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Lesões celulares irreversíveis

As células do nosso organismo devem ser mantidas em condições constantes


no que diz respeito à temperatura, irrigação sangüínea, oxigenação e
suprimento de energia (homeostase).

Pequenos desvios nestas condições podem ser tolerados, dependendo do tipo


da célula atingida, por períodos variáveis de tempo, sem prejuízo da sua
função e sem alterações estruturais.

Caso a mudança nas condições do ambiente celular seja um pouco mais


intensa ou prolongada, podem ocorrer alterações adaptativas como hiperplasia,
hipertrofia, atrofia.

Agressões mais intensas ou prolongadas podem levar a alterações celulares


reversíveis como a esteatose. Estas alterações são chamadas reversíveis pois
caso o estímulo agressor seja retirado ou cesse, as células retornam ao seu
estado normal, funcionalmente e morfologicamente.

Caso o estímulo agressor seja mais prolongado ou mais intenso, ocorre lesão
celular irreversível, culminando com a morte da célula.

Existem diversos fatores que influenciam no destino da célula exposta a


condições anormais:

I - Fatores ligados ao agente agressor

1) Tipo de agente agressor


2) Intensidade da agressão
3) Duração da agressão

II - Fatores ligados à célula agredida.

1) Tipo de célula agredida


2) Estado fisiológico da célula

Os sistemas das células são de tal modo interligados, que qualquer que seja o
ponto inicial da lesão celular, a tendência é que com o passar do tempo, todos
os sistemas da célula sejam atingidos. Quatro desses sistemas são
especialmente vulneráveis:

1) Membranas - de cuja integridade depende o controle das substancias que


saem ou entram na célula
2) Respiração aeróbica - da qual dependem os sistemas que utilizam energia,
inclusive as membranas
3) Síntese proteica - que produz proteínas estruturais, enzimas e outras
4) Aparato genético da célula - indispensável para a manutenção da síntese
proteica, entre outras funções.
Lesões celulares reversíveis

As alterações celulares reversíveis são assim chamadas pois permitem que a


célula lesada volte a ter aspecto e função normais quando o estímulo agressor
é retirado.

Ocorrem sob diversas formas, dependendo do tipo, duração e intensidade da


agressão e do tipo de célula lesada e do seu estado metabólico. Os dois
principais tipos de lesão celular reversível são o edema celular e a esteatose.

O edema celular (anteriormente conhecido como tumefação turva e


degeneração hidrópica) ocorre quando a célula agredida acumula água no seu
citoplasma.
Macroscopicamente o órgão acometido por este distúrbio geralmente aumenta
de peso e tamanho, torna-se pálido e mais túrgido.
Microscopicamente observamos aumento de volume das células, que se
apresentam menos coradas (mais pálidas) e ocasionalmente apresentam
vacúolos nos seus citoplasmas.
O edema celular é mais frequentemente visto nas células tubulares renais e
nas células musculares cardíacas de pacientes com distúrbios hidro-
eletrolíticos.

Quando há acúmulo de gordura no citoplasma das células parenquimatosas de


um órgão, ocorre a esteatose.

INTRODUÇÃO

As células, através de um estímulo agressor, rompem seu equilíbrio homeostático,


podendo se adaptar, sofrer um processo regressivo ou morrer.

As degenerações celulares podem ser classificadas de acordo com o acúmulo dentro ou


fora da célula:

• Água: Degeneração Hidrópica;


• Proteínas: Degeneração Hialina;
• Lípides: Esteatose (Degeneração Gordurosa);
• Carboidratos: Glicogenoses.

Algumas dessas lesões embora classificadas como lesões reversíveis, podem causar
graves danos às células.

Patologia

Estudo da anatomia patológica: principal objetivo chegar ao diagnostico. Macroscopia: visão, palpação e
olfato (hipótese de diagnostico) prognostico, tratamento.
Microscopia: citologia esfoliativa:
Classe 0: não vê nada.
Classe I: presença de células normais.

Classe II: processo inflamatório.

Classe III: alteração da célula com relação ao núcleo e citoplasma.

Classe IV: presença de poucas células malignas (displasia) que indica que esta havendo carcinoma in situ
(inicio do câncer).

Classe V: presença de muitas células malignas carcinoma avançado.

Biopsia: remoção cirúrgica de uma lesão em um paciente vivo, se o resultado da biopsia der diferente da
citologia esfoliativa confia-se no resultado da biopsia (pois observa-se toda a camada. Coloca-se o
material no fixador (formol a 10%).

Biopsia excisional: faz-se a remocao cirúrgica de toda a lesão, indicado para pequenas lesões. O
cirurgião é obrigado a fazer a hipótese de diagnostico. Biopsia incisional: faz-se a remoção cirúrgica de
uma parte da lesão, indicado para lesões grandes. Utiliza-se o fixador.

Necropsia: morte natural (S.V.O); assassinato I.M.L.

Adaptação e lesão celular


Célula normal: é uma célula que mantem o equilíbrio da sua homeostase, mantem o equilíbrio do meio
intra e extracelular. A partir do momento que as células normais sofrem agressões, estas células sofrem
adaptações, mas se continuar a agressão a célula perde a capacidade de adaptação e gera a lesão
celular (perde a capacidade de homeostase). Agentes etiológicos (causadores): extrinsecos / exogenos:
químicos, fisicos, biológicos. Intrínsecos / endógenos: genéticos, fungo. Iatrogênicos: doenças causadas
pelo profissional. Idiopáticos: agentes desconhecidos.

Degeneração celular
Vacúolos autofágicos: só é visto em microscopia eletrônica, é formado por digestão lissossomica.

Degeneração celular: quando ocorre o acumulo de substancias químicas no interior do citoplasma da


célula. Vai haver uma queda no metabolismo celular e é considerado uma lesão reversível. A
degeneração celular é classificada de acordo com o tipo de substancia química que esta acumulando no
citoplasma da célula.

Degeneração hidrópica ou tumefação turva: é o acumulo de água no citoplasma da célula, é uma lesão
reversível, metabolismo celular baixo. Causas: anoxia, hipoxia, álcool, vômitos, diarréia, desnutrição.
Patogenia: diminui O2 no sangue → diminui a produção de ATP pelas mitocôndrias → altera a bomba de
sódio e potássio → a membrana fica mais permeável → aumenta pressão osmótica → altera ainda mais a
permeabilidade na membrana → ocorre aumento da entrada de água.

Degeneração gordurosa ou esteatose: é o acumulo de gordura no interior do citoplasma da célula.


Ocorrem em casos de pacientes com dietas hipergordurosas. Macroscopia: fígado, rim e coração vão
estar aumentados de tamanho e peso, pálidos e de coloração amarelada. O coração pode ter o aspecto
tigróide (apresenta faixas escuras e amarelas). Microscopia H/E: a célula aumenta de tamanho, no interior
do citoplasma observa-se vários vacúolos, em alguns casos o núcleo é deslocado para a periferia,
vacúolo (imagem negativa da gordura). Técnica de Sudam observa-se a gordura.

Aterosclerose: é a deposição de colesterol livre e esterificado na camada intima das artérias que
chamamos de placas de ateroma. A gordura se deposita na túnica intima. Causas: dieta hipergordurosa,
níveis de colesterol LDL elevados, diabetes, obesidade, vida sedentária e tabagismo. Patogenia: a placa
de ateroma se desenvolve principalmente em regiões em que ocorrem lesão no revestimento endotelial
dos vasos sanguineos ativando a agregação plaquetaria e interação dos macrófagos repletos de lipídeos.
Macroscopia: placas de ateromas estão localizadas na camada intima das artérias com coloração
amarelada que se projetam para a luz do vaso sanguineo tornando-se saliente e endurecidas causando
obstrução do fluxo sanguineo. Microscopia: as placas de ateromas encontram-se no interstício e dentro
das células da parede intima da artéria e os macrófagos cujo o citoplasma se torna vacuolados cheios de
lipídeos (macrófagos espumosos). Importância clinica: são varias as complicações, por ex: infarto
cerebral, infarto no miocárdio, aneurisma de aorta, gangrenas e outros.

Degeneração hialina: acumulo de proteínas no interior do citoplasma da célula. Hyalos → vidro. Tanto no
aspecto macrscopico quanto microscópico, apresenta região com brilho e apresenta eosinofilo.
Degeneração hialina goticular: túbulos renais com glomerulonefrite.

Degeneração hialina Mallory: são encontrados nos indivíduos com doenças hepáticas, cirrose, hepatite,
câncer, observa-se no interior do citoplasma presença de grumus, eosonofilas que representam ser o
acumulo de proteínas.
Corpúsculo de Russel: plasmocito.

Degeneração hialina conjuntiva: observa-se nas cicatrizes antigas que contem grande quantidade de
colágeno e pouco fibroblasto. Dando um aspecto eosinofilo e homogêneo.
Amiloidose: acumulo de proteínas no interstício (entre as células). Amiloidose diferente de degeneração
hialina: degeneração hialina dentro da célula, amiloidose fora da célula. Amiloidose: proteína +
carboidrato.
Amiloidose primaria: etiologia desconhecida e pode ser: tumoral que a substancia amilóide se deposita
em um mesmo ponto tendo aspecto de tumor. Neuropática (própria dos portugueses) a substancia
amiloide se deposita ao redor dos nervos periféricos e em grande quantidade causa perda da
sensibilidade tátil e motricidade.
Amiloidose secundaria: ocorre sempre após uma doença consuptiva, uma doença crônica. Macroscópico:
em muita quantidade, dá para observar aumento de volume e coloração mais acinzentada. Microscopia:
tec: vermelho congo (marca a substancia amilóide).

Necrose celular: alterações bioquímicas e morfologicas que ocorrem após a morte celular. Autólise:
quando a célula morta libera enzimas lissossomiais. Heterolise: as células mortas sofrem alterações
devido a liberação de enzimas lissossomiais extracelulares. Ex: leucócitos, bactérias.
Morfologia macroscópica: áreas de necrose podem ter variações na sua cor (desde esbranquiçado ate o
negro). Apalpação: o tecido necrótico pode ter um rigidez ou flacidez, ou pode estar friável (sem adesão),
odor fetido (mal cheiro).
Morfologia microscópica: o citoplasma vai perdendo o seu contorno e sua nitidez e eosinofilos (o
citoplasma se torna acido). O núcleo vai apresentar tais alterações:
1-Picnose: o núcleo diminui de tamanho devido a condensacao da cromatina nuclear e tona-se
intensamente basofilico indicando a cessacao da transcrição de DNA;
2º cariorrex: fragmentação do núcleo em varias partículas pequenas induzidas pelas nucleases.
3º cariolise: é a dissolução completa do núcleo tornando-se anuclear. A célula vai ficar: amorfa, anucleada
e eosinofila.

Tipos de necrose:
Necrose de coagulação ou isquêmica: é muito comum, a célula necrosada passa de um estado liquido
para solido. Devido a coagulação das proteínas citoplasmáticas. Ocorre em infartos do miocárdio.

Necrose de liquefação ou liquefativa: muito comum, o tecido necrosado sofre um amolecidmento ou pode
ate se liquefazer devido a ação de enzimas hidroliticas. No cérebro ocorre um amolecimento por autólise.
Ex: pus. Abscesso: presença de pus em uma cavidade neo formada. Empiema: presença de pus no
interior de uma cavidade anatômica.

Necrose caseosa: é uma combinação da necrose de coagulação com a de liquefação. O tecido necrótico
tem muita semelhança a um queijo branco fresco. Ex: tuberculose.
Necrose gordurosa: é a necrose do tecido adiposo. Origem: enzimática → comum em pacientes com
pancreatite aguda. Aspecto de pingos de vela. Origem traumática.

Necrose fibrinosa: o tecido necrosado vai apresentar na sua superfície uma pseudomembrana de
coloração branca ou acinzentada, que corresponde ser uma malha de fibrina. Necrose de mucosas ou na
parede dos vasos sanguineos dos pacientes com hipertensão arterial maligna.

Necrose gomosa: ocorrem nos pacientes que apresentam sífilis tardia ou terciária. Goma sifilítica.

Necrose Hemorrágica: encontram-se muitas hemácias na área de necrose tornando a região bastante
avermelhada. Pulmão e intestino.

Necrose gangrenosa: o tecido necrosado sofre modificações quando entra em contato com agentes
externos. Pode ser o ar ou bactérias anaeróbias. 1º seca: o tecido necrosado sofre perda de água quando
entra em contato com o ar. Pacientes diabéticos (extremidades). O 2º úmida: o tecido necrosado sofre um
amolecimento quando entra em contato com bactérias anaeróbicas. 3º bolhosa: o tecido necrosado forma
bolhas que contem gases quando entra em contato com bactérias anaeróbicas do grupo clstridium.

Efeito clinico da necrose: são vários. A área de necrose ocorre a perda da função. Na área necrosada
pode haver invasão de bactérias. Há formação de ulceras, feridas.

Reparação tecidual
Reparar os danos teciduais causados pelos agentes agressores. Não existe reparação tecidual sem haver
um processo inflamatório. 1º célula de defesa: neutrófilo.
Células labeis: células que sempre se renovam.

Células estáveis: se mantem em um estado estacionário, se preciso se regenera.

Células permanentes: uma vez destruída, não tem renovação.


Regeneração: é a substituição das células lesionadas por outra célula com a mesma morfologia e função.
Células labeis e estáveis.

Cicatrização / fibrose: as células lesionadas vão ser substituídas por células com e morfologia diferente,
ou seja, por um tecido conjuntivo fibroso (rico em colágeno).
1º intenção: existe um corte onde não ocorreu a perda de tecido, e se consegue se aproximar as nordas
da ferida. A cicatriz é menor e o tempo de reparação tecidual é menor.
2º intenção: perda muito grande de tecido, não se consegue aproximar as bordas da ferida. A cicatriz é
maior e o tempo de reparação é maior. Coagulo sanguineo: serve para proteger a ferida e matéria prima
para formar um tecido de granulação. Crosta serohematica: faz a função do epitélio.

Fases da reparação tecidual:


Corte de 0 a 2 dias: forma-se crosta serohematica, necrose superficial e processo inflamatório agudo
(predomino de neutrófilo).

3 a 5 dias: diminui o processo inflamatório agudo e aumenta processo inflamatório crônico (diminui
neutrófilo, aumenta linfócitos e plasmocitos).

6 a 9 dias: tecido de granulação (composto por linfócitos, plasmocitos, capilares neo-formados e


fibroblasto).

10 a 12 dias: diminuição do tecido de granulação (ficam + fibroblasto e colageno).

13 a 15 dias: diminui fibroblasto e bastante colágeno.


Esta fases são as mesmas para a 2º intenção só que demora mais.
Fatores que podem interferir na reparação tecidual:
Infecção.
Curativos: com liquidos frios.

Radiação solar: demora: cicatrização e marca feia.

Diabetes mellitus descompensado: queda imunológica, demora na cura.

Corticóides:inibe o fibroblasto em secretar colágeno.

Defeitos na reparação tecidual


Hérnias: cicatrização em área de fragilidade, favorecendo a hérnia.
Queloide: uma cicatriz exuberante que pode ser confundido com um tumor. Etiologia desconhecida, mais
comum em indivíduos de raça negra.

Reparação do tecido ósseo: basicamente a mesma resposta, muda o tipo de tecido que irá se formar.
Distúrbios hídricos e hemodinâmicos: ligados ao que ocorre dentro e fora dos vasos. Edema: é o acumulo
de liquido que ocorre nos espaços intersticiais e ou nas cavidades do corpo. (liquido composto de
proteína plasmática). Quando o edema for rico em proteina plasmática é chamado de exsudato. Quando o
edema for pobre em proteína é chamado de transudato.

Hidrotorax: acumulo de liquido na cavidade torácica. Hidropericardio: acumulo de liquido no pericárdio.


Ascite: acumulo de liquido na cavidade peritonial. Anasarca:acumulo de liquido generalizado em todo
corpo do individuo.

Microcirculacao: PHV + POT = saída de liquido. PHT + POV = entrada de liquido.


Insuficiência cardíaca o coração se torna incapaz de manter seu debito cardíaco.

Cirrose: a arquitetura do fígado é substituída por fibrose.


Hipertensão portal: acumulo de liquido em toda capa hepática e depois acumulo de liquido na cavidade
abdominal (ascite).
Doenças renais: processos inflamatórios agudo.
Obstrução do sistema linfático.

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