food Authority (HFA), Masood Khawaja, tem dúvidas quanto à sugestão de
atordoar os animais após o corte. É vital para o Corão que o sangue do animal corra para fora do seu
corpo segundo as suas convulsões naturais. O motivo porque tais regras são tão importantes é que o
Corão proíbe os muçulmanos de comer carne já morta e sangue corrente, explica Khawaja.

Algumas pessoas olharam para estas regras e decidiram que o método muçulmano é cruel, mas se for
usada uma faca afiada na garganta do animal, não existirá sofrimento. Os métodos muçulmano e judeu
não podem ser alterados porque estão escritos nos livros sagrados.

MacCarthy-Clark refere que a FAWC compreende o facto de tais práticas fazerem parte da religião
desses povos há milhares de anos, mas se estes eram os métodos mais humanos conhecidos na época em
que foram escritos.
muito tem mudado desde então. As leis alimentícias do islamismo são semelhantes às leis de casher.
Na religião muçulmana, as regras alimentares são chamadas de halal. Elas são tão similares às judaicas
que os muçulmanos podem consumir alimentos casher caso não encontrem alimentos halal. (O inverso,
porém, não é verdade. Judeus não podem consumir alimentos halal). Como no judaísmo, a lei islâmica
estabelece que o abate deve ser feito de uma forma que o sofrimento do animal seja minimizado. O
consumo de carne de animais que não tenham sido abatidos conforme as leis islâmicas é proibido. O
consumo de carne de porco também não é permitido.

Quais alimentos são Halal?

Está permitido ingerir como alimento, respeitando as Leis islâmicas, todo o tipo de alimento que não
contenha ingredientes proibidos ou partes desses alimentos ou de animais que não tenham sido
abatidos/degolados dentro dos procedimentos e normas ditadas pelo Alcorão Sagrado e pela
Jurisprudência Islâmica.    

 Os peixes e outros animais aquáticos são permissíveis (Halal), a não ser aqueles que estejam
intoxicados ou que sejam prejudiciais à saúde humana, ou venenosos;  assim como, estão
proibidos os animais que vivem tanto na terra como na água, como crocodilos e seus
assemelhados.  
 Todo o tipo de vegetal é Halal, a não serem aqueles que estejam contaminados ou intoxicados
por pesticidas, sejam venenosos ou produzam efeitos alucinantes ou que de qualquer forma
possam ser prejudiciais à saúde do homem.

 Qualquer produto mineral ou químico, em princípio é permissível, exceto aqueles com possam
causar qualquer tipo de intoxicação ou prejuízo à saúde.

 A água é totalmente Halal, exceto quando esteja contaminada ou por qualquer meio for
prejudicial à saúde.

 Todo produto, criado por meio da biotecnologia, extraído de vegetal, mineral e microbiana para
a indústria alimentar é Halal.

 Produtos de origem sintética utilizada na indústria de alimentação será Halal a partir da


comprovação de sua elaboração, onde se prove que não é prejudicial ao ser humano.

 Derivado de origem animal, utilizado nas indústrias de alimentação, só será Halal, se o animal
for sacrificado conforme a lei islâmica, mediante comprovação sob a supervisão da CIBAL
Halal.

 Queijo processado através do coalho microbiano é Halal.

 Leite (de vacas, ovelhas, camelas e cabras).

 Queijo processado através do coalho microbiano é Halal.

 Frutas frescas ou secas, legumes, sementes como amendoim, nozes, caju, avelãs, grãos como
trigo, arroz, centeio, cevada, aveia etc.,  a não serem aqueles que estejam contaminados ou
intoxicados por pesticidas (agrotóxicos em excesso), ou que de qualquer forma possam ser
prejudiciais à saúde do homem.

O abate

Islâmicos só comem frango ou carne bovina se o animal tiver sido degolado com o corpo voltado à
cidade sagrada de Meca, ainda vivo  e pelas mãos de um muçulmano praticante, geralmente árabe. A
faca com a qual é feita a degola precisa estar super afiada para garantir a morte instantânea do animal,
sem sofrimento. Antes do abate de cada bicho, o degolador pede autorização a Deus, em árabe, como
forma de mostrar obediência e agradecimento pela comida e de reafirmar que não está matando o animal
por crueldade ou sadismo.

Peixes são considerados Halal por natureza, porque saem da água vivos. Já os suínos são considerados
impuros pelo modo como se alimentam, por estarem ligados a ambientes de sujeira.
Os países que importam carne do Brasil exigem que quem faça o abate não seja vinculado à empresa
produtora. “A Cibal tem funcionários no Brasil inteiro. Nós treinamos essas pessoas, entre as quais estão
muitos africanos, refugiados políticos”, afirma o presidente da empresa.

Segundo ele, o procedimento não mudou muito ao longo dos anos, pois o Alcorão determina como deve
ser feito. “Mas todo ano tem um congresso mundial Halal, onde são trocadas informações que não
servem para modificar, mas modernizar a forma de abate”. Um exemplo citado é que antes, o boi era
abatido no chão e a degola era mais difícil. A Cibal desenvolveu um box específico onde o boi entra de
pé, tem um suporte onde ele coloca a cabeça um pouco levantada, facilitando o corte. “Essa
modernização é necessária porque antigamente se matavam dois bois por dia, hoje são milhares”,
complementa. A Cibal tem em média 300 funcionários, dependendo da época do ano. No período do
Ramadã, por exemplo, o consumo aumenta e é necessário contratar mais gente

Halal e Kosher
 
• HALAL

         Segundo o Alcorão, livro sagrado da religião islâmica, o alimento é considerado Halal (permitido
para consumo), quando obtido de acordo com os preceitos e as normas ditadas pelo Alcorão Sagrado e
pela Jurisprudência Islâmica. Esses alimentos não podem conter ingredientes proibidos, tampouco parte
deles.

         A Sharia proíbe o consumo de todo e qualquer tipo de alimento modificado geneticamente, assim
como produtos minerais e químicos tóxicos que causem danos à saúde.

         Peixes e outros animais aquáticos são permitidos, desde que não se enquadrem no quesito
anteriormente citado. Animais que vivem tanto na terra quanto em água são proibidos (crocodilos e
semelhantes).

         Produtos de origem vegetal são considerados Halal, contanto que não tenham efeito alucinógeno e
não causem intoxicação ou malefícios à saúde de quem os consome.

         Para os produtos cárneos, o abate deve seguir os procedimentos do ritual Halal. Não é permitido o
abate de animais como porcos, cachorros e semelhantes, animais com presas (tais como tigres,
elefantes, macacos, dentre outros), pestilentos (ratos, centopéias, escorpiões), pássaros predadores e
criaturas repulsivas.

         De acordo com as exigências das Embaixadas dos países islâmicos, o abate Halal deve ser
realizado em separado do não-Halal, sendo executado por um mulçumano mentalmente sadio,
conhecedor dos fundamentos do abate de animais no Islã.

         As normas básicas a serem seguidas para o abate Halal são:

         - Serão abatidos somente animais saudáveis, aprovados pelas autoridades sanitárias e que estejam
em perfeitas condições físicas;

         - A frase “Em nome de Alá, o mais bondoso, o mais Misericordioso” deve ser dita antes do abate;

         - Os equipamentos e utensílios utilizados devem ser próprios para o Abate Halal. A faca utilizada
deve ser bem afiada, para permitir uma sangria única que minimize o sofrimento do animal;

         - O corte deve atingir a traquéia, o esôfago, artérias e a veia jugular, para que todo o sangue do
animal seja escoado e o animal morra sem sofrimento;

         - Inspetores mulçumanos acompanharão todo o abate, uma vez que eles são os responsáveis pela
verificação dos procedimentos determinados pela Sharia.

         É importante ressaltar que o abate e processamento Halal vislumbra produzir produtos seguros e
que tragam benefícios à saúde de quem os consome. Portanto, higiene e sanidade são requisitos
imprescindíveis para os operadores e suas vestimentas, equipamentos e utensílios empregados no
processo, evitando assim a contaminações por substâncias não-Halal.

         Por esta razão todo o preparo, processamento, acondicionamento, armazenamento e transporte


devem ser exclusivos para os produtos Halal, que obrigatoriamente são certificados e rotulados
conforme a lei da Sharia.

         O rótulo deve conter o nome do produto, número do SIF, nome e endereço do fabricante, do
importador e do distribuidor, marca de fábrica, ingredientes, código numérico identificador de data,
carimbo ou etiqueta para identificação Halal e país de origem.

         No caso de produtos de carne primária, também devem constar a data do abate, da fabricação e do
processamento.

         Certificadoras de abate Halal no Brasil:

Centro de Divulgação do Islã Cibal Halal


para a América Latina www.cibalhalal.com.br
www.gah.com.br
 

• KOSHER:

         É a definição dada aos alimentos preparados de acordo com as Leis Judaicas de alimentação. A
Torá exige que bovinos e frangos sejam abatidos de acordo com essas Leis, num ritual chamado
Shechita. Apenas uma pessoa treinada, denominada Shochet, é apta a realizar esse ritual. Antes do
Shechita é realizada uma oração especial chamada Beracha.

         O objetivo desse ritual é fazer a degola do animal ainda vivo e assim provocar uma morte
instantânea, sem dor. É utilizada uma faca especial bem afiada. O corte deve atingir a traquéia, o
esôfago e as principais veias e artérias do pescoço. Deve haver uma intensa sangria do animal.

         Após o abate, um inspetor verifica os órgãos internos do animal para procurar alguma
anormalidade fisiológica que torne a carne não-Kosher. Hoje em dia, todo o processo Kosher, inclusive
a salga é feito no próprio frigorífico sob a supervisão de um Rabino, que garante que o alimento é
Kosher. Os produtos Kosher também possuem um selo que certifica que todo o processo para a
produção do alimento seguiu as exigências da Torá.

Fonte: AMI Foundation e Orthodox Union

Haram (Proibido)
Se uma instrução é conectada com um comando decisivo de reprovação, então a ação é considerada
Haram ou Mahthur. Se um Haram é cometido, a pessoa será recompensada, se for evitado, a pessoa será
recompensada.
Exemplos: Jogos de Azar, promover nacionalismo ou democracia, etc. Makruh (Não Recomendado)
Se uma instrução de não comprimento não é firme, então é considerado makruh. Quem se abstêm de tal
ação é recompensado, e quem a executado não é punido.
Exemplo: Executar uma Salat entre a Farj e o nascer do Sol, comer cebola antes de ir à mesquita para
rezar, etc.

Mubah (Permissível)
Se a escolha de executar ou não uma ação é decidida por uma pessoa, esta ação é chamada Mubah. Não
há punição nem recompensa para as ações que se encaixam nesta categoria.
Exemplos: Casar com quatro esposas, etc.

Shariah
O significado lingüístico da palavra Shariah é uma fonte inesgotável de água, na qual as pessoas
satisfazem sua sede. O significado então de Shariah é que as leis islâmicas são efetivamente um guia
para a vida correta. Como a água é um fundamento básico da vida, e as leis islâmicas são um código
essencial para a vida humana.

Você também pode gostar